"Por que é que as empresas portuguesas não são competitivas com o exterior?"
A pergunta com que começou o Think Tank de ontem. Aqui vai a minha contribuição.
As empresas portuguesas são competitivas com o exterior!!!
Não é essa a vossa percepção? Basta olhar para as estatísticas do INE.
Então, que se passa? Por que não é essa a vossa percepção?
Vamos à biologia buscar um exemplo.
Os crocodilos apareceram primeiro que os dinossauros. Os dinossauros apareceram e desapareceram... os crocodilos continuam.
As empresas portuguesas são competitivas nos nichos onde maioritariamente têm competido. E continuarão a sê-lo até que o contexto abiótico o permita, e/ou até que concorrentes igualmente bem sucedidos tomem conta do nicho. Por que é que tanta gente tem a percepção que não são competitivas?
Porque é um nicho pouco sexy! O valor acrescentado não é muito elevado, mas é um nicho que se tem mantido estável. Como os humanos são satisficers, não maximizers, a maioria fica abrigada no nicho. Recordar o relatório publicado recentemente: "
Portugal não irá crescer se continuar a “exportar ‘mais do mesmo’”"
Um factor abiótico que pode pôr em causa este status-quo vem relatado no JdN de ontem em "
Falta de pessoal e efeito dominó nas contratações sobem salários". Se não fosse a importação de mão-de-obra barata para a indústria, ao estilo de Odemira, esta seria uma das melhores notícias para a economia portuguesa no longo prazo, não para os empresários portugueses. Imaginem que não há "
Odemiras" (não há bofetadas).
Os custos salariais sobem porque aumenta a concorrência pelas pessoas e pelo talento existente. Recordo que somos uma população a esvaír-se numa hemorragia demográfica (pirãmide etária e emigração. Recordar o que escrevi
sobre os Figos). Maiores custos implicam que as empresas têm de ser capazes de os suportar. Por isso, ou sobem na escala de valor, ou aumentam a eficiência (sobem na escala do volume)... ou morrem. O que acontece a uma economia em que estas empresas morrem?
""It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled."Mas, e como isto é profundo:"In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants." Por favor voltar a trás e reler esta última afirmação."
Claro que esta é uma evolução perigosa para o poder, sempre mancomunado com incumbentes.
Claro que esta é uma postura perigosa para um consultor num mundo de instalados que ficam ofendidos com uma opinião excêntrica.
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