sexta-feira, junho 10, 2016

As exportações e os fragilistas

O actual governo tem cometido uma série de erros que estão a ter reflexos e continuarão a ter reflexos na economia nacional, sobretudo na que vive virada para o mercado interno. Em Outubro passado, ainda este governo não tinha tomado posse e já eu publicava esta "Curiosidade do dia" e criava este logo:

Esta semana foi a vez de ouvir César das Neves prever o mesmo.
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A principal crítica que faço a este governo é a de agir como um fragilista, alguém que acredita que o futuro não vai ter stress, não vai ter problemas e, por isso, avança sem acautelar como reagir ao que pode correr mal. A verdade é que shit really happens.
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Uma das linhas de defesa deste governo é a de que as exportações estão a correr mal e estão a correr mal porque as economias dos países para onde exportamos estão mal. Típico de um fragilista, culpar os outros:
"Os fragilistas partem do princípio que o pior não vai acontecer e, por isso, desenham planos que acabam por ser irrealistas ou pouco resilientes. Depois, quando as coisas acontecem, chega a hora de culpar os outros pelos problemas que não souberam prever, não quiseram prever, ou que ajudaram a criar."
O presidente ajuda à festa "Presidente da República diz que "não há milagres" nas exportações com mercados em crise":
""A situação internacional não está boa e quando não está boa nos países que são destino das exportações, não há como fazer aumentar as exportações. Se esses mercados estão em crise, e é o que todas as organizações internacionais dizem, vamos esperar que melhorem. São mercados importantes e tradicionais das nossas exportações, não há milagres aí", afirmou o Presidente da República."
Portugal em 2016, como nos outros anos, envia cerca de 80% das suas exportações para o interior da União Europeia. As exportações para a União Europeia estão a crescer quase 4% este ano.
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Como está a evoluir a economia da União Europeia?
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De onde vem a grande maioria dos turistas que nos visitam? Repitam todos comigo: Da União Europeia!
Será que viriam se os seus países estivessem mal?
Ou ainda, "Europa surpreende pela positiva" (por favor não mostrar ao presidente, para não lhe estragar o dia).
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Os jornais e jornalistas ao serviço da geringonça fazem o seu papel, espalhando a ideia de que o problema é dos outros:


As exportações caíram 2,5%? Sim, é verdade. No entanto, quando olho para os números, há uma realidade muito mais interessante que não consigo deixar de classificar como positiva. O que contrasta com os defensores do governo:
"O maior pessimismo nas exportações deve-se em parte a uma deterioração das condições externas, mas principalmente à expectativa de uma maior perda de quota de mercado internacional do que aquilo que era previsto."
A verdade é que estranhei a referência do Banco de Portugal a perda de quotas de mercado. Por isso, pesquisei o documento original. A única referência a quotas de mercado aparece neste contexto:
"Em 2017 e 2018, a evolução das exportações deverá estar aproximadamente em linha com as hipóteses para a procura externa de bens e serviços dirigida às empresas portuguesas, não se antecipando ganhos de quota de mercado significativos no conjunto dos dois anos."
A verdade é que Portugal mesmo agora não está a perder quota de mercado, está a ganhá-la em países muito exigentes em qualidade-preço-performance. Mesmo em Angola não é linear que esteja a perder quota de mercado.
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Se retirarmos da equação das exportações o petróleo, os automóveis e o ferro fundido/aço (recordar esta situação) as exportações portuguesas cresceram 558 milhões de euros nos primeiros 4 meses do ano.
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Repararam como os apoiantes deste governo tentam passar a imagem de que as exportações estão muito más.

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