sábado, junho 21, 2014

e, nove meses depois de Agosto de 2013

Evolução do número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego entre Janeiro de 2011 e Maio de 2014:

A maior quebra mensal desde Janeiro de 2011, mais dois meses e estaremos a recuar para valores de desemprego do final de 2011.
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A evolução homóloga do desemprego e a evolução mensal do desemprego entre Janeiro de 2011 e Maio de 2014:

A figura que se segue tira uma fotografia da evolução homóloga do desemprego em Maio de 2014 e, mostra onde está a ser criado emprego líquido (barras negativas):

Em Janeiro de 2013 havia 1 barra negativa, 18 em Outubro, 19 em Novembro, 21 em Dezembro e 24 em Janeiro e Fevereiro de 2014, agora em Março, Abril e Maio 25 barras negativas.
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De salientar a recuperação do emprego na construção, a queda do desemprego homólogo no Algarve em 18% e, sobretudo, a evolução do desemprego nos Açores, segundo mês de evolução homóloga negativa.
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Em Maio houve quase -9% de novas inscrições de desempregados, comparação homóloga, e -5,5%, quando comparado com Abril passado.
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No final do mês de Maio existiam, nos Centros de Emprego, cerca de 21 mil ofertas de emprego por satisfazer.

sexta-feira, junho 20, 2014

Um sintoma de algo

Em "Bank of England 'puzzled' by productivity gap" pode ler-se:
"The Bank of England says productivity is 16% below its pre-crisis trend - but says it is at a loss to understand why.
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Its latest quarterly bulletin says that since the onset of the 2007-08 financial crisis, labour productivity in the UK has been exceptionally weak.
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To measure productivity, you take the amount of goods and services produced in the economy and divide it by the number of hours worked.
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At the moment, the UK's productivity is pretty low compared with its competitors."
Isto pode ser um sintoma...
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Um sintoma de que algo está a mudar e os indicadores não podem ser lidos como dantes.
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Poderá ser um sinal da alteração do perfil da produção inglesa? O mesmo fenômeno aconteceu nos primeiros anos da reconversão do calçado. O aumento do preço unitário não compensa a redução das quantidades?
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Interessante, pois o emprego parece estar no melhor período desde 2007.

Para reflexão

"All your prospects are not the same, and if you insist on treating them that way, you will waste your time and your enthusiasm on people who aren't bringing any to your interaction."
 Trecho retirado de "There are Kracos"

"O pequeno negócio pode ser muito melhor."

Nada que não se escreva por este blogue há muitos anos e que não se pratique no dia-a-dia na minha actividade de consultoria com PMEs.
"Como é que as pequenas e médias empresas (PME) podem competir contra grandes multinacionais no mercado globalizado de hoje? Que estratégias devem adoptar? .
A maneira mais fácil de determinar a forma de competir com as grandes empresas é olhar para as questões com as quais as multinacionais têm dificuldade em lidar. [Moi ici: Onde é que a PME pode, agindo como David, fazer a diferença?] As multinacionais queixam-se geralmente de que as pequenas e médias empresas são concorrentes difíceis, porque têm produtos de boa qualidade a preços mais baixos, são mais rápidas, mais flexíveis e estão mais perto dos clientes. O meu conselho é do que as PME escolham pequenos mercados e os abordem de formia adequada, em vez de se dispersarem por muitos países. Este é o caminho para construir um negócio sustentável.
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Que lições podem as PME aprender com as multinacionais? .
A primeira lição é a de que  um bom produto é o mais importante para as PME. É necessária dedicação na construção da marca. [Moi ici: Fundamental, desenvolve marca para fugir do granel e ganhar individualidade e potenciar relação, potenciar interacção] As PME devem certificar-se de que as relações com os distribuidores  são excelentes e constantemente estimuladas.
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No actual quadro, qual dos conceitos de negócios é preferível, °small is beautiful" (pequeno é bonito) ou "big is better" (grande é melhor)?
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O pequeno negócio pode ser muito melhor. Tenho clientes de grandes multinacionais que estão a arrancar os cabelos para conseguirem competir com algumas pequenas empresas ágeis e agressivas. [Moi ici: Golias a competir com David? Recordar Arreguín-Toft] Todas as multinacionais são vulneráveis. Se você olhar a lista Fortune 500 de há 25 anos e a actual, concluirá que só menos de 40% das empresas ainda estão nessa lista."
Pena que este discurso, semelhante ao deste blogue, não tenha mais divulgação. Bloquearia os produtores de cortisol que só vêem desgraças e só sabem carpir com saudades de um passado idealizado e romantizado onde eram protegidos, onde não havia globalização, onde... corria leite e mel. E abriria esperança para quem trabalha, para quem experimenta, para quem arrisca.
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Trechos retirados de "Nenad Pacek: "Um bom produto é o mais importante para as PME""
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Continua

A palavra da moda


quinta-feira, junho 19, 2014

Interessante esta evolução

Mal li "TomTom abre portas a programadores de aplicações" relacionei logo com uma tendência que se vê com alguma frequência.
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Interpreto a notícia como uma mudança de foco da TomTom.
O foco deixa de ser o produto!
O produto é transformado numa plataforma, e o rendimento virá não tanto da venda do produto, mas do funcionamento da plataforma.
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E no seu sector, e na sua empresa, faz sentido pensar a nível de plataforma?
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Deixe de pensar no seu negócio em termos concretos e suba na escala de abstracção.
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Engraçado, ainda ontem recebi uma lição de alguém que me chamou a atenção, para a necessidade de eu próprio fazer essa subida na escala da abstracção em relação a um produto clássico.

Focar a atenção no desenho e construção de oportunidades

Quando se fala da superioridade dos frutos portugueses não se costuma falar disto:
Que é feito da frescura, sabor, ...?
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A propósito disto:
""Em vez de vendermos as pêras durante 11 meses, teremos de as vender em seis e o sector vai perder rentabilidade, porque contribui para aumentar a ofertar e reduzir os preços, as exportações e os postos de trabalho", afirmou."
Procuro logo oportunidades.
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A pêra rocha portuguesa não poderá ser vendida como antigamente. E a pêra de outros países, não será também afectada? Que oportunidades podem surgir? Que oportunidades podem ser construídas?
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Mais uma vez, a importância da ponderação. Olhar para o filme com algum grau de abstracção, pensar no desafio com antecedência:
"Os últimos três anos funcionaram como prazo de adaptação, em que o setor deveria encontrar alternativas eficazes que, apesar dos vários estudos de investigação em curso, ainda não existem, e pode beneficiar de autorizações especiais para usar um outro antioxidante, a "etoximina"."
Levaram a expoitation até ao fim, e a exploration?
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O pensamento estratégico não pode ser reservado para eventos específicos, tem de ser constante, o que pode vir aí? O que vai ou pode mudar?
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Em vez de concentrar o pensamento na minimização das perdas, focar a atenção no desenho e construção de oportunidades. Nem de propósito este título "Don't Weep For The Past; Plan For The Future"
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Entretanto:

E no seu sector, para onde vai o mundo?

Voltando novamente a:
"Executive programs allow us to watch people who never worked lecture people who never pondered."
Acrescentemos isto:
"You sometimes hear managers complain that their organization has no strategy. This isn’t true. Every organization has a strategy: its strategy is what it does.  Think about it. Every organization competes in a particular place, in a particular way, and with a set of capabilities and management systems — all of which are the result of choices that people in the organization have made and are making every day." 
O problema da não ponderação é a falta de olhar para o que se faz com algum distanciamento que permite uma certa abstracção.
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Por exemplo, a evolução do sector do leite , referida à dias em "Uma evolução mais do que previsível", leva a pensar na vantagem que quem pondera pode ter sobre quem vai andando e vendo.
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E no seu sector, para onde vai o mundo? Que alternativas de actuação?

quarta-feira, junho 18, 2014

Quando o mundo muda, as ideias que funcionavam deixam de ser úteis

Ontem, favoritei este tweet de Nassim Taleb:
"Executive programs allow us to watch people who never worked lecture people who never pondered."
Os gerentes das PMEs, porque não têm tempo ou motivação  para assistir a estes programas executivos, acabam por não serem sujeitos às ideias obsoletas dos que nunca trabalharam e, por isso, têm a mente livre para experimentar, quando são encostados à parede pelo andamento do negócio.
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Quando o mundo muda, as ideias que funcionavam deixam de ser úteis.
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Como é que os que não trabalham, podem descobrir quais são as novas ideias que podem funcionar?
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Continua, porque não ponderar também tem custos graves.

As PMEs anónimas e os outros

Este título "Alemães da Enercon pedem ao Governo português mais espaço para crescer":
"A alemã Enercon, que tem em Viana do Castelo um "cluster" eólico com mais de 1.600 trabalhadores, quer que o Governo português estude soluções para ampliar a capacidade que as suas fábricas têm de continuar a vender torres eólicas para o mercado interno português, de forma a não ficar totalmente dependente das exportações."
Ou seja, uma nova versão das auto-estradas para dar trabalho às construtoras. Assar sardinhas com o lume dos fósforos... a lata desta gente... Gente com o direito adquirido a ter queijo todos os dias.
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Outro título "Sete investimentos de 391 milhões criam 406 novos empregos":
"Paulo Portas anunciou esta terça-feira sete novos projectos de investimento, que totalizam 391,2 milhões de euros e garantem um total de 1.784 postos de trabalho (sendo 406 novos)."
Basta fazer as contas. 391,2 milhões de euros a dividir por 406 novos empregos dá ... cerca de 963 mil euros por posto de trabalho criado... quanto desse dinheiro virá da impostagem aos contribuintes?
"O momento foi ainda aproveitado para fazer um balanço dos três anos de Governo PSD/CDS no que ao investimento diz respeito. O valor captado neste período foi de 1.607 milhões de euros, que receberam incentivos fiscais no valor de 158 milhões, ou seja, cerca de 10% do total.
No último triénio foram criados 2.351 postos de trabalho no âmbito destes projectos. Os investidores estrangeiros tiveram maior preponderância, representando 56% do valor dos investimentos."
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Comparar estas tretas com o desempenho das PMEs anónimas que fazem pela vida sem as benesses do poder...
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Como se pode ler aqui:
"As exportações geram o desenvolvimento virtuoso do consumo e da economia. Em mercados onde o que conta é a capacidade de inovar. De competir. De lutar de forma aberta. Onde Keynes não está. Mas onde estão os empreendedores. Empresários e trabalhadores. Indivíduos. Com visão. E com futuro. E ganha o país."

Por isto é que March defende a ambidestralidade das empresas.

E volto ao postal acerca da eventual bolha nos mirtilhos.
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Ontem à noite, numa breve troca de tweets acerca do tema e, sobretudo, acerca da reacção do presidente da cooperativa, fiquei encravado numa reflexão.
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Pelo calendário da reacção:
"lembrou que a Holanda vai deixar de comprar o fruto a Portugal na próxima semana"
Parece que só agora acordaram para o que vai acontecer para a semana...
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Entretanto, após alguma investigação, fico perante duas posições. Esta:
"Em declarações à TSF, o presidente da Mirtilusa explicou que o aumento de produção de 70 para cem toneladas pode colocar em causa alguns dos projetos de financiamento que alguns produtores se candidataram.
«Se não conseguirmos exceder [Moi ici: Presumo que seja "escoar"] o stock esta semana o mais provável é interromper a apanha do fruto. Só que isso vai ser o caos, porque vai toda a gente refletir em relação à produção de mirtilos», explicou José Carlos Sousa."
E esta outra, daqui:
"No final deste ano, as plantações de mirtilos em Portugal irão atingir os mil hectares. Segundo várias previsões, o crescente aumento do número de plantações que atualmente se verifica levará a que a produção deste pequeno fruto venha a atingir as quatro mil toneladas anuais em 2018, a maioria destinadas à exportação para países da União Europeia."
Entretanto, em 2010 escrevia-se:
"A produção actual, que ronda as 120 toneladas anuais, [Moi ici: Há aqui qualquer incoerência entre a produção de 2010 e a referida lá em cima. Acredito que a lá de cima seja a prevista para recolher só esta semana] deverá atingir as 419 toneladas em 2014, prevê a AGIM - Associação para a Gestão, Inovação e Modernização do Centro Urbano de Sever do Vouga, instituição criada pelo município para, entre outras tarefas, apoiar o desenvolvimento e a promoção do mirtilo enquanto recurso do concelho."
Sem querer ser mal educado, ao ler isto:
"segundo dados do Ministério da Agricultura, o setor da produção e comercialização do mirtilo já é responsável por mais de 36 milhões de euros de exportações e, segundo algumas previsões, poderá ultrapassar a barreira dos 50 milhões de euros dentro de cinco anos, podendo chegando chegar aos 215 milhões de euros em 2023." 
Recordo-me deste título "Why Trends Are For Suckers":
"It feels good to be trendy.  You can be sure that you’ll have a lot of company.  And that’s exactly the problem.  It’s easy to go wrong when everybody around you thinks it’s right.
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All trends fail at some point because they sow the seeds of their own demise."
 Aquela previsão do Ministério da Agricultura faz-me lembrar aqueles esquemas das paisagens competitivas enrugadas e a exploração & exploração de March.
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Em 2010 estávamos aqui:
Em 2013 tínhamos feito esta evolução:

Depois, quando equacionávamos um novo t3 ainda mais alto... a paisagem mudou:
Por isto é que as estratégias nunca são eternas...
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Por isto é que March defende a ambidestralidade das empresas. Têm de, ao mesmo tempo, fazer a "exploitation" do negócio actual e, nunca confiando no amanhã como um prolongamento assegurado do hoje, fazer a "exploration", procurar as actividades que hão-de dar vida e continuidade ao negócio no futuro.
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Mas isto implica pensar que o pior pode acontecer, é um produto tremendo da inteligência humana, sermos capazes de, além do polegar oponível, apostarmos numa ideia ao mesmo que a pomos em causa com a sua ideia oposta. Ou seja, implica pensar estrategicamente... recordar a casca de noz no meio do oceano, não o podemos mudar, mas podemos tentar perceber para onde pode ir:

Um conselho para os produtores de mirtilho. Agora, estão a chegar ao primeiro degrau desta escada:

Têm uma commodity.
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Já têm marca? Já têm marketing? Já vendem mais do que o fruto simples?

Para reflexão

"Descobri ainda, debaixo do Sol,
que a corrida não é para os ágeis,
nem a batalha para os bravos,
nem o pão para os prudentes,
nem a riqueza para os doutos,
nem o favor para os sábios:
todos estão à mercê das circuns­tâncias e da sorte."
Eclesiastes 9:11
Está cá tudo.
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Isto retrata porque é que as estratégias mesmo quando resultam no presente, não duram sempre.

E por cá, quantos anos mais vai demorar?

Quantos anos mais vai demorar, por cá, a fazer-se esta mudança de paradigma?
"Bad ideas don’t die just because they are bad. They hang around until a consensus forms around another idea that is better. This is what’s happening now with a stupid idea has dominated American business for the last four decades: that the purpose of a firm is to maximize shareholder value. The massive problems that this notion has caused for business and society have been documented. Even Jack Welch has called it “the dumbest idea in the world.” Yet it remains the conventional wisdom throughout much of big business. What’s different now is that a consensus is forming around a better idea."
Teremos de esperar pela contribuição dos cemitérios?
"The report’s most important finding is that majority of the thought leaders who participated in the study, particularly corporate executives, agreed that “the primary purpose of the corporation is to serve customers’ interests.” In effect, the best way to serve shareholders’ interests is to deliver value to customers." 
E os novos que continuam a ser formatados pelos velhos?
"“If [corporations] make it their purpose to maximize shareholder value, shareholders are likely to suffer because that cravenness turns off customers, employees, and the world in general. If they make it their purpose to serve customers brilliantly, be a fabulous place to work, and contribute meaningfully to the communities in which they operate, chances are their shareholders will be very happy.” The key is to see that it’s not a tradeoff." 
Trecho retirado de "Why The World's Dumbest Idea Is (Finally) Dying"

Curiosidade do dia



17h de ontem.
Roriz, Penalva do Castelo.
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Deve ser isto a que se chama de tabique.

terça-feira, junho 17, 2014

David contra Golias no ténis

Mais um relato do confronto de David contra Golias, "The Strategy Behind Serena’s Worst Ever Grand Slam Loss".
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Recomendo a leitura especial daquele trecho "Where to Play?"
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Nunca combater um adversário no terreno que lhe dá mais vantagem. Ou, na linguagem da Teoria dos Jogos:
  • "Lesson #1: Do not play a strictly dominated strategy"

"Think Differently About Scale"

Outra nota retirada de "The Disappearing Middle Is a Real Market Threat — Here’s What Firms Can Do" que muito nos apraz é esta:
"Think Differently About Scale.
Historically, we have thought about the benefits of scale as being cost or supply based — with more scale comes the ability to offer the same set of benefits at lower cost. But this is no longer the case. Indeed, in category after category, technology and the globalization of production has made smaller offerings more economically viable. An offering that is tailored to appeal to a small segment of people — who are willing to pay a lot for it — is far more likely to be successful in today’s global, digitally-connected business environment. [Moi ici: I rest my case. O que é isto senão a base para Mongo, para o Estranhistão onde "we are all weird"]
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As a result, aiming for the “middle of the market” is no longer necessary to drive business success. For large companies, the advantage of scale will no longer come from applying it just to the supply side of the business, but also the demand side. With scale comes the ability to generate superior consumer understanding, something most companies spend relatively little to understand."

A Grande Recessão não o gerou, apenas o acentuou

Via Twitter, fui encaminhado para este texto "The Disappearing Middle Is a Real Market Threat — Here’s What Firms Can Do" onde leio logo à cabeça:
"The Great Recession forced consumers to drastically rethink their purchase behaviors and, even though many have regained their financial footing in the five years since the downturn officially ended, those buying patterns have remained. As a result, more and more products are moving toward the “value” or “premium” ends of the spectrum, leaving a middle market that is struggling to remain relevant."
 Não creio que esta tendência tenha sido criada pela Grande Recessão. Terá, quando muito, acelerado uma tendência que vinha de trás.
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Nunca me esqueço de um brilhante artigo na The McKinsey Quarterly de Novembro de 2005, “The vanishing middle market”. Muito antes do choque da Grande Recessão.
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Recordar também "Polarização do mercado ou como David e Golias podem co-existir"

Uma evolução mais do que previsível

O leite é a commodity alimentar por excelência, lembram-se de "O leite é a commodity alimentar por excelência"?
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Lembram-se da evolução do efectivo médio das explorações leiteiras em Portugal? E da comparação com outros países? Recordar "O leite: Os factos, a treta socialista e os apoios mafiosos".
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Agora, leiam isto "Portugal perdeu 90% das explorações leiteiras em 20 anos":
"A produção leiteira conheceu nas últimas duas décadas uma autêntica revolução. O número de produtores passou de cerca de 61 mil, na campanha de 1993/1994, para menos de 7000, na mais recente campanha (2013/2014).
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A evolução dos números acaba por reflectir uma mudança de paradigma na operação sectorial, que nos finais da década de 1980 estava ainda muito assente numa estrutura de pequenas explorações, com um número muito reduzido de animais e com uma produção muito pouco sustentável. Parte substancial do sector não dispunha de ordenha mecanizada própria, fazendo entregas em postos de recolha que regularmente eram visitados pelos camiões-cisterna das cooperativas ou em instalações de ordenha colectiva – algo que dificultava a operação e punha em risco a qualidade do leite recolhido.
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Fruto deste desenvolvimento empresarial, o potencial das explorações que foram desaparecendo foi sendo transferido para aquelas que tinham capacidade de expansão, de tal forma que, no espaço de duas décadas, a produção média por exploração disparou praticamente dez vezes – de 25 toneladas por exploração, em 1993/1994, para 264 toneladas por leitaria, na campanha mais recente. Só neste século, sustenta Fernando Cardoso, verifica-se “uma multiplicação por três do efectivo leiteiro médio de cada exploração”.
Lembram-se de "Como surgem os Golias e pistas para o aparecimento de Davids" e desta figura?
Uma evolução mais do que previsível.

segunda-feira, junho 16, 2014

Curiosidade do dia


Esta tarde, em Sinde no concelho de Tábua.
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Tentem contar o número de anéis neste pinheiro.
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Cada anel representa um ano.

Bolha de mirtilho?

Ouvi no noticiário das 15h de Domingo, na TSF, que se está a assistir ao entupimento dos canais de escoamento da produção de mirtilhos. A Holanda, tradicional mercado de destino, passou a ser auto-suficiente e, agora, os preços estão em queda livre e, mesmo assim, não há garantias de escoamento.
"O excesso de produção do mirtilo em Portugal, que coloca alguns jovens produtores em apuros, está relacionada com o facto de Portugal ter cada vez menos capacidade de escoar o fruto para mercados externos.
A empresa que concentra a comercialização e exportação de mirtilos em Portugal vai vender este fruto por cerca de metade do preço habitual entre segunda-feira e sábado, por causa do excesso de produção em relação à procura.
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«Para consumirmos tanto mirtilo e tanta plantação que está a ser feita, as pessoas têm de abdicar de todo o género alimentar e comer só mirtilos. Acho que é uma loucura incentivar tanta gente a fazer plantações», acrescentou."
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A ser verdade, trata-se de algo que era expectável, os financiamentos que facilitam, ou valorizam, sobretudo determinados investimentos, mais tarde ou mais cedo, geram estas bolhas (recordar a bolha azeiteira).
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Na fase inicial, em que dizem aos potenciais investidores que o escoamento está garantido, receio que muitos deles se concentrem na exploração, na produção, sem qualquer preocupação sobre o mercado.
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Como produtor, ou como membro de uma cooperativa responsável pelo escoamento, não entraria em pânico. Trabalharia para o futuro, procuraria o exemplo de mercados mais maduros, para aprender que outras formas de trabalhar o mirtilho poderão ser experimentadas. E, introduziria pensamento estratégico no desafio. Já não basta produzir, há que pensar no mercado, em clientes-alvo, em vários tipos de prateleiras, em novas formas de oferta, em subir na escala de valor, em diferenciação.
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Trecho retirado daqui.

"getting insurgents to behave is fundamentally a math problem."

Ainda me consigo admirar com o que vou descobrindo acerca do impacte dos economistas e da sua visão da sociedade povoada por econs. É impressionante o poder que tiveram e ainda têm.
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Ontem, ao ler mais um capítulo de "David & Goliath" de Malcolm Gladwell apanho com mais esta:
"The same year that Northern Ireland descended into chaos, two economists - Nathan Leites and Charles Wolf Jr.- wrote a report about how to deal with insurgencies. Leites and Wolf worked for the RAND Corporation, the prestigious think tank started after the Second World War by the Pentagon. Their report was called Rebellion and Authority. In those years, when the world was exploding in violence, everyone read Leites and Wolf. Rebellion and Authority became the blueprint for the war in Vietnam, and for how police departments dealt with civil unrest, and for how governments coped with terrorism. Its conclusion was simple:
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Fundamental to our analysis is the assumption that the population, as individuals or groups,
behaves “rationally,” that it calculates costs and benefits to the extent that they can be related to different courses of action, and makes choices accordingly.…Consequently, influencing popular behavior requires neither sympathy nor mysticism, but rather a better understanding of what costs and benefits the individual or the group is concerned with, and how they are calculated.
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In other words, getting insurgents to behave is fundamentally a math problem. If there are riots in the streets of Belfast, it’s because the costs to rioters of burning houses and smashing windows aren’t high enough. And when Leites and Wolf said that “influencing popular behavior requires neither sympathy nor mysticism,” what they meant was that nothing mattered but that calculation. [Moi ici: Apetece dizer; Ah! Percebo agora o pensamento por detrás de certas campanhas publicitárias que, IMHO, só criam inimigos da marca publicitada] If you were in a position of power, you didn’t have to worry about how lawbreakers felt about what you were doing. You just had to be tough enough to make them think twice." [Moi ici: Se lerem este capítulo, pensem em todos aqueles professores que o são, sem vocação, porque não havia outro emprego mais à mão, e que espezinham o futuro de tantas crianças. Porque aplicam Leites e Wolf, autoridade para cima dos miúdos.]
Quantas áreas da nossa vida, da nossa sociedade, da nossa economia, são controladas, são comandadas, são influenciadas por tretas deste tipo, de outros Leites e Wolfs bem intencionados e que infernizam a vida das pessoas?

"Rendimentos dos pescadores "têm de melhorar""

"O presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, salientou hoje que o investimento público em infraestruturas no setor das pescas tem de se traduzir na melhoria do rendimento dos pescadores.
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"Não podemos ficarmo-nos apenas por aquilo que estas infraestruturas significam de construção física, elas têm de ter efeito e o efeito que têm de ter neste caso é o efeito de reverterem em benefício do rendimento dos pescadores e do rendimento de todos aqueles que intervêm nesta cadeia", frisou.
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esse sentido, apelou à "valorização das características das pescas nos Açores","
Leio este texto e fica-me um travo adstringente na boca...
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Quem são os maiores interessados no aumento do rendimento de quem intervêm na cadeia? E se existe esse interesse genuíno dos intervenientes na cadeia, por que é que ele não acontece?
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Quem é que tem a ganhar com a manutenção do status-quo?
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Quais são as barreiras que impedem a entrada de novos actores na cadeia (ecossistema)?
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As novas infraestruturas alteraram alguma dessas barreiras?
"Vasco Cordeiro considerou que deve existir também uma "valorização de espécies que já são capturadas na região, mas não têm aproveitamento comercial", acrescentando que a intervenção da "marca Açores" também deverá contribuir para o aumento do rendimento dos pescadores."
Por que tem de ser um outsider a falar sobre isto?
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Os meus preconceitos levam-me a dizer, aumentem a concorrência, dêem mais liberdade económica aos pescadores, deixem-nos criar novos mecanismos de comercialização do seu peixe.
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Trechos retirados de "Rendimentos dos pescadores "têm de melhorar""

Qualificações vs instituções

Ontem, antes da minha caminhada do final da tarde, li este artigo, "Do topo à base, as empresas precisam de mais qualificações para garantirem o seu futuro", onde encontrei esta pérola:
"Tal como os países, as empresas produzem mais riqueza quanto maiores forem as qualificações de quem as compõe.
...
A opinião é unânime entre os especialistas, que apontam o défice de qualificações como uma das debilidades da economia nacional."
Depois, durante a minha caminhada, li mais uns trechos de "Why Nations Fail: The Origins of Power, Prosperity, and Poverty" de Daron Acemoglu e James Robinson, nomeadamente o capítulo 2, "Theories that don't work". Nesse capítulo, os autores explicam várias teorias que, segundo eles, não explicam a pobreza no mundo:

  • não é por causa da geografia;
  • não é por causa da presença ou ausência de recursos naturais;
  • não é por causa da adopção ou não adopção de novas tecnologias;
  • não é por causa da presença ou ausência endémica de animais ou cereais para alimentação;
  • não é por causa de diferenças culturais;
  • não é por causas de diferenças religiosas.
Depois destas hipóteses todas aparece mais uma, "The Ignorance Hypothesis":
"The final popular theory for why some nations are poor and some are rich is the ignorance hypothesis, which asserts that world inequality exists because we or our rulers do not know how to make poor countries rich.
...
if ignorance were the problem, well-meaning leaders would quickly learn what types of policies increased their citizens’ incomes and welfare, and would gravitate toward those policies. [Moi ici: Atentar no discurso, na exortação de Vasco Cordeiro aos pescadores açorianos. Se se sabe, por que não acontece?]
...
The ignorance hypothesis differs from the geography and culture hypotheses in that it comes readily with a suggestion about how to “solve” the problem of poverty: if ignorance got us here, enlightened and informed rulers and policymakers [Moi ici: Ou Patróes e empregados no caso das empresas] can get us out and we should be able to “engineer” prosperity around the world by providing the right advice and by convincing politicians of what is good economics. ... the main obstacle to the adoption of policies that would reduce market failures and encourage economic growth is not the ignorance of politicians but the incentives and constraints they face from the political and economic institutions in their societies."
Depois da caminhada, à noite, li este artigo "Where are Greece’s missing exports?", onde encontrei:
"Institutional weaknesses are mainly to blame for Greece’s dire trading performance, with exports around a third smaller than they should be, according to a new paper from staff at the European Commission.
...
“Competitiveness depends crucially on a more comprehensive notion of the cost of doing business – which in turn depends on the rule of law, property rights, the ability to enforce contracts, flexible labour market arrangements, the available transport infrastructure and many other factors besides the recorded cost of capital and labour. Customs formalities, administrative procedures, and regulatory transparency are directly linked to the trading process.”"
À luz da hipótese de Acemoglu a explicação para a pobreza das nações reside nas instituições:
"Countries differ in their economic success because of their different institutions, the rules influencing how the economy works, and the incentives that motivate people.
...
Inclusive economic institutions foster economic activity, productivity growth, and economic prosperity. Secure private property rights are central, since only those with such rights will be willing to invest and increase productivity.
A businessman who expects his output to be stolen, expropriated, or entirely taxed away will have little incentive to work, let alone any incentive to undertake investments and innovations. But such rights must exist for the majority of people in society.
...
This book will show that while economic institutions are critical for determining whether a country is poor or prosperous, it is politics and political institutions that determine what economic institutions a country has."


 Estou a recordar "The Predator State"

domingo, junho 15, 2014

O que pensa desta alternativa?

Já por várias vezes critiquei aqui o movimento de concentração em mega organizações hospitalares, para aumentar a eficiência.
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Aumentar a eficiência na Saúde pode ser um desígnio louvável; contudo, acredito que na maioria das vezes o tiro sai pela culatra.
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A culpa não é dos profissionais, ou dos governos, ou até mesmo dos utilizadores. A culpa é da incapacidade humana de gerir mega organizações plenas de complexidade.
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Acredito em organizações mais pequenas, e mais concentradas, mais focadas em certas especialidades. Na folha de cálculo, podem parecer mais caras; no entanto, na realidade o resultado deve ser outro.
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Entretanto, encontrei um exemplo que não conhecia e que me deixa a pensar, "Inside India's 'No-Frills' Hospitals, Where Heart Surgery Costs Just $800".
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Fico a pensar que isto só funciona num país pobre habituado a valorizar o custo do dinheiro, desde que me disseram que na mesma universidade, na mesma faculdade, no mesmo edifício, mas em pisos diferentes, tem de haver duplicação de equipamentos caríssimos, pois os catedráticos não se entendem entre si.
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O que pensa desta alternativa?

"in strategy there is no single right answer to find"

Este texto, "Why Smart People Struggle with Strategy", de Roger Martin, sintetiza muitas das razões porque gosto de trabalhar no desenvolvimento da estratégia das empresas.
"The problem with smart people is that they are used to seeking and finding the right answer; unfortunately, in strategy there is no single right answer to find. Strategy requires making choices about an uncertain future. It is not possible, no matter how much of the ocean you boil, to discover the one right answer. There isn’t one."
Primeiro, não existe estratégia certa a estudar nos livros, a copiar dos casos, a observar na concorrência. Como consultor, desenvolver uma estratégia implica trabalhar em interacção com a equipa de gestão e co-desenhar, co-formular, co-construir um roteiro para a viagem rumo ao futuro desejado. Implica atender à especificidade de cada empresa, da sua dimensão, da sua história, do seu campo de possibilidades e ajudar a conceber uma escolha. Uma escolha com possibilidades de sucesso num segmento de mercado e, que esteja em sintonia com a individualidade da organização.
"To be a great strategist, we have to step back from the need to find a right answer and to get accolades for identifying it. The best strategists aren’t intimidated or paralyzed by uncertainty and ambiguity; they are creative enough to imagine possibilities that may or may not actually exist and are willing to try a course of action knowing full well that it will have to be tweaked or even overhauled entirely as events unfold."
Segundo, não existe sucesso estratégico sem imaginação e criatividade, sem imaginar possibilidades. E, cada vez mais, olhar para o mundo, olhar para a realidade, olhar para o ecossistema e, em vez de o considerar um dado do desafio, considerá-lo como mais uma variável que podemos tentar manipular, convidando outros actores para uma dança simbiótica.
"The essential qualities for this type of person are flexibility, imagination, and resilience. But there is no evidence that these qualities are correlated with pure intelligence." 
Por isso, dá-me um gozo enorme mostrar que o mundo da estratégia não é o das folhas de cálculo.

Curiosidade do dia

Fico triste com estas cenas...
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Quantos ratinhos não serão comidos por esta cobra morta?
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Quantos kg de milho serão comidos por esses ratinhos?

sábado, junho 14, 2014

"Old men forget; yet all shall be forgot, But he'll remember, with advantages"




Acerca da variedade intra-sectorial.

Uma economia saudável funciona assim, sem caminho único, sem a Grande Estratégia delineada por um Grande Planeador e que todos devem seguir. De um lado, o caminho da eficiência, da escala, do volume, da organização, da logística:

Do outro, o caminho da personalização, do pessoal, da autenticidade, da narrativa:
"Todos os produtos são produzidos por encomenda em Portugal. Desta forma conseguimos corresponder a pedidos de personalização do móvel, respeitando sempre a qualidade de desenho. Alterações de dimensões, acabamentos, cores são possíveis. Alterações mais profundas poderão estar sujeitas a uma comissão de desenvolvimento/produção. Todo o mobiliário é produzido manualmente por oficinas de pequena escala e por artesãos. Grande parte dos fornecedores são empresas familiares locais. Fazemos um esforço para que os nossos fornecedores estejam sediados perto do nossa unidade de produção. Neste momento, grande parte dos nossos fornecedores distam cerca de 15km."
Há bocado, numa conversa no Twitter, lembrei-me disto:
 'Amateurs talk strategy, Professionals talk logistics' 
Aqui os termos amador e profissional estão relacionados com a aplicação dos conceitos estratégia e logística no ambiente militar. Um amador pode entreter-se com cogitações estratégicas sobre como vai ganhar uma guerra. Contudo, sem uma logística capaz de suportar o exército, qualquer estratégia é um ídolo de pés de barro, porque os soldados precisam de comer e beber.
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A malta da Aquinos deve ser craque, mas craque mesmo, de  logística.
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Quantas empresas em Portugal podem dizer que controlam essa vertente de forma profissional? Faz sentido impor um modelo de negócio único a todos? Uma economia saudável é esta diversidade...
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E volta a 2003, a Setembro de 2003, nunca me esqueço desse mês:
"Every business is successful until it’s not. What’s amazing is how often top management is surprised when “not” happens. This astonishment, this belated recognition of dramatically changed circumstances, virtually guarantees that the work of renewal will be significantly, perhaps dangerously, postponed.
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Why the surprise? Is it that the world is not only changing but changing in ways that simply cannot be anticipated—that it is shockingly turbulent? 
Como reduzir o risco de obsolescência de um sector económico?
"Valuing Variety
 Life is the most resilient thing on the planet. It has survived meteor showers, seismic upheavals, and radical climate shifts. And yet it does not plan, it does not forecast, and, except when manifested in human beings, it pos-sesses no foresight. So what is the essential thing that life teaches us about resilience? Just this: Variety matters. Genetic variety, within and across species, is nature's insurance policy against the unexpected. A high degree of biological diversity ensures that no matter what particular future unfolds, there will be at least some organisms that are well-suited to the new circumstances."
Permitindo, promovendo e valorizando a diversidade, a variedade intra-sectorial.


Do Twitter

Tweets favoritados nos últimos tempos:
"Creativity is ruthlessly inefficient."
Por isso é que foi tão difícil às PMEs portuguesas dar a volta quando a China invadiu com sucesso o campeonato do custo baixo onde eram muito boas. Era impossível competir de igual para igual com a China no terreno onde ela tinha vantagem. Migrar para outros segmentos implicava ir contra o que ouviam os "doutores" dizer em todo o lado: "Há que ser eficiente!"
Dar a volta, fugir do campeonato com a China implicava estar no campeonato da diferenciação e criatividade, logo, menos importância para a eficiência.
" No love = no excellence, no wow, no customer cuddling, no employee respect and growth. Can we please talk about love already? :) "
Há anos que escrevo aqui no blogue sobre a necessidade de desenvolver relações amorosas com clientes e fornecedores, como a forma de ultrapassar a linearidade básica e asséptica da folha de cálculo.
"No product deserves its price because of its features or your costs to make it"
O Evangelho do valor passa por aqui, por uma história, por uma narrativa, por calçar os sapatos do cliente e oferecer-lhe recursos que ele possa operar para criar os resultados que procura e valoriza.
"Don't be the first, be the only one" 
Fugir da concorrência, fugir do Salon, procurar um nicho, um segmento, uma diferenciação, uma tribo.
"Storytelling has become story yelling. It should be about engagement through interaction." 
Há anos que promovo aqui o poder da interacção. O ginásio não vende equipamentos para que os clientes façam exercício, o ginásio vende o sonho da transformação, que é pessoal, que é único. Só a aposta na interacção evita a homorragia da rotação e a vulnerabilidade face à guerra de preços.
 

Vai ser uma leitura interessante

Actualmente, aproveito as minhas caminhadas para ler "Why Nations Fail - The Origins of Power, Prosperity and Poverty" de Daron Acemoglu e James Robinson.
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Um primeiro tópico é a colonização da América Latina:

  • Muito interessante a descrição do colonialismo espanhol e inglês na América do Norte sob uma perspectiva que nunca tinha visto, a dos modelos de negócio e, porque é que o que resultou numa não resultou na outra;
  • Fiquei a pensar no que poderá acontecer aos terrestres se alienígenas-espanhóis, ou portugueses, entrarem em contacto connosco...
  • Nunca me esqueço que o triunfo português, espanhol e de outros na colonização, é uma história alternativa do filme Avatar, aquela em que os humanos tomam efectivamente o controlo de Pandora como os seus donos.
Um segundo tópico, enquanto leio as notícias do BES, enquanto recordo os postais que aqui costumo escrever sobre assar sardinhas com o fogo dos fósforos, enquanto recordo os defensores dos "campeões nacionais", enquanto recordo Daniel Bessa a defender há oito dias que alguns sectores deviam ser protegidos (de quem e para quem? Ele que fale com as empresas que, sem apoios, tiveram de aguentar a concorrência da Aerosoles, apoiada em dinheiro impostado aos contribuintes emprestado ao Estado e que agora está a ser impostado aos contribuintes para o pagar com juros), é este trecho:

"When the elite invested, the economy would grow a little, but such economic growth was always going to be disappointing"
É uma descrição de toda a primeira década do século XXI em Portugal
Por elite entenda-se dinheiro emprestado ao Estado e "despejado" por este em projectos ruinosos para o país mas bom para as elites. E começo logo a pensar na motivação para regular o crowdfunding... como a protecção dos bancos...
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Vai ser uma leitura interessante...
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Entretanto, a meio da caminhada, a minha mente começou a processar a diferença entre a economia americana e mexicana do século XIX e, aquilo que ainda hoje se vê por cá e imagino um programa tipicamente português. Em vez de Shark Tank, o Tanque dos Robalos (nome proposto pelo Tiago Pascoal no Twitter). Em vez de lucros obtidos no mercado servindo clientes, no Tanque dos Robalos, os entrepreneurs seriam substituídos por rentistas que procurariam financiar projectos onde fosse possível sacar mais rendas ao Estado. Imagino banqueiros, políticos da oposição e da situação, jornalistas, economistas, académicos...

sexta-feira, junho 13, 2014

Curiosidade do dia


Restos do paradigma colonial.
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Num país não-católico o burburinho e a celeuma que isto originaria, agora.

Dois universos distintos

Há dias, ao consultar o portefólio de organizações com as quais já desenvolvemos e implementamos um balanced scorecard, comecei, instintivamente, a nomear numa palavra ou pequena frase a motivação por detrás do projecto.
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Um dos motivos destacava-se claramente: "o mundo mudou". O mundo onde essa empresa operava mudou e alguém sentiu necessidade de dar uma sapatada.
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Interessante verificar que os primeiros projectos com esta motivação apareceram em 2004 e diziam respeito a PMEs no sector de bens transaccionáveis e, os mais recentes, de 2013, já incluíam uma maioria de empresas de sectores não-transaccionáveis.
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Lembrei-me disto ao ler no DE "Negócios nos têxteis e transportes foram os que resistiram melhor à crise" e, em particular, este trecho:
"antes da crise, eram sobretudo as empresas mais jovens que iam à falência, enquanto no período seguinte a idade média de empresas que deixaram de estar activas foi de 16 anos, o que demonstra que empresas que tinham conseguido ultrapassar períodos de crise anteriores, nomeadamente a recessão de 2003, acabaram por sucumbir à violência das contracções registadas em 2009 e 2011."
 Penso que são dois universos distintos. O primeiro, afectou sobretudo as empresas sujeitas à concorrência internacional, independentemente de operarem no mercado interno ou externo, ou em ambos. O segundo, afectou sobretudo as empresas protegidas da concorrência internacional.

Vão ter de pensar de forma mais geral

Quando os políticos, de forma genuinamente bem intencionada, falam da necessidade de investimento directo estrangeiro em Portugal, sonham em emular o investimento da Autoeuropa.
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Investimentos como o da Autoeuropa trazem emprego e contribuem muito positivamente para o PIB, com os anos podem ter um efeito de spill-over interessante para o ecossistema da procura no país onde estão instalados.
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Talvez seja de reflectir sobre estas palavras:
"Is your job high volume, well defined, and repetitive; one that needs tight quality control and involves a lot of lifting and moving? If yes, you’re likely in greater danger of being replaced by a robot. Robots won’t replace workers in jobs that require imagination, creativity, empathy, solution making and a “human touch.” But they will take on work that’s dull, dirty, and dangerous."
Vantagem da mão-de obra barata? Irrelevante.
Preço da energia? Preço da burocracia? Preço da instabilidade legislativa? Risco fiscal?
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Que ambiente facilitará o aparecimento e o investimento não de gigantes mas de empresas mais pequenas que requeiram "imagination, creativity, empathy, solution making and a “human touch."?
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Não vai dar para soluções caso-a-caso, personalizadas para cada empresa, vão ter de pensar de forma mais geral.
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Trecho retirado de "Use Robotics to Reimagine Your Business, Not Re-Engineer It"

Cuidado com as pessoas que querem fazer engenharia social nos países, na economia,...

Ontem, no DN encontrei este texto "A iconomia" de André Macedo.
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André Macedo percorreu um longo caminho...
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Hoje usa o sector do calçado como um exemplo do que o país precisa fazer.
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Em 2008 o mesmo André Macedo, cheio de certezas, escrevia:
“Acontece que o abandono progressivo das actividades com baixo valor acrescentado (têxteis, calçado) é uma estrada sem regresso possível e sem alternativa. Vai doer, mas só assim o país ficará mais forte e competitivo.”
Nós, trabalhamos com empresas não com países, ajudamos as empresas a reflectirem sobre como podem ter futuro e o que devem fazer para o construir.
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Daí a querermos trabalhar com países vai um grande salto... fico a pensar numa outra pessoa que muda de opinião sem retratação, João Cravinho:
imagem retirada daqui
 (um excelente repositório de informação)
Cuidado com as pessoas que querem fazer engenharia social nos países, na economia, ...
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BTW, recordar esta opinião de André Macedo de 2011, ainda não tinha mudado de opinião.

As empresas que trabalham connosco não precisam destes estudos

Há muitos anos que este é o nosso Evangelho junto das PMEs:

  • rapidez;
  • flexibilidade; 
  • pequenas séries;
  • diversidade;
  • diferenciação;
  • personalização.
"A flexibilidade é um dos principais trunfos das empresas portuguesas da indústria de engenharia, cujo desempenho está “ao nível do que melhor se faz internacionalmente”
...
as três principais vantagens comparativas da indústria de engenharia portuguesa são a flexibilidade (enquanto capacidade de resposta a prazos de entrega curtos e/ou a quantidades de produção pequenas), a qualidade, a entrega e o custo/produtividade.
...
“Medimos quatro dimensões que cobrem o espectro da performance industrial e, em todas elas, Portugal estava ao nível do que de melhor se faz em todo o mundo. Ficámos surpreendidos com os resultados porque, por exemplo, em comparação com o inquérito anterior, o estudo revelou em Portugal não só um desempenho ao nível (se não melhor) do que se faz internacionalmente, mas também “níveis de desempenho muito elevados” em relação à Europa,"
As empresas que trabalham connosco não precisam destes estudos:


quinta-feira, junho 12, 2014

Acerca das desvantagens

Agora percebo porque é que o livro de Gladwell, "David & Goliath" levantou tanta polémica.
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Quando entramos na segunda parte, que começa com uma citação da II Carta de S. Paulo aos Coríntios, 12:7-10, entramos numa proposta diferente:
"So far in David and Goliath, we've looked at the ways in which we are often misled about the nature of advantages. Now it is time to turn our attention to the other side of the ledger. What do we mean when we call something a disadvantage? Conventional wisdom holds that a disadvantage is something that ought to be avoided - that it is in a setback or a difficulty that leaves you worse off than you would be otherwise. But that is not always the case."
Depois, Gladwell apresenta várias histórias de pessoas que, porque tinham uma desvantagem, a dislexia por exemplo, conseguiram algo que a maioria não consegue.
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E penso nas empresas que, para quem está de fora e só conhece uma forma de competir - servir econs - são vistas como sem futuro. Para os que não conhecem outra alternativa de actuação no mercado, uma empresa que não prima pela eficiência, pelos muito baixos custos, pelos volumes elevados, está condenada, é uma empresa cheia de desvantagens e condenada a morrer.
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E, no entanto, todos os dias encontro exemplos de empresas sem hipóteses, segundo os outsiders, e que encontram um nicho, um segmento, onde fazem a diferença.
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Um pouco como o que Laurence Gozales escreveu sobre os que sobrevivem num desastre numa zona remota, os que sobrevivem não são os mais fortes, ou os mais inteligentes, são os que deixam de estar perdidos... não são os que são encontrados, são os que se encontram. São os que em vez de copiar os outros e tudo fazer para entrar no Salon, encontram o seu espaço próprio, onde podem fazer a diferença.
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Já quase no final do capítulo que inicia a segunda parte do livro Gladwell escreve:
"being on the outside, in a less elite and less privileged environment, can give you more freedom to pursue your own ideas"
E fico a pensar em algo que escrevi, não sei se aqui no blogue ou num outro lugar, quando ouvi a notícia de que a Roménia queria aderir à UE e percebi que a UE ficaria composta por 27 países. O que vai dar, é estar fora da UE e aproveitar essa situação.

"Não obstante a valorização do euro"

Apesar das Cassandras que não acreditam, ou por motivação política, ou por terem modelos mentais formados no tempo das commodities:
"Não obstante a valorização do euro, Portugal saiu da recessão e do programa da troika com uma quota de mercado ligeiramente superior à que tinha antes da crise e antes da adesão à moeda única, refere o Banco de Portugal (BdP) no Boletim de Junho, divulgado nesta quarta-feira.
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"O ganho de quota de mercado das exportações de bens e serviços acumulado no período 2011-2013 foi de cerca de 10 pontos percentuais, o que implicou uma recuperação da quota para um valor marginalmente superior ao observado no início da área do euro", escreve o BdP.
 .
"Importa realçar que desde 2011 se verificaram ganhos de quota de mercado significativos nas exportações portuguesas,
...
No boletim económico de Junho, o banco central repete que a "evolução recente das exportações traduz um desempenho marcadamente mais favorável do que o observado na maioria das economias da área do euro".
 .
Para ilustrar esta afirmação, é recuperado um gráfico que apresenta uma comparação da evolução da quota de mercado das exportações portuguesas com a de outros cinco países da Zona Euro – Alemanha, Espanha, França, Irlanda e Itália –, concluindo-se que Portugal apresentou o melhor comportamento do grupo, com um aumento da quota de mercado de 12,1% desde 2007."
Texto retirado de "Quota das exportações já está acima dos níveis anteriores à crise"
Gráfico retirado de "Boletim Económico de Junho 2014 do BdP"

Disrupção, disrupção, disrupção

Ao ler, "Universities Are Missing Out on an Explosive Growth Sector: Their Own":
"The business models of universities are being challenged, and it looks like the universities are out to lunch."
Fiz logo a associação com as manifestações de ontem "Taxistas europeus em guerra contra aplicação para telemóvel"
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Por fim, triangulei a coisa ao recordar que estava a ler a notícia no Público na Internet. O que está a acontecer na imprensa em papel?



3 sectores e 3 disrupções.
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Os incumbentes tentam defender o status-quo e o que acontece é isto:

A razão de ser de qualquer negócio é o cliente, só as tribos e famílias existem para servir os seus membros, todas as outras organizações humanas só existem para servir alguém no exterior da organização.E o que é que a maioria dos servidos experiencía?

Nenhum negócio está protegido de uma qualquer disrupção, pode estar a acontecer agora mesmo com a sua empresa.
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A alternativa é nunca estar confiante de que o futuro vai ser um prolongamento do passado e estar aberto a testar novos modelos de negócio.

quarta-feira, junho 11, 2014

Curiosidade do dia

Concentração na finalidade, teleologia em prática.
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Isto "Why a California judge just ruled that teacher tenure is bad for students" seria impossível acontecer em Portugal.
"Evidence has been elicited in this trial of the specific effect of grossly ineffective teachers on students. The evidence is compelling. Indeed, it shocks the conscience."

A coragem dos Impressionistas

Todos os dias encontro o mesmo padrão:
"Para o especialista, apesar de os vinhos do Porto e da Madeira serem já bastante conhecidos, outros “continuam a ser largamente ignorados e muitas vezes injustamente”. E explica porquê. “Os portugueses, para seu grande crédito, recusaram amplamente acentuar castas internacionalmente populares”, preferindo “a sua miríade de oferta indígena”."
Uns aderem ao mainstream e tentam fazer tudo e mais alguma coisa, para fazerem parte de um todo global onde competem com regras estabelecidas que protegem os incumbentes.
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Outros conscientemente ou não, não se integram nesse mainstream, mantêm a sua individualidade e, por isso, mais tarde são reconhecidos e valorizados por serem diferentes.
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É sempre o mesmo padrão, quem faz parte, ou quer fazer parte do mainstream, perde, muitas vezes, a sua individualidade e, por isso, acaba a competir pelo preço.
""Nunca conseguiremos competir no preço"
Manuel Évora é muito taxativo: "Tenho muito orgulho no meu país, mas Portugal nunca conseguirá competir no preço e nunca seremos um player de grande dimensão. Esse não deve ser o nosso caminho." Se é assim, então como é que Portugal pode dar cartas num mercado globalizado e cada vez mais exigente? [Moi ici: Conseguem ver aqui o caminho menos percorrido? O caminho de David? A concorrência imperfeita?] "Devemos orgulhar-nos e apostar na crocância, na cor, no aroma e, principalmente, no sabor inolvidável da fruta que produzimos." Algo que os estrangeiros já reconhecem."
Já o tinha adquirido há vários meses mas só ultimamente é que comecei a ler com alguma disciplina o livro de Malcolm Gladwell, "David & Goliath". O capítulo I, intitulado "Vivek Ranadivé", conta a história de uma equipa americana juvenil de basquetebol feminino, treinada pelo pai de duas das jogadoras, Vivek programador profissional em Silicon Valley e, treinador de basquetebol sem nunca ter jogado o jogo. A equipa quase ganhou o seu campeonato, não fora umas jogadas de bastidores, porque em vez de jogar como toda a gente jogava, jogava de uma forma diferente.
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Depois, no Capítulo III, intitulado "Caroline Sacks", Gladwell em breves pinceladas conta a fantástica história de como um punhado de pintores rejeitados pelo mainstream, deu a volta ao poderoso Salon e criou o seu próprio espaço. A história dos Impressionistas mostra como tantas vezes:
"we strive for the best and attach great importance to getting into the finest institutions we can. But rarely do we stop and consider - as the Impressionists did - whether the most prestigious of institutions is always in our best interest."
Texto inicial retirado de "Portugal é o país produtor de vinho “mais negligenciado”. E isso é injusto"
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Segundo texto retirado de "€60 milhões em fruta a partir da Freixoeira" publicado no Caderno de Economia do semanário Expresso do passado Sábado.

A propósito de "A crença na concorrência imperfeita" (parte II)

Parte I.
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Antes de entrar dentro daquilo a que chamo concorrência imperfeita, aqui vai a segunda parte do texto sobre a concorrência imperfeita.

2. implicações da concorrência perfeita from Carlos da Cruz

E não resisto a repetir o que escrevi ontem aqui:
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O que ficou a ocupar o espaço no palco da minha atenção mental foi um pequeno trecho de Malcolm Gladwell no seu livro "David & Goliath":
"Why has there been so much misunderstanding around that day in the Valley of Elah? On one level, the duel reveals the folly of our assumptions about power. The reason King Saul is skeptical of David's chances is that David is small and Goliath is large. Saul thinks of power in terms of physical might. He doesn't appreciate that power can come in other forms as well - in breaking rules, in substituting speed and surprise for strength. Saul is not alone in making this mistake."
A concorrência imperfeita passa por esta capacidade de quebrar as regras cristalizadas nas mentes dos incumbentes. 

As forças anti-Mongo...

Acerca das forças que atrasam o advento de Mongo:
Espanha é um país ainda mais regulamentado que Portugal:

terça-feira, junho 10, 2014

"power can come in other forms as well - in breaking rules"


O que aprendemos em certos momentos da nossa vida fica marcado para sempre, fica a fazer parte de nós, cristaliza dentro de nós e faz parte dos mapas cognitivos que nos ajudam a lidar com o quotidiano da realidade onde vivemos.
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Acontece que a realidade não é estática, a realidade é uma paisagem enrugada em constante movimento. Houve um tempo em que a paisagem podia ser representada, sem grande erro, pela figura da esquerda:
Hoje, a paisagem competitiva é mais semelhante à da figura da direita.
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No tempo em que economia era transacção de commodities, escreveram-se as suas leis e teorias bem como as suas regras de polegar.
Continuam a existir commodities mas hoje, a economia é muito mais do que transacções e do que commodities.
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Por isso, quem foi educado num outro tempo, continua com os mecanismos do passado a interpretar uma realidade muito diferente. Por isso, Daniel Bessa em 2005 previa o fim do calçado (recordar "Quantas pessoas se aperceberam desta revolução?")
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Ontem, o Boletim Mensal do INE sobre o comércio internacional trazia um anexo dedicado ao calçado onde se pode ler o bom momento atravessado pelo sector. Além do calçado, com frequência podemos encontrar números animadores sobre muitos outros sectores.
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O que diz Daniel Bessa, guiado pelo que aprendeu quando era muito mais novo e o mundo era diferente?
"“Não tenho a certeza de que estas empresas que estão a exportar estejam a ganhar dinheiro. Perderam o mercado interno, viram-se aflitos e viraram para o exterior”, começa por afirmar na Renascença, no programa “Conversas Cruzadas”.
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“Fizeram muito bem, mas talvez estejam a vender a preços muito esmagados e não estejam a ganhar dinheiro. Essa, para mim, é que é a pedra de toque", insiste, sublinhando que “se não estão a ganhar dinheiro, não têm dinheiro para investir”."
Eu sou o primeiro aqui no blogue, há vários anos a lamentar a quantidade de dinheiro que os empresários deixam em cima da mesa (por exemplo aqui) por não perceberem quais são as suas vantagens competitivas. Contudo, a experiência que tenho no terreno não é a de que sistematicamente as empresas não ganham dinheiro.
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O que ficou a ocupar o espaço no palco da minha atenção mental foi um pequeno trecho de Malcolm Gladwell no seu livro "David & Goliath":
"Why has there been so much misunderstanding around that day in the Valley of Elah? On one level, the duel reveals the folly of our assumptions about power. The reason King Saul is skeptical of David's chances is that David is small and Goliath is large. Saul thinks of power in terms of physical might. He doesn't appreciate that power can come in other forms as well - in breaking rules, in substituting speed and surprise for strength. Saul is not alone in making this mistake."
Será que Bessa é uma espécie de Rei Saul incapaz de perceber que existem outras formas de competir, para além do preço puro e duro?
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Esta manhã no Twitter apanhei uma série de pérolas em torno das conversas de Tom Peters, coisas como:
"Creativity is ruthlessly inefficient" 
No tempo das commodities reinava a eficiência pura e dura.
Será que as PMEs portuguesas podem competir com a eficiência da escala, da disciplina, do volume das empresas que operam na Ásia dos dinossauros azuis?
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Claro que não! O campeonato é outro, o fuçar e o desespero permitiu-lhes descobrir alternativas de vida. E volto a Gladwell:
"To play by David's rules you have to be desperate. You have to be so bad that you have no choice."
Será que Bessa acredita no que disse, ou fê-lo como táctica para evitar um choque frontal e, esvaziar o discurso de Carvalho da Silva?
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BTW, na legislação portuguesa, não é fiscalmente lesivo para as empresas investirem com o seu próprio dinheiro em vez de o usarem dinheiro emprestado? E os bancos emprestam dinheiro? De onde veio o dinheiro que as empresas usaram para pagar dividas fiscais no final de 2013?


Acerca da ISO / DIS 9001 (Secção 10 - parte XI)

Parte Iparte IIparte IIIparte IVparte Vparte VIparte VII,  parte VIIIparte IX e parte X.
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A versão ISO / DIS 9001 acaba com a referência às acções preventivas. Passa a referir acções correctivas e a melhoria contínua. O que vem em linha com o que tenho escrito por aqui e no livro "Gestão Ambiental - Sintonizar Ambiente e Estratégia para o Negócio".
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Monitorizar e medir não é um fim em si mesmo, é um instrumento para nos ajudar a tomar decisões.
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Monitorizamos e medimos para tomar decisões. A tomada de decisões inicia-se quando comparamos os resultados reais obtidos com os resultados desejados, com as metas.
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Quando os resultados reais obtidos não correspondem às expectativas, estamos perante uma não-conformidade. Uma não-conformidade é uma falha, tem de ser corrigida. Uma vez corrigida, temos de avaliar a necessidade de melhorar o sistema, para minimizar a possibilidade dessa não-conformidade se repetir. À acção de melhoria que se realiza para minimizar a repetição de uma não-conformidade chamamos acção correctiva.
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Sempre que um resultado concreto, um resultado individual desencadear uma acção de melhoria estamos perante uma acção correctiva.
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Quando analisamos conjuntos de dados e avaliamos tendências, e decidimos desenvolver uma acção de melhoria para melhorar a tendência, a essa acção chamamos acção preventiva.
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Muitas empresas confundem acção correctiva com correcção, confundem acção correctiva com o tratamento da não conformidade, e em boa verdade cada auditor, cada consultor tem a sua versão do que é uma acção correctiva e, ainda maior a entropia, do que é uma acção preventiva.
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São discussões nas listas de e-mail das ISO 9000 na internet, são revistas e mais revistas, livros e mais livros cada um com a sua versão. Quanto aos artigos publicados em revistas mensais, cinco e seis meses depois, as secções das cartas dos leitores continuam a debater acaloradamente os prós e os contras das versões dos autores sobre a diferença entre acção correctiva e preventiva.
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Por exemplo:

Livros:

  • “After the quality audit” de J.P. Russel e Terry Regel, ASQ (versão apresentada nas páginas 3 a 11, versão que aqui seguimos)
  • “The ISO 14000 SEM Audit Handbook” de Gregory P. Johnson, St. Lucie Press (versão apresentada nas páginas 134 a 139, versão com a qual não concordamos)
  • “Implementing ISO 14000” Editado por Tom Tibor e Ira Feldman, McGraw-Hill (versão apresentada na página 131, versão com a qual não concordamos – exemplo de não conformidade: falta uma licença, acção correctiva: obter a licença!!! Onde se actua sobre as causas, neste caso???)
  • “Coment mettre en oeuvre des actions préventives” de Mouvement Français pour la Qualité.

Revistas

  • "Quality World”, Setembro de 1999, artigo “Corrective action still misunderstood” de Bob Sansbury,
  • “Quality Progress”, Março de 1998, artigo “ Preventive Action vs. Corrective Action: The horse, the barn door, and the apple” de C. Michael Taylor
  • “Quality Engineering”, Volume 12, Number 2 1999-2000, artigo “The Deming cycle provides a framework for managing environmentally responsible process improvements”, Richard Reid e Elsa L. Koljonen.


Não temos a veleidade de apresentar aqui a Verdade, a Definição, apresentamos uma versão, que cremos, ser útil para que as organizações melhorem o seu desempenho. E a minha versão pode ser encontrada aqui