Um artigo muito interessante que merece reflexão, "
How Spain's Indie Fashion Scene Nailed Global Growth".
"The brand is one of a number of independent, digitally native Spanish labels, including jewellery maker Simuero and womenswear label Gimaguas, expanding into new territories..."
"They've opened pop-ups in locations like Paris and Seoul, but many have also started to plant more permanent roots, opening physical retail locations in Paris, London and New York."
"In March, Spanish womenswear brand Paloma Wool opened its first flagship in SoHo..."
O artigo explora a ascensão de várias marcas espanholas independentes e nascidas no mundo digital, como La Veste, Simuero, Gimaguas, Flabelus e Paloma Wool, que estão a expandir-se para mercados internacionais (como os EUA, Paris, Londres e Seul) com grande sucesso.
"Spanish labels' unexpected, bright pieces are a welcome alternative to the minimalist wardrobe staples..."
"It's a relaxed atmosphere, being close to the beach, to the sun... That's a big part of Spanish culture..."
"Many of the brands, like Simuero and La Veste, also produce their wares exclusively in Spain..." "They are all digitally native," said La Veste's García-Gallardo.
Estas marcas distinguem-se pelo seu estilo colorido e descontraído, produção local em Espanha, e forte ligação às suas comunidades digitais.
"The Spanish market has its limits, and the local audience is often inclined to favour native high street giant Inditex..."
"Despite not having a permanent stateside store, 40 to 45 percent of its sales already come from the US market..."
"...helped it gain traction in the US, now its second-largest market after Spain."
Apesar do mercado doméstico limitado e dominado por gigantes como a Inditex (Zara), estas marcas encontraram um público leal no estrangeiro, especialmente nos EUA.
"Growth has to come with profit," said de los Mozos. "If not, it doesn't make sense because in the end, you just have something very big, but useless."
"We don't want to be overexposed, and we don't aim to be in every corner of every store," said García-Gallardo.
"Hosting pop-ups... and connecting with its community in-person has been Simuero's sweet spot."
"Unlike French digital-native successes Polène or Sézane ... Spanish founders often have extroverted, open presences on social media..."
Uma parte super-interessante e querida a este blogue (recordar "
Volume is vanity; profit is sanity" de 2006). Estas marcas apostam em crescimento controlado, em manter a integridade artesanal dos seus produtos e o contacto pessoal com os clientes através de pop-ups e redes sociais.
O seu sucesso é alimentado por uma combinação de autenticidade, marketing pessoal (fundadores visíveis nas redes), e um estilo que contrasta com o minimalismo nórdico dominante.
É interessante. Muitas empresas portuguesas que trabalham "a feitio" (em regime de subcontratação para marcas estrangeiras) acumulam competências valiosas em produção de qualidade, flexibilidade, rapidez de resposta, know-how técnico e capacidade industrial. No entanto, como estão maioritariamente viradas para o modelo de serviço B2B, com margens reduzidas e pouca ou nenhuma ligação directa ao consumidor final, não desenvolvem marca própria nem identidade distinta. Ficam, por isso, invisíveis no mercado global - apesar de fabricarem para marcas prestigiadas.
O salto que muitas empresas portuguesas não conseguem dar não é técnico, é cultural e estratégico. Continuam a jogar num mercado onde são peças de bastidores e não protagonistas. Para sair disso, é preciso assumir um posicionamento diferenciado, mesmo que não seja para massas, e trabalhar marca, estética, comunidade — e não só produto e preço.
É preciso ter coragem de ser pequeno com identidade, em vez de grande e genérico. Evitar a armadilha do crescimento a qualquer custo. A La Veste não tem lojas físicas nos Estados Unidos e consegue 40 a 45% das suas vendas nesse mercado. o que mostra que uma marca pode internacionalizar-se sem lojas físicas permanentes, através de e-commerce, redes sociais e pop-ups estratégicos.
Marca própria: risco maior, margem maior, e produtividade maior.