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domingo, junho 12, 2022

Jongleurs, precisam-se

Julgo absurdo que um governo, qualquer que ele seja, estabeleça metas de aumentos salariais. Ignoremos esse tópico de discussão e concentremos a atenção nos empresários. Duas respostas:

"Precisamos de políticas públicas que ..."

"Num momento em que as empresas veem aumentar de forma brutal os seus custos energéticos e de matérias-primas, como subir os salários acima dos aumentos de produtividade sem repercutir esses aumentos nos preços, contribuindo para uma escalada da inflação mais estrutural, mais duradoura, menos controlável? E, fazendo-o, como evitar a perda de clientes e de mercados? Como evitar a perda de competitividade daí decorrente, 

...

[Moi ici: Respirar fundo antes de ler o trecho que se segue] Só colmatando a grande divergência que nos separa da média europeia - a produtividade - é que os salários poderão aumentar de forma sustentável, sem pôr em causa a competitividade das empresas e o seu futuro.

Para isso, mais do que reptos, precisamos de políticas públicas consequentes, que promovam condições para que as empresas aumentem a produtividade."

Volta e meia aqui no blogue escrevo sobre o locus de controlo no exterior:

"É arrepiante a situação... quem tem o seu Locus de Controlo no exterior, ao atribuir poder a forças exteriores, para ditar o destino, para mudar as coisas... quase não tem motivação para agir, para melhorar, para actuar... afinal de contas, sente-se, acredita que é uma espécie de Calimero jogado de um lado para o outro pelos deuses!"

Aqueles sublinhados a vermelho ali em cima são significativos. Sobretudo o segundo... só através de políticas públicas é que as empresas privadas conseguirão aumentar a produtividade. Não, isto não é conversa de tasca de um qualquer anónimo empresário da província, é o discurso do presidente da CIP. Faz-me lembrar o ministro da Economia metido pelo irrevogável Portas no governo de Passos Coelho:

  • "Pires de Lima: "Com meia hora a mais aumentava 7% a produtividade"[Moi ici: Em 2011]
Faz-me lembrar um ex-presidente da GALP também em 2011:

  • “Preferia que me criassem condições para aumentar a produtividade do trabalho” [Moi ici: Replico aqui o que escrevi então - "Eu, anónimo engenheiro de província sou mesmo tótó... reparem ""Preferia que me criassem condições para aumentar a produtividade do trabalho""  no meu modelo mental, um administrador, um gerente, um gestor de topo nunca diria isto. Aumentar a produtividade do trabalho na sua empresa é a sua função e não está à espera que outrem lhe faça o biscate"]

Já em 2007 escrevi sobre a necessidade dos empresários jongleurs - Jongleurs:

"A vida de um gestor consiste pois em gerir duas empresas em simultâneo: a presente e a futura. Se ele se limitar a gerir a presente (e não a futura), a sua empresa em breve se tornará obsoleta por via da alteração das condições de mercado em que está inserida. Se ele gerir apenas a futura (e negligenciar a presente) a empresa nunca chegará a atingir esse futuro. Ficará pelo caminho.

Sendo assim, a competitividade de uma empresa depende de uma boa gestão de curto prazo (a empresa do presente) e da introdução de saltos qualitativos (a empresa do futuro)."

Ignoremos a provocação infantil e impensada do primeiro-ministro, disse 20% como podia dizer 10% ou 30%. O que é verdadeiramente preocupante é a revelação da manutenção deste locus de controlo no exterior nas posições mais influentes. Que os empresários tenham o locus de controlo no exterior é triste, mas eles todos os dias põem o pescoço no cepo. Nenhuma empresa tem o futuro assegurado, a última palavra é sempre dos clientes. Agora que os líderes associativos partilhem do mesmo modelo... isso é, para mim, verdadeiramente assustador.

sábado, maio 02, 2020

Jongleurs

Como não recordar os jongleurs e a capacidade de lidar com vários horizontes temporais em simultâneo.
"As the COVID-19 outbreak spread across the globe, organizations were initially focused on reacting to the immediate issues posed by the epidemic. 1️⃣ However, as the crisis unfolded, several other challenges rapidly emerged: preparing for a potential recession in the near term; anticipating an eventual rebound in demand 2️⃣ (initially when social distancing restrictions are relaxed, and later when consumer and business confidence returns); and ultimately reimagining operations, products, and business models for the post-crisis world.3️⃣
...
In other words, leaders and organizations need to consider all levels of strategic response — reaction, recession, rebound, and re-imagination — simultaneously.
...
we conducted a survey of more than 300 companies across 55 countries and 24 industries. Not surprisingly, we found that nearly all companies have reacted to the immediate threats: About 85% of companies have taken multiple measures to protect the health & safety of employees and ensure business continuity.
...
Roughly 60% of companies have taken measures to plan for and navigate a likely recession, such as putting cost control measures in place and revising capital investment plans. In contrast, only about 40% of companies have taken measures to prepare for a potential rebound of demand, and very few have begun reimagining the business for a post-COVID-19 world."
Trechos retirados de "Fractal Strategy"

terça-feira, julho 15, 2008

Jongleurs: será mesmo assim?

aqui escrevi sobre a necessidade dos gestores de empresas serem jongleurs mentais capazes de jogarem com 4 empresas em simultâneo:
  • a empresa de hoje, a que paga as contas da mercearia;
  • a empresa do futuro desejado;
  • a empresa "em viagem", em transformação, do presente para o futuro;
  • a empresa "da diferença", a que dá feedback;
Muitas vezes desespero com a incapacidade dos gestores de topo das PME's resistirem ao fascínio, ao chamamento do presente. O presente parece sugar toda a atenção dos gestores!
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Pois bem, acabo de receber uma machadada na minha ideia sobre os gestores.
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De acordo com Michael Raynor, no seu livro "The Strategy Paradox".
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Ao criticar o modelo de gestão da canadiana Bombardier Raynor escreve:
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"This is an extreme example of the general tendency among conventional approaches to this problem to accept that at least one level of the hierarchy must deal with duality of short- and long-term considerations. At least one - and in this model, all - managers must somehow either develop, or be blessed with, a combination of mental agility and powerful enough analytical frameworks to operate in multiple time horizons at once. In other words, they must both deliver on their existing commitments and position the organization for future success." ... "It turns out that the skills required to operate in multiple time horizons simultaneously are in terribly short supply; at best, 5 percent of the population is able to clear this cognitive hurdle. Building a model of management that requires such skills as a matter of course is optimistic enough, never mind a model that requires essentially every manager at every level to have that kind of intellectual and emotional capacity."
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Raynor escreve sobre corporações com várias divisões, com vários níveis hierárquicos. Trabalho com PME's em que a gestão, ou a equipa de gestão, lida com tudo, a começar pelas compras de matéria-prima para a próxima semana, ou o plano de produção em curso (coisas muito concretas, palpáveis e tangíveis) até à estratégia cheia de incerteza e abstracção... a ser assim, como dar a volta a isto?

segunda-feira, junho 18, 2007

Jongleurs versus incumbentes

"how to serve your core business while finding new markets and watching out for new entrants in your blind spot"

Os duros, os vencedores, estão neste campeonato, o campeonato dos "jongleurs".

Neste canto à beira-mar plantado podemos ler este texto: "Na nossa opinião, isto implicará obrigatoriamente apoios para que as empresas reanalisem e reavaliem as suas estratégias, os seus modelos de negócio, o seu posicionamento nas cadeias de valor, as suas parcerias, o posicionamento dos seus produtos, os seus modos e mecanismos de distribuição, etc." (no jornal Público de hoje, no artigo "A derradeira oportunidade da política de inovação" assinado por Ana Abrunhosa e Isabel Marques).

Apoios!!!???
Não estamos a falar de cerejas em cima do bolo, estamos a falar do futuro de uma organização.

Deming, costumava dizer "a sobrevivência das empresas não é obrigatória"

segunda-feira, janeiro 10, 2011

5 empresas numa

Uma das metáforas que uso com frequência, para representar o funcionamento das equipas de gestão das empresas, é a do jongleur.
Acredito que quando olhamos para uma empresa não vemos uma empresa, devemos ver quatro empresas:
  • a empresa de hoje;
  • a empresa do futuro;
  • a empresa em construção; e
  • a empresa feedback
Nestes postais "Jongleurs: será mesmo assim?" e "Exemplo de balanced scorecard (parte VI)" detalhei este pensamento.
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Entretanto, descobri um livro de Vasconcellos e Sá "A empresa negligenciada" (Jongleurs) em que o autor defende que existem, ou deviam existir, duas empresas numa:
  • a empresa de hoje, e 
  • a empresa do futuro, (a tal empresa negligenciada)
Pois bem, este mês a revista HBR publica "The CEO's Role In Business Model Reinvention" de Vijay Govindarajan e Chris Trimble.
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Neste artigo os autores defendem que quando se olha para uma empresa... devemos ver 3 empresas em simultâneo:
  • a empresa de hoje;
  • a empresa de ontem; e
  • a empresa do futuro.
Os autores chegam mesmo a escrever "Before you can create, you must forget". Ou seja, introduzem no cenário a empresa de ontem, a empresa que precisa de ser eliminada "pruning lines of business that are underperforming or no longer fit the company's strategy."
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Em tempos escrevi uma série de postais "Como descobri que não é suficiente optimizar os processos-chave." (parte I) (parte II) e (parte III), na sequência da leitura de "Dealing with Darwin" de Geoffrey Moore, onde relatei a descoberta de que afinal os processos contexto também deviam ser objecto de iniciativas, para torná-los mais eficientes e, assim, poder retirar recursos escassos para aplicar nos processos críticos para o negócio.
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Ou seja, quando olhamos para uma empresa não vemos uma empresa, devemos ver cinco empresas:
  • a empresa de ontem,
  • a empresa de hoje;
  • a empresa do futuro;
  • a empresa em construção; e
  • a empresa feedback

sábado, setembro 17, 2011

"Jongleurs" - Precisam-se

Há anos que penso e escrevo sobre os "jongleurs" e como é difícil encontrá-los nas empresas.
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Quando terminamos a etapa "O que começar a fazer na próxima segunda-feira para executar a estratégia?" temos um programa, temos um conjunto de projectos para transformar a organização de hoje na organização do futuro desejado.
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Contudo, esses projectos são liderados e executados por gente que além dos projectos que criarão o futuro, tem de dedicar tempo a gerir o presente, o urgente, o imediato, tem de dedicar tempo a abandonar o que não interessa, tem de dedicar tempo à empresa em trânsito para o futuro...
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O problema é o presente, é o imediato, o presente suga tudo.
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É tão difícil as pessoas dedicarem tempo na prática a estas 4 empresas numa... é como os custos, em vez de balanço, sugam tudo.
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Tudo isto a propósito de "Transforming Your Organization with the Three-Box Approach"

sábado, abril 02, 2016

"Jongleurs" - Precisam-se (parte II)

Parte I, "5 empresas numa" e "Jongleurs: será mesmo assim?"
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Isto a propósito de "Great Innovators Create the Future, Manage the Present, and Selectively Forget the Past".
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Quero salientar esta perspectiva:
"the challenge goes beyond being ambidextrous enough to manage today’s business while creating tomorrow’s. There is a third, and even more intractable, problem: letting go of yesterday’s values and beliefs that keep the company stuck in the past.
...
the future is not located on some far-off horizon, and you cannot postpone the work of building it until tomorrow. To get to the future, you must build it day by day. That means being able to selectively set aside certain beliefs, assumptions, and practices created in and by the past that would otherwise become a rock wall between your business of today and its future potential.
...
Even as old ideas and practices choke off the new future they’re trying to create, organizations find it very difficult to overcome the power of the past."
A capacidade para atirar fora a parte do passado que não nos deixa subir para o futuro é crucial

segunda-feira, junho 13, 2022

Jongleurs, precisam-se (Parte II)

Parte I.

Volto ao texto de 2007 e à ideia do título do livro "A empresa negligenciada":

"A vida de um gestor consiste pois em gerir duas empresas em simultâneo: a presente e a futura. Se ele se limitar a gerir a presente (e não a futura), a sua empresa em breve se tornará obsoleta por via da alteração das condições de mercado em que está inserida. Se ele gerir apenas a futura (e negligenciar a presente) a empresa nunca chegará a atingir esse futuro. Ficará pelo caminho.

Sendo assim, a competitividade de uma empresa depende de uma boa gestão de curto prazo (a empresa do presente) e da introdução de saltos qualitativos (a empresa do futuro)."

Para o relacionar com uma estória retirada do livro "The Crux - How Leaders Become Strategists" de Richard P. Rumelt:

"One example of the latter was ‘OKCo.’ In 2002 OKCo was a significant manufacturer of home and business-office climate-control systems. The entire product line had fourteen different models. The problem, as they defined it, was low profitability and low growth. I worked with the vice president of strategy, who led a small team of analysts, and had periodic discussions with the CEO.

I gathered views of the situation from at least twenty different managers, engineers, and salespeople. There was both increasing competition and complexity in the business. What I saw was that the company's product line was stale and not up-to-date

...

The engineers who had designed OKCo's printed circuit-board systems had long since retired. To compensate for the decline in the product's performance, management had been lowering prices and increasing sales commissions. This was, in my view, not a good path to follow. It felt like working with the data-processing companies who stuck with old greenscreen terminals until the Internet and PCs overwhelmed them.

The vice president of strategy and I did a thorough evaluation of the company's products and competitors' products and interviewed a good number of systems buyers and customers. OKCo was a widely recognized brand name. Large systems buyers liked the newer competitive designs, but also trusted OKCo because of its years in the business. Smaller buyers and contractors were split, with many installers preferring the older jumper system-it took about twice the time to install, and that meant twice the chargeable hours.

In addition to these product and marketing issues, the company's organization was sleepy and self-satisfied despite the slowly declining financial performance. Outsourcing the manufacturing of parts and assemblies to China had helped keep costs down."

A empresa do presente tem os clientes actuais e tem a rentabilidade actual. Será que a empresa do futuro passa por servir o mesmo tipo de clientes? Será que a empresa do futuro se aguenta com um nível de rentabilidade semelhante ao actual?

Uma empresa sem pensamento estratégico, sem orientação estratégica, foca-se na empresa do presente e ao concentrar-se na satisfação dos clientes actuais, na prática pode estar a negligenciar a empresa do futuro. Por isso, é que uso a imagem do jongleur, ser capaz de gerir a empresa actual ao mesmo tempo que se alimenta a empresa do futuro. Construir um futuro passa sempre por tolerar a experimentação, por não esquecer a exploration, por tolerar alguma ineficiência. No entanto, vivemos tempos de foco no eficientismo.

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Exploration versus Exploitation

Ontem, o Jornal de Negócios fazia eco das palavras do presidente da AEP (algo que referimos no postal "Mais uma voz do passado...") sobre a redução dos feriados para aumentar a competitividade das empresas portuguesas.
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Ontem à noite, ao reflectir sobre as palavras do presidente da AEP, recordei as palavras de James March sobre a exploration e a exploitation (algo que focámos neste postal "Jongleurs (parte II)").
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As empresas que se esqueceram de praticar a "exploration" e ficaram-se pelo gozo dos rendimentos decorrentes da "exploitation", quando o mundo muda, ficam sem pé... e procuram artifícios para sobreviverem, não por causa do seu relacionamento com os clientes, não por causa do valor criado, mas por causa redução de custos.

sábado, janeiro 16, 2010

Oportunismo Estratégico


Em Julho de 2007 escrevi... antes desabafei, sobre a falta, sobre a escassez de jongleurs nas organizações.
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Um jongleur é alguém que consegue balancear o curto-prazo com o longo prazo, uma tarefa muito difícil, pois, o presente, o imediato, é um atractor que suga,
que puxa os recursos e, sobretudo, as atenções.
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Hoje, no comboio, descubro este artigo de Daniel Isenberg na HBR em 1987 "The Tactics of Strategic Opportunism":
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"These words express what I call “strategic opportunism”: the ability to remain focused on long-term objectives while staying flexible enough to solve day-to-day problems and recognize new opportunities. In several studies of senior executives, I have discovered that effective managers strike this balance.
...
Failing to think strategically has a price, of course, as the communications executive acknowledged: “Sometimes I feel like a rhinoceros who doesn’t see well and whose power of concentration is terrible; he charges at something that’s a long way off, then forgets where he’s going and stops to eat grass.” On the other hand, managers who concern themselves only with charging at long-term goals may overlook something promising—or threatening—lurking somewhere in the grass along the way.

The challenge for senior managers, then, is to maintain both flexibility and direction. "

segunda-feira, julho 16, 2007

Jongleurs

Uma das principais dificuldades com que me deparo nas organizações, ao facilitar projectos de transformação estratégica, é a quase incapacidade de muitos gestores para, qual jongleur, lidar em simultâneo com as exigências do curto-prazo e com os requisitos do futuro.


Assim, foi com uma sensação de "deja vu" que encontrei o livro "A empresa negligenciada" de Jorge A. Vasconcellos e Sá, de onde retirei o seguinte extracto:



"Ou seja, para além de gerir a empresa do presente, um gestor tem igualmente de gerir a empresa do futuro.

A vida de um gestor consiste pois em gerir duas empresas em simultâneo: a presente e a futura. Se ele se limitar a gerir a presente (e não a futura), a sua empresa em breve se tornará obsoleta por via da alteração das condições de mercado em que está inserida. Se ele gerir apenas a futura (e negligenciar a presente) a empresa nunca chegará a atingir esse futuro. Ficará pelo caminho.

Sendo assim, a competitividade de uma empresa depende de uma boa gestão de curto prazo (a empresa do presente) e da introdução de saltos qualitativos (a empresa do futuro).

sexta-feira, outubro 31, 2008

Exemplo de balanced scorecard (parte V)

Continuado daqui: parte I; parte II; parte III e parte IV
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Ficámos aqui: um mapa da estratégia, um balanced scorecard (BSC) e um conjunto de projectos de transformação (iniciativas estratégicas).
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Consideremos um exemplo de mapa da estratégia:
Isolemos um objectivo estratégico:Consideremos os indicadores estratégicos (parte do BSC) associados ao objectivo estratégico:Isolemos o indicador “I.2.1. Tempo de paragem” (Ver aqui) Há muitos motivos para ocorrerem paragens, quais os principais motivos de paragem? Usando o diagrama de Pareto temos a resposta:Em que:
A – tempo de paragem por avaria;
B – tempo de paragem por falta de matéria-prima;
C – tempo de paragem por falta de operador;
D – tempo de paragem por problema burocrático com as encomendas;
E – tempo de paragem por causa de set-ups (mudanças e afinações);
F – tempo de paragem por outros motivos.
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Assim, se queremos reduzir o tempo de paragem e melhorar o desempenho, o melhor investimento é atacar o tempo de paragem por avaria, pois só esse motivo representa sozinho cerca de 42% de todas as paragens em tempo.
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Se voltarmos ao pensamento sistémico, devemos olhar para o tempo de paragem por avaria não como um happening, um acontecimento excepcional, mas como o produto natural, perfeitamente normal do comportamento do sistema que é a empresa.
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O comportamento é, por sua vez, o resultado natural das estruturas sistémicas que existem no sistema e conspiram para que o desempenho actual seja o que é (1750h/mês) e não o desempenho futuro desejado (900h/mês) (linguagem exemplificada aqui e aqui).
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Assim, temos de identificar as estruturas sistémicas que estão a actuar no sistema, enquanto não o fizermos seremos apenas como os políticos, atacaremos os sintomas e maquilharemos o superficial sem nunca ir às causas.Enquanto não partirmos estes ciclos não passaremos da aplicação do penso-rápido.
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Como já escrevi nesta série, gosto de utilizar algumas ferramentas do pensamento sistémico para desenhar os planos de acção, ou seja, as iniciativas estratégicas. Nesta série de postais ( parte a; parte b; parte c; parte d) exemplifico como uso a S-CRT (strategic-current reality tree), a S-FRT (strategic-future reality tree) e a transition tree para chegar ao plano de acçção, o documento que determina quem faz o quê até quando (algo que aprendi com o grande Dettmer nos seus livros “Strategic Navigation” e “Breaking the Constraints to World-Class Performance”).
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O plano de acção é ‘mágico’ no sentido em que vai ser o que operacionaliza os vectores estratégicos definidos teoricamente, em acções concretas no terreno, enquanto o plano de acção não for para a prática ser implementado, todo o trabalho desenvolvido até aqui, apesar de bonito e reconfortante intelectualmente não passa de conversa de café, ou pior, de treta de consultor.
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OK! Avançamos então para o terreno com meia-dúzia de iniciativas estratégicas:Numa empresa com gestores a sério, o desafio da transformação e gestão estratégica converte-se na gestão dessa meia-dúzia de projectos.
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Se atentarmos na minha definição preferida, a definição de sistema de gestão dada pela ISO 9000:2005, "Sistema para o estabelecimento da política e dos objectivos e para a concretização desses objectivos"
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O sistema de gestão mais ‘lean’ é o sistema de gestão que se materializa num portfolio de projectos em sintonia com uma estratégia (política) para concretizar objectivos, tudo o resto é secundário.
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Assim, numa empresa com gestores a sério, a monitorização, o acompanhamento das iniciativas estratégicas (projectos), promove a transformação da empresa no sentido certo. A monitorização (repito: com gestores a sério e sobretudo com mulheres – a atenção dispersa é fundamental, e os homens têm mais lacunas – precisamos de gestores jongleurs) assegura que se controla e actua sobre o conjunto: quem faz o quê até quando.
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O que é um projecto? A ISO 9000:2005 define projecto como: “projecto = processo único que consiste num conjunto de actividades coordenadas e controladas, com datas de início e de fim, realizadas para atingir um objectivo em conformidade com requisitos específicos, incluíndo limitações de tempo, custos e recursos.”
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Ou seja, enquanto o projecto está em curso, as actividades são objecto de controlo. Quando o projecto acaba, celebra-se o sucesso e…
… apaga-se a luz.Ao apagar-se a luz… um fenómeno terrível ocorre com demasiada frequência:As velhas práticas, uma vez desligados os holofotes e afastado o acompanhamento, têm tendência a regressar gritando qual Arnold Terminator:
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“I’ll be bacK!!!” .
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As velhas práticas têm tendência a regressar porque ao longo dos anos, as rotinas, as práticas estabelecidas, a memória institucional, foram desenhado e criando os carreiros que se vêem na figura acima. È mais fácil seguir pelo carreiro, pelo leito clássico, do que seguir por caminhos novos (não há muitas vezes vontade deliberada das pessoas em voltar às velhas práticas é a força do sistema que as encaminha para isso).
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Como evitar perder esta batalha?
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Aqui, entra em campo uma ferramenta que aprendi com a ISO 9001:2000 e sobretudo com Rummler e Brache, uma ferramenta que a malta da qualidade (ainda ontem a um jantar, contaram-me o caso de uma organização certificada que identificou e designou como processos os edifícios físicos que a compunham… go figure!!! As certificações estão mesmo pelas ruas da amargura) não percebe na sua essência profunda e por isso não sabe aproveitar o tesouro que têm à mão. IMHO nem Kaplan nem Norton ainda chegaram aqui, mas andam cada vez mais perto.
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Estou a falar da abordagem por processos para modelar o funcionamento das organizações e fazer a ponte da estratégia até às actividades, às pessoas e às funções.
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A ISO 9000:2005 define processo como: “processo = conjunto de actividades interrelacionadas e interactuantes que transformam entradas em saídas;”
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Os projectos são transientes, têm uma duração limitada! Os processos são permanentes!!!
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Assim, podemos aproveitar os processos para ancorar as mudanças trazidas pelos projectos em algo permanente. Como? As actividades incluídas nos projectos vão transformar, modificar, as actividades que compõem os processos!!! (ver a página 17 deste artigo)
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Como os processos são permanentes e estão sujeitos a auditorias e a monitorização operacional… ehehe, assegura-se o controlo da manutenção das mudanças.
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Este postal procura relacionar processos, iniciativas e objectivos estratégicos.
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Definimos uma estratégia, traduzimos essa estratégia em objectivos, convertemos essa estratégia em indicadores e desafios de desempenho, determinamos como executar a estratégia através de projectos de transformação e do uso da abordagem por processos para modelar o funcionamento das organizações. OK, vamos a caminho do futuro desejado
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Ooppss!!!!!
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Afinal o caminho para o futuro não é uma linha recta! No próximo episódio desta saga vamos abordar a monitorização, a tomada de decisões e o uso de dashboards.
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Continua.

quarta-feira, maio 24, 2023

Fora do mainstream

Este postal foi escrito antes de ter publicado Consultor de empresas versus consultor do governo. Por isso, alguns links são repetidos em dias seguidos.

Há vários anos li James March sobre exploitation versus exploration, (recordo de 2008, Jongleurs (parte II) ), sobre a necessidade das empresas serem ambidestras. Lidar bem com as duas caixas na base da figura:

Agora leiam um pouco do mainstream sobre os salários baixos. No Sábado passado no Dinheiro Vivo podia ler-se em "Um país viciado em salários baixos":
"posso também afirmar que o nosso país é viciado em salários baixos. [Moi ici: Acho a afirmação incorrecta e injusta. As empresas no terreno só fazem o que lhes permitem fazer, se não fazem mais é porque não são obrigadas a isso, se não fazem mais é porque não sabem] Estamos todos acomodados a níveis de remuneração ridículos face ao potencial de criação de riqueza: as empresas estão acomodadas, [Moi ici: As empresas, como os outros seres vivos, estão sujeitas às pressões evolutivas, um bailado entre os factores internos e externos. Recordo, a economia é uma continuação da biologia. Se as condições externas o permitirem, podemos encontrar "crocodilos" que já existiam antes dos dinossauros e ainda cá estão, se as condições externas o permitirem as empresas não sentem pressão para evoluir, praticam exploitation e nenhuma exploration.] o Estado idem aspas e os trabalhadores também.
...
A verdade é que com o nível atual de criação de riqueza a margem para aumentar os salários é diminuta. 
...
A solução não passa por aumentar salários à custa dos lucros de hoje - até porque ninguém nos garante que esses lucros se mantenham no futuro. O desafio passa por aumentar de forma sustentável a geração de riqueza, aproveitando todo o potencial que possuímos. E isso não se consegue com decretos (do governo), greves (dos sindicatos) e oportunismo (das empresas).
...
Consegue-se, sim, com mais produtividade dos serviços públicos e maior competitividade das empresas. [Moi ici: A maior contribuição do Estado para o aumento da produtividade, e esta é uma opinião completamente fora do mainstream, passaria pelo fim dos apoios estúpidos que se limitam a subsidiar os custos de operação de empresas que de outra forma morreriam. Por exemplo, quando uma empresa recebe um apoio por dar formação aos seus trabalhadores essa formação na maioria das vezes é para apoiar a estrutura de custos da empresa. Há outros apoios ainda mais estúpidos, "No país do Chapeleiro Louco". A maior contribuição do Estado seria "deixar as empresas morrer". Claro que deixar as empresas morrer pressupõe criar as condições para que outro tipo de empresas apareça, aquilo a que chamo a receita irlandesa. Não criar estas condições e pressionar as empresas existentes a subirem para níveos de produtividade que nunca conseguirão atingir é suicídio tipico da mentalidade socialista]
...
Por outro lado, às empresas pede-se que sejam mais eficazes, acrescentando mais valor aos produtos e serviços que vendem, [Moi ici: Não esqueçam esta frase acabada de sublinhar. Olhem primeiro para a figura abaixo. Acham que conseguimos dar o salto que é preciso, na produtividade agregada do país, acrescentando mais valor aos produtos e serviços que já vendemos? Reparem neste título "Subida de salários superior à produtividade retira competitividade às empresas" retirado da capa do semanário Vida Económica da passada semana (imagem abaixo). Acham que o sector do calçado não tem trabalhado para acrescentar mais valor aos produtos e serviços que vendem? Claro que o têm feito e bem, não sei se alguém conseguiria fazer melhor. Agora pensem no preço máximo que estariam dispostos a dar por um par de sapatos de couro? E aí chegamos ao tecto de vidro da produtividade portuguesa. De vidro porque ninguém fala dele, não faz parte do mainstream. O problema não são as empresas que já existem e que dão o seu melhor para lidar com o ambiente. O problema são os mastins de Baskerville!!! O problema são as empresas que faltam, que não estão presentes no mercado. O problema são as empresas que se seguem na pirâmide dos Flying Geese não estarem por cá] assegurando níveis de produtividade que tirem partido efetivo da evolução tecnológica e, last but not least, adotando estratégias de marketing que conduzam à criação de marcas internacionalmente fortes."


 

Em Depois do hype: O mastim dos Baskerville! recordo as palavras de Ferreira do Amaral ... como é possível?

A sério, gostava que alguém fizesse um traçado com uma corda oferecida por Ariadne que mostrasse como é que com as empresas existentes seria possível fazer a transição.

BTW, como é que começam os bons livros sobre "pricing"? O preço não tem nada a ver com os custos, mas com o valor para o cliente-alvo.

Uma empresa em particular tem de pensar: quem são os meus clientes-alvo? O que é valor para eles? Quanto é que estão dispostos a pagar pela entrega dos meios que permitem ao cliente criar e percepcionar esse valor na sua vida? Qual é a dimensão potencial do mercado? Esse preço e esse volume sustentam que tipo de empresa e com que dimensão?

quarta-feira, maio 20, 2015

E quando o "é meter código nisso" vier subverter o seu modelo de negócio? Mete uma providência cautelar?

Na sequência de "Microgestão, jongleurs, bilhar e convite" onde escrevi:
"Imaginem um fabricante de palmilhas, muito certinho, muito eficiente, confiante no casulo da sua pacata rotina de conforto, sempre acreditando que no dia seguinte o queijo lá estará à sua espera.
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Agora, imaginem um novo player a entrar no mercado e a seguir a máxima deste blogue "é meter código nisso"..."
Encontrei um artigo sobre o tema e com uma perspectiva muito interessante, "Break your product into new markets by raising the price". O autor começa por recordar o famoso livro "O Dilema do Inovador" e, a lição de como fazer frente a eventuais disruptores na base do mercado. Depois, a coisa torna-se muito mais atraente:
"today, more and more companies are learning the hard way that a competitor that caters to the high-end of the market could upend them. Disruption is coming from all sides, not just the bottom. The challenge is to innovate toward the middle, but you can start from anywhere.
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Honeywell experienced this firsthand when Nest’s Learning Thermostat arrived on the scene in 2011. The massive conglomerate had done exactly what Christensen advised: they catered to the low-end of the market by selling $30 thermostats. But what they didn’t anticipate was that a beautifully designed, high-end model - priced eight times higher than their product - would beat them at their own game. [Moi ici: O mesmo fenómeno que aconteceu com o mercado dos aspiradores, "98 anos eliminados em 18 meses ao dobro do preço"] ...
starting at the top provides an advantage that low-end disruption lacks: it allows you to imbue your brand with aspiration."
A quantos e quantos produtores poderá acontecer este choque contra a parede de uma nova realidade?
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A quantos poderá acontecer surgir um concorrente novo, completamente out-of-the-blue, com um produto com um design superior e com código imbuído? Código que permitirá toda uma nova constelação de parcerias.
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Será que vão praticar o desporto nacional das providências cautelares?
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Não esqueça o nosso convite:
Inscrição.

quinta-feira, dezembro 29, 2011

Cuide do seu queijo

"Most companies I know have been running pretty hard lately. And, like the White Rabbit in Alice in Wonderland, many feel that the faster they go, the behinder they get."
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O famoso Red Queen effect que mata as empresas através da anorexia.
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Quem está entre a manada tem de correr mais sob pena de não ter ração para viver mais um dia, como todos correm mais ou menos juntos, quanto mais um corre mais os outros correm também... até ao esgotamento, quando já não há músculo e é só osso. Nessa altura ficam apenas aqueles que desde o princípio estavam destinados a vencer, não pela sorte mas pela análise fria dos números, como Cornuallis.
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Cornuallis tinha um exército mais experiente, mais disciplinado, mais bem armado e mais numeroso. Ganhou enquanto os revolucionários lutaram seguindo as mesmas regras... começou a perder e perdeu a guerra da independência quando os revolucionários mudaram as regras do jogo.
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"Especially after the last few years, when chasing business has sometimes been frantic, this is a good moment to stand back and ask yourself some hard questions. One of them might be: What's most important now: growth or consolidation?"
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Um das mensagens que continuo a considerar válida, ano após ano, é: impaciente com os lucros e paciente com a quota de mercado, com o volume. É uma vacina contra a comoditização e uma forma de apostar constantemente na subida na escala de valor potencial.
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Talvez 2012, com o choque que o meio abiótico vai proporcionar às empresas, seja um bom ano para reflectir sobre quem tirou o meu queijo:
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"1. Poor strategic focus.
When you take any business you can find, it's easy to discover that your positioning is now way off course–or non-existent." (Moi ici: Em que é que são bons? Em que é que se podem especializar e fazer a diferença? O que é que os apaixona?)
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"2. Bad customers.
Not all customers are equal. Some are demanding and that helps you become better at your job. But others are demanding just for the sake of it. They Drain your time, attention, and patience, and, in essence, they take far more than they will ever pay for. Pure pursuit of revenue says that you have to keep pleasing them. A more analytic approach would highlight the degree to which some customers are unprofitable and therefore need to be fired."  (Moi ici: Quem são os clientes-alvo? Talvez a pergunta mais vezes colocada neste blogue e nas empresas com que contacto. As empresas deviam ser "obrigadas" a fazer as suas curvas de Stobachoff para terem umas surpresas e descobrirem formas simples de aumentarem o lucro)
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"3. Expensive footprint.
It's tempting to take business wherever you can find it. But a very broad geographical spread can cost you a fortune in time and travel. While it may look as though that customer on the other coast takes just a day's work, in reality getting there takes one day and getting back takes another. Does the income justify that expense?"  (Moi ici: Ghemawat em "World 3.0" visualiza como isto é importante. As relações comerciais são sobretudo com os "vizinhos", a importância da proximidade. Mais perto mais flexibilidade, mais relação e menos probabilidade do preço ser o order winner)
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"4. Valuable time.
Many businesses fall into what I call the revenue/time trap. They are so busy chasing cash that they don't have the time to sit down and invest the time and resources required to develop new products or new markets. Impulsive and energetic, they work hard but never attain momentum." (Moi ici: Aquilo a que chamo drenagem do presente, motivo pelo qual falo não de uma empresa mas de 4 em simultâneo e como isso requer jongleurs nas empresas)

domingo, agosto 12, 2007

Jongleurs (parte II)

O tema não é novo neste blog.

O equilibrio entre o futuro e o presente.

Uma empresa bem sucedida hoje, se se concentrar integralmente na rentabilização da exploração do que existe, mais tarde ou mais cedo vai caír na armadilha da impreparação para enfrentar o futuro, quando as condições mudam, quando o ambiente económico muda.

Nas deambulações do meu esforço de auto-didactismo, para perceber melhor o mundo económico com que as organizações se deparam encontrei este artigo, já com quase 15 anos, "EXPLORATION AND EXPLOITATION IN ORGANIZATIONAL LEARNING" de JAMES G. MARCH, uma cópia pode ser encontrada aqui.

Um excerto, só para aguçar o apetite:

"Exploration includes things captured by terms such as search, variation, risk taking, experimentation, play, flexibility, discovery, innovation. Exploitation includes such things as refinement, choice, production, efficiency, selection, implementation, execution. Adaptive systems that engage in exploration to the exclusion of exploitation are likely to find that they suffer the costs of experimentation without gaining many of its benefits. They exhibit too many undeveloped new ideas and too little distinctive competence. Conversely, systems that engage in exploitation to the exclusion of exploration are likely to find themselves trapped in suboptimal stable equilibria. As a result, maintaining an appropriate balance between exploration and exploitation is a primary factor in system survival and prosperity."
aa
"Both exploration and exploitation are essential for organizations, but they compete for scarce resources. As a result, organizations make explicit and implicit choices between the two."
bb
"Compared to returns from exploitation, returns from exploration are systematically less certain, more remote in time, and organizationally more distant from the locus of action and adaption. What is good in the long run is not always good in the short run. What is good at a particular historical moment is not always good at another time. What is good for one part of an organization is not always good for another part. What is good for an organization is not always good for a larger social system of which it is a part."
cc
Quando existe uma pressão exagerada sobre a administração de uma empresa, para obter lucros e rentabilidades exageradas, é fácil esquecer o futuro (exploration) e concentrar tudo no presente (exploitation).

sexta-feira, maio 10, 2019

"stay focused on the future"

"How many balls can you keep in the air at one time? Some business leaders are better jugglers than others, but everyone has their breaking point—or, rather, their dropping point.
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Juggling priorities is a challenge for every business owner. You’re overwhelmed with business development and all the things you need to do to attract and retain customers. Whether you’re a solopreneur, salesperson, or CEO of a small business, you feel the constant push/pull between prospecting, working with existing customers, managing social media, and staying in touch with everyone (which can seem like an unending task).
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I know it’s tricky to take your head out of the weeds long enough to work on the business when you’re so busy working in your business.  The problem is, if you don’t make the time, you won’t have a business.
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Whatever you decide for your business, stay focused on the future.
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As the CEO, you’re the futurist of your business, and the product of a futurist’s work is foresight."
Recordar "Jongleurs" - Precisam-se (parte II)"

Trecho retirado de "Small Business Owners: The Future Is Your Responsibility"

terça-feira, maio 19, 2015

Microgestão, jongleurs, bilhar e convite

Isto também pode passar por um outro convite, será a parte IV. No entanto, é mais do que isso.
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Na semana passada assisti a uma apresentação sobre o luxo. A certa altura perguntava-se porque é que tão poucas empresas  portuguesas, apesar de trabalharem tão bem o produto, arriscam tentar o mercado do neo-luxo. Uma das justificações avançadas, passou pela concentração do gerente na resolução dos problemas das operações, na microgestão das situações.
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É a pele que não chegou e é preciso pressionar o fornecedor, é a produção que é preciso re-planear para dar um jeito a um cliente mais insistente na redução de um prazo de entrega, é o pessoal que faltou na embalagem e, é preciso ir ajudar a embalar os sapatos nas caixas.
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Muitas vezes, a gerência das PME está tão concentrada no sucesso do negócio de hoje, que não tem tempo para pensar no que é que pode acontecer fora da fábrica, com potencial para dar cabo do negócio actual. O José Silva do Norteamos, das últimas vezes que estivemos juntos, alertou-me para o seu receio de que o modelo em que está a assentar o sucesso das PME do Norte, possa ser derrubado com uma nova crise financeira, mais forte do que a anterior e mais cedo do que se julga.
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Normalmente o gerente de uma PME não faz bem o papel de jongleur:
Conjugando, como um jogador profissional de bilhar, o equilíbrio de trabalhar várias empresas em simultâneo. A actual, que tem de dar dinheiro hoje, a do futuro, que dará o dinheiro de amanhã, e a da transição, e a ...
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Muitos gerentes de PME acreditam que se forem muito certinhos no que fazem, os clientes ficarão satisfeitos e continuarão a assegurar negócio no futuro. Verdade, até deixar de ser verdade.
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Imaginem um fabricante de palmilhas, muito certinho, muito eficiente, confiante no casulo da sua pacata rotina de conforto, sempre acreditando que no dia seguinte o queijo lá estará à sua espera.
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Agora, imaginem um novo player a entrar no mercado e a seguir a máxima deste blogue "é meter código nisso"...
"Perhaps the most compelling new feature SOLS is working on involves adding sensors to its in-soles, to truly make shoes “smarter.”
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Schouwenburg expects to start integrating sensors into her products “within the scope of a year.
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Sensors could be useful in rehabilitation, for instance allowing doctors to monitor a patient’s walking gate to learn more about their injury and help avoid the risk of further damage
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For consumers, a data stream from their shoes could give them feedback on their posture or balance, for instance telling a golfer how good their swing is. “It’s not just counting calories but stance, and looking at how you’re running,”""
Se se barricar a porta, para que um novo modelo de negócio não entre por ela, ele acaba por entrar pela janela, ou pela chaminé.
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Não se julgue que o problema é português, basta atentar em "Work on Your Business, Not in Your Business":
"The problem is we spent all our time working in the business and not working on it.
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all the time you are spending doing jobs that other people could be doing is time that you are not running your business. When you get bogged down in simple details that your employees could be working on, you are not being an effective leader.
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You are responsible for setting goals and thinking about the future. The only person in your company who will be genuinely motivated to grow your company is you. Every minute that you spend working on tasks that can be delegated is a minute that you are not planning, strategizing and building the best business possible."
E voltando ao luxo, pode-se produzir muito bem mas o luxo é mais do que o tangível. O luxo é sobretudo a constelação de histórias que acompanham algo e dão um substracto de intangibilidade

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Parte V - conversas estratégicas, crenças e estórias

Continuado daqui: Parte I, Parte II, Parte III e Parte IV.
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Ainda não é desta que remato esta série com "Zapatero e os outros"
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Ao fazer uma pesquisa bibliográfica na biblioteca cá do nosso estaminé encontrei mais algumas referências que me ajudam a contextualizar e a ilustrar a importância das conversas estratégicas nas organizações.
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No livro "Levers of Control" de Robert Simons, o autor identifica 4 alavancas fundamentais para influenciar o desempenho de uma organização. A primeira alavanca assenta num sistema de crenças:
"During the formative stages of most organizations, frequent interaction among participants keeps the organization's purpose clear. As organizatins grow and mature, however, defining and communicating a unified purpose becomes both more important and more difficult.
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A belief system is the explicit set of organizational definitions that senior managers communicate formally and reinforce systematically to provide basic values, purpose, and direction for the organization.
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A formal belief system is created and communicated through such documents as credos, mission statements, and statements of purpose. ... Belief systems attempt to convey information about core values: how the organization creates value, the level of performance desired, and how individuals are expected to manage relationships both internally and externally.
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The primary purpose of a belief system is to inspire and guide organizational search and discovery. When problems arise in implementing strategy, a beliefs system helps participants to determine the types of problems to tackle and the solutions to search for. More important, in the absence of problems, belief systems motivate individuals to search for new ways of creating value."
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Aquele "inspire and guide organizational search and discovery" faz logo pensar no exploit and explore (de March: Jongleurs (parte II)) e nas adaptative business landscapes (de Ghemawatt e Kaufman: Relações).
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Só se pode ter um sistema de crenças se se dedicar tempo à sua pesquisa, reflexão, definição, divulgação e melhoria.
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Algumas peças que devem fazer parte de um sistema de crenças:
  • quem são os clientes-alvo;
  • qual a proposta de valor que lhes vamos oferecer;
  • por que é que os clientes-alvo nos vão escolher;
  • como é que nos devemos organizar internamente para criar um modelo de funcionamento do negócio que conjugue as alíneas anteriores num todo harmonioso e sustentado.

domingo, janeiro 04, 2009

O mundo não é assim tão plano

Pedro Arroja, no blogue Portugal Contemporâneo, há dias recordou David Ricardo e o seu princípio da vantagem comparativa (aqui: um especulador de bolsa).
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Hoje (aqui: texteis mais baratos) volta ao mesmo tema, certamente no âmbito da sua luta pelo estado corporativo (algo que contraria a sua visão Cath avessa a explicações gerais do mundo, tão ao gosto Prot, pois a visão macro-económica não lhe permite confiar nos anónimos individuais da micro-economia).
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Só que na minha opinião nós já estamos num outro paradigma. Vivemos num mundo hipercompetitivo em que a oferta excede a procura, e vivemos num mundo em que as pequenas empresas flexíveis que apostam nos intangíveis dão cartas e conseguem viver lado a lado com os gigantes que ainda vão aplicando as vantagens da escala que remontam ao tempo de Ricardo (acho simplesmente divinal recordar o que se escrevia há quatro anos sobre a indústria do calçado (aqui) e a resposta eloquente que a microeconomia anónima deu, como ainda ontem recordamos (aqui: É tão bom ser refém)).
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Recordando Schumpeter, recordando 'The Red Queen Effect', e recordando artigos como "Schumpeter's Ghost: Is Hypercompetition Making the Best of Times Shorter?":
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(“The pursuit of sustainable advantage has long been the focus of strategy.”
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“sustained competitive advantage is the most influential mechanism for explaining the persistence of superior economic performance.”
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“… persistent superior economic performance is the result of cycles of entrepreneurial innovation and imitation that create a continuing disequilibrium where some firms can achieve persistence of performance although it will be eventually eroded.”
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“The results presented … provide evidence that periods of sustained competitive advantage, as evidenced by its consequence, superior economic performance, have been growing shorter over time. To answer the question in the title, this is evidence that Schumpeter’s ghost has indeed appeared in the form of hypercompetition.”)
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Recordando Beinhocker acerca das estratégias:
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"“Likewise, we cannot say any single strategy in the Prisioner’s Dilemma ecology was a winner. .
Lindgren’s model showed that once in a while, a particular strategy would rise up, dominate the game for a while, have its day in the sun, and then inevitably be brought down by some innovative competitor. Sometimes, several strategies shared the limelight, battling for “market share” control of the game board, and then an outsider would come in and bring them all down. During other periods, two strategies working as a symbiotic pair would rise up together – but then if one got into trouble, both collapsed.”

“We discovered that there is no one best strategy; rather, the evolutionary process creates an ecosystem of strategies – an ecosystem that changes over time in Schumpeterian gales of creative destruction.”
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Recordando Bruce Chew em “The Geometry of Competition”: (“Most competitors don’t have a competitive advantage”)
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Assim, a lógica de David Ricard hoje está ultrapassada, ao entrarmos num mundo em que a oferta é superior à procura, entrámos num mundo em que a economia de escala (o preço) deixou de ser o único factor decisivo para a competitividade, entramos num mundo em que para gerir e liderar uma empresa é preciso considerar os factores intangíveis, os parâmetros não-financeiros de um negócio e, é um mundo em que existem n hipóteses, n combinações distintas para o sucesso.
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No tempo de Ricardo, a estratégia vencedora, a estratégia dominante (“its day in the sun”) era a estratégia imperial (a mesma que levou os romanos à humilhação em Canas), nela os vencedores no mundo económico são os que conseguiram ocupar uma posição vantajosa na paisagem competitiva, posição essa que lhes permite obter retornos superiores e trucidar a concorrência.
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Só que nos dias de hoje a paisagem competitiva também se move a uma velocidade superior, e aquilo que era verdade ontem amanhã é mentira, daí que Kauffman fale em paisagem adaptativa e Ghemawatt em business landscape (aqui: Relações (3/5)), daí que James March tenha escrito sobre a necessidade das empresas explorarem (exploitation) o que têm, mas não contarem com o ovo no cú da galinha, e explorarem (exploration) as oportunidades de negócio do futuro (aqui: Jongleurs (parte II)).
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Assim, nada garante a um detentor de uma vantagem competitiva hoje, que a continuará a ter no futuro.
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O nosso mundo económico é cada vez mais um planeta Mongo (aqui: A cauda longa e o planeta Mongo e aqui: Afinal o mundo não é assim tão plano) onde não existem estratégias únicas vencedoras.
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As ideias de Ricardo, aplicadas a países (acreditando na sua homogeneidade), estão tão ultrapassadas quanto as ideias das empresas que continuam a gerir a sua actividade comercial por áreas geográficas, tratando os clientes com rótulos genéricos como a "miudagem" sem aplicar o conceito de cliente-alvo e proposta de valor (são as mesmas ideias que as dos macro-economistas de Bruxelas que só percebem de guerras de confronto e manobras de Lanchester (aqui: Martelar modelos "hard" para explicar a realidade e aqui: Martelar modelos "hard" para explicar a realidade (parte II) ))
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Para estratégias imperiais nada melhor que a Blitzkrieg.