Eu só sou um anónimo consultor da província, estudo umas coisas, faço outras e vejo outras ainda. A minha experiência formata-me e condiciona o meu pensamento e o campo de possibilidades que antevejo.
Por isso, esta semana, numa empresa com um comportamento semelhante ao das
bolas vermelhas da figura:
Perguntaram-me, qual o principal problema das empresas portuguesas (PME)?
Pensei no
tecto de vidro, mas evitei a expressão e, apresentei esta figura.
Ontem, ao ler "
ACO Shoes cresce à boleia da Europa de Leste" pensei numa frase recente de
Nassim Taleb:
"l'entrepreneur peut tout perdre ou travailler sans compter son temps. Mais c'est grâce à ce genre de folie individuelle qu'une société fonctionne."
O que é que sublinhei? Por um lado, aquilo que é a base do sucesso actual:
"Especializada em calçado de conforto, a ACO produz 1,5 milhões de pares de sapatos, cerca de cinco mil pares por cada dia útil da semana."
Depois, por outro lado, aquilo em que a empresa pretende apostar no futuro:
"Para 2018, a empresa está a apostar em produtos de alto valor acrescentado, através da criação de um calçado mais técnico, e que se insere numa estratégia virada para o mercado português."
Acredito que esta aposta para 2018 foi mal apanhada pela jornalista, justificação mais benévola, tal a falta de alinhamento.
Primeiro: a proposta de valor para vender sapato de conforto é diferente da proposta de valor para vender sapato técnico;
Segundo: os comerciais que vendem uma coisa têm de usar outra argumentação para vender outra;
Terceiro: as prateleiras onde se vendem uns sapatos são diferentes das prateleiras onde se vendem os outros;
Quarto: alto valor acrescentado para o mercado português é quase um oxímoro. Tirando brincadeiras e experiências de bolso o mercado português não suporta produções de alto valor acrescentado.
No entanto, eu só sou um consultor anónimo. Aguardemos pelos desenvolvimentos.