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sábado, agosto 22, 2020

Estórias que alegram a travessia do deserto

Um dos livros que herdei da biblioteca do meu pai foi “Small Is Beautiful” de E.F. Schumacher. Acho que nunca o li, o que é estranho para alguém que escreve sobre a democratização da produção e sobre Mongo.

Esta semana comecei a ler "When More Is Not Better" de Roger Martin (claro que irei escrever mais do que uma vez sobre um livro que ataca a paranóia do eficientismo). Ao ler a longa introdução dei comigo a discordar das razões do autor para a origem da deriva de desigualdade que afecta a economia americana a partir de 1972. O empobrecimento da classe trabalhadora americana e europeia se calhar tem muito mais a ver com o enriquecimento das classes trabalhadoras no chamado Terceiro Mundo. O capital existe para apoiar empreendedores e muitos deles sofrem da doença anglo-saxónica. Se existem trabalhadores mais baratos noutra parte do mundo... porque não deslocalizar a produção para essa outra parte do mundo e obter um maior retorno?

Por isso, sonho com Mongo, sonho com a democratização da produção, sonho com a salvação pela arte.
Por isso, sonho com uma economia que não aspira ao crescimento desmesurado, mas à paixão.
Por isso, sonho com uma economia de makers recheada de ateliês e cooperativas.

Por isso, aprecio estórias como esta "Want to Make It Big in Fashion? Think Small Like, Evan Kinori":
"Evan Kinori, 32, operates a one-man clothing label. Here — or rather in an adjacent garage — he creates garments that are manufactured mostly within a one-mile radius of his workshop in small hand-numbered batches, in patterns and fabrics that change by subtle degrees from one season to the next and that, as GQ recently noted, “sell fast and never reappear.”
...
Mr. Kinori does not call himself a tailor or even a designer. Rather, he is a craftsman, somewhat in the tradition of people like the great Bay Area architect Joseph Esherick, who throughout his career concerned himself less with creating branded monuments to himself than with making harmonious, humane spaces.
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Mr. Kinori’s clothes bring to mind those houses — careful, deliberate, free of ostentation, handmade. They are cut from patterns he devises himself and sewn with French seams on single-needle machines. They are pieced together from cloth sourced from dead stock or traditional Irish tweed makers like Molloy & Sons in County Donegal or Belgian linen manufactories or kimono cotton mills in far-off Japanese prefectures. When he works, he thinks less about the demands of the industrial fashion machine than a desire to create durable objects."
Não sou ingénuo ao ponto de pensar que operários transformam-se em criadores-fazedores com um golpe de mágica.
Não sou ingénuo ao ponto de pensar que se fica rico, mas ganha-se a vida de cabeça erguida, é-se independente e livre.

Tenho de ter a paciência de viver os 47 dias incipentes, a travessia do deserto, antes da transformação.

BTW, a direita política não aprecia Mongo porque retira poder às so-called elites rentistas. A esquerda política também não aprecia Mongo porque lhe retira peões.

terça-feira, agosto 18, 2020

Acerca do modelo de produção do século XX

"In his forthcoming book, Craft: An American History, scholar Glenn Adamson traces the relentless erosion of craftsmanship that occurred as the U.S. transitioned from a nation of artisans to an industrialized economy. In it, he retells a familiar story about Henry Ford and his newfangled assembly line with an interesting twist, which is worth quoting at length:
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In the first year of the assembly line, so many workers walked out of the Ford plant in disgust that more than 52,000 had to be hired just to maintain a constant labor force of 14,000. Though the company had massively deskilled the process of assembly, each new employee still had to be trained. This was an inefficiency Ford had not counted on. Famously, he raised wages to five dollars per day, far above the industry norm, just to keep workers on the job. Later this was spun as a brilliant maneuver to help his own employees afford Model Ts, turning them into consumers. Actually, it was a means of coping with a self-inflicted management crisis. In any case, Ford did not have to pay these high wages for long. As the entire industry shifted to the assembly line—and then other sectors of the economy followed suit—workers had little choice but to submit to the new manufacturing techniques."
Os humanos gostam de variedade, gostam de se diferenciar, não apreciam a uniformidade da produção em massa. No entanto, no século XX, tiveram de se submeter a ela para ter acesso a bens baratos. Há muito que escrevo aqui que praticamente toda a gente acha que o modelo de produção do século XX é o modelo definitivo e que qualquer desvio face a esse modelo é um ataque aos trabalhadores.

Como não sorrir ao comparar essa crença a estes picos:

Daqui a 100 anos os humanos vão olhar para trás e horrorizar-se com o modelo de produção do século XX.

Venha Mongo!

Trecho retirado de "Restoring craft to work"


segunda-feira, março 04, 2019

Uma realidade transitória

Da próxima vez que ouvir alguém dizer que o paradigma do Normalistão, o século XX, é o normal de que não nos devemos afastar, pense neste gráfico:
Recordar "Mais outro exemplo: Provinciano, mas muito à frente":
"Há anos que escrevo sobre o futuro do trabalho, sobretudo acerca do fim do emprego estabelecido como paradigma pelo século XX, e que a maioria acredita ser algo milenar, algo eterno."

Imagem retirada de "This is what 150 years of US employment looks like"


quinta-feira, junho 28, 2018

Mais outro exemplo: Provinciano, mas muito à frente

Há anos que escrevo sobre o futuro do trabalho, sobretudo acerca do fim do emprego estabelecido como paradigma pelo século XX, e que a maioria acredita ser algo milenar, algo eterno. Sobretudo, acerca da ascensão do artesão, do artesão apoiado na tecnologia e dedicado à criação de arte e a trabalhar em co-criação com os seus clientes.

Por isso, isto faz todo o sentido, "(Re)naissance de l’Homo Faber : le travailleur de demain sera un artiste ou un artisan rompu aux nouvelles technologies":
"Les sociétés européennes ont toujours tenu pour acquis que la transmission de compétences se ferait de génération en génération : le développement d’un talent d’artiste ou d’artisan se faisait par les enseignements des maîtres précédents. On pourrait penser que ce paradigme a disparu avec la société industrielle, mais ce serait faux : l’avenir du travail pourrait bien revenir aux fondamentaux même de l’histoire du travail, et ce grâce à nos nouvelles technologies. [Moi ici: Tenho escrito sobre isto vezes sem conta, o regresso ao trabalho pré-Revolução Industrial, cooperativas de artesãos]
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La fabrication numérique assistée par ordinateur fonctionne différemment. Elle ne requiert aucun moule et ne nécessite donc pas de répéter une même forme indéfiniment. Chaque pièce peut-être unique, telle une œuvre d’art. Là où les problématiques d’espace et de quantité dominaient le monde industriel, aujourd’hui, un petit atelier ou un studio peuvent concurrencer une grande usine. La production ne se résume plus à une question de volume.
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L’émergence d’une économie sans échelle, une économie à taille humaine.
Dans ce nouvel environnement, le plus grand défi pour un travailleur est de penser en artiste tout en exploitant les possibilités des nouvelles technologies. [Moi ici: Outro tema tipo deste blogue, a ascensão da arte]
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C’est la raison pour laquelle l’apprentissage doit évoluer : il ne s’agit plus de commencer par se former pour ensuite trouver un travail correspondant, mais bien de travailler d’abord, pour trouver par la suite les enseignements qui nous correspondent. [Moi ici: Tão bom!!! A ascensão da arte dita que tudo comece pelo fuçar, pela experimentação - "Não começamos a fazer arte assim que nos tornamos artistas. Ou seja, não é por sermos artistas que fazemos arte, é por fazermos arte que nos tornamos artistas."] Que les nouvelles technologies privent leurs utilisateurs de formations pratiques serait un désastre.
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Le futur du travail que dessinent ces nouvelles technologies, c’est celui de « l’Homo Faber » : un homme qui sera son propre créateur, qui se réalisera à travers les gestes  du quotidien. Le travail permet d’écrire une histoire dans laquelle chaque projet est un chapitre de vie qui s’additionne aux autres et de ce point de vue, chacun pourra constater que sa vie est plus qu’une série aléatoire de jobs déconnectés – y compris pour les petits boulots rémunérés à la tâche. [Moi ici: Como não recordar o recente "Aproveitei o meu percurso"

quarta-feira, maio 02, 2018

Coisa de loucos

Uma pessoa apanha cada coisa "Banco Mundial propõe baixar salários mínimos para enfrentar robôs":
"Tendo em conta que substituir trabalhadores por máquinas reduz custos, um relatório do Banco Mundial vem agora sugerir que uma boa forma de combater o "avanço dos robôs" seria reduzir os salários mínimos e flexibilizar as leis laborais, facilitando os despedimentos.
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Uma das soluções para minimizar o impacto da automatização e uso de robôs no mercado laboral passa por limitar os aumentos, ou mesmo reduzir ou extinguir, os salários mínimos, defendem os autores.
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Os pressupostos para a existência de um salário mínimo – garantir um rendimento para um nível de vida com um mínimo de dignidade – podem ser assegurados através de mais apoios dos Estados aos mais carenciados, argumentam."
Quem lê este blogue sabe que não vejo com bons olhos a existência dos salários mínimos, mas dessa posição de princípio contra intromissão do estado e de terceiros na liberdade de negociação entre duas partes adultas, até ao significado desta mensagem do Banco Mundial vai uma grande diferença.

Mais uma prova de que Napoleão tinha toda a razão ao afirmar:
Gente que pensa que a automatização em Mongo é para produzir o mesmo que se produzia no Normalistão do século XX é gente muito básica:

Gente que precisa de ler Seth Godin para perceber que foi a industrialização que criou a massa que caracterizou o século XX, não foram os humanos que criaram o industrialismo:
Os humanos têm horror à uniformização e só a toleraram por causas dos preços.

Os humanos são e adoram ser diferentes:

Assim que a tecnologia libertou os humanos começou o bailado:

Cada vez temos mais variedade, mais tribos, mais diferenciação e isso dá cabo dos modelos de produção baseados no século XX.

Automatização à la século XX dá mau resultado:


A Toyota e a Mercedes já aprenderam que o futuro da indústria é ...

a arte e o regresso dos artesãos entrelaçados com a tecnologia: A ascensão do artesão e da arte na produção.

Esta gente do Banco Mundial padece da mesma doença dos de direita que acreditavam que o país só podia recuperar com o corte de salários via TSU, e dos de esquerda que acreditavam que o país só podia recuperar com o corte de salários politicamente correcto, a saída do euro, para regressar ao desvario da desvalorização cambial:


A indústria do futuro vai precisar de humanos mais do que nunca, não de braços como no século XX, mas de cérebros com paixão, "Why The Future Of Technology Is All Too Human":
"So the answer to our technological dilemma is, in fact, all too human.  While the past favored those who could retain and process information efficiently, the future belongs to those who can imagine a better world and work with others to make it happen."






quarta-feira, dezembro 27, 2017

Mais um "Mongo é isto"

Depois do recente "Mongo é isto" mais uma história, mais um exemplo da sedução do artesanato, do que é feito por um humano de forma pouco eficiente, "How to Make a Surfboard":
"This last part is important to LaVecchia, not just because of the environmental implications, but because the wood itself—mostly northern white cedar—is milled by a single shop in Maine. Each board is a study in hyper-localism. “The material is grown here, milled here, built, shaped, sanded, and polished by hand, right here,”"

quinta-feira, dezembro 21, 2017

Mongo é isto

Há dias vi este filme no Twitter:


Hoje, li "How to Make a Shoe", uma ode a esse meio de produção desconhecido dos consumidores, a forma.

De um lado a produção digital, do outro o artesanato. Por acaso, ambas destinadas ao calçado feito à medida:
"Wittmer makes about four pairs of shoes per month at her three-person workshop, called Saskia, starting at about 3,000 euros ($3,540) per pair, including 500 euros for the last, which always stays at the cobbler."
Sobre as formas:
"The most challenging step in making a bespoke shoe isn’t selecting the leather, perfecting the stitching, or ensuring that the heel is weatherproof. The toughest part, cobbler Vivian Saskia Wittmer says, involves something that you won’t wear, ever.
It’s creating what’s known as the “last,” the foot-shaped block that gives the shoe its shape."


terça-feira, dezembro 05, 2017

quarta-feira, novembro 08, 2017

Web Summit? Contrarian

Quem haveria de dizer!!!

Um velho tema deste blogue, quando o mundo muda, talvez a solução para uma PME não passe por ir atrás mas por mudar de mercado. Recordar:

Li "Old technology responses to new technology threats: demand heterogeneity and technology retreats" de Ron Adner e Daniel Snow, publicado em 2010 por Industrial and Corporate Change, Volume 19, Number 5, pp. 1655–1675 e sublinhei:
"We explore the implications of a real and common alternative to attempting the transformation required to embrace a new, dominant, technology—the choice to maintain focus on the old technology. In considering this choice, we distinguish between “racing” strategies, which attempt to fight off the rise of the new technology by extending the performance of the old technology, and “retreat” strategies, which attempt to accommodate the rise of the new technology by repositioning the old technology in the demand environment. [Moi ici: O nosso clássico exemplo da artesã de Bragança] Underlying our arguments is the observation that the emergence of a new technology does more than just create a substitute threat—it can also reveal significant underlying heterogeneity in the old technology’s broader demand environment. This heterogeneity is a source of opportunities that can support a new position for the old technology, in either the current market or a new one. Using this lens, we explore the decision to stay with the old technology as a rational, proactive choice rather than as a mark of managerial and organizational failure.
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Implicit in many studies, and explicit in many others, is the assumption that the “correct” incumbent response to technological change is to embrace its inevitability. Much of the literature has focused on the timing and means by which firms make the jump from the old technology to the new.
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In reality, the economy is full of firms that soldier on with an old technology long after the rise of a dominant substitute. Pagers persist today as messaging devices for emergency services, long after the arrival of mobile phones. Audio tape sales have not been eliminated by the rise of the compact disc. Semiconductor manufacturing technologies three and four generations behind the frontier continue to be purchased and used.
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In this article, we explore the implications of a real and common alternative to attempting the transformation required to embrace a new, dominant, technology— the choice to maintain a focus on the old technology. In considering this choice, we distinguish between “racing” strategies, which attempt to fight off the rise of the new technology by extending the performance of the old technology, and two distinct “retreat” strategies, which attempt to accommodate the rise of the new technology by repositioning the old technology in the demand environment, either by retrenching into a niche position within the old technology’s home market, or by relocating the old technology into a new market application. Underlying our arguments is the observation that the emergence of a new technology does more than just create a substitute threat—it can also reveal significant underlying heterogeneity in the old technology’s broader demand environment. Exploiting this revealed heterogeneity can allow the firm to create a new, more sustainable, position for the old technology in the face of competition from the new technology.
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We explore the decision to stay with the old technology as a rational, proactive choice rather than as a mark of managerial and organizational failure. To be clear, we do not suggest that foregoing the new should be regarded as the dominant strategy for dealing with technological change. We do, however, argue that it is often a viable though neglected option, and hence merits explicit consideration."

segunda-feira, junho 19, 2017

"What is going to be scarce is human imperfection"

"In the world of the future, automated perfection is going to be common. Machines will bake perfect cakes, perfectly schedule appointments and keep an eye on your house. What is going to be scarce is human imperfection.
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If you have a world where the amount of perfect products we can produce increases almost infinitely by using AI, robots and clean energy, we’ll end up with a surfeit of supply, which will push the supply curve far to the right. It will come along with demand curve and ultimately the price will decline.
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What will be plentiful will be the perfect product. What will be rare will be imperfect products; the products that got touched by the human hand.
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A little bit like Persian rug which are produced with error in them. The waivers believed that only god can produce perfection. We might start to value the things that are less perfect, from the ones that are, from the less scarcity value.
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Human-made will be valuable — I can imagine going into a supermarket and seeing on the shelf products labeled “not touched at all by a robot or machine”.
This will be one part of the artisan economy—the economy in which humans will have the space to excel in experiential, discretionary, and intimate. Robots will take all those things that are of high risk, seek reliability, and are repetitive."
Em linha com "Pensado e fabricado por humanos, de carne e osso".

Mongo passa por isto, pela arte, pelas tribos, pela diversidade.

Trechos retirados de "There is one thing that computers will never beat us at"

terça-feira, abril 25, 2017

"Da 'comoditização' para os artesãos - subir na escala de valor "

Agora aqui está um bom exemplo sobre o que escrevemos e defendemos acerca do caminho a seguir pelas PME para lidar com a China e com o advento de Mongo.
"Com menos de uma dezena de funcionários, e com uma carteira de fornecimento que assenta no trabalho de artesãos externos, a UrbanMint, a empresa que detém as marcas Munna e Ginger & Jagger, é ainda o protótipo representativo do sector mobiliário português.
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A empregar cerca de 30.000 trabalhadores, o sector é muito disperso e de dimensão quase familiar. Das 4466 empresas registadas no final de 2015, 3837 tinham menos de dez trabalhadores; cerca de 600 empregava, entre 10 e 249 pessoas e apenas quatro empresas é que não caberiam na definição de pequena e média empresa, por terem mais de 250 trabalhadores.
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reconhece ao sector do mobiliário um peso crescente nas exportações de Portugal: passou de uma quota de 1,67% em 2012, para os 2,08% atingidos no final de 2016.
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Apesar de ser um sector com um tecido produtivo muito disperso e atomizado, exportou cerca de 66% da sua produção, que em 2016 atingiu um volume de negócios de 1586 milhões de euros.
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o sector enfrentou uma reestruturação do seu tecido produtivo, e uma análise ao rácio entre empresas produtoras e exportadoras mostra alterações relevantes. Se em 2011 existiam 5252 empresas a produzir mobiliário em Portugal, apenas 2500 é que eram consideradas exportadoras.
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Em 2016 o tecido produtivo encolheu (desapareceram 806 empresas), mas aumentou aquelas que se dedicam à exportação: das 4466 empresas registadas, 3187 são exportadoras."
Recordar o que escrevi ao longo dos anos quando não era cool falar do mobiliário (ou do calçado, ou do têxtil, ou do ...):

Empresas mais pequenas, menos dependentes da quantidade pura e dura.


BTW, e encadear isto nos postais recentes sobre os artesãos? (aqui e aqui , por exemplo)


Trechos retirados de "Micro empresas de mobiliário contribuem para 2% das exportações nacionais"


A ascensão do artesão e da arte na produção (parte II)

Ontem publicámos "A ascensão do artesão e da arte na produção". Depois, ao princípio da tarde fui brindado com:

Entretanto, ao fim da tarde de ontem ainda deparei com:


"Several things happen in this conversation but one of them is that we begin to see into the history, we might even say the “intentions,” of the objects on the shelves. We begin to see that these things come from someone, that they were crafted to a purpose that begins with “coffee mug” and then scales up to include the lifestyle, the community, the economy, the culture that might be loosely designed artisanal.
Ah, now we get it. That’s why things cost more. That object on the shelf of Wal-mart doesn’t have a story. It was made by a stranger in a factory in Chengdu, shipped across an ocean, and banged around in the distribution system until it just happened to roll to a stop here on a shelf. It doesn’t mean very much because capitalism was so busy giving it value, it forgot to give it meaning.
And that’s what Sofi is for, to gently help you see what the mug means. Yes, we can buy a cheaper mug somewhere. But ,by this standard, cheaper doesn’t feel better, it feels poorer. As if everyone in the production – consumption chain as been diminished by the effort.
So, we could say, if we were rushing to conclusions (and that is what we do here), that retail is not merely the last moment in the distribution chain. It completes the meaning making process. And more to the point, it helps consumers understand and grasp the “artisanal premium” they are required to pay. It’s always true to say “we get what we pay for.” The very point of Olives and Grace is to help us see what we’re paying for. It helps solve the problem of cheap food."


segunda-feira, abril 24, 2017

A ascensão do artesão e da arte na produção

"Craft skills have been embraced by the fashion world in recent years as the boundaries between art and fashion blur. Today, artists collaborate on designer collections, while fashion brands sponsor art fairs. Increasingly, labels are exploring artisanal craft through clothes
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And designers are creating artisanal-minded homeware
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 the old notion of faceless, mechanised luxury is dead. He believes fashion brands today must be borne out of craftsmanship skills that recognise the value of the human hand. “Craft is our bread and butter at Loewe,” says the 32-year-old designer."
Em alinhamento completo com o que escrevemos aqui há milhares de anos sobre Mongo (Estranhistão), sobre a importância da arte na democratização da produção contra o vómito industrial, sobre a ascensão do artesão. E a reforçar o que penso será o futuro da impressão 3D, não na casa de cada um mas no artesão dos ciber-bairros que frequentaremos.
"Sildávia!!!
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Não arrisquei escrever Albânia como símbolo de país pobre e atrasado, porque desconfio que nos hão-de ultrapassar enquanto tivermos estas políticas chavistas-de-gravata-à-europeia.
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Qual a alternativa?
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Ainda e sempre a ARTE!!!
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Mentes algemadas olham para a fotografia da realidade e desesperam... e enterram a cabeça entre as mãos e prolongam a espiral viciada que há-de levar ao fim "at some stage".
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Quem aposta na arte, faz como os artistas, em vez de ver nos obstáculos algo a derrubar, tenta tirar partido da situação, procurando uma pedra angular de onde possa começar a construir uma diferença.
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Se o pintor usa uma tela, usa pincéis, tintas e luz para criar a obra de arte, o que as empresas devem fazer é reunir o equivalente a esses materiais:"
E recordo este slide daqui (12:36):

Trechos retirados de "Why fashion is turning to craft"

Já depois de escrever o texto acima encontrei "The Crafting Organisation":
"What if we were to evolve craftsmanship as a true practice for all of us? What if we talked about the ‘Crafting Organisation’, a business operating from a position of deep self-belief, always in beta, curious and confident to face the future? The Crafting Organisation is elegant in everything it does. Seeing the potential of creating beautiful outcomes in the most unusual ways.
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Is this not a more beautiful way to describe business which not only embraces our humanity, but celebrates it? Tim Smit founder of the Eden Project likes to say that beauty will be the most important word we use over the next 15 years. I would also argue that craft is not far behind."

quarta-feira, outubro 28, 2015

Mongo e os Golias

Um dos temas de eleição deste blogue é a reflexão sobre Mongo, sobre esse novo paradigma económico de mais diversidade, de mais tribos, de sucesso para as empresas pequenas. A ideia subjacente aos trechos que se seguem é uma das ideias deste blogue; o crescente sucesso das empresas pequenas leva as empresas grandes a dois tipos de reacção:

  • consolidação, uma tentativa de ganhar quota de mercado à custa de fusões e aquisições;
  • concentração nas actividades com mais sucesso e venda das restantes (exemplo recente e em curso da P&G)

"We’re living through an era of remarkable U.S. corporate consolidation. A recent USC study shows that across multiple and diverse markets, industries are 25% more likely to be “highly concentrated” than they were 20 years ago.
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Yet at the same time, America’s largest companies are more than twice as likely to lose market share than in 1980.
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Growing consolidation across multiple industries, but shrinking market share: What is going on? I believe that industry consolidation may be the death throes of mature industries as they struggle to compete with America’s return to a more entrepreneurial, craft economy.[Moi ici: Isto é Mongo]
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scale, “one of the last bastions from the competitive storm,” is no longer profitable or safe. [Moi ici: Isto é Mongo, o fim da escala como vantagem competitiva imediata] For a long time, technology gave big players a competitive advantage because no one else could afford to be big.
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But the radical connectivity of our digital world allows small businesses to collaborate in loose ways that give them capacities comparable to those of Walmart or Ford Motor Company.
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In my book, The End of Big, I argue that the collection of trends that comprises the end of big companies will, at its best, lead to the rise of a craft-centric economy. We’re seeing some of this already, with the rise of Etsy.com and the so-called “maker” culture.
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While this transition feels inevitable, it doesn’t mean the big companies will go without a fight. Companies such as Microsoft have enormous cash reserves that they can use to keep the ”end of big” at bay for a while. For many large companies, growing even larger provides seeming defense against the power of craft and the do-it-yourself attitude. Over time, however, smaller companies will be able to out-compete even the most powerful behemoths.
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But it’s not necessarily a winner-takes-all scenario. New strategies will emerge for bigger organizations. There is a new breed of “big” on whom the coming age of “small” is built: the platform players [Moi ici: É esperar pela próxima geração de plataformas] (like eBay, Etsy, Amazon, Apple, and Google) on whose platforms smaller businesses blossom.
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We’re moving, if we’re lucky, from the world of few and big to the world of small and many. We’ll either head there purposefully or we’ll be dragged kicking.” Far from seeing consolidation as a sign of strength, I view the recent spate of enormous deals as indication that big firms are desperate to forestall their demise. They are being dragged kicking into the future."
Reflexões sobre o tema e suas variações no blogue ao longo dos anos:


Trechos retirados de "Why More M&As Is a Sign That Scale Is No Longer an Advantage"

sexta-feira, setembro 25, 2015

Autenticidade e empreendedorismo

Mais um exemplo português de aplicação do conselho que dei à artesã de Bragança em 2011.
- Não mexa no produto! Respeite a autenticidade. E vá expor o produto em outras prateleiras, noutros mercados, em que os potenciais clientes valorizem mais a oferta.
O exemplo a que me refiro é retratado em "Chinelos dos pastores da Serra dão a volta ao mundo":
"Os Chinelos d'Avó são feitos de burel ou com os retalhos das sobras das fábricas têxteis da região. O trabalho é 100% artesanal e o resultado é exportado do interior profundo para os quatro cantos do mundo.
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Os chinelos dos pobres, dos pastores da serra, são agora calçados em todo o mundo. “Alemanha Holanda, Luxemburgo, Venezuela, vieram buscar o que temos de muito bom que é o artesanato”, diz a orgulhosa artesã.
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Rita pegou nos chinelos de pano, fez deles negócio e estão agora espalhados por vários pontos do mundo, a milhares de quilómetros de um atelier instalado no interior de Portugal."
Como não pensar nesta cascata de aproveitamento de recursos: pasto > ovelhas > leite > queijo > lã > burel > chinelos e relacionar com a floresta tropical de Holland.

sexta-feira, setembro 18, 2015

E ser artesão pode voltar a ser cool

""Heartcrafted in Portugal". Porque não são só feitos à mão pelos artesãos portugueses, mas carregam consigo um pedaço de portugalidade que importa preservar.
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Cada cesto pode levar dois dias a ser feito, com as imperfeições características do que é artesanal - a "alma" do produto, assim lhes chamam os mentores da marca -, e isso tem um preço. Mais alto. "Mas dura uma vida inteira", asseveram, colocando a sua insígnia numa tendência de consumo crescente que privilegia a durabilidade das peças, o valor estético, tal como a rastreabilidade. Ou seja, é possível contar a história de um produto, desde a origem das matérias-primas, naturais e sustentáveis, passando pela identidade de quem as moldou e deu vida. Peças que são, no fundo, a resposta a um novo movimento, como lhe chama Pedro Pires, que apelida de "romantismo social". Lá fora chamam-lhe slow living.
...
 As máquinas tornaram a modernidade mais acessível a todos, mas estamos a acordar para a valorização do que é feito por pessoas e não por máquinas." O futuro dos mercados de consumo está a moldar-se e a dividir-se em dois:[Moi ici: Recordar a polarização] entre as marcas industrializadas e acessíveis e as insígnias humanas, "nichificadas, imperfeitas" e caras.
...
Às vezes, basta comunicar estes objectos de forma diferente" [Moi ici: Como não recordar a artesã de Bragança...]
...
A rica diversidade de técnicas artesanais que ainda subsistem em Portugal 'talvez porque nunca fomos muito industrializados", é uma "enorme vantagem competitiva" para aquela que pode ser a "nova vocação de Portugal: um país de marcas multinacionais, feitas por pessoa reais, com ajuda de algumas máquina inspiradas com saberes do passado e na imaginação do futuro", acredita Carlos Coelho. E aponta para o que já acontece lá fora: "Para quem acha que esta apenas uma preocupação de países sub desenvolvidos então esteja atento, por exemplo, à Alemanha, o país das máquinas, da engenharia e das perfeições"


Trechos retirados do artigo "Marcas feitas à mão" publicado pelo semanário Expresso no passado fim de semana.

sábado, junho 27, 2015

Acerca do poder da autenticidade

Um artigo, "Where Your Favorite Imported Beer Is Really Made" com material interessante para reflectir acerca do poder da autenticidade:
"What is the advantage of claiming foreign roots? One advantage is the association in consumer's minds between "import" and artisan-like quality--the aura of handmade authenticity. Marketing professors call this the concept of "contagion." The general idea is that a consumer is more likely to infer "quality" about a product, if she believes it was made in its original manufacturing location.
...
It is well established that differences in manufacturing location can impact consumer preferences through lay inferences about production quality... Specifically, we find that due to a belief in contagion, products from a company's original manufacturing location are seen as containing the essence of the brand. In turn, this belief in transferred essence leads consumers to view products from the original factory as more authentic and valuable than identical products made elsewhere.
...
The main takeaway here is that consumers place a higher value on products they believe contain the aura of authenticity."

quarta-feira, maio 20, 2015

O teste do tempo e da realidade

Primeiro, recuemos a Fevereiro de 2011 e a "Fazer o by-pass ao país", convido-vos a recordar o que o presidente da CMVM dizia sobre as empresas portuguesas e sobre o mercado interno.
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É sempre bom fazer estas pesquisas para enquadrar estas pessoas e os seus conhecimentos e saber se enfrentam bem o teste do tempo e da realidade.
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Depois, recordem tudo o que escrevemos ao longo dos anos neste blogue:

  • sobre Mongo;
  • sobre a vantagem das PME;
  • sobre os nichos;
  • sobre subir na escala de valor;
  • sobre o trabalho do artesão;
  • sobre ...
Então, estarão no ponto para ler "“Os produtos italianos não são melhores que os nossos”":
"Apesar do crescimento acelerado nos últimos anos, Paula Sousa rejeita a industrialização da produção. O mobiliário da Urbanmint distingue-se pelo design inovador e elevada qualidade do fabrico artesanal.
...
A nossa verdade [Moi ici: A autenticidade]: a cultura artesanal, o nosso legado, o saber fazer bem feito, o nosso perfeccionismo... Eles ficaram muito impressionados com isso.
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A indústria mundial do mobiliário está muito massificada. [Moi ici: Recordar o Mar del Plastico e os russos] E nós temos esse valor cultural, muito enraizado na forma de fazermos as coisas. Ele adoraram isso. Claro que já tínhamos massa crítica do ponto de vista editorial, de presença em revistas. Já tínhamos um bom portefólio de projectos de privados e ‘contract'.
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Porque não queremos evoluir para a industrialização. Queremos manter a nossa génese, que é a produção manual."
E a propósito do título e da importância da comunicação, recordar o que se disse sobre o luxo:
"E voltando ao luxo, pode-se produzir muito bem mas o luxo é mais do que o tangível. O luxo é sobretudo a constelação de histórias que acompanham algo e dão um substracto de intangibilidade" 
BTW, material para os blocos do modelo de negócio:
"Em 2008 criou a marca e, para ganhar notoriedade, contou a sua história às revistas internacionais da especialidade. Quando a ‘Corset' foi capa de uma importante publicação britânica de design de interiores, os clientes começaram a bater à porta.
"A validação na área do design e das indústrias criativas pode ser feita através de vários métodos. No nosso negócio, que tem uma componente de design e também comercial, o reconhecimento por editores é muito importante. E o reconhecimento  por prémios tem uma importância adicional", sublinha Nuno de Sá, responsável pela comunicação e marketing da Urbanmint.
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E galardões também não faltam. A Munna já foi distinguida com o Prémio  Internacional de Design e Arquitectura, promovido pela conceituada revista  britânica "Design et al". A primeira vez foi em 2012, com a poltrona ‘Becomes Me'.
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"Esse prémio foi um bom tónico para a Munna que já era uma marca popular no design de interiores no Reino Unido. E repetimos esse prémio em 2014 com o sofá ‘Hughes'. Trabalhamos para satisfazer os clientes, que são os designers de interiores e, em última análise, os clientes finais. E nesse sentido os prémios são apenas a cereja em cima do bolo"."

quarta-feira, maio 13, 2015

Outro sintoma do futuro em Mongo

Quando escrevo sobre o futuro do mundo económico para onde caminhamos, uso a metáfora de Mongo, ou do Estranhistão.
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Em Mongo falo do triunfo das PME, dos prosumers, da democratização da produção, do regresso dos alfaiates e modistas, o regresso dos artesãos. Por isso, foi com muito gosto que encontrei e li este texto "How 3-D Printing Is Saving the Italian Artisan":
"Italy’s craftsmen have been undermined by competition from China and other parts of Asia. [Moi ici: Recordar Manzano]
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Techniques such as the 3D printing used by Pomini and Armani have helped turn northeastern Italy into an unlikely hothouse of innovation. Last year growth in the region was positive for the first time since 2007, at 0.5 percent. Exports rose by 3.5 percent in 2014 and are expected to keep climbing.
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the use of 3D printing and other similar technologies has the potential to boost revenue at Italy’s small-scale manufacturers by 15 percent, or at least €16 billion ($17.8billion). At their best, these technologies inject elements of the digital economy into the physical world, allowing a galaxy of small companies to compete with multinationals, [Moi ici: Lembram-se do óbvio de que ninguém fala?] in much the same way homemade YouTube videos hold their own against traditional video production. The advent of rapid prototyping and other innovations means “you can compensate for your disadvantages with variety, customization, and a rapid response to what the market is demanding,”
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New production processes are not the only technologies leveling the playing field for Italy’s small-scale producers. The connecting power of the Internet opens the possibility for small manufacturers to rapidly find new markets, even as Italian demand remains low."

quarta-feira, abril 01, 2015

Para reflexão

Andei ontem com este texto "How Faribault Woolen Mill Revived A 150-Year-Old Brand" no Cabinet, para o ler num momento com mais calma. Acabei por só encontrá-lo já depois de jantar. Também foi por essa altura que, via Facebook, li "80 cêntimos o quilo" no Roteiro Oficinal do Porto.
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Dá para recordar um comentário que o Miguel fez em tempos aqui no blogue:
"Hoje em dia o denim mais procurado pelos especialistas é o japonês, feito com os teares comprados aos americanos quando estes os trocaram por outros mais eficientes."
Dá também para recordar aquele título de Outubro de 2006 "Portugal ganha a maior rotativa do mundo".
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Leio no Roteiro Oficinal do Porto:
"Quem me conhece sabe que não sou saudosista, não trabalho na defesa do património, nem sou grande fã de preservação museológica. Mas isto interessa-me porque a maquinaria que está a ser derretida é funcional, de alta qualidade e com muito valor a vários níveis, tanto na especificidade da sua função, como na qualidade da construção, que é dificílima de replicar hoje em dia.
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Infelizmente, vigiar a maquinaria com valor que vamos encontrando, para que não tenha o mesmo fim, é impossível. Mas para quem, como nós, pensa neste tipo de ofícios como actividades com grande valor económico e social, saber que são derretidas silenciosamente as máquinas e ferramentas que os tornam possíveis e produtivos, faz doer o coração."
 Ontem alguém me dizia, custa-me a crer que seja verdade, que os programas  comunitários que agora apareceram, só apoiam a criação de postos de trabalho de licenciados... é a mesma doença provinciana associada aos fabulosos programas de inovação que referi acerca da Chicoração.
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O primeiro texto referido lá em cima, conta a história de uma empresa têxtil vertical americana, com máquinas com 150 anos e que foi resgatada. Alguém olhou para as máquinas com 150 anos, muito mais lentas e ineficientes que as actuais e disse:
“There was no point in going to all the effort of bringing this back to compete with China and India,”
Neste exemplo americano, conta-se a história de uma empresa que em 2011 estava morta, destruída pela globalização e pela falta de paciência estratégica da sua gestão, e que hoje está forte e pujante porque apostou na autenticidade de uma história, de uma marca que dizia muito ao consumidor norte-americano:
"Heritage American goods are a desirable consumer space today"
O pensamento estratégico genuíno equacionou antes, em que campeonato, em que estratégia, em que posicionamento, isto que somos pode ter uma hipótese de sucesso?
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É claro que uma oficina de tipografia não pode aspirar a um posicionamento de mercado de massas de topo, com base numa marca histórica. O que é que uma oficina de tipografia deste tipo pode fazer com vantagem, face aos gigantes actuais? Deve haver um nicho de trabalhos, ou de clientes, que talvez sustentasse a oficina, apesar da carga fiscal e da segurança social. Recordo logo o desafio da artesã: mudar de mercado:


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Claro que aquele trecho do Roteiro, sobre a fraqueza humana é forte:
"Já ouvi falar de casos em que preferiram vender por menos dinheiro à sucata do que a quem ia dar bom uso às máquinas, simplesmente para impedirem que alguém fizesse com aquela maquinaria o que eles não conseguiram."
Pensei nos crimes de violência doméstica em que um parceiro é morto pelo outro, porque este não suportava a perda para outrem de alguém que consideravam sua posse, e mais, que esse alguém pudesse ser mais feliz com um eventual novo parceiro.