domingo, março 03, 2024

Era importante que olhassem para os números primeiro (parte I)

No passado dia 1 de Março no JdN li "Geopolítica, juros e salários preocupam indústria" um artigo baseado numa conversa com o presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP).

A certa altura leio:

"O abrandamento da procura externa, os conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente, a concorrência asiática, as taxas de juro, [Moi ici: Factores conjunturais] os custos salariais e a produtividade são os principais desafios que a indústria enfrenta para este ano. [Moi ici: Enfrenta para este ano?! Come on, não se iludam, são factores estruturais] O leque de preocupações é elencado pelo presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP), que em declarações ao Negócios começa por descrever o "estado da arte" e a evolução do setor secundário nacional. "A base industrial do país tem enfraquecido. O peso da indústria transformadora no produto interno bruto não ultrapassa 14%, e 25% no valor acrescentado bruto. [Moi ici: Releiam este número. A indústria é responsável por 25% no valor acrescentado bruto. Será verdade? E isso é bom ou mau? E isso é relevante para o tema da produtividade e do crescimento ou não? Que dados podemos consultar? Podemos comparar com outros países? Dados do Banco Mundial no gráfico abaixo] O número de empresas industriais (68.501) no número total das sociedades comerciais é de 9,2%.A diferença da produtividade industrial também é alarmante: é cerca de um terço da francesa e pouco mais de metade da espanhola", ", alerta.

É uma evolução que, na opinião de José Eduardo Carvalho, "explica, em parte, o anémico crescimento em que temos vivido". "Um país com uma forte base industrial reforça a competitividade externa e o grau de internacionalização da economia, produz mais conhecimento e inovação e aumenta a competitividade salarial", defende."



Agora procuremos informação sobre a produtividade:

Vêem alguma correlação entre produtividade laboral e peso da indústria transformadora no produto interno bruto?

Entretanto, lembrei-me da Dinamarca. Como se posiciona?

E volto à metáfora de há dias:

Alguém diz ao filho com 5 anos?

- A actuação do vosso ano na Festa de Natal do jardim-escola foi uma valente porcaria!

Claro que não... por isso, o presidente da Associação Industrial Portuguesa prefere atirar culpas para cima do governo de turno. O governo de turno tem culpa por causa dos mastins que não ladram, não tem culpa do desempenho das empresas existentes. O presidente da Associação Industrial Portuguesa não pode fazer o mesmo que eu aqui no blogue. Ele tem de lutar pelo aumento da produtividade do que existe, mas isso não quer dizer que o que existe possa subir a sua produtividade para níveis próximos da média europeia. Se ele abrisse a boca para falar dos mastins dos Baskerville, tinha uma rebelião em casa. Isto enquanto não for percebido, é uma conversa de surdos.

Sem comentários: