quarta-feira, setembro 18, 2024

"empresas que não há" - espero que seja um bom sinal

Espero que isto seja um bom sinal.

Pode ser falha minha, quase de certeza que é falha minha, mas não me lembro de mais alguém ter referido isto nos media:

"O Governo quer reduzir a taxa normal de IRC dos atuais 21% para 15% em 2027, ao ritmo de dois pontos percentuais por ano. É a velocidade possível, considera Vitor Bento. "Será o ritmo que provavelmente se considera que é politicamente exequível. Percebo que, politicamente, a redução do IRC traz um benefício imediato às empresas grandes e isso socialmente pode criar algum constrangimento", diz. O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) constata que "é sempre muito falado que a queda do IRC vai beneficiar as grandes empresas" e admite que a ideia é em parte verdadeira, mas sublinha que a queda do imposto sobre o lucro "é importante, acima de tudo, para as grandes empresas, que não há", porque "é essa redução que poderá permitir e estimular a criação de grandes empresas". E o país precisa de companhias de grande dimensão, defende: "São as grandes empresas que podem ter maior produtividade e podem pagar maiores salários". A queda do imposto tem efeitos em "toda a cadeia de prosperidade, com mais criação de valor, mais lucros, maiores salários". Além disso, pode levar a "sediar em Portugal empresas que hoje poderão ir para o estrangeiro", assim como incentivar as empresas que queiram crescer a fazê-lo. Vitor Bento entende que o país tem não apenas taxas de IRC muito elevadas, mas "uma série de alcavalas, de derramas que são progressivas, o que significa que estão a taxar o capital, porque a taxa cresce com o volume dos lucros, e o volume dos lucros cresce com o capital aplicado. Isto é um elemento desincentivador da acumulação de capital, da produtividade e da subida de salários", atira o presidente da APB."

Aquele "para as grandes empresas, que não há" é, nem mais nem menos, aquilo a que neste blogue há anos é metaforicamente chamado de "os mastins dos Baskerville". Muitos políticos (por exemplo, foi desesperante o tema nunca aparecer como argumento aquando desta troca de retórica “Descida do IRC é injusta”), académicos e paineleiros crucificam as empresas existentes, quando o que devia chamar a atenção, o que devia entrar pelos olhos adentro é o silêncio das empresas ausentes:

Trecho retirado do JdN de ontem numa entrevista com Vítor Bento.

terça-feira, setembro 17, 2024

Curiosidade do dia

Há 3 dias no Expresso online, "Projeto de lítio da Galp e Northvolt inicia licenciamento ambiental: investimento de €1100 milhões cria mais de 350 empregos diretos"

Hoje no FT, "Swedish PM rules out government rescue of troubled Northvolt".

Imagino na Suécia os Pedros Nunos, Sizas Vieiras e outros submarinos no PSD lá do sítio a pedir dinheiro dos saxões para salvar a empresa "estratégica".

Já o primeiro ministro sueco disse:

 "There is no question of the Swedish state going in and becoming a shareholder. Right now, the ball is in the court of Northvolt's shareholders."


BTW, saúdo João Galamba por ter tido coragem de fazer um mea-culpa relativamente ao hidrogénio. Não é todos os dias que se vê um político com coragem para o fazer. Cravinho, ou Siza Vieira ainda hoje continuam a defender as SCUTS e a nacionalização da Efacec.

Como dar este salto? (parte I)

Considerem esta situação:

Como dar este salto?
Fico impressionado com a quantidade de vezes que vejo esta resposta:
Esperar que tudo corra pelo melhor. Se já conseguimos 60% num mês em particular, se tivermos cuidado conseguimos.

Outra abordagem não é melhor:
Dar vários tiros no escuro e esperar que algum resulte.

Recuo a 2007 e aos monumentos à treta para recordar outro tipo de abordagem. Em vez de avaliar o desempenho pelo cumprimento de um desafio, foge-se de avaliar o desempenho com base em resultados que não se podem controlar e apenas se mede a execução de actividades que se podem controlar, independentemente do seu real impacte no desempenho. 

Como dar este salto?

Continua.






segunda-feira, setembro 16, 2024

Curiosidade do dia

Na "Curiosidade do dia" do passado dia 28 de Agosto sublinhei:

"Sindicato diz que polícias estão "escandalizados" depois de terem visto os seus recibos de vencimento já com os aumentos no suplemento de risco. Descontos levam 50%, garante.

...

“De um recibo de vencimento total de cerca de 400 euros, em média, os polícias estão a receber entre 200 e 250 euros, mediante a sua antiguidade e posição hierárquica. Ou seja, sensivelmente cerca de 50% do que está a ser pago está a ser novamente devolvido ao Governo por via de impostos“, critica o dirigente sindical,"

No dia 29 de Agosto li:

"A anterior presidente da Câmara de Setúbal percorreu mais de 200 mil km no seu automóvel particular, ao serviço da autarquia, entre 2013 e 2021, o que equivale a dois mil km por mês. A utilização de veículos pessoais implicava à época o pagamento pelo município de 0,36 euros por quilómetro e era (é) permitida por lei apenas "a título excepcional, e em casos de comprovado interesse dos serviços"," [Moi ici: Quanto desconta?]

No dia 30 de Agosto li:

"Pedro Nuno Santos recebeu €203 mil em subsídio de deslocação, apesar de ter casa em Lisboa  

Declarou ao Parlamento uma morada a 285 km e recebeu abonos muito mais elevados. "São João da Madeira era o centro da minha vida pessoal, familiar, social e política", justifica à SÁBADO. Mas assume que era em Lisboa que morava durante os trabalhos parlamentares. Em média, recebeu €1.800 por mês só em abonos durante nove anos. Outros deputados foram investigados pelo MP, mas acabou tudo arquivado." [Moi ici: Quanto desconta?]

Lembrei-me de uma anedota sobre os ministros das Obras Públicas da Roménia, da URSS e da Hungria que li num livro fabuloso chamado "Humor que Veio do Frio". Ao estilo dos finais de filmes de M. Night Shyamalan, no final da anedota o ministro romeno responde aos outros dois com um "Ora não está!" (no sentido de não existe) e esmaga-os de inveja com a astúcia demonstrada.

BTW, quanto é que estes subsídios pagam de imposto?

Ora aí está.


Portanto, em vez de pedirem aumento de salários as pessoas têm de começar a pedir aumento das ajudas de custo ou invenção de novas ajudas de custo

Ver para lá do que se conhece (parte V)


"When someone loses part of a leg, a prosthetic can make it easier to get around. But most prosthetics are static, cumbersome, and hard to move. A new neural interface connects a bionic limb to nerve endings in the thigh, allowing the limb to be controlled by the brain. The new device, described in a report in Nature Medicine, could help people with lower-leg amputations feel as if their prosthesis is part of them.

...

Getting the neural interface hooked up to a prosthetic takes two steps. First, patients undergo surgery. Following a lower-leg amputation, portions of shin and calf muscle still remain. The operation connects shin muscle, which contracts to make the ankle flex upward, to calf muscle, which counteracts this movement. The prosthetic can also be fitted at this point. Reattaching the remnants of these muscles can enable the prosthetic to move more dynamically. It can also reduce phantom limb pain, and patients are less likely to trip and fall.

...

In step two, surface electrodes measure nerve activity from the brain to the calf and shin muscles, indicating an intention to move the lower leg. A small computer in the bionic leg decodes those nerve signals and moves the leg accordingly, allowing the patient to move the limb more naturally."

Uma ilustração do que é a destruição criativa a funcionar. Não se pode dizer que não avisámos.

Parte Iparte II, parte III e parte IV.

Trechos retirados de MIT Technology Review, September/October 2024 

domingo, setembro 15, 2024

Curiosidade do dia

 


Brandir o grito de "falha de mercado" para manter o status quo...

Receio que se seja a versão tuga do Relatório Draghi. É preciso salvar os incumbentes porque não sabem ou não querem adaptar-se à alteração da realidade.

Regresso a Schumpeter

A Argentina ilustra o que acontece quando se retorna a alguma sanidade.

Portugal, o país das TAPs e das Efacecs, o país onde ...
"... faltou sempre o dinheiro que o "Portugal profundo" preferiu gastar na "ajuda" a "empresas em situação económica difícil"..."
Portugal, o país onde deixar as empresas morrer é tabu. Na sequência de:
Regresso a Schumpeter:
"Capitalism, then, is by nature a form or method of economic change and not only never is but never can be stationary. And this evolutionary character of the capitalist process is not merely due to the fact that economic life goes on in a social and natural environment which changes and by its change alters the data of economic action; this fact is important and these changes (wars, revolutions and so on) often condition industrial change, but they are not its prime movers. Nor is this evolutionary character due to a quasi-automatic increase in population and capital or to the vagaries of monetary systems of which exactly the same thing holds true. The fundamental impulse that sets and keeps the capitalist engine in motion comes from the new consumers' goods, the new methods of production or transportation, the new markets, the new forms of industrial organization that capitalist enterprise creates."

 Interessante que a tabela que referi em Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte V) ou melhor, os mastins dos Baskerville ao vivo e a cores. vem originalmente desta publicação, com o interessante nome de "EU INNOVATION POLICY - HOW TO ESCAPE THE MIDDLE TECHNOLOGY TRAP", agora é relacionar com o título do último relatório do Banco Mundial e referido em Europe, aka red tape paradise (parte II).


sábado, setembro 14, 2024

Curiosidade do dia

O "deep state tuga" está cada vez mais receoso que o proximo orçamento não seja aprovado. "Orçamento em duodécimos é desaconselhável pela incerteza económica".

Pobre Pedro Nuno Santos, de infiltrado do bloco no PS a muleta do orçamento do PSD. A vida dá cada volta.


Europe, aka red tape paradise (parte II)

Li na diagonal este "World Development Report 2024 - THE MIDDLE-INCOME TRAP" e fiquei logo com a ideia de que aquilo que se escreve para os "middle-income countries" também se pode aplicar à Europa quando se faz a comparação da evolução da produtividade na Europa e nos Estado Unidos. Quando escrevi na Parte I a referência à destruição criativa ainda não visto este relatório.

A destruição criativa desempenha um papel crucial no aumento da produtividade, como enfatizado no World Development Report 2024. O relatório destaca que as forças da criação (inovação e entrada de novas empresas) e da destruição (o desaparecimento de empresas e tecnologias obsoletas) são motores essenciais do crescimento económico e da melhoria da produtividade. A teoria schumpeteriana, que sustenta esta ideia, defende que o avanço tecnológico contínuo e a concorrência entre novos participantes e incumbentes empurram a economia para mais perto da fronteira tecnológica.

Por exemplo, os novos players introduzem inovações, frequentemente substituindo incumbentes, o que leva a um aumento global da produtividade ao fomentar a concorrência. Curiosamente, os incumbentes também podem contribuir para a destruição criativa ao actualizar as suas próprias tecnologias e processos, melhorando a produtividade sem necessariamente serem eliminados. Esta dupla contribuição, tanto de novos players como de incumbentes, é fundamental para manter um ambiente económico dinâmico e competitivo.

Agora, a parte irónica: os países enfrentam desafios para tirar pleno partido da destruição criativa. Porquê? Porque as forças da "preservação" – leia-se, os incumbentes bem instalados e as barreiras regulamentares – geralmente sufocam os benefícios da destruição criativa. E aqui é que entra o verdadeiro golpe de mestre dos governos, que dizem estar a ajudar a economia. Subsidiam os incumbentes, aquelas empresas que já estão há séculos no mercado e que supostamente são os "pilares" da economia. Quem não recorda a treta dos campeões nacionais. Mas o que estão realmente a fazer? Promovem a estagnação e, claro, o empobrecimento. Ajudam a manter vivas empresas ineficientes, enquanto bloqueiam novas ideias e inovações que poderiam dinamizar o mercado. No fundo, medidas que reduzam as barreiras de entrada, fomentem a concorrência e permitam que as empresas ineficientes falhem são a verdadeira chave para desbloquear os ganhos de produtividade, mas parece que isso não faz parte da agenda​.

São anos a escrever aqui:

sexta-feira, setembro 13, 2024

Curiosidade do dia

Uma vez participei numa reunião de condomínio em que se decidia a necessidade de cada condómino entrar com mais de 3 mil euros para umas obras urgentes no telhado. Alguns condóminos diziam que não tinham dinheiro para a obra, outros que estavam a sofrer com infiltrações, ameaçavam o condomínio com um processo. A certa altura a representante da empresa que geria o condomínio tomou a palavra e agiu como o adulto na sala:

- Ser dono de uma casa implica custos, quem não os pode pagar, se calhar tem de equacionar deixar de ser proprietário.

Lembrei-me desta cena ao pensar na reacção das organizações empresariais acerca do aumento do salário mínimo.

O Carlos Cruz capaz de fazer esta relação não é o mesmo que escrevia neste blogue em 2021. A teoria dos Flying Geese mudou a minha visão da economia para sempre. E já agora estou farto de bofetadas de short-term people e de "kits produtividade", talvez eu esteja a chegar à fase de Cavaco após esta reunião.

Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte V) ou melhor, os mastins dos Baskerville ao vivo e a cores.

Esta noite tive oportunidade de ouvir a primeira hora do programa Contracorrente de ontem na rádio Observador sobre o tema "Draghi, a Europa e um destino: "Uma longa agonia"".

A certa altura (minuto 30,5) Paulo Ferreira cita este quadro da parte B do relatório Draghi:

Este quadro ilustra um tema que refiro recorrentemente aqui no blogue:
Quando no quadro acima se olha para 2022 e se comparam os sectores económicos dos EUA e da UE o que se nota? A ausência das empresas tecnológicas na UE... é a este tipo de ausência, mas em Portugal, que chamo metaforicamente "os mastins dos Baskerville". A "culpa" não é das empresas presentes, a culpa é do que está por trás da ausência das outras empresas, das empresas inexistentes.



quinta-feira, setembro 12, 2024

Curiosidade do dia

Deixa-me adaptar a frase:

“There are decades where nothing happens; and there are years where decades happen.”

Primeiro um disclaimer:

As Mittelstand são mais importantes para a Alemanha do que as VWs, BMWs et al. Já o escrevi aqui no blogue mais do que uma vez. A diferença é que as Mittelstand são muito mais pequenas, estão nas zonas menos densamente povoadas e menos sujeitas a flutuações de preços e procura

Hoje no FT no artigo "Abu Dhabi closes in on German group that helped invent chemistry":

"at the heart of Abu Dhabi oil group Adnoc's effort to seal Europe's biggest takeover deal this year.

The target, Covestro, is a jewel of German industry. Spun out of pharma-to-chemicals conglomerate Bayer in 2015, its Leverkusen headquarters sit in the industrial heartland of North RhineWestphalia"

No mesmo artigo encontro um apanhado recente:

"Foreign takeovers of German companies, such as the 2016 purchase of robotics group Kuka by China appliance maker Midea, and US-based Carrier's acquisition last year of family-owned Viessmann's heat pump business, have sparked concern in Berlin about the fate of the country's industrial edge." 

Na capa do WSJ de hoje:

"Volkswagen is going through its deepest crisis in years. So is Germany. And that's no coincidence.

While the carmaker's travails are exposing missteps, they also show how Germany's economic model is struggling to keep up with a changing world. Fixing these problems will require changes both for the carmaker and one of the world's largest economies.

...

"VW is to Germany what Nokia was to Finland or Samsung is to South Korea... There's a scenario where that sector will shrink significantly and replacing those jobs with equally well-paid jobs will not be easy," said Dirk Schumacher, Europe economist at Natixis.

According to economists and analysts, Germany's economic malaise and VW's crisis have joint roots: heavy reliance on China, high costs, and an eroding technological leadership. 

Recuo ao meu mágico ano de 2008 e a um texto de Beinhocker:

“Likewise, we cannot say any single strategy in the Prisioner’s Dilemma ecology was a winner. .

Lindgren’s model showed that once in a while, a particular strategy would rise up, dominate the game for a while, have its day in the sun, and then inevitably be brought down by some innovative competitor. Sometimes, several strategies shared the limelight, battling for “market share” control of the game board, and then an outsider would come in and bring them all down. During other periods, two strategies working as a symbiotic pair would rise up together – but then if one got into trouble, both collapsed.”

We discovered that there is no one best strategy; rather, the evolutionary process creates an ecosystem of strategies – an ecosystem that changes over time in Schumpeterian gales of creative destruction.” 

Suspeito que muitos problemas decorrem de não aceitarmos a destruição criativa e encarar o futuro com mais optimismo... algo difícil num continente cada vez mais transformado num hospício geriátrico, crente que os imigrantes vão pagar os direitos adquiridos sem uma revolta.

Exportações - primeiros 7 meses de 2024



Portugal exportou bens no valor de quase 48 mil milhões de euros no primeiro semestre, uma subida de 2,3%, o que equivale a mais de 102 milhões de euros do que em igual período de 2023.

De salientar o grande salto nas exportações de produtos farmacêuticos. Num mês, exportou-se quase tanto quanto nos seis meses anteriores. Julgo que isto tem a ver com entregas semestrais para mercados exóticos. Nos primeiros cinco meses as exportações caíam mais de 10% face ao valor homólogo, nos primeiros seis meses já cresciam 3,9%, e agora estão a crescer mais de 75% em termos homólogos. 

O mês de Julho traz uma melhoria acentuada do panorama exportador. O número de céluas verdes continua sem alteração, mas a quantidade de setas a apontar para cima cresceu muito. Claro que as exportações automóveis, como têm um peso muito grande, e tiveram uma evolução negativa, mancham os resultados.

As exportações de calçado e têxteis continuam negativas mas parece que o pior já passou. 

quarta-feira, setembro 11, 2024

Curiosidade do dia

O Think Tank desta semana tem intervenções muito boas de Jorge Marrão.

A certa altura Jorge marrão dá o exemplo, como uma metáfora, de uma empresa que está mal e os sindicatos, para ajudar, pedem aumentos de salários.

Sorri... mão amiga enviou-me isto ontem à noite, "VW-Sparpläne treffen auch Zulieferer":

"While the misery at Volkswagen is making waves and probably not only affecting the group itself, IG Metall believes it can help with a 4-day week and wage demands."

Nota: Acompanho a crítica de Marrão à politica da redistribuição, mas ao contrário dele não vejo futuro para o país. PS e PSD são adeptos da redistribuição. IL não tem coragem para carregar uma moto-serra, está mais interessada em crescer eleitoralmente. 


Fake vs Real

Fui buscar o livro "Authenticity" de Gilmore e Pine à estante para procurar a figura 6.1 The Real/Fake Matrix:

Encontrei uns bons pontos sobre o tema aqui, "Authenticity".

Já agora para os que querem ser tudo para todos:
"TP: Doesn't that make it impossible for a business to figure out how to render itself authentic?
JP: No, but it is difficult. You just have to realize that you may be able to render authenticity for some of the people all the time, maybe all of the people some of the time, but never all of the people all of the time."

Recordei este tema ao ler "Feeding the algorithm" de Seth Godin:

"Feeding the algorithm works when you’re the only one doing it. It works when you seek to fit right into the middle of the lane. And it works if you’re willing to outfeed everyone else–at least until the algorithm changes.

...

The alternative is to be uncomfortable. To create remarkable work and leave scale to others. To figure out how to show up in a way that is generous and distinctive, and to refuse the bait that others take when they decide that feeding the algorithm is their best option."

terça-feira, setembro 10, 2024

Curiosidade do dia

"To meet the objectives laid out in this report, a minimum annual additional investment of EUR 750 to 800 billion is needed, based on the latest Commission estimates, corresponding to 4.4-4.7% of EU GDP in 2023. For comparison, investment under the Marshall Plan between 1948-51 was equivalent to 1-2% of EU GDP."

Sei que sou um cínico, por isso, não consigo deixar ver em Draghi uma espécie de António Costa e Silva europeu:


É preciso salvar as Efacec's europeias.

BTW, Draghi quer mesmo dizer 800 bilhões? O DN refere 800 mil milhões.


Trecho inicial retirado do relatório Draghi. 

Europe, aka red tape paradise

"Before selling a single bra in the EU, the Italian lingerie maker Yamamay will soon have to provide a wealth of data on what it will be made of, who will make it and what it will cost the planet.

Production of the company's popular underwear ranges used to start with a sketch to get the aesthetics right before finding the fabric. "Nowadays it's the opposite," says Barbara Cimmino, Yamamay's head of corporate social responsibility. "We have had to totally change the way we work."

...

This is partly driven by Yamamay's own sustainability agenda - but it will soon be mandatory in order to comply with a new regulation governing the sustainable design of products, agreed by Brussels this year and due to be fully implemented in the late 2020s.

"It is very, very difficult," Cimmino says.

The driver of this increased paperwork is the EU's sprawling Green Deal climate law of which the ecodesign regulation is a part. Announced in 2019, the Green Deal aims to drive the EU to net zero emissions by 2050 and rewire the bloc's economy from one that is driven by consumption to one based on recycling, reuse and longevity.

But it has also turned out to be a bureaucratic machine that has spawned reams of legislation that businesses across the EU are struggling to implement, or even understand.

...

The incoming legislation has implications for sectors across the EU, but they are particularly acute for the 197,000 companies that make up the bloc's textile industry.

With 1.3mn employees, the industry is the world's second-biggest exporter of clothes and textiles by value after China. Before 2019, the sector was not heavily regulated but will soon be subject to 16 new pieces of primary legislation under the Green Deal, governing everything from microplastics to financial reporting.

Businesses, particularly large companies, will be expected to gather and report data on water use, energy consumption, labour conditions, waste, chemical use and emissions throughout much of their supply chain.

...

The sustainability agenda means "a good 5 to 7 per cent extra cost," Crespi says, "which at the moment we are never able to turn to the market".

...

In a study, the consultancy SB+CO found that many large companies were willing to risk fines rather than comply during the uncertain early years of the regulations, in order to avoid incurring "expensive advisory fees" and sucking time out of the business.

...

The challenge is even harder for the 89 per cent of businesses in the textile industry that are microenterprises, with scant resources to hire consultants, make significant changes or even gather data.

"An entrepreneur can spend nine to 16 hours processing administrative requests from local authorities... That is taking a lot of productive time away from their schedule," says Véronique Willems, secretary-general of the trade group SMEunited.

Although SMEs are largely exempt from many of the regulations, they are affected "de facto because they are part of value chains", Willems adds. Cimmino says Yamamay "for sure" has had to drop suppliers that cannot meet the requirements.

Many of Euratex's member companies are "concerned that producing in Europe is still uncompetitive", Scalia says. One executive puts it more bluntly: "People are panicking like crazy."  [Moi ici: Já ouviram os empresários têxteis portugueses falarem sobre isto? Talvez na véspera da entrada das obrigações em vigor]

...

"Over-regulation places significant additional costs on businesses, proving unsustainable for SMEs and inadvertently favouring non-European companies that are not bound by the same stringent rules," his report, published in April, said.

...

In the meantime, Euratex's Scalia warns, textile companies will seek cost efficiencies, which portends a possible wave of consolidation in the industry. For companies managing day to day, "it's difficult to process all this information ... it's overwhelming, he says. "The commission has put a lot of meat on the grill, more than anyone could possibly eat.""

Recordar:

E se recuarmos a 2007 neste blogue e àslições de Maliranta com base na experiênca finlandesa:
"As creative destruction is shown to be an important element of economic growth, there is definitely a case for public policy to support this process, or at least avoid disturbing it without good reason. Competition in product markets is important. Subsidies, on the other hand, may insulate low productivity plants and firms from healthy market selection, and curb incentives for improving their productivity performance. Business failures, plant shutdowns and layoffs are the unavoidable byproducts of economic development."

O meu lado cínico imagina logo a indústria dos “can I go to the bank” a engendrar estas coisas, quando era mais certeiro deixar morrer e remover obstáculos. Assim, uns iluminados pretenderão substituir-se ao mercado e vai simplesmente deixar dívida que terá de ser paga.

No FT de 09.09.2024 em "Europe's red tape problem".

segunda-feira, setembro 09, 2024

Curiosidade do dia

Há dias escrevi aqui:
"No país das contas certas, com 90% do orçamento dedicado a salários e pensões não dá para mais, mas ao menos podia haver alguém que se importasse, que não ficasse só por picar o cartão, que levantasse a cabeça e pensasse.

É pedir muito..."

Esta manhã na estação de comboios de Valadares parei para tirar esta foto. 

Quem olha pelo espaço público?

Quantos mais meses passarão até que alguém decida cortar aquelas ervas? Já nem espero que alguma vez o grafiti seja apagado da parede da casota-abrigo.

Esta mensagem subreptícia diária de desprezo pelo espaço comum é medonha.

O fim da fábrica do mundo


Recordar este postal recente onde:
"Factory workers that source to Shein typically get paid between Rmb7,000 ($982) and Rmb12,000 a month, depending on how many clothes they finish."
E fixar aquela mensagem final do vídeo sobre o aumento de inflação expectável. 

O que julgo que falta é considerar o impacte da evolução da tecnologia e a democratização da produção no  perfil da produção que emergirá após o colapso demográfico da China.

domingo, setembro 08, 2024

Curiosidade do dia

"O número de pessoas empregadas em Portugal já ultrapassou os 5,1 milhões de profissionais, um valor histórico para o país. No entanto, apesar dos valores históricos, em Portugal encontram-se profissionais com um baixo nível de qualificações.

Segundo dados da Randstad, 35,2% dos trabalhadores em Portugal apresentam o nível mais baixo de qualificações, ou seja, têm no máximo o ensino secundário obrigatório. Estes dados são o dobro da média europeia.

Entre os empregados, 34,2% são trabalhadores com qualificações do ensino superior, que apresentam uma taxa de emprego de 80,2%. Já no caso dos trabalhadores que apresentam apenas o ensino secundário a taxa de emprego situa-se nos 10,7 pontos abaixo.

No caso dos desempregados os trabalhadores que apresentam apenas o ensino secundário correspondem a 52,4%.

Isabel Roseiro, diretora de marketing da Randstad Portugal, afirma que "esta análise permite-nos retirar conclusões muito relevantes sobre a evolução do mercado. Regista-se uma perspetiva de crescimento muito positiva, mas há ainda uma fatia grande da população em idade ativa a quem a falta de formação dificulta muitas vezes a integração ou reintegração no mercado de trabalho"."

Por isso é que os imigrantes que chegam ao país são todos universitários.

Trecho retirado de "Portugal tem o dobro da média europeia de trabalhadores com baixas qualificações"

Um bom exercício

Um bom exercício para fazer numa empresa.
"If you were forced to increase your prices by 10x, what would you have to do to justify it?

What sort of brand looks and feels like something that expensive? What positioning would you take? How would the design of both the website and the product need to change?

What subset of your market would you have to target? Do they have different problems that need solving, or different needs? Would they consider the high price a positive, because it fulfills a need to be seen as someone who is successful, or because they feel “buying from the best” lowers the risk of their decision? What would you need to do for them to be able to display that badge? What sort of relationship would you want to cultivate with each customer? How would your business model change?

What expensive services might you need to supply? Human support? Infrastructure? Is it possible for those costs to be “only” 2x or 3x more than today, so that the net impact is massive profitability?

Often early startups charge too little, and established companies struggle to charge more to existing customers. Thinking about what could justify a massive hike, you might be able to do some of those things and justify at least 2x."

Responder a estas perguntas é um bom exercício porque força a empresa a pensar de forma estratégica sobre como agregar valor significativo ao seu produto ou serviço. Obriga uma empresa a sair da zona de conforto e a ter de imaginar como criar uma oferta de altíssimo valor. Isso abre espaço para inovações e melhorias, tanto no produto quanto na experiência do cliente. É um desafio à mentalidade do status-quo. 

Ao imaginar uma justificação para cobrar 10x mais, a empresa tem que repensar profundamente sua proposta de valor. Isso pode revelar oportunidades não exploradas para atender um segmento premium ou oferecer serviços diferenciados. Obriga a pensar em como o branding, o design e a imagem da empresa precisariam mudar para justificar um aumento tão significativo no preço ajuda a refinar a identidade da marca e a alinhar mais fortemente a percepção de valor.

Ao considerar que subsectores do mercado estariam dispostos a pagar um preço mais alto, a empresa pode identificar nichos mais lucrativos e descobrir maneiras de servi-los de forma mais eficaz.

A ideia de fornecer serviços mais caros e agregar valor permite que a empresa analise a relação custo-benefício e explore como aumentar a lucratividade sem aumentar os custos na mesma proporção. 


Trecho inicial retirado de "Extreme brainstorming questions to trigger new, better ideas"

sábado, setembro 07, 2024

Curiosidade do dia

Comparações.







Deixar dinheiro em cima da mesa

"When it first arrived as a luxury from East Asia, tea was an exotic drink reserved for royalty and aristocrats. But price, it seems, is no longer an indicator of a good brew. Asda's Everyday teabags, which cost only £1.20 for 80 bags, have been pronounced the nation's tastiest.

This was the result of a blind tasting competition organised by the consumer group Which? Seventy-nine "experienced and committed" tea drinkers judged products from some of the biggest brands, including PG Tips, Tetley and Twinings.

Asda's Everyday teabags got the highest overall score, at 72 per cent. Sixty-eight per cent judged the colour to be perfect, and 49 per cent found the flavour to be "just right". Of the ten brands tested, Twinings, which at £4.80 for 80 bags cost four times as much as the Asda offering, came last alongside Tesco Original Tea, with 67 per cent each. Overall, 60 per cent of tea tasters liked the colour and bitterness of Twinings, but fewer than half were satisfied with the strength of its flavour. Although two thirds of the panel enjoyed the bitterness of Tesco Original, 35 per cent said it was too dark and 34 per cent considered it not to be strong enough."

Quanto dinheiro é que os produtores do chá que entra na composição do "Asda's Everyday teabags" deixam em cima da mesa?

A culpa não é da Asda, a culpa é de quem não investe numa marca, ou não tem noção da qualidade do seu produto. Recordar a Raporal.

Trecho retirado de "Asda's 2p teabags make the best brew" publicado no jornal The Times de ontem. 

sexta-feira, setembro 06, 2024

Curiosidade do dia


 Palavras para quê?

O foco certo (parte IV)

Esta semana li num jornal qualquer que uma delegação de viticultores tinha ido a Belém pedir medidas ao presidente da república, e que este terá pressionado o secretário de Estado da Agricultura (também presente) para serem adoptadas medidas.

O infantilizador-mor da praça pública portuguesa sempre a cavar.

Entretanto, durante uma viagem de Alfa li:

“If you want tomorrow to look like yesterday, methodology will get you there.” —Peter Block

A declaração de Peter Block, “Se queres que o amanhã seja igual a ontem, a metodologia levar-te-á lá,” reflecte uma crítica à dependência de métodos e sistemas estabelecidos para criar resultados previsíveis e repetitivos, em vez de promover a mudança e a inovação. Ou seja, as abordagens convencionais muitas vezes reforçam práticas passadas, conduzindo a uma adaptação limitada ou à não exploração de novas possibilidades. Depois, os intervenientes admiram-se por obterem resultados semelhantes.

Esta semana tive oportunidade de ler "Rationality, Foolishness, and Adaptive Intelligence" de James G. March.

March critica a crença absoluta nas abordagens racionais e nos seus limites na tomada de decisões estratégicas. March concorda que as "tecnologias da racionalidade", embora possam ser eficazes em contextos simples e bem compreendidos, muitas vezes falham em ambientes mais complexos e exploratórios. 

"As complexity is increased and temporal and spatial perspectives are extended, returns (both of alternatives that are adopted and of those that are rejected) are likely to be misestimated by huge amounts. [...] There are many instances in which the use of a technology of rationality in a relatively complex situation has been described as leading to extraordinary, even catastrophic, failures."

"The poor record of rational technologies in complex situations has been obscured by conventional gambits of argumentation and interpretation."

Ele enfatiza a tensão entre exploitation (utilizar o que já sabemos) e exploration (procurar novas possibilidades). Metodologias racionais — baseadas em processos de decisão orientados por modelos e dados — são frequentemente ferramentas de exploração que reforçam sucessos passados, mas desencorajam a experimentação e a inovação.

Assim, Block e March chamam a atenção para que metodologias estabelecidas podem limitar a possibilidade de novos resultados transformadores, mantendo assim o "amanhã" idêntico ao "ontem". Depois, não nos podemos queixar... claro que podemos, desde que haja uns trouxas que assumam o prejuízo. Externalizar prejuízos deve ser tão bom!

Que incentivos terão os viticultores para mudarem de vida?


Parte Iparte II e parte III

quinta-feira, setembro 05, 2024

Curiosidade do dia

Os experts:

O anónimo pacóvio da província:

"Podem ter conversa, podem ter fanfarra, podem ter o apoio da comunicação social e do comentariado, mas quando chega a hora da verdade... os contribuintes incham e ninguém se retrata, ao menos podiam retratar-se, mas não, seguem para mais uma vitória eleitoral qualquer."

E pedir a estes "experts" para comentarem as suas ideias de então?

Isso é que era.

É impressionante ...

Há dias numa empresa, durante um intervalo de uma reunião, brincava com um sportinguista dizendo-lhe que o Rubén Amorim já estava a caminho do Benfica. Então, parei e perguntei-lhe com genuína curiosidade: e se as claques do Sporting não tivessem evitado Mourinho como treinador? Ele nunca teria ido para o Porto, ele nunca teria sido campeão europeu no Porto, o mundo da bola em Portugal teria sido muito diferente.

Agora penso no dia 16 de Outubro de 1978 e como o resultado dessa eleição mudou o mundo. O mundo teria sido bem diferente se Karol Wojtyla não tivesse sido eleito papa, se Karol Wojtyla tivesse morrido no atentado de 13 de Maio de 1981.

E se o tiro de Thomas Crooks tivesse acertado em Trump em Julho passado?

É impressionante como o presente pode ser tão diferente por causa de pequenos eventos. Dá que pensar ... em como milhões de futuros potenciais colapsam a cada momento. Será que colapsam mesmo?


quarta-feira, setembro 04, 2024

Curiosidade do dia

"As the midday sun blazed down on Panyu, a suburb in the southern city of Guangzhou, silence took hold. Just an hour earlier had been the sounds of trucks shuffling goods along roads still under construction and whirring sewing machines pumping out clothes.

The garment-making district labelled as "Shein village" for the central role it plays in making clothes sold on the fast-fashion platform — was resting. The workers had vanished underneath their stations before reappearing after a ritual lunchtime nap, common across Chinese workplaces from factory floors to office towers.

...

But going to the heartland of Shein's supply chain, it was clear that its low prices are in spite of, not because of, labour costs, which have been rising in China as the working-age population shrinks and young migrant workers shun factory jobs for the lower-paid service sector.

Factory workers that source to Shein typically get paid between Rmb7,000 ($982) and Rmb12,000 a month, depending on how many clothes they finish. By contrast, the average wage for other blue-collar workers in the area is between Rmb5,500 and Rmb6,500.

Part of the reason the clothes are cheap is, well, because they are cheap. One factory manager held up a baggy dress - probably destined for the US or UK — and joked she would never sell such low-quality clothes to a more discerning Chinese clientele. She says she uses cheaper fabrics for Shein orders than for Alibaba's Taobao, because the domestic platform gives more money to the factories to cover their costs.

Shein has also cut out expensive middlemen by shipping goods directly from warehouses in China to shoppers in the west - a model that also has the benefit of the great majority of its packages bypassing import duties."

"Shein manages supply chain deftly but labour costs are rising fast" no FT de 27.08.2024.

Filtar e priorizar objectivos

Há dias estava a olhar para o "Innovation Project Scorecard" da empresa Strategyzer e a pensar o quão útil poderá ser para, com pequenas alterações, servir de filtro e priorizar objectivos de um sistema de gestão, e respectivas iniciativas, que estejam mais alinhados com a estratégia da organização, garantindo que os recursos são direccionados para projectos que realmente suportam os objectivos globais. Evitando a dispersão de esforços em projectos que, apesar de inovadores, não contribuem significativamente para a direcção estratégica desejada.

Assegura o alinhamento estratégico - requisito das cláusulas 5.2 e 6.2.1.

Considera riscos e oportunidades - requisto das cláusulas 4.1, 4.2, 6.1.

Considera a ligação àctividades criticas, clientes-alvo e parceiros - requisito das cláusulas 4.4, 5.1.2, 4.2,  8.4 e 9.1.2.

Talvez incorporar algumas alíneas relacionadas com obrigações de conformidade, sustentabilidade e obrigação de mensurabilidade.

terça-feira, setembro 03, 2024

Curiosidade do dia

 Li:

""Seen this way, pronatalism is a Ponzi scheme," Merchant and Brown wrote. "It relies on new entrants to produce returns for earlier investors, with the burdens falling most heavily on women, who are responsible for the bulk of childbearing and child-rearing, often without adequate medical care or affordable child care.""

E pensei em fazer uma alteração ao texto:

"Seen this way, pro-immigration is a Ponzi scheme,". "It relies on new entrants to produce returns for earlier investors, with the burdens falling most heavily on immigrants, who are responsible for much of the labor and integration, often without adequate support or affordable services." 

Trecho inicial retirado de "Elon Musk and others urging people to have more kids are essentially calling for a Ponzi scheme, experts say". 

O foco certo (parte III)

"In his book The Icarus Paradox, Danny Miller, ... details how the greatest trigger for organizational failure is success. The most successful organizations start to oversimply processes; become proud, insular, and immune to feedback; and lack the motivation or resources to change. Once highly effective processes, organizations, and leaders start to fail when faced with new technologies and shifting market trends. Miller named this challenge the Icarus paradox, after the Greek god. Icarus became so enamored with the flight enabled by his wax wings that he flew too close to the sun, melting the wings and falling to his death.? Miller offers eye-opening examples of market leaders rising in the markets, becoming so enamored by their own success that they fail to take precautions and then falling swiftly down their S curves.

...

How do we know when we are at point A-the tipping point between success and failure, the point where we need to shift between what we've been doing for our past success and what we need to do for the future? When all is going well, there is no reason for us to believe that our upward trajectory will ever change. The trick, therefore, is to always believe that you are at point A, to constantly scan the horizon for the next curve, even while enjoying your current success."

O consumo de vinho a nível mundial está a cair.

A importação de vinho está a estes níveis.

E a CNA, e os produtores de vinho, com o locus de controlo no exterior, colocam no governo de turno a criação de uma solução (recordar a parte II).

Ontem estava a ver um vídeo no Youtube sobre como desentupir canetas Isograph, e num dos comentários alguém escreveu que já não usava essas canetas há muito tempo porque, entretanto, o desenho por computador passou a ser a norma.

Um velho tema neste blogue: resistir ou abraçar a mudança (versão de 2010).

Nem de propósito, este postal recente de Seth Godin, "Redefining a profession".

A importância do locus de controlo no interior, a adpatação proactiva à mudança, a associação da mudança a oportunidades. A alternativa é a estagnação e o empobrecimento.

E para terminar com a ideia de foco, outro postal recente de Seth Godin, "Write for someone" mas adpatado por mim:

It's so tempting to make wine for everyone.
But everyone isn't going to drink your wine, someone is.
Can you tell me who? Precisely?
What did they believe before they tasted your wine? What do they want, what do they fear? What has moved them to choose a wine in the past?
Name the people you're making wine for. Ignore everyone else.

Parte I e parte II.

Trecho retirado de "Both/and thinking : embracing creative tensions to solve your toughest problems" de Wendy K. Smith, Marianne W. Lewis.

segunda-feira, setembro 02, 2024

Curiosidade do dia

 

O foco certo (parte II)

Já vivo neste país há muitos anos, mas é impressionante como ainda me consigo surpreender com a mentalidade portuguesa. É sempre possível cavar mais um bocado.

Numa empresa liderada por gente com o locus de controlo no interior olha-se para o contexto interno e externo, consideram-se as necessidades e expectativas das principais partes interessadas e tomam-se decisões:
  • continuar como se tem continuado;
  • mudar de mercado;
  • mudar de clientes;
  • mudar de modelo de negócio;
  • fechar e aplicar os recursos noutra coisa.
Gente com um locus de controlo interno acredita que os resultados das suas acções dependem principalmente das suas próprias decisões, esforços e comportamentos, em vez de serem determinados por factores externos como sorte, destino ou a influência de outras pessoas. 

Gente com um locus de controlo interno tende a assumir a responsabilidade pelos seus sucessos e fracassos. Acreditam que as suas acções têm um impacte directo nos resultados. Isso motiva-as a trabalhar mais arduamente e a tomar decisões proactivas para alcançar os seus objectivos.

Gente com um locus de controlo interno sente-se confiante na sua capacidade de influenciar os acontecimentos que são a sua vida. Assumem-se como motoristas, não como passageiros. Há muitos anos, aqui no blogue, usei o termo "folhas levadas pela corrente". Não, não se comportam como folhas levadas pela corrente. Essa autoconfiança faz com que sejam mais resilientes perante os desafios, pois acreditam que podem superar obstáculos com esforço e determinação.

Gente com um locus de controlo interno define metas, planeia e toma iniciativas para alcançar o que deseja, em vez de esperar que as coisas aconteçam por si só ou por intermédio de um "papá".

Gente com um locus de controlo interno são menos propensas a se sentirem vítimas das circunstâncias e mais propensas a buscar soluções para os problemas.

Agora leio "CNA pede audiência urgente ao ministro da Agricultura sobre crise no vinho" e encontro o contrário, um hino ao locus de controlo no exterior:

A CNA pede uma audiência urgente ao ministro da Agricultura, argumentando que a situação "exige uma resposta eficaz do Ministério da Agricultura"​. Este pedido reflecte a expectativa de que uma entidade externa (o governo) tome medidas para resolver os problemas enfrentados pelos produtores, o que é um indicativo de locus de controlo externo.

Os pequenos e médios produtores estão em "situação de desespero" devido às ameaças dos grandes agentes da transformação e do comércio de não comprarem uvas. A confederação menciona que os viticultores são "forçados" a vender as uvas a preços de há 25 anos e a suportar "enormes custos de produção", sugerindo que os produtores sentem que não têm controlo sobre essas condições adversas​. O que querem que o governo faça? Obrigar os "agentes da transformação e do comércio a comprarem uvas"? Obrigar os preços a subirem? Doar dinheiro impostado aos saxões para salvar os viticultores e impedi-los de mudar de vida? O que impede os viticultores de mudarem de vida?

O artigo destaca o "crescente desequilíbrio de poder de mercado entre a produção, a transformação e o comércio", sempre em prejuízo dos pequenos e médios produtores. Este comentário aponta para a crença de que forças externas (o mercado e os seus agentes) são responsáveis pelas dificuldades enfrentadas, em vez de um foco nas possíveis acções internas que os produtores poderiam tomar para mitigar esses efeitos​.

A frase “os agricultores serão obrigados a entregar as uvas ao senhor ministro da Agricultura e ao Governo” é um exemplo de como a CNA coloca a solução do problema inteiramente nas mãos do governo, sugerindo que os agricultores não têm outras opções viáveis além de depender da intervenção governamental​.

Isto é simplesmente doentio. Dificilmente sairemos desta espiral de infantilização de produtores, jornalistas e leitores dos orgãos de comunicação social. Nem a Iniciativa Liberal se atreve a contrariar as CNA's desta vida. 

Quanto ao governo de turno, recordo o ditado: Quem se deita com crianças acorda mijado.

A falta que nos fazem mais suíços e canadianos.

BTW, o artigo começa com:
"Para os agricultores, a "dramática situação do setor" exige uma resposta eficaz do Ministério da Agricultura, não se compadecendo com "paliativos, adiamentos ou silêncios ensurdecedores"."
E paliativos e adiamentos é precisamente o que a CNA está a pedir.

domingo, setembro 01, 2024

Curiosidade do dia

 Ontem no Twitter:

Deixo aqui o link para o Decreto-Lei n.º 22 469, publicado em 11 de Abril de 1933. 



A cláusula van Hallen nas fábricas portuguesas (parte II)

“Red Rabbit” é um termo utilizado em algumas indústrias nos Estados Unidos, particularmente no contexto do controlo da qualidade e dos testes de segurança. Refere-se a um defeito ou anomalia introduzido deliberadamente, utilizado para testar a eficácia da capacidade de um sistema para detetar e responder a problemas.

O que é um “Red Rabbit”?

O principal objectivo de um teste Red Rabbit é avaliar o desempenho e a fiabilidade dos sistemas de inspecção, detecção ou segurança. Ao introduzir um defeito conhecido, a organização pode avaliar se o sistema consegue identificar e tratar corretamente o problema, garantindo que o sistema funcionará adequadamente em situações do mundo real.

Os testes Red Rabbit são normalmente utilizados em indústrias onde a segurança e a qualidade são críticas, como a indústria transformadora, aeroespacial, energia nuclear e farmacêutica. Por exemplo, na produção, uma peça defeituosa pode ser colocada intencionalmente numa linha de produção para verificar se o sistema de controlo da qualidade a sinaliza como defeituosa.

O “Red Rabbit” (o defeito conhecido) é introduzido no sistema e a resposta do sistema é monitorizada. O teste é considerado bem-sucedido se o sistema detectar o defeito como pretendido. Se o sistema não conseguir detectar o defeito, isso indica uma potencial fraqueza no processo de detecção que tem de ser resolvida.

Nunca tinha ouvido falar no termo Red Rabbit. No entanto, agora percebo que já o tinha sugerido na parte I.

"Entrega-se uma nota de 5 euros a quem a vier reclamar com base nesta ficha técnica!"

sábado, agosto 31, 2024

Curiosidade do dia

Enquanto o leilão eleitoral, utilizado por governo e oposição para competir pelo eleitorado, prossegue e se intensifica, a criação de riqueza decorre desta forma (títulos do ECO na última semana):

  • Dispensados 14 fornecedores de leite da marca Pingo Doce. (27.08)
  • Empresas insolventes sobem mais de 9% no primeiro semestre (26.08)
  • Aceleração da economia da Zona Euro adiada para o quarto trimestre (26.08)
  • Empresas portuguesas não deviam tanto à banca desde novembro de 2016 (23.08)
  • Endividamento da economia sobe 15,6 mil milhões de euros no primeiro semestre (23.08)
  • Mais de seis mil trabalhadores foram despedidos em julho em Portugal (23.08)
  • Número de trabalhadores em lay-off mais do que triplica em julho (20.08)
  • Atividade económica desacelera em junho e clima económico diminuiu em julho (20.08)
  • Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte IV)

    No final da parte III volto a insistir num conjunto de teclas que rotulo de  importantes e que costumo referir aqui no blogue sempre que falo em aumentar a produtividade do país:

    Entretanto, encontrei essas mesmas teclas no FT de 29.08.2024 no artigo "Japan must slay its start-up zombies".

    Sempre que penseo em empresas zombies penso num velho esquema que desenhei em 2008:
    Quando se baixa o peço do dinheiro (juros baixos, apoios e subsídios) reduz-se a exigência de rentabilidade, reduz-se o risco, reduz-se a taxa de mortalidade das empresas, mesmo quando não ganham dinheiro, ou seja ficam zombies.

    Se as empresas zombies não morrem, recursos escassos ficam agarrados a projectos condenados a rentabilidades medíocres. No agregado, é o país que não vê crescimento da produtividade. O crescimento da produtividade de um país precisa de "turbulência". Ou seja empresas morrem e libertam recursos para novas empresas.

    "In a courageous bit of cross-platform marketing, the chief executive of Japanese investment bank Nomura has begun appearing in adverts for the country's most aggressive online job-seeking platform, Bizreach.

    ...

    But the message underlying the adverts is unmistakable: corporate metabolism has resumed in Japan after a long dormancy. A system that once inefficiently hoarded human resources is now watching those self-deploy elsewhere. ...

    After decades of resource misallocation, risk-aversion and stagnancy, Japan's job market looks more liquid. Critically, it feels like an environment where start-ups can aspire to recruiting the nation's best people, say managers at venture capital funds.

    All this provides a strong tailwind for the Japanese government, which has invested a great deal of hope and funding into transforming the country's once anaemic start-up scene. It is, on one viewing, a grasp for panacea.

    The ambitions are charged with the faith that start-ups can drive GDP growth and productivity, rescue the country from a long-term innovative tailspin and channel its talent in the right — or at least less wrong - direction. It has a belated, even desperate feel to it, but start-ups now seem to be Japan's core industrial policy.

    ...

    Under heavy government pressure, Japan's three biggest banks have begun offering start-ups loans backed against current and future cash flow, breaking their entrepreneurialism crushing habit of only lending against hard collateral such as the property of a would-be start-up founder.

    ...

    Looming over this success is a coming moment when, if it wants the private sector to come in as a big investor in its start-up market, Japan must confront what it means to have a working capitalist metabolism. [Moi ici: E Portugal também, sabem o que é que isto significa? Deixem as empresas morrer!!!] After decades of holding the cost of money as low as it can go, the country has shown a high tolerance for zombies and a low tolerance for carnage. If private money is to flow, that won't work this time.

    A start-up-driven economy, [Moi ici: O Japão precisa de fazer a transição dolorosa para abandonar 40 anos de estagnação e aposta em start-ups. É o mesmo que Portugal precisa de fazer, mas como a Irlanda, como se ilustra na parte II, acredito que será mais rápido com investimento directo estrangeiro. Mas o ponto principal é que o Japão já percebeu que não é com as empresas actuais que dará o salto. Algo que é bem ilustrado pela figura dos "Flying Geese"] with lots of private investment, only works if participants and overseers accept that failure is as necessary a function of this metabolism as success. Investment in start-ups is driven by a promise of extraordinary returns, but that promise can only be kept if everyone is tested against a pressing threat of demise. For too long, Japan's deflationary economy and ultra-low interest rates meant that low profitability survival was a valid corporate option: that would never - and did neverbring in the VCs and risk capital.

    But Japan is now normalising, and there is a real sense that things are going to break.[Moi ici: Conseguem imaginar como seria ver isto em Portugal? Conseguem imaginar como o discurso do "Ajudem-me, sou um coitadinho, sou uma vítima de uns maus" começava a acabar em prol de um pouco português "keep a stiff upper lip" mas pragmático equacionar se a situação é estrutural ou conjuntural]  The problem with an industrial policy, for all the good intentions, is that it draws legitimacy from the pledge of long-term nurture. Japan will soon see if it has a taste for state-backed destruction."

    Imaginem uma conversa destas em Portugal... imaginem dizer ao filho de cinco anos:

    "- A actuação do vosso ano na Festa de Natal do jardim-escola foi uma valente porcaria!"

    Parte I, Parte II, Parte III e Parte IV.

    sexta-feira, agosto 30, 2024

    Curiosidade do dia

     Ontem, enquanto esperava na fila da bilheteira da CP na estação de Valadares, reparava nas paredes a descascar por causa da humidade e da falta de manutenção, falta de restauração, falta de cuidado.

    Recordar a Suíça e a praia da Madalena

    No país das contas certas, com 90% do orçamento dedicado a salários e pensões não dá para mais, mas ao menos podia haver alguém que se importasse, que não ficasse só por picar o cartão, que levantasse a cabeça e pensasse.

    É pedir muito...

    Um anónimo da província acha estranho

    No Jornal de Negócios do passado dia 20 de Agosto li o artigo "Calçado português vai dar "show" na Polónia e faz mira ao Médio Oriente":
    "Depois da Hungria e da Coreia do Sul, lança mais uma ofensiva em busca de novas oportunidades de negócio em mercados pouco tradicionais, tendo marcado para outubro um "Portuguese Shoes Showcase" na cidade polaca de Cracóvia. Seguir-se-ão os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita.
    ...
    Para a APICCAPS, a procura de novos mercados é uma prioridade num período conjunturalmente muito complexo, que exige das nossas empresas uma atitude comercial mais agressiva."

    De acordo com "O Calçado no Mundo - Panorama Estatístico 2023" o preço médio de um par de sapatos:

    • Exportado por Portugal - 27,99 USD
    • Importado pela Hungria - 11,50 USD
    • Importado pela Coreia do Sul - 15,62 USD
    • Importado pela Polónia - 15,60 USD
    • Importado pelos Emirados Árabes Unidos - 6,91 USD
    • Importado pela Arábia Saudita - 5,04 USD
    Vamos ao histórico:
    • Junho de 2024 - Sem palavras ... (comparar os preços de importação acima com o poster do postal)
    "Já a Universidade Católica do Porto através do seu Centro de Estudos, no âmbito do Plano Estratégico Cluster do Calçado 2030 alerta que "o esforço de promoção internacional, seja ao nível da indústria, seja ao nível individual, carece de foco geográfico"."

    "Para não concorrer pelo preço baixo, as fábricas portuguesas terão de assegurar encomendas de gama alta, moda e luxo, ou gamas específicas como o calçado técnico. Para isso, é fundamental ter capacidade de resposta a grandes encomendas. [Moi ici: Aqui o anónimo ignorante tem uma perspectiva oposta - Mais pequenas, preços muito mais altos, ligação directa aos consumidores.] O que, por sua vez, obriga a repensar a forma como se trabalha.

    Luís Onofre, presidente da Apicapps, já o disse, na recente entrevista ao PÚBLICO: muita gente vai ter de se mentalizar de que é preciso fazer menos coisas, mas melhores. O que se pode traduzir em menos segmento médio em que o preço baixo é o factor crítico, e apostar em fazer mais para os segmentos mais exigentes."

    Um anónimo da província acha estranho.