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quinta-feira, março 07, 2024

Outro choque chinês?

 "In the late 1990s and early 2000s, the U.S. and the global economy experienced a "China shock," a boom in imports of cheap Chinese made goods that helped keep inflation low but at the cost of local manufacturing jobs. [Moi ici: Lembram-se dos experts a dizerem que por cá era por causa do euro? Recordo, O choque chinês num país de moeda forte (parte VI)It's not the euro, stupid! (parte IV) e Acerca da desvalorização interna] A sequel might be in the making as Beijing doubles down on exports to revive the country's growth. Its factories are churning out more cars, machinery and consumer electronics than its domestic economy can absorb. Propped up by cheap, state-directed loans, Chinese companies are glutting foreign markets with products they can't sell at home.

Some economists see this China shock pushing inflation down even more than the first. China's economy is now slowing, whereas, in the previous era, it was booming. As a result, the disinflationary effect of cheap Chinese-manufactured goods won't be offset by Chinese demand for iron ore, coal and other commodities.

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There are some countervailing forces. The U.S., Europe and Japan don't want a rerun of the early 2000s, when cheap Chinese goods put many of their factories out of business. So they have extended billions of dollars in support to industries deemed strategic, and imposed or threatened to impose tariffs on Chinese imports. Aging populations and persistent labor shortages in the developed world could further offset some disinflationary pressure China exerts this time. "It won't be the same China shock," said David Autor, a professor of economics at the Massachusetts Institute of Technology and one of the authors of a 2016 paper that described the original China shock.

Even so, "the concerns are more fundamental" now, Autor said, because China is competing with advanced economies in cars, computer chips and complex machinery-higher-value industries that are viewed as more central to technological leadership.

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In 2016, Autor and other economists estimated that the U.S. lost more than two million jobs between 1999 and 2011 as a result of Chinese imports, as makers of furniture, toys and clothes buckled under the competition and workers in hollowed-out communities struggled to find new roles. A sequel of sorts appears to be under way."

A ser verdade, o impacte será sentido sobretudo pelos fabricantes de produtos como máquinas e automóveis. 

Trechos retirados do WSJ de 4 de Março passado em "New China Export Boom Cuts Two Ways".

sexta-feira, abril 28, 2023

O choque chinês, não o euro

Antes de mais, recuo neste blogue:

"The impact of international trade on labour markets is a classical question that is currently subject to greater interest.

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In this paper, we approach this topic from a novel perspective. In contrast to earlier research, we study the indirect effects stemming from the increased competition that one country can generate in the export markets of other economies, focusing explicitly on the effects of China's exports. In other words, China may affect the labour market of country A not only because of its exports to that country; such effects can also emerge by reducing the exports of country A to country B when China increases its exports to country B. [Moi ici: A mensagem que abre It's not the euro, stupid! (parte I)] In our study, we propose different measures of this indirect effect and analyse their labour market effects.

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Our empirical evidence on both the direct and indirect labour market effects of China's emergence in international trade is based on the case of Portugal. As a (small) open economy with a comparative advantage profile more comparable to that of China than most other developed economies, Portugal is an interesting country not only to revisit the direct relationships examined in the literature but also to illustrate the largely undocumented indirect effects that we study here.

Portuguese imports from China grew strongly over the period 1993-2008, reaching a level in 2008 that was more than eleven times higher than that of 1993. A different direct impact, also examined as a robustness exercise, comes from the enhanced export opportunities to China. Over this period, Portuguese exports to China grew strongly, but are still around six times smaller than Portuguese imports from China in 2008, suggesting that the impact of the export channel should be smaller. At the same time, the share of total employment in manufacturing in the country nearly halved over the period that we consider (1993-2008). and economic growth during this period was low (except for 1996-2000). [Moi ici: Recordar os gráficos de It's not the euro, stupid! (parte IV) ou de O desassossego é bom!]

On top of the direct effects, stemming from much larger increases in exports from China to Portugal than the other way around, Figure 2 highlights the potentially intensified competition from China faced by Portuguese firms in terms of exports to the other 14 original member states of the European Union (EU14).

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The rise of the export share of China in the EU14 market was also much stronger than the increase of China's share in Portuguese goods imports. Hence such a strong increase in competition in a key destination market like the EU14 can have a big impact in the Portuguese manufacturing sector, possibly larger than the effect of direct import competition, [Moi ici: Só não estou de acordo com o "possibly"] unlike for other countries with different exporting profiles.

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larger increases in the EU14 market shares of China’s exports tend to be associated with larger losses in the market shares of Portuguese exports."

By the way, ainda ontem escrevi em Por alma de quem? e em Novembro passado em A grande reconfiguração sobre o efeito do reshoring na inflação actual. Interessante ler neste artigo:

"study the effects of increased Chinese trade exposure on earnings and employment of US workers from 1992 to 2007. Their findings suggest that workers employed in industries that were subsequently exposed to greater Chinese import competition experienced lower cumulative earnings. [Moi ici: Bom momento para recordar as parvoíces políticas tugas, quando lhes tremem as pernas, Acham isto normal? Ou a inconsistência estratégica! Ou jogar bilhador como um amador! de Agosto de 2009. O artigo cita uma série de estudos nos Estados Unidos, Alemanha, Finlândia, Dinamarca e Reino Unido, todos concluindo acerca do forte impacte chinês no emprego, e sua qualidade, dos trabalhadores com menos habilitações]

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for Portugal, we find that a rise, from the bottom to the top quartile, of an industry’s exposure to Chinese indirect import competition in a group of 14 EU countries is associated to a drop of 25% in workers' cumulative wages and a 17.4% reduction in employment years.

The negative labour market effects of increased trade exposure to China are robust to a number of tests but are also heterogeneous across individuals. The impact falls disproportionately on older workers, females and workers without tertiary education. Moreover, the negative effects are also stronger for individuals working in larger, older and domestic-owned firms." [Moi ici: Quanto maiores, menos flexíveis para um golpe de asa estratégico, com mudança de clientes-alvo, mudança de proposta de valor, subida na escala de valor. Perfeitamente alinhado com a minha experiência. Recordo o gráfico "Evolução do n° de trabalhadores nas empresas de calçado em Portugal" deste postal de 2010, O choque chinês num país de moeda forte (parte II). No entanto, julgo recordar que em alguns países (México?), quanto maiores as empresas, mais protegidas da concorrência chinesa

Trechos retirados de "Collateral Damage? Labour Market Effects of Competing with China--at Home and Abroad

terça-feira, novembro 19, 2019

Há algo aqui que me escapa

Em qualquer sector da economia transaccionável podemos considerar 3 tipos de empresas:

Com a entrada da China no comércio mundial é natural que esta tenha expulso a concorrência europeia com alguma facilidade, sempre que a proposta de valor em jogo fosse o preço.

Já no ano passado tinha apanhado este artigo "Portugal perdeu 162 mil empregos com negócios da China". Original vence sempre a imitação.

Ainda no ano passado neste estudo "Sinopse da Indústria Têxtil" era possível ver este gráfico (um pouco estranha a evolução das abcissas, o que pode enviesar a sua leitura):

Ontem, apanhei este artigo "China "esmagou" Portugal lá fora e não cá dentro". E deu-me que pensar. Porque em muitos sectores observo esta realidade: as empresas portuguesas produzem para fora e os portugueses importam produtos baratos, mas segundo o artigo de ontem, as importações de bens fabricados na China pouco afectaram o mercado interno.

Estranho, porque a título de exemplo, no calçado, na moda, no mobiliário, comprávamos e compramos barato na Ásia, para uso interno, e produzimos para fora para a gama média/alta.

O artigo de ontem, tem um remate final que não deixo de interpretar:
"Empresas usaram precários para se adaptarem
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Para os autores, os resultados deste estudo mostram como a regulação do mercado de trabalho tem um papel de mediação dos efeitos da concorrência externa.
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"O contexto português permite-nos documentar o custoso efeito secundário das políticas restritivas do mercado de trabalho quanto à margem de ajustamento à concorrência comercial", argumentam os autores do texto.
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As conclusões divergem para dois períodos diferentes. Num primeiro momento, entre 1995 e 2000, [Moi ici: Mas entre 1995 e 2000 o sector ainda estava a crescer?! O pico dessa altura foi atingido em 2001, como se pode ver no gráfico acima] em resposta ao choque concorrencial, as empresas decidem fechar portas dado que não podem despedir para adaptar a produção à menor procura externa.
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Num segundo momento, entre 2000 e 2007, são os trabalhadores precários com "reduzidas proteções laborais" a arcar com as consequências da adaptação à nova realidade das empresas.[Moi ici: Dois pontos. Primeiro - a adaptação à nova realidade não surgiu de uma proclamação governamental ou académica, não surgiu de uma legislação ou regra escrita. A adaptação à nova realidade foi o resultado de tentativa e erro. O gráfico acima mostra como entre 2001 e 2009 se desceu aos Infernos. Recordo o que o mainstream dizia acerca do futuro desses sectores através de académicos e jornalistas (slides 8 e 9). Segundo - o que é que levou o sector a recuperar, numa primeira fase? A rapidez e a flexibilidade conjugadas com maior proximidade aos mercados. Rapidez e flexibilidade, quando ainda se tinham estruturas, mentalidades e equipamentos formatados num outro tempo, foi salva pelo recurso ao trabalho flexível]
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Nesta altura, "as reduções do emprego foram inteiramente através de mudanças no emprego temporário, com nenhum efeito nos postos de trabalho permanentes", revela o estudo."
Aquele "as empresas decidem fechar portas" é uma linguagem tão estranha... Decidem? A grande maioria não teve voto na matéria, foi arrastada pelas circunstâncias, falências e insolvências. Não se lembram?

Depois, parece que foram os mesmos que fecharam as empresas do primeiro momento os mesmos que abriram as do segundo momento. Não tenho dados, mas defendo que não foi assim. A maioria que abriu no segundo momento pertencia a outra geração.

Por fim, este gráfico também retirado da sinopse referida acima:
Mostra que a mortandade iniciada em 2001 continuou até 2013, o que acontece a partir de 2013 é que o número de empresas criadas começou a ser superior ao de empresas encerradas.

E nesta análise, no que diz respeito ao mercado interno, não inclui um factor muito importante: a revolução no retalho, com o retalho tradicional de loja de rua com cadeia de fornecimento radicada no país, a ser substituído pela invasão dos centros comerciais com cadeias de fornecimento internacionais e baseadas na Ásia.

Há algo aqui que não me cheira bem nesta conclusão. Será que o mercado interno não foi afectado pela invasão chinesa porque já estava a ser fornecido por paises de baixo-custo, e a China veio substituir esses países (Taiwan, Malásia, Tailândia, ...)?





sexta-feira, julho 06, 2018

Acerca do impacte da China

Ler:
"The increased range and quality of China's exports is a major ongoing development in the international economy with potentially far-reaching e􏰁ects. In this paper, we examine the impact of the China's integration in international trade in the Portuguese labour market. On top of the direct e􏰁ffects of increased imports from China studied in previous research, we focus on the indirect labour market e􏰁ffects stemming from increased export competition in third markets. Our 􏰄findings, based on matched employer-employee data in the 1991-2008 period, indicate that workers' earnings and employment are signi􏰄cantly negatively affected 􏰁 by China's competition, but only through the indirect 'market-stealing' channel."
 E recordar:

sexta-feira, maio 19, 2017

"mesmo com generosos cortes salariais, reais ou nominais"

A azul a evolução da Remuneração média por trabalhador em euros na "Indústria têxtil, do vestuário, do couro e dos produtos de couro". A laranja a evolução das exportações do mesmo segmento em milhões de euros.

A narrativa em vigor é a de que por causa da progressiva aposta da economia portuguesa no sector não transaccionável, durante os primeiros anos do século XXI, as exportações da indústria têxtil, do vestuário, do couro e dos produtos de couro caíram porque os custos portugueses, nomeadamente os custos unitários do trabalho subiram demasiado.

Esta é a narrativa que todos assinam.

E esta é a narrativa que eu não partilho.

Mesmo que a Remuneração média por trabalhador em euros na "Indústria têxtil, do vestuário, do couro e dos produtos de couro" tivesse caído através da manipulação monetária, como os governos portugueses sempre gostaram de fazer, julgo que a evolução teria sido a mesma.

Esquecem-se sempre do impacte da China como concorrente directo deste segmento português no passado e desta tabela:
Basta comparar a evolução percentual entre 1990 e 2007 para perceber que nunca teríamos sucesso a competir no mesmo terreno que os chineses mesmo com generosos cortes salariais, reais ou nominais.

sexta-feira, agosto 30, 2013

Outro exemplo, porque é importante a austeridade

"For 127 years, Herdade de Manantiz has been producing olive oil, mostly for the domestic market. But having suffered through recession like thousands of other traditional businesses, it has started overhauling its operations and searching for customers outside Portugal.
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In May, the company completed its first overseas sale — to a Brazilian retailer that bought 504 bottles of oil. It is pursuing buyers in Sweden and Japan for its oil made from galega olives, which are unique to Portugal.
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It’s difficult to change direction for very small companies like ours, but there comes a point when there is really no other choice,” said António Morais de Almeida, who is part of the fifth generation of the family that owns and operates Manantiz.
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“Portugal had been one of the losers in the globalization process because most of our industries were competing directly with the emerging markets,” he said. (Moi ici: Muito bem, não culpar o euro)
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He said that the economic crisis had forced companies to start producing higher-quality products that can be marketed at a higher price. (Moi ici: LOL!!! E os que defendiam que só desvalorizando a moeda ou reduzindo salários se conseguia exportar!!!) Manantiz is a good example of that. Its initial shipment of olive oil to Brazil sold at 60 reais, or nearly $26, a bottle, four times what is sells for in Portugal."
Trechos retirados de "After a Recession in Portugal, the Tiny Green Fruits of Success"

quarta-feira, julho 10, 2013

A propósito do "efeito China"

"Over the last decades, China’s massive entry into the international market has come at the expense of a large number of countries, and somehow as a surprise, also at the expense of more developed ones. Italy – whose structural composition of exports is based on so-called low tech, “traditional” goods – seems to be one of the developed countries most at risk.
This paper, using a gravity approach, shows that in OECD and in the middle up income countries, markets that account currently for over 85% of Italian exports, there is a significant competitive effect of Chinese exports on Italian exports. This effect seems to be concentrated (at least for the moment and despite the increasing sophistication of Chinese exports) on low tech, traditional products. This paper also shows that higher value added products – especially in traditional sectors and in more advanced markets – are more resilient to the Chinese pressure. Hence, the shifting of the Italian specialization within sectors rather than between sectors seems to have somehow protected Italian goods from a tougher competition from Chinese products, still lagging behind in terms of quality. A likely implication is, therefore, that qualitative upgrading of Italian exports can offset at least part of the competitive pressure coming from China."
Exactamente o que o aumento dos preços médios do sector do calçado nos diz.
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Exactamente o que o aumento em mais 40% do preço das T-shirts made in Portugal nos últimos anos nos diz.
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Subir na escala de valor!!!
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Trecho retirado de "The “China effect” on Italian Exports"

terça-feira, julho 09, 2013

A receita deste blogue (parte II)

Parte I.
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Como é que começou a mudança da Marlin Steel?
"The job that rescued Marlin Steel was small--20 baskets, a $500 order. (Moi ici: Mais uma mensagem a reter - atenção ao fora de comum), Greenblatt was handling sales in 2003, so he took the call himself. "It was an engineer from Boeing," he says. "He didn't think I was in the bagel-basket business. He just needed custom wire baskets." The Boeing engineer, who had seen a Marlin ad in the Thomas Register, a pre-Internet manufacturing directory, wanted baskets to hold airplane parts and move them around the factory. He wanted them fast. And he wanted them made in a way Marlin wasn't used to--with astonishing precision. For bagel stores, says Greenblatt, "if the bagel didn't fall out between the wires, the quality was perfect." The Boeing engineer needed the basket's size to be within a sixty-fourth of an inch of his specifications. "I told him, 'I'll have to charge you $24 a basket,'" says Greenblatt. "He said, 'Yeah, yeah, whatever. No problem. When are you going to ship them?'"" (Moi ici: Pequenas séries, com exigências específicas, idealmente a precisar de interacções que gerem co-desenho ou co-produção e entregas rápidas)
O truque de equacionar o servir os clientes que não valorizam tanto o preço:
"What got Greenblatt's attention in that phone call wasn't the need for speed or even the quality standards. It was that Boeing was completely unconcerned about price. "I'm trying to sell a basket for $12, the bagel shops are saying, 'I'm not paying more than $6.' I'm ready to jump off a bridge, and here's a guy who just shrugs at the outrageous sum of $24. I was like, Wow. He's price insensitive."
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That epiphany marked Marlin's rebirth. The company would keep bending heavy-gauge wire to make baskets, but instead of going to Bruegger's to hold bagels, the baskets would go to the factories of Toyota and Caterpillar, Merck and GE to hold everything from microchips to turbine blades."
E a revolução ao nível do pessoal:
"But for Greenblatt, the most important element of the moat is what Marlin didn't have before Boeing called: engineering and design. No one at Marlin designs baskets on slips of notepaper today. Five of 28 employees are degreed mechanical engineers. "We give people slick, elegant designs that make it worthwhile to use us rather than a commodity-part supplier from China," says Greenblatt. More to the point, says designer Alur, "people come to us with a problem and we try to solve it." Marlin has taken something utterly pedestrian and turned it into a tool of innovation--for its customers."
Faz lembrar o que os "patrões" do calçado andam a fazer:
"Sob o lema "A indústria mais sexy da Europa", os sapatos made in Portugal acompanharam a recuperação das exportações com a qualificação dos seus recursos humanos: a percentagem de trabalhadores qualificados subiu de 28% para 48% e o valor acrescentado bruto por trabalhador cresceu 34% em 10 anos.""
Por fim, outro conselho que costumo dar, "prefiram os clientes mais exigentes":
"The final line of defense for Marlin lies in the customers it targets: Greenblatt wants the toughest ones, the kind who make his competitors roll their eyes. "What I realized is that the customers who are a pain in the neck are really the great customers," he says. "Some people might say, 'Those guys [at Marlin] are crazy expensive.' But we find the people who appreciate that. I've never sold anything to Walmart." (Moi ici: Os grandes que vendem para a grande distribuição nem percebem o orgulho com que Grrenblatt diz isto)
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What those customers realize is that baskets aren't interchangeable commodities."
Está cá tudo...

BTW, recordar:
"O exemplo da Vipp chama a atenção para o facto de se poder criar uma marca de topo em qualquer sector de actividade, não é preciso ser uma Apple."

segunda-feira, julho 08, 2013

A receita deste blogue (parte I)

Um artigo paradigmático.
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Um artigo que devia ser copiado e distribuído por muita gente.
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Um artigo que encerra em si tantas mensagens...
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Vamos a ele, "The Road To Resilience: How Unscientific Innovation Saved Marlin Steel"
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Em 1998, Drew Greenblatt comprou uma uma empresa anónima a Marlin Steel, fabricante de cestos metálicos. Os cestos eram usados pelas lojas alimentares nas suas prateleiras.
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Greenblatt não percebia nada do negócio (1) mas achava que ia poder viver com um rendimento regular, modesto mas regular, retirado do funcionamento da empresa.
"It was really just a metalworking shop: 18 employees, most at minimum wage, using hand tools to bend and weld metal, with $800,000 a year in sales. Marlin didn't own a fax machine, and most of the equipment was from the 1950s. Purchase orders arrived by mail. The pace was methodical and unhurried--each employee made 15 or 20 baskets a day. Still, says Greenblatt, make no mistake: "We were the King of the Bagel Baskets.""
Só que as coisas não correram como previsto:
"Within five years of buying Marlin, Greenblatt was getting killed. Chinese factories (2) suddenly started making bagel baskets. Marlin sold its baskets for $12 apiece and with 36 baskets to equip a typical bagel shop made $450 when a company added a location. Chinese factories were selling baskets for $6 each. Marlin's customers were switching to save $200 a store. And Marlin would never be able to match its Chinese competitors on price. "My steel was costing me $7 a basket," says Greenblatt. "We were going to go extinct." It would have been smarter for him to buy bagel baskets from China for $6 each and sell them for $6.50." (Moi ici: Este é o efeito China. Não foi o euro que deu a machadada na nossa economia de bens transaccionáveis, durante a primeira metade da década do século XXI, foi a China. O exemplo do preço do aço mostra que mesmo que os custos salariais se reduzissem à custa de uma forte desvalorização da moeda continuariam a ser irrelevantes para combater o efeito China)
Como é que a Marlin Steel deu a volta?
"Marlin saved itself by facing a truth that few threatened manufacturers can stomach: It was failing because it had gotten everything wrong. It had the wrong customers (3);(Moi ici: Por isso, fazemos tantas e tantas vezes a pergunta, quem são os clientes-alvo? Deque adianta um esforço eficientista tremendo se os clientes não são os adequados?) it had the wrong products(4); (Moi ici: Por isso, fazemos tantas e tantas vezes o convite às empresas para pensarem na diferenciação da sua oferta) it had the wrong prices(5). (Moi ici: Por isso, fazemos tantas e tantas vezes a pergunta, e o que é que a sua empresa está a fazer para aumentar os seus preços?) Greenblatt realized--just in time--that even wire baskets could be innovative. The simplicity of Marlin's technology is not what we typically associate with innovation--there's no algorithm, no microchip, no touch screen.(6) Instead, Marlin learned how its products could help its customers, providing the quiet innovation that can give a fellow U.S. factory a critical edge and help keep jobs in the United States.
Today, a decade later, Marlin Steel is outcompeting not just Chinese factories but German ones as well. Its sales are six times the 2003 level, and it has almost double the number of employees. The staffers have health insurance and 401(k) accounts (five employees are on pace to be 401(k) millionaires) and an average wage four times what it was a decade ago. The little Baltimore factory runs double shifts. Most remarkably, Marlin is still making wire baskets--just not bagel baskets. Or at least not very many."
Continua.

(mensagem 1: o risco da experiência é o de ficar prisioneiro de modelos mentais sem o saber)
(mensagem 2: o efeito China)
(mensagem 3: a importância de responder à pergunta: quem são os clientes-alvo?)
(mensagem 4: a importância de diferenciar a oferta)
(mensagem 5: trabalhar para aumentar os preços)
(mensagem 6: inovação não é apenas tecnologia de ponta, inovação é, também, olhar para o negócio de forma diferente)