terça-feira, março 19, 2024
Cuidado como cresce
Li no ECO "Parar de crescer é começar a morrer":
"Se uma empresa não cresce, definha e morre.
...
crescer é mais do que um objetivo, é um desígnio essencial.
...
A internacionalização só contribui a sério para o fortalecimento, a valorização e a preservação a longo prazo do capital acionista se as empresas tiverem escala. Dos que não se lancem a sério, com coragem, em processos de crescimento ambiciosos não vai rezar a História, nem sequer no mercado doméstico."
Sabem qual o meu problema com este artigo? Crescer à custa da escala (volume).
As empresas podem crescer à custa da escala (volume), à custa do denominador da equação da produtividade a produzir mais do mesmo, ou podem crescer à custa da subida na escala de valor, à custa do numerador da equação da produtividade a produzir coisas diferentes, coisas com maior valor acrescentado.
O racional é o mesmo do agricultor que só consegue aumentar a produção trabalhando mais e mais terra, é a via cancerosa.
Entretanto, já depois de escrever o que está para trás. Deparo com este tweet:
segunda-feira, março 18, 2024
Não é impunemente (parte II)
A última vez que pensei no assunto foi no mês passado quando descobri quem é o novo líder máximo da Cruz Vermelha Portuguesa. A minha mente começou logo a imaginar quais os seus critérios de decisão, qual a sua experiência de decisão, o que é que automaticamente lhe aparece na cabeça quando tem de tomar uma decisão.
Como escrevi em Não é impunemente ...
"Não é impunemente que se vivem e se acumulam experiências de gestão.
Por que volto agora ao tema? Por causa de um dos casos de estudo apresentado no Capítulo II do livro “Cracked It! How to solve big problems and sell solutions like top strategy consultants.” Um caso, já aqui referido várias vezes no blogue, de Ron Johnson à frente da J.C. Penney:
"Johnson began his tenure as CEO on November 1, 2011, and quickly pursued dramatic changes.
...
By April 2013 Johnson was out as CEO, only 18 months after he started.
...
There are clear signs that Johnson fell into the solution confirmation trap. Both his merchandising strategy— branded products sold at undiscounted prices in cool-looking stores— and the way he promoted it, with Steve Jobs style keynote speeches, seem lifted from the Apple playbook. And once his mind was set on making this Apple-style strategy work for J.C. Penney, Johnson paid no attention to signs it was failing. Those who questioned the strategy or advised him to slow down its execution were dismissed, because, Johnson assured, "skepticism takes the oxygen out of innovation."
...
This is puzzling. Johnson was an experienced, highly successful retail executive, described by some press reports as "an industry icon" who "turns anything he touches to gold."
...
When we tackle a complex and multifaceted problem that we superficially understand, it can seem intractably broad. In these cases, it's tempting to frame the problem narrowly to make it look like one we've worked on before. We can then reason by (superficial) analogy to quickly identify a solution instead of investing in thoroughly understanding the problem."
Num outro nível também o tema por um outro prisma, quando as revistas de gestão,ou os jornais entrevistam CEOs de empresas grandes é um perigo os decisores das empresas mais pequenas pensarem que podem copiar o que lêem.
domingo, março 17, 2024
sábado, março 16, 2024
Are you prepared to walk the talk? (parte IV)
Recordar o que tenho escrito aqui ao longo dos anos sobre a Zara e as tiradas de preocupação com o ambiente:
- Are you prepared to walk the talk? (parte III)
- Are you prepared to walk the talk? (parte II)
- Coerência e ambiente (parte III)
- Are you prepared to walk the talk?
Principais medidas da proposta aprovada:
- Definição de Fast Fashion: A lei propõe critérios baseados nos volumes produzidos e na velocidade de renovação das colecções, com detalhes a serem definidos em decretos. Práticas como as da empresa chinesa Shein, que lança em média 7200 novos modelos de roupas por dia, são o alvo.
- Sistema de Bonus-Malus: A proposta principal é reforçar este sistema no setor têxtil, considerando os custos ambientais da produção excessiva. A penalidade estará ligada ao "affichage environnemental" (rótulo ambiental) dos produtos, com uma nova metodologia de avaliação a ser implementada. As penalidades poderão chegar a 10 euros por produto até 2030, com um tecto de 50% do preço de venda.
- Publicidade Proibida para Fast Fashion: A lei também inclui a proibição de publicidade para produtos e empresas que se enquadrem na definição de fast fashion.
- Redistribuição de Contribuições: As contribuições colectadas serão redistribuídas em favor dos produtores de roupas sustentáveis, com o objectivo de reduzir seus preços.
sexta-feira, março 15, 2024
Trabalho, chefes, saúde, direitos adquiridos - para reflexão
"Consider ’work’. Work remains a dominating and defining part of our lives. We spend one third of our time doing it; increasingly more time than we spend with our loved ones.
…
Work is, and has always tended to be, one of the most defining aspects of our lives. ... Work is where we obtain purpose and meaning; where we meet friends, socialize and have community (and in an increasingly secular society it is one of the few remaining places where we can get sense of community); it is where we get motivated and engaged; where we can create and solve.
On the flip side, work can also drive us to utter exasperation and frustration; where we feel our efforts are a waste of time; where we feel unvalued, unloved and taken for granted; where we feel stressed.
...
- According to Forbes, new data shows that for almost 70 per cent of people, their manager has more impact on their mental health than their therapist or their doctor - and it's equal to the impact of their partner.
- The Macleod Report found that '54 per cent of the actively disengaged say that work stress caused them to behave poorly with friends or family members in the previous three months, against 17 per cent of the engaged. More alarmingly, 54 per cent of the actively disengaged say their work lives are having a negative effect on their physical health, versus 12 per cent of the engaged.
- The Stress Institute in Stockholm found that 'employees who had managers who were incompetent, inconsiderate, secretive, or uncommunicative were 60 per cent more likely to suffer a heart attack or other cardiac condition?
…It is easy to see that the word pension may become an anachronism to most people under the age of 40. Indeed, from that data it is no surprise that 24 per cent of Millennials - that cohort born between 1981 and 1996 and (in 2023) aged between 27 and 42 - think they will never retire (this statistic was pre-pandemic before the recent bout of inflation further tarnished any retirement plans)....In the UK, the retirement age is due to rise from 67 to 68, and recent reports have indicated that the government may bring this date forward by eight years."
quinta-feira, março 14, 2024
Será bom que corras!
Em 2010 escrevi este postal The Knowledge Funnel (parte I) onde usei esta imagem de Roger Martin:
Há dias Martin escreveu, "Strategy & Artificial Intelligence - A Story of Heuristics, Means & Tails" de onde retiro estes trechos:"The world is full of mysteries, which is what makes life interesting. In addition to being interesting, tackling a mystery and developing a great heuristic for dealing with the knowledge in question can be extremely remunerative....Codifying one’s own heuristic is an enormous challenge....Beyond the enormity of the challenge, there is the problem of what economists call ‘moral hazard.’ People in possession of a heuristic have strong disincentives to shift it from specific knowledge exclusively in their heads to general knowledge, even though doing so would be good for humanity. If they cause it to become general knowledge, the supply of people in possession of the heuristic would grow and the value to its creator would fall....If a heuristic becomes evenly distributed general knowledge, it is more readily advanced to an algorithm so that even a machine could do it....LLM/AI has the power of pushing knowledge more quickly through the knowledge funnel by de-partitioning heuristics, making them more ubiquitous faster, which I believe will hasten their further advancement to algorithms — which is good for the world....As a manager/professional, you need to work on creating a uniquely valuable heuristic. If you simply run an algorithm, you are probably out of a job already. If you haven’t done the thinking work to formalize the heuristics that you employ in your own work, good luck, it is only a matter of time until you will be replaced. And if you have aimed for a heuristic of average quality, you are directly in LLM/AI’s kill-zone.To have a great career in the modern economy, the only path is to have an above average heuristic for creating value in the specific domain of your job. LLM/AI won’t find your heuristic because that is not what it is looking for if your heuristic is out on the right tail of the distribution. Creating an above average heuristic is a high bar — but will increasingly be reality in the LLM/AI economy."
Entretanto, ontem li:
- Ano arranca com despedimentos coletivos a aumentar. Comércio e indústria destacam-se
- Mais que nunca, o DN
Em África, todas as manhãs, uma gazela acorda. Sabe que tem de correr mais depressa que o leão, ser mais veloz ou será morta.Todas as manhãs, um leão acorda. Sabe que tem de correr mais depressa que a gazela mais lenta, ou morrerá de fome. Não interessa se és um leão ou uma gazela. Quando o sol se levantar será bom que corras.
quarta-feira, março 13, 2024
Modelos apodrecidos
The Wall Street journal article indicated the Kansas subcontractor, that builds the fuselage made a practice of firing and transferring quality personnel who found too many defects.https://t.co/gxcvlqKMZF
— Gary Heintz (@garyandglendah1) March 12, 2024
Verdade seja dita que a afirmação do tweet não se encontra no texto do artigo "Boeing Response in Alaska Airlines 737 MAX Probe Is Blasted by Feds" no entanto, transpira uma cultura que impressiona:
"The airplane maker hadn't provided the names of 25 employees the NTSB believes may have information about work on a door plug that later flew off a plane during a Jan. 5 flight,
...
Boeing also hasn't provided investigators with documents about factory work related to the door plug's removal and reinstallation in mid-September, she said, adding that certain documents might not exist.
...
Homendy said Boeing has told the NTSB that it hasn't been able to find relevant documents in some cases. She said the safety board has been told Boeing has a process for removing, opening and reinstalling door plugs, but that the company hasn't yet provided the written procedures."
Mais informação em "Boeing discloses names of 737 MAX employees after NTSB chair faults cooperation" e em "US FAA hits Boeing 737 MAX production for quality control issues"
Entretanto o subcontratado Spirit AeroSystems tem muitas certificações.
Sintomas de apodrecimento de modelos que degeneram sob a pressão da doença anglo-saxónica em empresas too big to fail.
Já escrevi sobre a radioclubização, sobre o hollowing e o eficientismo.
terça-feira, março 12, 2024
O mundo a mudar
#Mexico has overtaken China as the U.S.'s main goods supplier 🇲🇽🤝🇺🇸
— OECtoday (@OECtoday) March 7, 2024
Global Trade’s "Great War" between the #US and #China is an economic conflict on a scale that hasn't been seen in the modern era.
Mexico's "China Plus One" strategy aimed at reducing the risks of being drawn… pic.twitter.com/sAj1JLAG4V
Também me mandaram um e-mail com este artigo "Mexico Surpasses China as America’s Top Trade Partner". Tudo alinhado com "Peter Zeihan, March 5, 2024":
(9' 41'') - it's the perfect partner by any number of measures. If there was one country on this planet that we wanted to have as a trading partner, Mexico is the one we want, and so last year Mexico retook its position as our number one trading partner...
segunda-feira, março 11, 2024
Essa gente não existe!!!
Por um lado, "Montenegro acredita que país é capaz de voltar a crescer a "3, 4 ou 5%"":
""Nós conseguimos crescer a 3, 4, 5 por cento, conseguimos. Já conseguimos noutros períodos da nossa história, porque é que a minha geração, a vossa geração hão de estar renitentes quanto à sua capacidade?", questionou, dizendo que o país até tem mais instrumentos tecnológicos, mais financiamento externo e mais qualificações. Por essas razões, Montenegro disse acreditar muito na capacidade dos empresários e de Portugal."
por outro lado, "Peter Zeihan, March 5, 2024" diz-nos:
- vamos ter um choque demográfico mais forte do que o que aconteceu com a Peste Negra.
"in the next few years, the Koreans will lead us into whatever's next as that bulge that's currently capital and skills rich and paying taxes ages into Mass retirement, and it all goes away, and so a few years from now, the Koreans will have to figure out a new economic and political and social model that is not based on consumption or on production or on investment what will that look at what will that look like I have no idea because no country in human history has ever crossed that Rubicon and the Koreans definitely will not be alone all right let's start bottom left with the Germans are in the same situation as Korea for very similar reasons this is their last decade as an industrial power if you want a beamer get it now you should probably get 10 years apart because you're going to need those I'd love for that to be a joke."
BTW aos 10' 59'':
"and then there's the Chinese who is already one of the five fastest collapsing workforces in human history and this data from June of last year is wrong they updated the data in July check out the bottom of it they are now reporting officially a larger drop in the birth rate in the last five years in China than what happened to the Jews of Europe during the Holocaust that's an official data unofficially the Chinese Academy of Sciences which is kind of their wise men group that interprets government statistics says that this is wrong that they've overcounted their population by more than a 100 million people"
domingo, março 10, 2024
Acerca do velho "Too big to care"
Quinta-feira passada ao principio da tarde, no final de uma reunião, recordava Tom Peters com o seu "Too big to care":
- De 2015 - Too Big To Care
- De 2017 - Too big to care
""The mean" is the average. Another word for "mediocre."When an organization gets big enough, by definition, it's the average.When you have enough customers, they represent the population as a whole.If you find yourself seeking to serve the largest possible number of people, you've signed up to be average. Without a doubt, you're raising the bar compared to the ones who came before, but scale has its costs.If you ship enough products to enough people, average is inevitable."
sábado, março 09, 2024
Por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata? (parte III)
Há dias li no WSJ este longo artigo, "Rich Countries Are Becoming Addicted to Cheap Labor".
Entretanto, ontem li "The Cheap Labor Addiction?". Interessante, quer o texto do artigo, quer a troca de comentários. Julgo que se trata do tema que tenho abordado aqui no blogue acerca dos "Flying Geese" e também do tema desta semana sobre o papel dos empresários e da produtividade do país.
Por exemplo, acerca deste trecho no jornal:
"In Canada, economists say the government has cast aside a carefully managed immigration system that gave priority to highly skilled workers, and ramped up significantly the intake of foreign students and other low-skilled temporary workers. By flooding the market with cheap labor, Ottawa may be propping up uncompetitive businesses and ultimately damaging productivity (1), according to a December report co-written by former Canadian central-bank governor David Dodge."
Leio:
"Notice the strange use of the word "uncompetitive." If those businesses are able to do well and maybe even thrive, how are they uncompetitive? (2) In fact, they are quite competitive.
And how would hiring more workers reduce productivity? (3) Are the employers stupid? Do they want to pay people who not only don't produce but also reduce production?
Of course not. It's clear what Dodge means. He means that hiring low-skilled workers could easily reduce average productivity.
Indeed, the very next paragraph of the news story makes my point:
Economic output per capita is lower than it was in 2018 following years of record immigration (4), notes Mikal Skuterud, an economist at Waterloo University in Ontario. Canada has been bringing in so many low-skilled workers that it lowers the country's productivity overall (5), he says.
Skuterud is pointing to average productivity even though he blows it at the end by equating that to the "country's productivity overall.""
(1) e (2) - Já abordamos este tema aqui, misturar e fundir produtividade e competitividade dá asneira. Daí esta imagem que uso há anos:
É possível ser muito competitivo e empobrecer porque se é pouco produtivo e, por isso, apesar da subida do custo de vida os salários não são capazes de acompanhar porque a organização não liberta margem suficiente.- Por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata?
- A concorrência "desigual" ou A evolução da produtividade (parte VII)
(3) - Produtividade de empresas versus produtividade agregada de um país. Recordo Salário mínimo, produtividade, motivação/malandragem e desemprego (parte II)
(4) e (5) - Recordo Falta a parte dolorosa da transição
Podem querer o que quiserem, mas a opção que tomarem tem custos.
sexta-feira, março 08, 2024
Framing a problem
"Framing your problem means articulating what your problem is. To help you do so, a frame provides with three main parts: (1) a substance part; (2) an engagement part (with information on the stakeholders involved); and (3) a logistics part. Let's get started on the first part.
Borrowing from archetypical narratives in storytelling, you can capture the substance of the problem by summarising it in a single overarching question, the quest, that you contextualise with a clearly defined protagonist (the hero), a goal that the hero wants to achieve (the treasure), and an obstacle between the two (the dragon).
...
Yet, like it or not, how a problem is framed matters (see below).? People tend to underappreciate what they don't know, and poor framing partly explains why a large proportion of strategic decisions fail. First, if you frame poorly, you risk addressing a symptom, or a perceived problem, rather than the underlying disease.
...
Second, poor framing also creates problems when you ask your stakeholders to support your conclusions. If you haven't considered their perspectives in your framing, expect struggles when 'selling' them on the merits of your approach.
An effective frame is also critical because you know more than your stakeholders. Working on your problem for days, weeks or months, you will easily presume that they know more than they do. We often see this perception gap, called the curse of knowledge, between project teams and their stakeholders."
Trechos retirados de "Solvable - A simple solution to complex problems" de Arnaud Chevallier e Albrecht Enders"
quinta-feira, março 07, 2024
Outro choque chinês?
"In the late 1990s and early 2000s, the U.S. and the global economy experienced a "China shock," a boom in imports of cheap Chinese made goods that helped keep inflation low but at the cost of local manufacturing jobs. [Moi ici: Lembram-se dos experts a dizerem que por cá era por causa do euro? Recordo, O choque chinês num país de moeda forte (parte VI), It's not the euro, stupid! (parte IV) e Acerca da desvalorização interna] A sequel might be in the making as Beijing doubles down on exports to revive the country's growth. Its factories are churning out more cars, machinery and consumer electronics than its domestic economy can absorb. Propped up by cheap, state-directed loans, Chinese companies are glutting foreign markets with products they can't sell at home.
Some economists see this China shock pushing inflation down even more than the first. China's economy is now slowing, whereas, in the previous era, it was booming. As a result, the disinflationary effect of cheap Chinese-manufactured goods won't be offset by Chinese demand for iron ore, coal and other commodities.
...
There are some countervailing forces. The U.S., Europe and Japan don't want a rerun of the early 2000s, when cheap Chinese goods put many of their factories out of business. So they have extended billions of dollars in support to industries deemed strategic, and imposed or threatened to impose tariffs on Chinese imports. Aging populations and persistent labor shortages in the developed world could further offset some disinflationary pressure China exerts this time. "It won't be the same China shock," said David Autor, a professor of economics at the Massachusetts Institute of Technology and one of the authors of a 2016 paper that described the original China shock.
Even so, "the concerns are more fundamental" now, Autor said, because China is competing with advanced economies in cars, computer chips and complex machinery-higher-value industries that are viewed as more central to technological leadership.
...
In 2016, Autor and other economists estimated that the U.S. lost more than two million jobs between 1999 and 2011 as a result of Chinese imports, as makers of furniture, toys and clothes buckled under the competition and workers in hollowed-out communities struggled to find new roles. A sequel of sorts appears to be under way."
A ser verdade, o impacte será sentido sobretudo pelos fabricantes de produtos como máquinas e automóveis.
Trechos retirados do WSJ de 4 de Março passado em "New China Export Boom Cuts Two Ways".
quarta-feira, março 06, 2024
IL? Um mal menor
Disclaimer: Eu vou votar Iniciativa Liberal, como um mal menor.
Este artigo no DN, "IL avisa empresários: "Vão ter mesmo de aumentar os salários" dos trabalhadores", que li ontem, ilustra porque também é um mal. Aliás, eu tento ouvir o menos possível a campanha da Iniciativa Liberal para não ser tentado a mudar de ideias.
Há aqui um paralelismo com o que costumo dizer aos agricultores e disse uma vez sobre os pescadores:
"O papel dos pescadores não é alimentarem o mundo, não são a Santa Casa da Misericórdia ponto. O papel dos pescadores é ganharem a sua vida ponto."
"Estou farto de escrever aqui no blogue que a função do agricultor não é alimentar a sociedade, a função do agricultor é ganhar dinheiro através da prática da agricultura. A sociedade não quer saber dos agricultores, quer produtos agrícolas baratos nem que venham da Ucrânia. Por isso, o agricultor não deve ser trouxa e deve trabalhar para quem valoriza o fruto da sua actividade. Adiante." (Aqui)
Rui Rocha disse:
"O presidente da IL disse esta segunda-feira diretamente aos empresários que "vão ter mesmo de aumentar os salários dos trabalhadores" porque, caso contrário, não será possível contrariar a saída sistemática de pessoas qualificadas do país."
O que ele disse sobre "a saída sistemática de pessoas qualificadas do país" é mentira? Não!
Não faz sentido é pedir a empresários que resolvam um problema da comunidade, quando eles não só não têm capital para o fazer como essa não é a sua função.
Isto só ilustra que Rui Rocha ignora os mastins dos Baskerville, o que é pena. Está como Alexandre Relvas, também acha que o salto da produtividade irlandesa foi feito por empresários irlandeses. Tem muito para aprender.
Já agora, em que é que isto difere do discurso de Mortágua sobre o tema?
"Há sempre uma desculpa para os salários baixos, o contrato precário, os horários impossíveis. Há sempre o "agora não pode ser", que a economia não aguenta melhores salários, que a produtividade não aumenta, que Portugal é um país pobre", disse, advertindo que "Portugal é um país pobre porque paga salários pobres"."
Acaso Rui Rocha acha que as empresas podem pagar melhores salários mas não querem? E que basta exortar os empresários para isso acontecer?
Rui Rocha não relaciona aumento de salários com aumento da produtividade... isto é demasiado grave.
Rui Rocha é outro que não pode dizer "a Festa de Natal do jardim-escola foi uma valente porcaria!"
Qual a resposta de um liberal a tudo isto? Não matem empresas deliberadamente, mas deixem as empresas morrer!
E se quiserem mesmo que a produtividade e os salários aumentem a sério, promovam a receita irlandesa e o mercado fará o papel que não cabe aos políticos, o de escolher vencedores.
terça-feira, março 05, 2024
Canário na mina
No JN do passado dia 2 de Março, "Ecco'Let anuncia processo de despedimento":
"A multinacional do calçado, Ecco'Let, sediada em São João de Ver, Santa Maria da Feira, prepara o despedimento de cerca de 10% dos seus trabalhadores. A informação foi avançada, na manhã de ontem, aos funcionários."
Recordar:
- e sinto que algo não bate certo (Fevereiro de 2024)
- Precaução e optimismo (parte II) (Fevereiro de 2024)
- Precaução e optimismo (Fevereiro de 2024)
segunda-feira, março 04, 2024
Leite, tomate e ... turismo, negócios não sustentáveis
Leite, tomate e ... turismo.
No caso do leite e do tomate percebo o que acontece e percebo o efeito pernicioso da intervenção governamental.
- Tomate
- Perversões socialistas? (Outubro de 2012)
- Sou só eu? (Janeiro de 2014)
- I see Qimondas everywhere (Novembro de 2017)
- Leite
- Falta de estratégia, falta de reflexão e falta de coragem (Agosto de 2009)
- À distância (Agosto de 2018)
domingo, março 03, 2024
Era importante que olhassem para os números primeiro (parte I)
No passado dia 1 de Março no JdN li "Geopolítica, juros e salários preocupam indústria" um artigo baseado numa conversa com o presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP).
A certa altura leio:
"O abrandamento da procura externa, os conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente, a concorrência asiática, as taxas de juro, [Moi ici: Factores conjunturais] os custos salariais e a produtividade são os principais desafios que a indústria enfrenta para este ano. [Moi ici: Enfrenta para este ano?! Come on, não se iludam, são factores estruturais] O leque de preocupações é elencado pelo presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), que em declarações ao Negócios começa por descrever o "estado da arte" e a evolução do setor secundário nacional. "A base industrial do país tem enfraquecido. O peso da indústria transformadora no produto interno bruto não ultrapassa 14%, e 25% no valor acrescentado bruto. [Moi ici: Releiam este número. A indústria é responsável por 25% no valor acrescentado bruto. Será verdade? E isso é bom ou mau? E isso é relevante para o tema da produtividade e do crescimento ou não? Que dados podemos consultar? Podemos comparar com outros países? Dados do Banco Mundial no gráfico abaixo] O número de empresas industriais (68.501) no número total das sociedades comerciais é de 9,2%.A diferença da produtividade industrial também é alarmante: é cerca de um terço da francesa e pouco mais de metade da espanhola", ", alerta.
É uma evolução que, na opinião de José Eduardo Carvalho, "explica, em parte, o anémico crescimento em que temos vivido". "Um país com uma forte base industrial reforça a competitividade externa e o grau de internacionalização da economia, produz mais conhecimento e inovação e aumenta a competitividade salarial", defende."
Alguém diz ao filho com 5 anos?
- A actuação do vosso ano na Festa de Natal do jardim-escola foi uma valente porcaria!
Claro que não... por isso, o presidente da Associação Industrial Portuguesa prefere atirar culpas para cima do governo de turno. O governo de turno tem culpa por causa dos mastins que não ladram, não tem culpa do desempenho das empresas existentes. O presidente da Associação Industrial Portuguesa não pode fazer o mesmo que eu aqui no blogue. Ele tem de lutar pelo aumento da produtividade do que existe, mas isso não quer dizer que o que existe possa subir a sua produtividade para níveis próximos da média europeia. Se ele abrisse a boca para falar dos mastins dos Baskerville, tinha uma rebelião em casa. Isto enquanto não for percebido, é uma conversa de surdos.
sábado, março 02, 2024
Prepare to be dazzled
Há tanta coisa a aparecer nos jornais por estes dias e relevante para o mundo empresarial.
A sensação é de que à boleia de algum wokismo institucional está-se a condenar as PMEs a terem de responder como os agricultores, talvez daqui a 2 anos quando começarem a perceber as multas e as inspecções a sucederem-se.
Já ouviram falar da CSRD?
Não? Façam como eu, perguntem ao ChatGPT:
"The Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD) is a significant legislative development in the European Union that came into force on January 5, 2023. It modernizes and strengthens the rules regarding the social and environmental information companies must report. The CSRD expands the scope of companies that must comply with these reporting requirements to include a broader set of large companies and listed SMEs (small and medium-sized enterprises).
The directive mandates that companies disclose various information related to environmental, social, and governance (ESG) aspects. These include environmental disclosures like climate change mitigation and adaptation, pollution, and biodiversity; social and human rights disclosures such as gender equality and working conditions; and governance disclosures that cover the management of sustainability matters and risk management.
One notable aspect of the CSRD is its emphasis on aligning business models and strategies to limit global warming to 1.5 °C, in line with the Paris Agreement. Companies must also disclose their due diligence processes in sustainability matters, including actions to prevent or mitigate adverse impacts on their operations or value chain.
The CSRD also introduces assurance obligations, requiring companies to obtain third-party assurance over their disclosures. Initially, this will be "limited" assurance, but by 2028, it is planned to adopt standards for more comprehensive assurance.
The CSRD will be implemented in phases, starting with companies already subject to the EU’s Non-Financial Reporting Directive (NFRD) for fiscal years beginning January 1, 2024. Other large companies, listed SMEs, and non-EU companies falling within the CSRD’s scope will follow in subsequent years.
The detailed disclosure requirements are being developed as European Sustainability Reporting Standards (ESRS) by the European Financial Reporting Advisory Group (EFRAG) and will be adopted by the European Commission."
Esta semana perguntei a uma pessoa do mundo da Contabilidade se já tinha olhado para Sustainability regulation outlook 2024
Já agora, no FT de ontem li "Green audits are coming for a firm near you":
"Green activists never used to attack accountants. No wonder: bean counters' work seems dull compared with oil drillers or flamboyant bankers.
But last week the IFRS, a doughty global accounting standards body, experienced a "first": protesters stormed its New York meeting as Brian Moynihan, chief executive of Bank of America, was opining on green audit rules. Yes, really.
And while that particular drama was shortlived, it highlights a wider fight now hanging over corporate boards. For even as right-wing politicians, such as former US president Donald Trump, decry "woke" activists, some regulators are tightening green reporting rules."And the EU is now introducing a new Corporate Sustainability Reporting Directive that is arguably even tougher. This demands disclosure about emissions from companies' core operations and energy suppliers (so-called scope 1 and scope 2 emissions) and wider supply chain (so-called scope 3 reports).
Since few companies provide such details now, the new directive "will significantly expand the scope of ESG disclosure required of us", as Goldman Sachs noted this month, echoing a widely held sentiment."
Entretanto no passado dia 23 de Fevereiro foi introduzida uma emenda nas ISO 9001 e ISO 14001 que torna difícil às PMEs fugirem disto, mesmo não estando na bolsa.
Num discurso, "Opening remarks by Commissioner McGuinness at the European Parliament plenary debate on the Corporate Sustainability Reporting Directive" li:
"The final text of the Directive provides a good basis for alignment with the proposed Corporate Sustainability Due Diligence Directive, which is currently in trilogues.
The text also addresses the particular situation of SMES.
And there are provisions to prevent SMEs in supply chains from being unduly burdened by "trickledown" information requests from larger companies."
Pois, basta pesquisar no semanário Expresso as vezes que li que os bancos serão pressionados a só emprestarem às empresas que reportam segundo a CSRD.
sexta-feira, março 01, 2024
"a collection of powerful actors pursuing their agenda" (parte II)
Os últimos trechos que retiro de "The Discipline of Political Savvy" do livro "The Six Disciplines of Strategic Thinking" de Michael D. Watkins.
Ao ler estas linhas lembrei-me logo do exemplo da Jofebar sobre a qual escrevi aqui em:
- Um sistema de gestão que começa no negócio (Novembro de 2015)
- A mensagem de quem sabe quem são os seus alvos (Setembro de 2016)
- É nestes momentos de mudança ... (parte V) (Janeiro de 2019)
"To achieve your objectives, you need to identify potential winning coalitions
...
Think too about potential blocking coalitions those who collectively have the power to say no and how you can avoid having opposition coalesce.
...
Recognize also that relationships and alliances are not the same thing. This is not to say that relationships aren't valuable; they certainly are. However, they are not the sole basis for building alliances because understanding people's agendas and your alignment with them - or lack thereof - is also essential.
...
Defining your influence objectives
The first step in developing your influence is seeking clarity about why you need the support of others.
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Understanding the key decision-makers
Armed with a clear understanding of what you're trying to accomplish, you can now focus on whose support is essential and how you will secure it. Start by identifying the alliances you need to build to achieve your objectives. To what extent do you need to gain the support of others over whom you don't have authority?
You may need to explore whether there are exchanges or "deals" you can strike that might help to win people over. Figure 15 summarizes common "currencies" for exchange in organizations, including providing resource or inspiration, confirming higher status, giving personal support and even simply expressing appreciation.
On top of identifying potential exchanges, you need to assess situational pressures, which means understanding the forces that are guiding the key decision-makers because of the context in which they operate. Think in terms of driving and restraining forces. Driving forces push people in the direction you want them to go, and restraining forces are situational reasons they would say no....You will also need to focus on how the people you want to influence perceive their alternatives or choices. What are the options from which they believe they can choose?"
O que pode ser feito para minimizar o foco de alguns empreiteiros no preço?
Parcerias Estratégicas: Desenvolver parcerias com arquitectos e designers para criar projectos de referência que mostrem o impacte positivo dos produtos Jofebar.
Comunicação Eficaz: Utilizar estudos de caso e testemunhos para destacar os benefícios dos produtos e como eles resolvem problemas específicos do sector.
Formação e Educação: Proporcionar formações ou workshops sobre as vantagens técnicas e estéticas dos produtos, aumentando o conhecimento técnico dos empreiteiros.
Serviço Pós-Venda: Garantir um excelente serviço pós-venda para construir confiança e fidelidade dos clientes, mostrando que o investimento vale a pena.
Já agora, a figura acima, assim como a linguagem destas duas partes, ilustram bem porque prefiro esta abordagem na ISO 9001: