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terça-feira, fevereiro 12, 2019

"sistematicamente mais de mil e cem pessoas em directo a ouvi-lo"

A propósito deste artigo "Portugal em risco de ter eleições afetadas por 'fake news'", acredito que a descredibilização dos media tradicionais vai muito para além da política. Uma das razões, acredito, é a falta de atitude crítica das redacções para mediarem a mensagem. Assim, não passam de megafones ao serviço do emissor. A menos que tenham agenda política contra o emissor. Nesse caso, são sempre contra o emissor, sem explicarem racionalmente porquê.

Por exemplo, como é que se pode dizer isto:
"“A transparência da informação ficou no século passado. Hoje, [nas redes sociais] qualquer tipo de informação pode concorrer com informação verificada, como a da Lusa”,"
Como se a Lusa fosse independente, neutra e asséptica.

Por exemplo, em "Mercados fora da Europa arrefecem exportações portuguesas" escreve-se:
"Num cenário de arrefecimento global, foram os parceiros europeus, com Espanha na liderança, quem acabou por suportar a subida das exportações, compensado as quedas de mercados como Angola e Brasil."
Depois, lê-se em "Bruxelas revê em baixa crescimento português":
"As exportações portuguesas são na maioria para a Europa, podendo o abrandamento nestas economias ter reflexos em Portugal" 
Ouvem ou lêem alguém nas redacções a comentar a previsão do governo de crescimento do PIB nos 2,2%, quando Bruxelas já fala em 1,7%?

Ouvem ou lêem alguém nas redacções a comentar a afirmação de Mourinho Felix:
"sublinhou, chamando a atenção para “uma alteração muito significativa: Portugal antes estava a crescer muito em linha com a área do euro e agora cresce acima da área do euro”, vincou."
Ouvem ou lêem alguém perguntar porque vamos, ou já fomos ultrapassados em PIB/capita pela Polónia?

Ouvem ou lêem alguém perguntar porque vamos a caminho da Sildávia?

 Talvez por isso, o canal de Camilo Lourenço tem cada vez mais espectadores em directo. 8 horas da manhã e tem sistematicamente mais de mil e cem pessoas em directo a ouvi-lo.

sexta-feira, agosto 28, 2015

Internet e o rendimento, número, diversidade e qualidade de artistas

É um artigo muito longo "The Creative Apocalypse That Wasn’t" mas vale a pena ler todo.
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Um artigo que apresenta números sobre  impacte da internet no rendimento, no número e na diversidade de artistas (músicos, actores, escritores).
"In 1999, the national economy supported 1.5 million jobs in that category; by 2014, the number had grown to nearly 1.8 million. This means the creative class modestly outperformed the rest of the economy, making up 1.2 percent of the job market in 2001 compared with 1.3 percent in 2014. Annual income for Group 27-0000 grew by 40 percent, slightly more than the O.E.S. average of 38 percent. From that macro viewpoint, it hardly seems as though the creative economy is in dust-bowl territory.
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From 2002 to 2012, the number of businesses that identify as or employ ‘‘independent artists, writers and performers’’ (which also includes some athletes) grew by almost 40 percent, while the total revenue generated by this group grew by 60 percent, far exceeding the rate of inflation.
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What do these data sets have to tell us about musicians in particular? According to the O.E.S., in 1999 there were nearly 53,000 Americans who considered their primary occupation to be that of a musician, a music director or a composer; in 2014, more than 60,000 people were employed writing, singing or playing music. That’s a rise of 15 percent, compared with overall job-­market growth during that period of about 6 percent. The number of self-­employed musicians grew at an even faster rate: There were 45 percent more independent musicians in 2014 than in 2001. (Self-­employed writers, by contrast, grew by 20 percent over that period.)
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Somehow the turbulence of the last 15 years seems to have created an economy in which more people than ever are writing and performing songs for a living.
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In the post-­Napster era, there seems to have been a swing back in a more egalitarian direction. According to one source, the top 100 tours of 2000 captured 90 percent of all revenue, while today the top 100 capture only 43 percent."
Não me vou alongar mais, porque o artigo está cheio de estatísticas sobre os escritores e actores de filmes e televisão, bem como sobre a sua qualidade.
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Mais outro exemplo que ilustra a facilidade com que o choradinho da SPA por cá, poderia ter sido desmentido se ps media fizessem o seu trabalho de investigar, de mediar e não de servir de megafone.
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Mão amiga que o faça chegar a JBX, à SPA só se for para os envergonhar.

quinta-feira, maio 08, 2014

Better before cheaper

Em sintonia com o que por aqui se tem escrito sobre a estratégia dos media para fazer face ao grátis da internet:
"Foi uma ideia admirável alguém vir dizer que, na internet, a informação está acessível a toda a gente. O problema é que fazer bom jornalismo não é barato, e ainda ninguém percebeu como ganhar dinheiro no digital. No caso da Monocle, continuamos a crescer, em número de leitores e de anunciantes, em parte porque não parecemos hesitantes. Basta pegar na revista para ver que nos esforçamos muito, a nível jornalístico e no design. Se estivéssemos hesitantes, pensando que deveríamos fazer aplicações em vez de revistas, as pessoas sentiriam o cheiro a sangue e afastar-se-iam.
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Se as pessoas se basearem apenas no imediatismo do online, temo que não compreendam o verdadeiro valor do jornalismo. É preciso separar os comentários do jornalismo rigoroso e, atualmente, isso nem sempre é claro. [Moi ici: Isto fez-me lembrar quer o lero-lero dos políticos, recordar Pires de Lima, por exemplo, ou os brincalhões no recreio, quer as palavras de Ortega Y Gasset sobre ter ideias sem idear] Se vou ao site da BBC ver as notícias sobre o desaparecimento do avião da Malásia é porque confio na BBC e nos seus correspondentes, não me interessa ver os comentários de pessoas que nem sabem bem do que estão a falar. [Moi ici: Nunca me esquecerei do CAA a discorrer na televisão sobre o Katrina] Essa é uma das razões para não termos comentários no nosso site, os nossos leitores confiam nos nossos editores e estão-se nas tintas para o que diga uma pessoa qualquer na caixa dos comentários.
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Não se pode, simplesmente, pôr um paywall e pronto. Tem de haver um reconhecimento do valor do jornalismo. Os donos dos media têm de pensar se acreditam que a informação tem valor, que o exclusivo tem valor, que um colunista tem valor. Se a resposta for "sim", então podem avançar para um novo modelo de negócio. Tem de haver uma valorização da reportagem original. Neste momento, esse valor não é reconhecido pelas redações, nem pelas administrações. [Moi ici: Basta contar a frequência de notícias da Lusa, por exemplo]
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O público começa a perceber, devagar, mas começa a perceber que recebe em proporção daquilo que paga. De repente, se o colunista que gostavam de ler desaparece, as pessoas percebem que é preciso pagar, e que vale a pena pagar."
Lição válida para a indústria e para os media: não tentar competir pelo custo com a China, ou a Etiópia. Ainda ontem um empresário, numa reunião, recordava as 3 regras lidas aqui:

  • Better before cheaper;
  • Revenue before cost
  • Não há terceira regra 


Trecho retirado de "'Portugal é mal compreendido no estrangeiro'"

domingo, março 24, 2013

Disrupção



Muito sumo!

19:33 - Quando um negócio morre, abre-se uma janela de oportunidade para negócios adjacentes (Newsweek e Fortune de um lado e Forbes do outro)
20:34 - Jobs-to-be-done (causalidade versus correlação)
51:10 - Quando se tenta ser tudo para todos... não se consegue a focalização suficiente para ser capaz de fazer a diferença
51:42 - Um exemplo - Estamos mergulhados em pilhas de informação, será que alguém me pode ajudar a perceber o que é realmente verdade? (Moi ici: Todos nós encontramos tantos exemplos nos media em que as notícias são "fabricadas", não são convenientemente investigadas, os jornalistas são enganados)
58:45 - Se alguém consegue ver como o seu negócio pode sofrer uma disrupção, é muito provável que outros no exterior também o consigam ver.
59:16 - Qualquer negócio novo dedicado a provocar a disrupção do negócio da empresa incumbente deve ser autónomo... (Moi ici: Quantos jornais o fizeram?) (You cannot change the task that people are doing every day for a different priority while the existing priority is still effective ... and the way you define goodness changes)

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

"Os novos silos vão resolver o problema"

Lê-se isto "Subcompact Publishing" e, depois, apanha-se com esta superficialidade "Balsemão: "Este assalto tem de parar""e "Balsemão: Valor do acordo entre o Google e os media franceses é “irrisório”".
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Faz-me recuar aos anos 90(?) e ao discurso dos presidentes de clube de futebol que tinham, que sabiam a solução de todos os problemas: terem um bingo!
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Nas empresas também encontro este discurso, recordo um "Os novos silos vão resolver o problema".
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As empresas têm um problema que resulta da forma como trabalham. Então, em vez de repensarem como trabalham, arranjam um salvador. Um novo equipamento, que vai resolver os velhos problemas como que por magia.

quarta-feira, novembro 24, 2010

Revistas para tribos

Parece-me um artigo demasiado superficial "Revistas sérias para pessoas que querem cultivar-se: é esse o futuro dos media", prefiro a abordagem de Greg Satell aqui "Why Magazine Publishers Are Set To Make A Comeback" e aqui "5 Reasons Why Traditional Media is Making a Comeback"
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Num mundo de tribos, as revistas que falem, que estejam alinhadas com uma tribo têm uma hipótese de futuro.
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Como é que costumo dizer aqui no blogue?
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Como competir com o grátis? Como competir com o mais barato?
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Sendo diferente! Promovendo distinção.
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Todos os meses uma vizinha teima em deixar-me a revista do Circulo de Leitores na minha caixa de correio... eu olho para aquilo e não consigo encontrar nada que apele à minha tribo. Os livros não são diferentes, os livros são mais caros... talvez, espero que sim, atraiam outras tribos.

sexta-feira, outubro 22, 2010

Estão fora do radar...

Ontem, num comentário, o José Silva chamou a atenção para uma tristeza da nossa imprensa... perdão dos media, que reflecte a tristeza da nossa economia.
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Vamos ao sítio do Público na internet e vemos o o que aparece na página da economia:
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Nem um artigo sobre a economia real que cria riqueza, nem uma notícia sobre empresas que operam em bens transaccionáveis.
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Vamos ao sítio do DN na internet e vemos o o que aparece na página da economia:
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Nem um artigo sobre a economia real que cria riqueza, nem uma notícia sobre empresas que operam em bens transaccionáveis. O mais próximo é o habitual choradinho proteccionista a que nos habituou o CDS nos últimos anos, insatisfeito com o facto de ter tornado os agricultores em funcionários públicos encapotados, agora quer fazer o mesmo com as têxteis.
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Vamos ao sítio do DN na internet e vemos o o que aparece na página da economia::
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Nem um artigo sobre a economia real que cria riqueza, nem uma notícia sobre empresas que operam em bens transaccionáveis. O mais próximo é a notícia caricata e sintomática do estado de decomposição a que chegamos sobre a falta de alternativa "legal" para os camiões circularem fora da A28.
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Vamos ao sítio do DE na internet e vemos o o que aparece na página das empresas:
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Penso que se conseguem encontrar 2 artigos associados a empresas de bens/serviços transacionáveis.
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Até o meu jornal preferido, na página empresas consegue ter artigos: sobre a EDP; sobre o TGV, sobre o negócio financeiro das renováveis, sobre a Galp, sobre a Zon e sobre o BES. Lá aparece um artigo sobre a Sumol+Compal... onde até julgo que também está metida, ou esteve metida a CGD. E mesmo os sectores onde se pode ir à procura de informação mais detalhada:
A estes sectores acrescenta-se um sobre Indústria onde se encontram artigos sobre multinacionais.
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As PME's que mantêm este país a funcionar, que criam riqueza, que dão sentido a que milhões de pessoas todos os dias de manhã se levantem para ir fazer algo... estão fora deste radar.
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Assim, como é  que os bright spots podem servir de exemplo?

segunda-feira, setembro 20, 2010

Não há garantias?

Não percebo muito de, nem perco muito tempo com o futebol.
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Tudo o que vou sabendo é pela rádio, quando, nos noticiários, o tema é abordado.
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Em Agosto, na semana anterior ao desafio da Supertaça, os media só falavam da falta de confiança e intranquilidade no FC Porto. O treinador do Porto quase perdeu a cabeça com as questões numa conferência de imprensa.
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Agora, 9 jogos oficiais depois, ainda invicto... o que dizem os media?
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Passemos do futebol para a política, para a economia, para a religião, para ... qual a garantia de investigação, de estudo, de fundamentação?