domingo, outubro 25, 2015

Portugal: exportações e o euro

Rápido!
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Qual o país da UE que personifica a capacidade exportadora?
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Qual o país da zona euro que personifica competitividade apesar de ter uma moeda forte?
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Aposto que todos foram unânimes na resposta, a Alemanha.
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A Alemanha pela sua dimensão e pela competitividade serve de referencial para comparar o desempenho relativo dos países. Assim, não admira este tipo de texto:
"Indeed, Germany’s success is frequently cited as a model that other countries should emulate, and rightly so. Since the beginning of the century, the country has grown to become one of the world’s leading exporters, outstripping all other major European countries. From 2000 to 2013, Germany’s exports grew by 154%, compared to 127% for Spain, 98% for the United Kingdom, 79% for France, and 72% for Italy.
Agora, comparemos o desempenho exportador alemão com o desempenho de Portugal. Portugal é visto, quer pela esquerda, dominante no mainstream, quer pela direita, intelectualmente preguiçosa, como um país pouco competitivo, um país que nunca deveria ter entrado na zona euro, um país que deveria sair da zona euro para poder baixar o câmbio da moeda e, assim, recuperar competitividade perdida.
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Vamos aos números, recolhidos no Pordata, acerca das exportações de bens e serviços em 2000 e 2013:

Se tomarmos 2000 como a base de referência podemos concluir que entre 2000 e 2013 as exportações portuguesas de bens e serviços cresceram 88%.
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Uma taxa de crescimento bem abaixo da alemã e da espanhola, próxima da britânica e melhor do que a francesa e italiana.
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Arrisco classificar que, apesar de tudo, trata-se de um bom resultado. Não podemos dissociar deste cenário que a primeira década do século XXI foi marcada pelo fim do modelo de negócio que suportava o sector exportador português, a entrada da China no tabuleiro do jogo do comércio mundial estilhaçou a vantagem competitiva portuguesa. Portugal foi durante anos, no interior da UE, uma espécie de China antes de haver China. Assim, durante a primeira década do século XXI o sector exportador, enquanto era dizimado, teve de se reconverter e aprender novas formas de competir.
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Portugal foi, provavelmente, o país europeu que mais sofreu com o choque chinês porque eles vieram ocupar, com vantagem, a mesma posição competitiva que as empresas exportadoras portuguesas ocupavam.
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Continua.
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Trecho retirado de "Germany is Not Volkswagen"

sábado, outubro 24, 2015

Curiosidade do dia

Um incorrigível optimista arranja sempre algo para alimentar a esperança.


Acerca da evolução do desemprego (parte V)

Parte IParte IIParte IIIParte IVPrevisão.
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Recordo a previsão feita em Maio passado:
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Chegaremos aos 447 mil desempregados em Setembro. Aqui desempregados referem-se aos que estão inscritos como candidatos a novo emprego.
Estava à espera de um resultado melhor. Em Agosto o habitual aumento do desemprego foi bem menor do que em 2014. Contudo, em Setembro, a redução do desemprego foi muito inferior à verificada em 2014.


Risco e tomada de decisões

"Risk paradoxIf an organization uses quantitative risk analysis at all, it is usually for routine operational decisions. The largest, most risky decisions get the least amount of proper risk analysis. [Moi ici: Recordei-me logo de "Lovaglia’s Law: The more important the outcome of a decision, the more people will resist using evidence to make it."]
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Over the years, in case after case, I have found that if organizations apply quantitative risk analysis at all, it is on relatively routine, operational-level decisions. The largest, most risky decisions are subject to almost no risk analysis—at least not any analysis that an actuary or statistician would be familiar with. I refer to this phenomenon as the “risk paradox.”
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Almost all of the most sophisticated risk analysis is applied to less risky operational decisions while the riskiest decisions - mergers, IT portfolios, big research and development initiatives, and the like - receive virtually none (or at least not the kind that passes as real, quantitative risk analysis). Why is this true? Perhaps it is because there is a perception that operational decisions—approving a loan or computing an insurance premium—seem simpler to quantify but the truly risky decisions are too elusive to quantify."
Trecho retirado de "How to Measure Anything - Finding the Value of “Intangibles” in Business" de Douglas Hubbard.

Acerca da experiência do cliente (parte III)

Parte I e parte II.
"13. 66% of consumers who switched brands did so because of poor service
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14. 85% of customer churn due to poor service was preventable.
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15. 11% of customer churn good be prevented by simple company outreach.
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16. 67% of customer churn is preventable if the customer issue was resolved at the first engagement.
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17. 70% of companies that deliver best in class customer experience use customer feedback - versus industry average of 50%, and 29% for laggards.
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18. Customers are thirsty for more information and knowledge.
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19. 56% of customer just want the right answer, but 64% of customers do not trust the information.
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20. 44% of customers confirm that they have received the wrong answer."

Medição e risco (ISO 9001:2015) (parte III)

Parte I e parte II.
"Definitions for Uncertainty, Risk, and their Measurements
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Uncertainty: The lack of complete certainty, that is, the existence of more than one possibility. The “true” outcome/state/result/value is not known.
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Measurement of Uncertainty: A set of probabilities assigned to a set of possibilities. For example: “There is a 60% chance this market will more than double in fi ve years, a 30% chance it will grow at a slower rate, and a 10%  chance the market will shrink in the same period.”
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Risk: A state of uncertainty where some of the possibilities involve a loss, catastrophe, or other undesirable outcome.
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Measurement of Risk: A set of possibilities each with quantifi ed probabilities and quantifi ed losses. For example: “We believe there is a 40% chance the proposed oil well will be dry with a loss of $12 million in exploratory drilling costs.”

Trecho retirado de "How to Measure Anything - Finding the Value of “Intangibles” in Business" de Douglas Hubbard.

sexta-feira, outubro 23, 2015

Curiosidade do dia


Mongo e a vantagem das PME

Bem na linha daquilo que defendemos há vários anos.
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Admitindo a hipótese de nos estarmos a entranhar num mundo económico a que chamo, metaforicamente, de Mongo, a vantagem vai para as PME.
"Mass customization is a trend that many businesses of varying size and scale have dabbled in. In today’s consumer-driven marketplace, it’s a smart idea to create custom offerings that meet the specific demands of customers. However, not every organization is able to capitalize on this phenomenon the way they would like to.
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With so many options for how they can tailor their offerings to satisfy customers, why haven’t all companies taken advantage of mass customization? One reason is that the profits generated from mass customization are considered “small” for many corporate giants. However, SMBs are more willing to craft offerings that appeal to niche markets and not just to the masses.
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SMBs have an advantage over corporate giants in regards to mass customization because of their ability to gratify niche markets while still making a profit. Businesses should choose a customization approach that aligns with their goals and satisfies consumers’ requests."
Trechos retirados de "How Mass Customization Can Work for Small Businesses"

A vantagem da co-criação

"Competition - "I win if you lose."
Cooperation - "I will agree to go along with you here, if you agree to go along with me here - which might involve some compromise on both our parts - a chipping-off sometimes."
Collaboration - "We work together in a way that includes what is important to both of us and our visions without having to compromise."
Cocreation - "We work together in a way that includes what is important to both of us without having to compromise AND what we emerge is new, unexpected and greater than the sum of our visions."
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The boundaries between these modes, of course, are permeable with overlaps. The key is that co-creation can contain collaboration, cooperation, and even competition under its umbrella, but competition generally does not contain co-creation. By consciously choosing to expand to a co-creative framework, our playing field opens up and we are at choice when to compete, cooperate, collaborate, or co-create - instead of doing only one of the modes on autopilot.
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Every time we expand our habitual paradigm or mental playing field, new choices, options and possibilities open up. New interpersonal dynamics are possible."
Trecho retirado de "The Fertile Unknown"

A precisar de chegar ao mainstream

"E começam a ter um espaço Portugal. Isso tem um valor extraordinário. E deixe-me dizer uma coisa de que temos que nos orgulhar: isso resulta da imagem que Portugal tem hoje internacionalmente.
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Mudou para melhor, apesar dos últimos quatro anos?
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Mudou e todos nós notamos isso. E não é apesar dos útimos quatro anos, tem muito a ver com os últimos quatro anos. E com o trabalho de gente anónima, dos empresários, dos trabalhadores deste país, que conseguiram que dessemos a volta. Um dos factores que é fundamental é esta explosão do turismo. Isso cria uma notoriedade enorme para o País. São pessoas que vão falar de Portugal lá fora. E tudo isto vai criar uma imagem que vai dar frutos no futuro. E que, para nós, exportadores, começa a dar resultados.
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O que sinto, como empresário, é que se vive neste país uma revolução silenciosa no mundo empresarial. Essa revolução silenciosa está a criar uma estrutura económica nova. Vêem-se projectos, como este, múltiplos projectos, que se viraram para o exterior e têm uma visão alargada do seu mercado. É uma revolução que permitiu que as exportações portuguesas, que representavam 28% do PIB, tenham passado para 40%. As empresas portuguesas, por causa da crise, foram obrigadas a fazer um esforço enorme em termos de competitividade, com custos muito significativos. Mas tudo isso está a criar uma capacidade nova em termos de exportação. Há criação de empresas como há muitos anos não havia em Portugal, no sector agrícola, nas áreas dos serviços, novas tecnologias, e tudo isto cria uma estrutura económica nova. Ainda não vemos os resultados, mas é algo que está a acontecer, que não podemos estragar. Isto não é mérito de nenhum Governo."
Uma mensagem, um sentimento a precisar de se entranhar no mainstream deste país.
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Trechos retirados de “Vive-se uma revolução silenciosa no mundo empresarial”

Medição e risco (ISO 9001:2015) (parte II)

Parte I.
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Como se mina a abordagem preconizada na parte I?
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Fácil.
  • Usar processos da treta. Fácil, basta confundir departamentos com processos;
  • Usar indicadores da treta;
  • Usar metas da treta;
  • Usar frequências de cálculo dos indicadores absurdas. Semestrais ou anuais, por exemplo. 

quinta-feira, outubro 22, 2015

Curiosidade do dia



Nunca esquecer esta mensagem.
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Cuidado com os encharcados em cortisol que nos querem encharcar em cortisol

Por que será?

Ao ler "A Simple Graph Explains the Complex Logic of the Big Beer Merger" lembrei-me logo de uma conferência a que assisti há muitos anos no Porto. Numa intervenção de James Womak, um dos autores de "The Machine That Changed the World" ele recordava o mundo automóvel antes da chegada dos japoneses ao Ocidente.
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Os construtores de automóveis americanos comparavam-se com os europeus e, como tinham produtividades muito superiores, sorriam e descansavam.
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Entretanto,os Hondas e os Toyotas chegaram e foi o que se viu.
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No texto sobre a fusão das cervejas julgo que se pode correr o mesmo erro com esta condição:
"the following map for 23 national brands chosen because they had more than 0.3% market share and at least 50% awareness."
E se as ameaças realmente relevantes não vêm deste tipo de mercado estabelecido? E se as oportunidades de crescimento futuro estão noutro lado?
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Apesar de anónimo engenheiro de província, talvez porque tenha uma costela forte de simpatia por Mongo, tendo a explicar esta decisão de fusão como racional para quem quer gerir um mercado em retracção.

Acerca da experiência do cliente (parte II)

Parte I.

Alguns destes números são de se segurar à cadeira.

  1. "Research shows that 55% of consumers are willing to pay more for a guaranteed good experience. Kolsky points out the word 'guaranteed', noting customers are no longer satisfied with just being promised a good experience.
  2. 86% of consumers are willing to pay more for an upgraded experience. Air travel and hospitality are examples where upselling better experiences can generate incremental revenue and bolster customer loyalty.
  3. 84% of consumers are frustrated when the agent does not have information.
  4. Customer frustration leads to the following: 13% tell 15 or more people if they're unhappy. Conversely, 72% of consumers will share a positive experience with 6 or more people.
  5. 67% of consumers site bad experiences as reason for churn. Kolsky researched and surveyed business leaders to find other critically important trends regarding customer experience including:
  6. 50% of customer experience natural occurring churn every 5 years.
  7. Only 1 out of 26 unhappy customers complain. The rest churn. A lesson here is that companies should not view absence of feedback as a sign of satisfaction. The true enemy is indifference.
  8. 91% of unhappy customers who are non-complainers simply leave.
  9. It is 6-7X more expensive for companies to attract new customers than to keep existing customers.
  10. 65% of companies are able to successfully upsell or cross-sell to existing customers.
  11. Only 12% of companies are able to successfully upsell or cross-sell to new customers.
  12. 75% of brands do not know what engagement means - but are measuring "it""

"um atestado de desconhecimento da realidade" (parte VI)

Parte Iparte II, parte III, parte IV e parte V.
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Mais um exemplo a reforçar a nossa tese sobre a vantagem da exportação em relação ao mercado interno, pois permite praticar preços mais altos. Basta ler "Portugal aumenta importações e paga mais 70% pelo azeite estrangeiro".
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O azeite português é encaminhado para exportação e o consumo interno é suportado por azeite importado. Como o azeite português consegue melhores preços que o espanhol...

Recordar:



quarta-feira, outubro 21, 2015

Curiosidade do dia

Este artigo "Bruxelas quer um "conselho para a competitividade" em cada país" dá logo algum "medo"...

Já se sabe que para Bruxelas, povoada por gente formada na economia do século XX, competitividade é igual a salários.
"A Comissão Europeia apresentou uma proposta com uma série de alterações ao funcionamento da União Económica e Monetária (UEM), entre as quais a criação de um conselho nacional de competitividade em cada Estado-membro, que avaliará, entre outros indicadores, a evolução dos salários."
Como não pensar logo no Forum para Competitividade que tanto tenho criticado ao longo dos anos aqui no blogue.
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Enfim...

Acerca da experiência do cliente

"Customer experience is defined as the sum total of conscious events, as as a coordinated series of interactions between a customer and a brand to accomplish anything. Above all words - a customer experience is defined by the customer, for the customer, at each touch-point, each time. -- Esteban Kolsky
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Kolsky believes that the customer experiences must be chosen and validated by the customer. He does not believe that the customer experience is offered by the company. The company does however need to build an infrastructure ... to allow the customer to do whatever they want, whenever they want, and however they want. Customer experience is not a onetime event, and every single interaction is going to be different.
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The customer owns the customer experience. Some will argue that depending on the industry, business regulations, compliance and governance will not allow companies to broadly deliver this level of customer defined experiential ubiquity. The main point however is that controlling the customer experience is perhaps an illusion. Customers are more educated, more empowered and have more options available to them unlike ever before. Customers want choices, but to engage, they must trust the brand. Companies have a choice and the smart ones choose to better understand their customer's needs and then rigorously focus on iterating and improving their products and services to consistently deliver on their brand promise."
Continua.

Trechos retirados de "50 Important Customer Experience Stats for Business Leaders"

"um atestado de desconhecimento da realidade" (parte V)

Parte Iparte II, parte III e parte IV.

"Portugal está a abanar o mundo dos vinhos, diz o USA Today"

"Portugal is shaking up the wine world"

"Dois vinhos portugueses entre os sete melhores do mundo"

"Dois vinhos portugueses entre os sete melhores do mundo"

É tentar fazer com que o mercado interno sirva para comprar estas quantidades a estes preços e, depois, falamos.
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Impecável este trabalho para subir na escala de valor... trabalho para aumentar os preços à custa de mais magia.
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Recordar ""Não nos interessa exportar mais volume, interessa-nos exportar mais valor""

Mais um exemplo de Mongo

"Undandy é a mais recente marca portuguesa de calçado. Gonçalo Henriques e Rafic Daud lançaram a Undandy há pouco mais de quatro meses e já venderam 200 pares de sapatos para quase 20 países, como a Rússia, China, Nigéria, Qatar, Reino Unido ou EUA, a um preço médio de 220 euros.
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Os dois empreendedores apostaram num nicho de mercado - os sapatos personalizados, feitos à mão e a preços competitivos. O cliente só tem de perder uns minutos para realizar a sua encomenda na página ‘online' da marca."
Mais um exemplo de Mongo. Customização!

Trecho retirado de "Undandy entra no negócio do calçado com sapatos personalizados"
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BTW, (quatro meses + 200 pares + 220 €/par + venda online em site próprio) é muito, muito bom... arrisco dizer, demasiado bom... há um twist qualquer

Medição e risco (ISO 9001:2015) (parte I)

Nem de propósito, nestes tempos de ISO 9001:2015 e da abordagem baseada no risco (RBT):
"Once again, the reason why a measurement is important to a business or government agency is because of the existence of risk. Without risk, information would literally have no value to decision making."
E recordar este trecho de uma checklist que preparei para uma auditoria interna em 2006:


A fase inicial, com o responsável do processo, concentrada no desempenho do processo, no cumprimento da sua finalidade.
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Será que a RBT vai dar mais importância à medição do desempenho, à eficácia dos processos?
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Era sempre a minha primeira pergunta... o processo é eficaz? Independentemente da resposta (sim/não) tinha de ser sustentada em evidências. 
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Trecho retirado de "How to Measure Anything - Finding the Value of “Intangibles” in Business" de Douglas Hubbard.

terça-feira, outubro 20, 2015

Curiosidade do dia

A tal ave do outro dia é parecida com esta (Vidua macroura):
Fotos mais recentes e mais perto:



No entretanto

Sinto que estes textos:
São um sintoma de duas forças:
  • Explosão câmbrica em sectores que ainda estão em turbulência, os habitats são demasiado jovens para que as espécies presentes tenham explorado os limites e tenham começado a competir entre si sem quartel, ainda se testam os limites do campo de possibilidades;
  • Dinheiro fácil e barato

"Going head-to-head with some of the world's biggest tech companies over 25 percent of a $4 burrito delivery sounds like insanity. It's exactly because Uber's ambition is so big, though, that it deems no opportunity too small.
...
Uber Everything isn't just a name; it's also a strategy. And maybe it's just the start."
Mais tarde ou mais cedo alguém vai querer ver a cor do dinheiro de volta, vai ter que haver estratégia.
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Não acredito nisto "The Best Digital Strategists Don’t Think in Terms of Either/Or" para lá deste período de explosão câmbrica.
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BTW, sinto que isto também está relacionado "The Age of the Cockroach"

Tão século XX

"As with all mergers and acquisitions, the idea is that by joining forces the new bigger-and-better company can implement economies of scale and scope, as well as increasing its market share - all resulting in greater profits. But there are no guarantees.
...
In major manufacturing operations economies of scale can be enormous, which means breweries will be streamlined to focus on the largest and most modern. Economies of scope - where it’s cheaper to produce a range of products together than individually - will be substantial too. In terms of personnel, for example, head offices and country management teams are likely to be integrated. Plus, the combined purchasing power of the new bigger company should also realize substantial savings.
...
But if drinkers are hoping the cost savings will be passed on to them I feel they will be sorely disappointed. They will probably find that choice will diminish as well. Indeed greater market power arising from mergers usually results in higher prices.
...
It is also probable that product ranges will be reviewed and reduced to allow for greater investment in marketing the retained brands.
...
The market is largely flat and in some regions is declining as other beverages such as wine continue to penetrate. Micro-brewers and their highly differentiated craft ales also continue to make progress. As a consequence cost, product and distribution rationalization become an attractive way of increasing shareholder returns."
Em lado nenhum se fala na relação com os clientes, em lado nenhum se fala sobre interacção, sobre co-criação de valor. Tudo aponta para esforços de redução do break-even e aumento do retorno para os accionistas.
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Tão século XX.
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Trechos retirados de "The Big Beer Merger Won’t Bring Down the Price of a Pint"

BTW, "Why Craft Brewers Are Winning the Beer Wars"


Quando a concorrência mete medo


- Como se aumenta a produtividade?
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Para poder responder a esta pergunta há que, primeiro, responder a uma outra pergunta:

- Como se mede a produtividade?

A produtividade é um rácio:
A produtividade pode ser aumentada por uma de três vias:

  1. aumentando o "valor originado";
  2. reduzindo os "custos incorridos"; ou
  3. uma mistura de 1 e 2
Acontece que a esmagadora maioria das pessoas só conhece uma via, a número 2. A via da redução dos custos, a via do aumento da eficiência, a via que tantas e tantas vezes degenera no eficientismo doentio.
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Quando só se conhece a via 2 a concorrência é vista desta forma:

Quando só se conhece a via 2 defende-se que a concorrência tem de parar, diz-se, que os governos têm de controlar o status-quo, que os tribunais têm de dar provimento a providências cautelares, ...
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Quando só se conhece a via 2 escrevem-se artigos como "A ineficiência da eficiência":
"Sem regulamentação e um muito necessário enquadramento legal global, as empresas continuarão a procurar persistentemente um nível de eficiência que lhes confira uma vantagem competitiva face às suas concorrentes, obrigando as demais a seguir o mesmo caminho. O ciclo reinicia-se num processo que, em termos teóricos, só terminará quando não for possível reduzir mais os custos salariais, ou seja, quando tendencialmente caminhem para zero."

Em Junho de 2010 escrevi o primeiro postal com o marcador "gato vs rato", em Janeiro de 2011 escrevi a parte VII.

McDonald's - As minhas cartas em cima da mesa (parte III)

Parte I e parte II.
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A parte I já dava para intuir algumas das afirmações deste texto "McDonald's franchisees say the brand is in a 'deep depression' and 'facing its final days'":
""The CEO is sowing the seeds of our demise. We are a quick-serve fast-food restaurant, not a fast casual like Five Guys or Chipotle.
...
"The lack of consistent leadership from Oak Brook is frightening, we continue to jump from one failed initiative to another," one franchisee wrote.
...
"The system is very lost at the moment," one franchisee wrote. "Our menu boards are still bloated, and we are still trying to be too many things to too many people.
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Franchisees also criticized the "Create Your Taste" program, which allows people to customize their burgers with premium ingredients.
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"They are throwing everything they can against the wall to see what will stick," one franchisee wrote."
 Recordar conceitos como mosaico de valor, como "activity-systems maps" ..., para chamar a atenção para o perigo destas derivas que não estão alinhadas com o ADN da empresa.

segunda-feira, outubro 19, 2015

Curiosidade do dia

Oh, wait... deflação não é sinónimo de desgraça como defende o mainstream!
"Country shows falling consumer prices can go hand in hand with steady growth, low unemployment
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It’s as close to an economic consensus as you can get: Deflation is bad for an economy, and central bankers should avoid it at all costs.
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Then there’s Switzerland, whose steady growth and rock-bottom unemployment is chipping away at that wisdom.
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At a time of lively global debate about low inflation and its ill effects, tiny Switzerland—with an economy 4% the size of the U.S.—offers a fascinating counterpoint, with some even pointing to what they call “good deflation.”
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Consumer prices in Switzerland have fallen on an annual basis for most of the past four years
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And yet evidence of deflation’s pernicious side effects—recession, weak employment, rising debt burdens—is pretty much nonexistent in Switzerland. Its economy is expected to expand this year and next, albeit slowly, in the 1% to 1.5% range. Unemployment was just 3.4% in September. Government debt is low.
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“Usually people associate deflation with depression,” said Charles Wyplosz, a professor at the Graduate Institute in Geneva. “In the Swiss case, the economy is doing OK.”
Trechos retirados de "Switzerland Offers Counterpoint on Deflation’s Ills"
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Por cá também vi mais efeitos positivos do que negativos com a deflação do ano passado.

"um atestado de desconhecimento da realidade" (parte IV)

Parte Iparte IIe parte III.
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No mesmo programa o ex-ministro Teixeira dos Santos também resolveu secundar uma posição que já ouvi Paulo Portas defender: muito preocupado com as importações convida as empresas portuguesas a trabalhar para as substituir (minuto X a Y)
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Vejamos o exemplo do mobiliário português.
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Em 2010 [Moi ici: Estava na moda nesse ano, como não recordar Nuno Melo, a ATP e os paquistaneses] uma das associações do sector tinha esta opinião "Indústria declara 'guerra' aos móveis oriundos da Ásia":
"A Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP) está preocupada com as crescentes importações de móveis do Sudeste asiático, em especial de países como a China, as Filipinas, a Tailândia e o Vietname. Apesar de a produção nacional ser excedentária em 300 milhões de euros, 67% do consumo nacional de mobiliário já é importado, 30% do qual do Sudeste asiático. Produto mais barato, reconhece o presidente da AIMMP, Fernando Rolin, mas que alerta para os custos na competitividade nacional: "Quanto mais móveis asiáticos se venderem, mais gente se põe no desemprego, que depois não terá dinheiro para comprar nem produtos chineses nem portugueses."
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A indústria do sector produziu 900 milhões de euros e exportou 690 milhões em 2009.
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"Para exportar 690 milhões de euros, andamos a vender uma cadeira no Japão, uma mesa em Singapura, um aparador no Egipto, um toucador e uma cama em Nova Iorque, um psiché em São Francisco e sabe-se lá o quê atrás do sol-posto e, em contrapartida, quando queremos vender mobiliário à loja do lado, onde quase podíamos entregar os móveis à cabeça, ela está cheia de produto asiático", diz o presidente da AIMMP. Rolin admite que em condições normais "esta seria uma situação que teríamos de resolver à custa da nossa competitividade", mas o problema, salienta, reside nas razões de base, que permitem "que o móvel asiático chegue ao retalhista, em média, 40% mais barato que o nacional"."
Depois disto o que é que aconteceu?


  • as exportações cresceram acima de 9% em 2011;
  • as exportações cresceram acima de 6% em 2012;
  • as exportações cresceram 11% em 2013;
  • as exportações cresceram 13% em 2014;
  • as exportações cresceram cerca de 12% nos primeiros 6 meses de 2015.

  • Acaso a indústria portuguesa de mobiliário pode competir, num mercado aberto, com os preços do mobiliário asiático?
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    E, no entanto:
    "A taxa de cobertura das exportações pelas importações do período em referência é de 235%."
    David não pode competir de igual para igual com Golias. David, o melhor que tem a fazer é esquecer Golias e os que preferem Golias e, concentrarem-se em quem prefere David, estejam eles onde estiverem.
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    E Teixeira dos Santos não sabe o que são Custos de oportunidade?

    Bem vindos ao Estranhistão!

    Em 2006, por aqui escrevia-se:
    Em 2008, intuíamos que o código tinha sido decifrado em "Cuidado":
    "Como temos referido aqui no blogue, vários sectores industriais estão a dar a volta, a micro economia está a resolver os seus problemas concretos.
    ...
    No limite pode acontecer, sair duma crise estrutural e cair numa crise conjuntural."[Moi ici: O desastre de 2009 foi o conjuntural que previa. BTW, reparar na última linha deste postal, o que escreviam os gurus na mesma altura... o anónimo da província marca outra vez ;-)))]
    Em 2009, chamávamos a atenção em "Desemprego: por que não investigar estes oásis?"

    Agora, até os laggards mais laggards descobrem:


    O que pensarão Daniel Bessa e André Macedo de tudo isto?

    A imagem

    A imagem escolhida para ilustrar este artigo "Três mil trabalhadores vão ser despedidos" é tão reveladora...
    "A Air France vai despedir cerca de mil trabalhadores em 2016, no âmbito do plano de reestruturação social da transportadora aérea, disse hoje o presidente do Conselho de Administração do grupo Air France-KLM, Alexandre de Juniac.
    ...
    o plano de reestruturação social prevê que sejam despedidos no total 2.900 trabalhadores nos próximos dois anos."
    É a concorrência, traduzida na opção individual dos passageiros perante as várias possibilidades que têm pela sua frente, a pensar no melhor para a sua vida, que determina a cascata de causalidade que leva a este resultado.
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    É a mesma concorrência que leva este bastião ao mesmo tipo de medida:
    "O "The Guardian" vai avançar com "cortes editoriais profundos", na sequência de uma quebra significativa das vendas de publicidade. A saída de trabalhadores é "altamente provável", avançou a edição europeia do ‘site' Politico, que teve acesso a um documento em que David Pemsel, administrador-executivo do Guardian Media Group, admite que este poderá ser um dos períodos mais difíceis que o grupo enfrentou nos últimos anos. Para reduzir os custos, o grupo está a estudar cortes nas contratações, salários, viagens e noutras despesas."

    Acerca da cegueira

    Há fragmentos do mundo que me assaltam no dia-a-dia e me surpreendem porque ilustram como vejo, imagino, vislumbro um mundo muito diferente daquele que outros humanos vêem ou imaginam, enquanto partilhamos o mesmo mundo separados por tão poucos metros.
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    Uma dessas situações aconteceu em Outubro de 2011 e relatei-a em "Tão novos e já tão velhos..."
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    Aqui no blogue, nas conferências, nas empresas, muitas vezes uso três imagens em sequência:

    Esta é a minha alternativa, é a alternativa que vejo na cerveja artesanal, que vejo na Viarco, que vejo em tantas empresas de calçado, que vejo em tantas e tantas empresas que perceberam que só têm futuro se não forem pela via do eficientismo, se apostarem na ARTE, na diferenciação.
    .
    Dois artigos a elaborar sobre o tema:
    "Gone are the days of industrial thinking and mass marketing, of average products that everybody owns, of limited choices and saturated messages. We have entered the age of the ‘connection’ or ‘experience’ economy whereby being remarkable, new and unique is valued over repetitiveness or proven effectiveness.
    .
    With such a paradigm shift comes opportunities for artists and creatives.
    ...
    ‘It is almost as if the world has completely changed and the balance of power has shifted from the industrial powers, to the artist. It’s going to be a golden age for artists.’
    .
    ‘People aren’t buying things because they need things anymore – they are buying because there is a human connection that subconsciously they are yearning for. That’s the thing that art presents, and the value is only going to go up over time,’
    ...
    Where scale used to be important in an industrial economy, a connection economy is about finding a niche and communicating how you will enable connection. Put simply, niche trumps scale.
    .
    ‘Finding the small group of people who are just as weird as you are, that is what is important now,’" 

    Como é possível tanto atraso a perceber a Idade de Ouro para os designers?
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    O que é que a escola lhes ensina?
    "A cegueira que cega cerrando os olhos, não é a maior cegueira; a que cega deixando os olhos abertos, essa é a mais cega de todas."

    domingo, outubro 18, 2015

    Curiosidade do dia

    Há por aí algum birdwatcher que me ajude a identificar esta ave?
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    Julgo que se trata de uma ave exótica que terá fugido de alguma gaiola. Observada numa estrada secundária em Estarreja esta tarde.

    A cauda é muito desproporcionada em relação ao corpo

    Universidades privadas e estratégia

    Este texto inconclusivo "Privadas fazem descontos nas propinas para atrair candidatos" fez-me recuar a 2006, 2007 e a 2008 e a:

    E a 2011 ao Evangelho do Valor sobre o poder corrosivo dos descontos.
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    O título refere um vector, o desconto; o texto refere que esse vector não é relevante.
    "E se os últimos anos de crise foram difíceis para as instituições de ensino superior privadas, este ano, o cenário parece ter-se alterado: em média, a procura subiu cerca de 30% nestas instituições, que dizem apostar na qualidade dos seus alunos."
    A ser verdade seria interessante perceber o porquê, a causalidade. Sabendo qual a causalidade poderia estabelecer-se, poderia tomar consciência de uma vantagem competitiva e poderia construir-se uma estratégia deliberada.
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    Em que escolas, em que cursos, em que localidades, qual o perfil dos alunos...

    "um atestado de desconhecimento da realidade" (parte III)

    Parte I e parte II.
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    Na parte II o Bruno Fonseca fez um comentário acerca das diferenças entre o calçado e o têxtil:
    "concordo, mas temos que ter em atenção que o calçado é um sector sui generis. é um mercado onde, com relativa facilidade, se consegue criar uma marca, ou pelo menos, consumindo muito menos recursos quando comparando com o têxtil por exemplo. nem há comparação.
    ...
    tendo uma indústria forte, não conseguimos criar e desenvolver marcas, e uma grande parte da indústria está concentrada e sobrevive graças a salários baixos."
    Infelizmente o calçado não tem assim tantas marcas bem sucedidas quanto isso, ainda estão a fazer o seu caminho. O sector faz uma boa promoção da dinâmica mas há que não esquecer que muitas marcas acabam por não ganhar tracção e fecham ao fim de 3/4 anos. Além disso, mesmo as que vingam acabam por não representar a maioria da produção. Como dizia um administrador que tive no final dos anos 80, adaptando para o calçado, o private label dá-nos o pão com manteiga, a marca própria permite acrescentar o fiambre.
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    Quando escrevo sobre o desconhecimento da realidade, escrevo sobre a ilusão de que as PME industriais podem praticar preços mais altos no mercado nacional do que nos mercados externos. O meu ponto é que o mercado interno não tem dimensão nem poder de compra para comprar os mesmos produtos que são exportados ao preço a que são exportados.
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    O meu ponto é que o "bicicletas", como marxista (tão muggle como o Kevin O'Leary), acredita em todos os modelos económicos forjados no século XX e baseados no volume, na escala, na eficiência, no custo. Por isso, acrescentei a tabela dos custos de mão-de-obra.
    O "bicicletas" ainda está no campeonato da extracção de valor... recordar "Temos de actuar na originação do valor, não na extração do valor."

    A experiência, o JTBD

    Interessante este trecho acerca do JTBD de um charuto premium:
    “The premium cigar world is about pleasure, [smoking a Davidoff] is a ceremony, an excuse or a catalyst for taking time out,” explains Hoejsgaard before adding, “it’s a degustation, like wine.” 
    O produto, carregado de magia subjectiva, é contratado para realizar um trabalho, proporcionar uma experiência.
    .
    E a sua PME, aposta na magia ou também vai na conversa dos muggles?
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    Trecho retirado de "Davidoff's Global Dominance And The Future Of The Luxury Cigar Market As Cuba Opens Up"

    Mongo na medicina / farmácia

    Em todo o lado esta explosão câmbrica de opções, de individualização, até na medicina.
    Como será a customização do medicamento? 
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    Haverá uma base de produção industrializada e haverá uma fase de afinação e personalização. Quem e como será feita?

    BTW, estranho que esta tendência para a medicina de precisão não apareça nesta lista "The Future Of Aging Care: Today's 10 Biggest Innovations Driving Change"

    sábado, outubro 17, 2015

    Curiosidade do dia

    Para consulta futura:

    Value-based pricing e B2B

    "The value perception in B2B is often driven by factors that are different from those in B2C. This is because the products supplied in B2B are normally intermediate elements in a value chain from which a final product is produced the consumer. Therefore, in B2B, customers will assess a product in terms of the value it can add to their value chain. As a result, buying decisions in B2B are more objective and fact-based. Product specifications are often measurable, and customers will try to translate them into the value they can add to their value chain.
    ...
    But how to communicate value in B2B, where the product is an element in the customer value chain? Customers will try to compare a product with its competitors, evaluating the potential savings or additional values they can achieve. Therefore, you need to evaluate the contribution of your product to the customer’s value chain. Cost of ownership analysis and ROI are therefore critical in B2B price negotiations. ... When margins are rich, incentives based on growth are appropriate, but in cost plus, margins are small. In this case, a company’s sales incentives should be based on margin. If its sells at a 10 per cent margin on average and, thanks to negotiation, a sales representative is able to achieve a 1 per cent higher price, the company’s margin increases by 10 per cent, and this achievement can be rewarded."

    Trechos retirados de "Optimal pricing models in B2B organizations" publicado em Journal of Revenue and Pricing Management Vol. 11, 1, 35–39 (2012).

    Cuidado com os muggles (parte II)

    Parte I.
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    E volto ao artigo do Expresso, agora por causa da Viarco.

    O tema não é novo, já o abordámos em "Nós fazemos as contas ao contrário" e tem tudo a ver com o value-based pricing
    ""Na indústria o que acontece é o seguinte: apuramos um custo e percebemos qual vai ser a margem de lucro. [Moi ici: O modelo cost plus pricing, a fórmula dos muggles que leva inexoravelmente à radioclubização] Quando fazemos o processo ao contrário, como nós, que queremos perceber qual o valor perceptível do produto, acontece uma coisa muito interessante: temos a ideia, desenvolvemos o produto, pedimos para o experimentarem (temos uma rede muito generosa de artistas com quem trabalhamos) e perguntamos quanto estariam dispostos a pagar. Fazemos as nossas contas a partir daí. [Moi ici: O modelo seguido por quem acredita e potencia a magia, o value-based pricing] Normalmente, ficamos com uma margem de mais de 20% ou 30%, o que é muito, muito mais interessante", [Moi ici: Como eu o entendo, alguém que conhece o Evangelho do Valor] explica. E desta forma deixa de competir diretamente nos lápis de cor com multinacionais como a Faber-Castell, a  Staedtler, a Caran d'Ache, "o chinês, o indiano, o paquistanês"."
    No postal de 2014 que referimos acima vejam a surpresa dos muggles com esta abordagem ao preço e com a produtividade que não é conseguida à custa do eficientismo.

    Radioclubização parte III (outra vez Mongo e mais do que a cerveja)

    Parte I e parte II.
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    Começámos a parte I com:
    "Millennials would rather support small, local brewers, even if they have to spend a little more money,"[Moi ici: Porquê? Ver a parte II e o "just enough"]
    Anteriormente em "O que a Unicer estará a fazer" escrevemos:
    "O que a Unicer estará a fazer é a livrar-se das interrupções para produzir pequenas séries e que disrupcionam o modelo das bolas azuis da figura.
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    Não sei se é a melhor opção estratégica, contudo; é perfeitamente defensável. Claro que isto abre o flanco a futuras marcas "artesanais" de sumos e refrigerantes."
    Quando escrevi isto estava a pensar em abstracto, estava longe de descobrir, via "Eating the Big Fish" de Adam Morgan, um exemplo concreto, a marca inglesa innocent.
    Fundada por 3 amadores em Inglaterra em 1999, em 2014 era já a bebida fria mais vendida na Alemanha, Áustria e Dinamarca. (Marca entretanto comprada pela Coca-Cola).
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    Entretanto descubro isto "California distilleries get into spirits of handcrafting":
    "In the midst of a Renaissance for carefully crafted spirits, artisan distilleries like Greenbar have boomed in California and across the nation — there are now nearly 800, up from only about a dozen in 2000.
    ...
    These pricier artisan spirits are a growing niche of the $60-billion U.S. spirits market, with 2% of sales last year, according to the American Craft Spirits Assn. The volume of craft spirits produced has nearly doubled in the last two years, the trade group said.
    ...
    "There will be an explosion of more and more small distillers," said Lance Winters, master distiller at Alameda, Calif.-based St. George Spirits, the first craft distillery in the nation. "Hopefully because of the fact that there will be a lot of competition, people will be really working hard to differentiate themselves from one another.""[Moi ici: Interessante e lógico que o factor competitivo aqui não é o preço mais baixo]
    Mais uma série de exemplos sobre o Estranhistão em que nos estamos a entranhar, um mundo económico com lógicas competitivas diferentes, capazes de fazer encalhar qualquer membro da tríade.
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    Enquanto as marcas velhas continuam focadas numa vantagem competitiva baseada na eficiência, vão surgindo cada vez mais nichos para servir os que procuram uma experiência diferenciada.


    sexta-feira, outubro 16, 2015

    Curiosidade do dia

    Este tweet do Hélder levou-me até um artigo muito interessante:
    Recomendo a sua leitura. Game changer.

    Cuidado com os muggles!


    Este artigo, "Empresas familiares que sobrevivem: os casos da Viarco e da Ach Brito", publicado no site do semanário Expresso tem matéria para 3 postais. Vamos ao primeiro.
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    Quando salientamos aqui as vantagens em trabalhar com o anónimo da província pode achar que é treta. Como é que um anónimo da província pode fazer melhor que a malta da cidade grande, que a malta das empresas grandes? O tipo nem usa gravata!
    "Estudava Marketing, "tinha vida boa", passeava, mas, confrontado com a vontade do tio em alienar a sua participação, Aquiles e a irmã Sónia (que, em conjunto, detinham 50% da Ach Brito) decidiram avançar. "Na altura ganhou o coração e não a cabeça. Foi uma atitude emocional. É verdade que gostava de ter feito outras coisas. Não as fiz e não é agora que as vou fazer. Mas consegui provar que era possível fazer algo de uma marca portuguesa, fabricante de produtos tradicionais, numa altura em que se dizia que era preciso destruir a produção." Aliás, o empresário lembra-se bem de um relatório encomendado pela empresa que aconselhava a Ach Brito a encerrar ou, em alternativa, a produzir em massa para outras marcas. "Se tivéssemos feito isso, penso que nos teríamos endividado imenso e já cá não estávamos."" 
    Recordar o que recentemente escrevemos em "Do concreto para o abstracto e não o contrário". Nós não partimos do abstracto, não partimos de análises de mercado. Pensamos como David, ajudamos a procurar e a construir o caminho menos percorrido. Não partimos de folhas em branco, não somos muggles que só conhecem o eficientismo... reparem, qual a alternativa proposta ao deitar a toalha ao chão? A aposta na produção em massa para outras marcas, a aposta no plankton... um clássico dos muggles!!!
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    Uns apostam na concorrência perfeita, nós somos uns desavergonhados promotores da concorrência imperfeita.
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    BTW, após a leitura do trecho salientado e da reacção do empresário ao relatório, percebi porque é que ele tinha conseguido ver para lá do relatório, para lá da folha de cálculo.
    "apesar de o falecimento do pai quando tinha apenas 10 anos ter ditado uma separação forçada do dia a dia na fábrica. A gestão da Ach Brito, depois da posterior morte do avô de Aquiles, ficou a cargo do tio."
    Especulo que ele só foi capaz de se distanciar do relatório porque viveu vários anos distanciado da fábrica. Foi esse distanciamento que permitiu a tal Ingenuidade Inteligente.

    Propaganda libertária

    Estamos sempre a ouvir a propaganda: os humanos se não tiverem chefes, se não tiverem líderes, se não tiverem pastores não se governam, e nesse caso seria o caos, seria o fim do mundo, a anarquia.
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    Por isso, nem sei como deixam passar este tipo de notícias subversivas para os jornais, "Should we scrap every traffic light in Britain? After 42 lights at one of Britain's most complicated junctions fail and flow improves critics call for a signal free system":
    "Something very strange has been happening in Beverley, East Yorkshire. Last week, the 42 traffic lights at the busy Grovehill junction in the east of the town stopped working.
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    The reason had something to do with the bewildering nest of wires in a control box, and so the repair took a few days.
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    You would have thought that chaos and lengthy tailbacks would have ensued. After all, the lights manage 20 different traffic flows and nine pedestrian crossings in a fiendishly complex pattern that’s become notorious as one of Britain’s most complicated junctions.
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    Doubtless, there must have been more than a few accidents — shunts, head-on collisions, perhaps the odd pedestrian sprawled on a bonnet. However, much to the bewilderment of traffic experts, the absence of the lights had the very opposite effect.
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    The traffic flowed far more quickly and smoothly. And what’s more, there were no accidents."
    Como não recordar o filme em "O vector tempo não é irrelevante"

    Radioclubização parte II

    Em sintonia com o postal de ontem "Consequências da radioclubização ou os muggles à solta":
    "Built on Rock...
    There are, broadly speaking, two kinds of rock available to us: a brand (or company) truth and/or a product truth.
    ...
    Knowing that our brand is different - better than the Establishment brand we are taking on in some key dimension - affects not simply our own performance and attitude, but the relationship with our customers. Brand Leaders operate a ‘‘just enough’’ strategy. Just enough mushrooms in the sauce, just enough thoughtfulness in the ergonomics of the bottle, just enough quality control in the product sourcing, just enough courtesy at the check-in desk—and only one packet of peanuts per passenger per flight. There is a story about Henry Ford that dramatizes the ‘‘just enough’’ philosophy nicely: Ford used to send his people out to scour the scrap heaps of America looking for old Ford engines. Dragging them back to Detroit, they would look for the parts that hadn’t worn out and then downgrade the specifications to save money.
    .
    Yet while ‘‘just enough’’ is at some level simply good commercial sense for a Brand Leader, it creates an opportunity for the Challenger to create product enthusiasm, not just product satisfaction. Robin Wight has observed that brands that enjoy an iconic status in consumers’ minds are not so much engineered (in the broadest sense of the word) as overengineered: They offer not just product performance but product overperformance - that is, they honor the brand promise by offering the consumer in their product dramatically superior performance on some dimension chosen by the Challenger."
    E para temperar as interpretações sobre o que pode ser esta "overperformance:
    "Many of the Challengers we are discussing reflect Wight’s concept of overperformance - indeed, they parade it. They are more deliberately extreme than the Brand Leader not simply in the emotion and intensity of the way they talk about themselves, but also in the product performance they offer.
    ...
    Does overperformance mean premium, or quality? Not necessarily.
    ...
    (Even Southwest Airlines, in its own way, overperforms—it overperforms on enthusiasm and friendliness. It may not be to everyone’s taste, but it is very engaging to those who like it.)
    ...
    Its other value is to create supreme self-belief and conviction within the company, and this is something that can be detected by those outside the company. Overperformance shows the company really cares about the product, which in turn means it is committed to delivering on the brand promise. And it gives the company the confidence to be a Lighthouse."
    Trechos retirados de "Eating the big fish : how challenger brands can compete against brand leaders" de Adam Morgan.

    "percentagem versus ppm"

    Não ponho em causa a qualidade da água da torneira referida em "Água da torneira com níveis de qualidade próximos da perfeição".
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    Ainda me lembro de ter recebido na cozinha um vendedor de filtros de água que queria demonstrar a falta de qualidade da água da torneira em Estarreja. Deixei-o falar e fazer as experiências que quis. Depois, juro que foi mesmo assim, o engenheiro químico da província, com especialização em Poluição (que era uma especialização mais de 50% sobre a qualidade das águas), levou-o a concluir que a água era boa. Confesso que os resultados até a mim me surpreenderam, a água era ainda melhor do que eu pensava.
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    O que é que ponho em causa naquele texto?
    "A qualidade da água da torneira continua elevada, com níveis "próximos da perfeição", nos 98,4% e o incumprimento é "baixíssimo", ficando em 1,5%, segundo um responsável da entidade reguladora, a ERSAR.
    ...
    o indicador água segura voltou a subir mais um bocadinho, dos 98,2% de 2013 passamos para os 98,4% em 2014", disse o director do Departamento da Qualidade da Água da ERSAR.
    ...
    "Portanto, há valores baixíssimos que estão abaixo de 1,5% de incumprimento no país que continuam a precisar de pequenas afinações"
    Quantas torneiras há em Portugal?
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    Vamos admitir que são 10 milhões.
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    Quantas torneiras são afectadas por aquele incumprimento "baixíssimo", até diria "poucochinho" de 1,5%?
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    Se não me enganei nas contas são "só" 150 mil torneiras a incumprir...
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    Quando se trabalha com números grandes é incorrecto trabalhar com percentagens. O que é que usa a indústria automóvel?
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    Recomendo a leitura de "Unidades que enganam" de Agosto de 2009

    quinta-feira, outubro 15, 2015

    Curiosidade do dia

    Ainda me lembro de ouvir Ana Sá Lopes entusiasmada com a decisão do BCE começar com o QE:

    Imagem retirada de "My diamond shoes are too tight, the QE story"

    Para reflexão


    Excelente regra:
    "A rule-of-thumb I give managers is that if your sustainability performance indicators only improve when customers use your product less often, it means you’re in trouble. Cigarette and alcohol companies, for example, now report the number of kids that don’t smoke or drink thanks to their public campaigns. Junk food purveyors improve their sustainability performance by shrinking the serving size. Sustainable paper products perform better the less virgin pulp they contain. And so on. A business model that meets ever-higher standards of sustainability only when customers reduce consumption of the product is by definition unsustainable."
    Trecho retirado de "The Changing Business Climate Is Causing Product Die-Offs"

    Consequências da radioclubização ou os muggles à solta

    No postal anterior terminámos com a citação:
    "Millennials would rather support small, local brewers, even if they have to spend a little more money,"
    Os muggles não só não acreditam na magia como a destroem quando ela existe.
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    Ao longo dos anos através dos marcadores:
    • radio clube;
    • hollowing
    • centromarca
    E em postais como:
    Fomos aqui testemunhando a destruição de valor provocada por muggles à frente de empresas que um dia tiveram e faziam magia, através daquilo a que metaforicamente chamo de "hollowing" e de "radioclubização". Quando uma marca, outrora poderosa e querida pelos seus clientes ou aspirantes a isso, optou algures por deixar de apostar na criação de magia, de interacção, de co-criação de valor e começou a dar prioridade à redução de custos, começou a descurar o cuidado naquilo que a fazia diferente. Com o tempo, a erosão acaba por transformar essa marca numa espécie de aristocrata arruinado, habituado a boa-vida mas já sem os recursos para a suportar. Assim, acaba por ser uma carapaça enganadora por fora e oca por dentro.
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    Já aqui referi um americano, Chamberlin, um verdadeiro promotor da concorrência perfeita. O académico era tão defensor da concorrência perfeita que advogava o fim de todos os monopólios, mesmo dos informais. As empresas não deveriam, segundo ele, poder usar marca comercial ou outras ferramentas de marketing e de identidade que permitissem criar diferenciação. A diferenciação cria um campo de possibilidades que se alimenta e gera novas formas de promover a concorrência imperfeita e os tais monopólios informais.
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    Já aqui referi por várias vezes o marxianismo, a crença de que o valor de um produto reside no trabalho que nele foi incorporado até ao momento da transacção. A maior parte das empresas segue este pensamento, ainda que não o reconheça, quando, por exemplo, pratica o cost+plus pricing.
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    Sem magia, os clientes concentram-se nas funcionalidades do produto e aí, começam a interrogar-se sobre se o preço que pagam é justo face ao valor que recebem...
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    Sintomática e previsível esta evolução "An emerging trend in retail should scare everyone from Michael Kors to Macy's"
    "Consumers are increasingly questioning the prices behind the products they buy — and this trend is challenging some of retail's biggest heavyweights.
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    Retail startup Everlane, which claims to offer better prices on clothing, encourages consumers not to shell out at department and specialty mall stores.
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    "Know your factories. Know your costs. Always ask why," the company's "about" page reads."

    Isto faz-me recordar este postal "O marxianismo entranhado (parte II)" de Outubro de 2009 mas tão actual:
    ""The relative values of commodities are, therefore, determined by the respective quantities or amounts of labour, worked up, realized, fixed in them"... à posteriori até sinto algum embaraço... esta visão marxiana ignora o cliente, o consumidor, que é quem atribui o valor.
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    O valor não é algo de intrínseco às coisas, aos produtos e não tem nada a ver com a quantidade de trabalho que foi necessária para a sua produção. O valor é atribuído por quem compra."
    Qual a alternativa que proponho às PME?
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    Que pensem nisto: "Value it's a feeling, not a calculation"
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    Que pensem nisto: O valor é uma classificação subjectiva, muito pessoal, que alguém, o cliente, atribui não a um produto, mas à experiência que esse produto permitiu sensoriar.
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    Os muggles apoucam, erosionam a experiência e acabam por remeter a questão do preço para o lado objectivo, para o lado matemático e aí é uma corrida para o fundo... tablets a $50 USD quem vai ter medo? Quem vai aproveitar?
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    Que viajem é que a sua PME pode iniciar para se entranhar de magia, para apostar no valor durante o uso e não só no valor na transacção?
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    Fará sentido co-construirmos juntos esse caminho?