A propósito deste artigo "
Portugal em risco de ter eleições afetadas por 'fake news'", acredito que a descredibilização dos media tradicionais vai muito para além da política. Uma das razões, acredito, é a falta de atitude crítica das redacções para mediarem a mensagem. Assim, não passam de megafones ao serviço do emissor. A menos que tenham agenda política contra o emissor. Nesse caso, são sempre contra o emissor, sem explicarem racionalmente porquê.
Por exemplo, como é que se pode dizer isto:
"“A transparência da informação ficou no século passado. Hoje, [nas redes sociais] qualquer tipo de informação pode concorrer com informação verificada, como a da Lusa”,"
Como se a Lusa fosse independente, neutra e asséptica.
Por exemplo, em "
Mercados fora da Europa arrefecem exportações portuguesas" escreve-se:
"Num cenário de arrefecimento global, foram os parceiros europeus, com Espanha na liderança, quem acabou por suportar a subida das exportações, compensado as quedas de mercados como Angola e Brasil."
Depois, lê-se em "
Bruxelas revê em baixa crescimento português":
"As exportações portuguesas são na maioria para a Europa, podendo o abrandamento nestas economias ter reflexos em Portugal"
Ouvem ou lêem alguém nas redacções a comentar a previsão do governo de crescimento do PIB nos 2,2%, quando Bruxelas já fala em 1,7%?
Ouvem ou lêem alguém nas redacções a comentar a afirmação de Mourinho Felix:
"sublinhou, chamando a atenção para “uma alteração muito significativa: Portugal antes estava a crescer muito em linha com a área do euro e agora cresce acima da área do euro”, vincou."
Ouvem ou lêem alguém perguntar porque vamos, ou já fomos ultrapassados em PIB/capita pela Polónia?
Ouvem ou lêem alguém perguntar porque vamos a caminho da
Sildávia?
Talvez por isso, o canal de Camilo Lourenço tem cada vez mais espectadores em directo. 8 horas da manhã e tem sistematicamente mais de mil e cem pessoas em directo a ouvi-lo.