Espero que isto seja um bom sinal.
Pode ser falha minha, quase de certeza que é falha minha, mas não me lembro de mais alguém ter referido isto nos media:
"O Governo quer reduzir a taxa normal de IRC dos atuais 21% para 15% em 2027, ao ritmo de dois pontos percentuais por ano. É a velocidade possível, considera Vitor Bento. "Será o ritmo que provavelmente se considera que é politicamente exequível. Percebo que, politicamente, a redução do IRC traz um benefício imediato às empresas grandes e isso socialmente pode criar algum constrangimento", diz. O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) constata que "é sempre muito falado que a queda do IRC vai beneficiar as grandes empresas" e admite que a ideia é em parte verdadeira, mas sublinha que a queda do imposto sobre o lucro "é importante, acima de tudo, para as grandes empresas, que não há", porque "é essa redução que poderá permitir e estimular a criação de grandes empresas". E o país precisa de companhias de grande dimensão, defende: "São as grandes empresas que podem ter maior produtividade e podem pagar maiores salários". A queda do imposto tem efeitos em "toda a cadeia de prosperidade, com mais criação de valor, mais lucros, maiores salários". Além disso, pode levar a "sediar em Portugal empresas que hoje poderão ir para o estrangeiro", assim como incentivar as empresas que queiram crescer a fazê-lo. Vitor Bento entende que o país tem não apenas taxas de IRC muito elevadas, mas "uma série de alcavalas, de derramas que são progressivas, o que significa que estão a taxar o capital, porque a taxa cresce com o volume dos lucros, e o volume dos lucros cresce com o capital aplicado. Isto é um elemento desincentivador da acumulação de capital, da produtividade e da subida de salários", atira o presidente da APB."
Aquele "para as grandes empresas, que não há" é, nem mais nem menos, aquilo a que neste blogue há anos é metaforicamente chamado de "os mastins dos Baskerville". Muitos políticos (por exemplo, foi desesperante o tema nunca aparecer como argumento aquando desta troca de retórica “Descida do IRC é injusta”), académicos e paineleiros crucificam as empresas existentes, quando o que devia chamar a atenção, o que devia entrar pelos olhos adentro é o silêncio das empresas ausentes:
- Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte V) ou melhor, os mastins dos Baskerville ao vivo e a cores. (Setembro de 2024)
- Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte III) (Agosto de 2024)
- “Descida do IRC é injusta” (Julho de 2024)
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- Depois do hype: O mastim dos Baskerville! (Junho de 2022)
- Empresários e escolaridade ou signaling (Janeiro de 2022)
- A receita irlandesa (Setembro de 2020)