Mal ouvi esta notícia comecei logo a imaginar como seria recebida noutros tempos,
mas também fiquei com uma curiosidade imensa de analisar a tendência.
Lembram-se da evolução dos números da criminalidade em 2009 e 2014? E da interpretação das sondagens?
Recomendo que antes de avançar se recorde este postal de 2006, "Comportamentos, padrões... não, "happenings"; não, eventos; não, meteoros", para perceber que a análise tradicional da mortalidade infantil entre 2017 e 2018 dá origem a isto:
O tal carrossel de emoções:
Depois, o @walternatez enviou-me esta foto com números:
E, com base estatística pude concluir que nada mudou, tudo farinha do mesmo saco.
Será que 2018 representou um crescimento estatisticamente significativo da mortalidade infantil?
Não se vislumbra nenhum sinal nas cartas de controlo, simples flutuação estatística.
Será que ao longo do ano de 2018, de mês para mês houve uma evolução estatisticamente significativa da mortalidade infantil?
Rigorosamente, não há sinal de flutuação estatística anormal. No entanto, Novembro e Dezembro foram estranhos...
Se estivéssemos aos primeiros dias de Dezembro de 2018 a analisar a evolução até Novembro inclusive, estaríamos a concluir que em Novembro algo de anormalmente bom tinha ocorrido, pois o número de mortes estaria abaixo do limite inferior de controlo na carta dos valores individuais. Depois, vem Dezembro e praticamente atira com um valor que quase encosta ao limite superior de controlo da carta dos valores individuais (os mensais) e quase encosta ao limite superior de controlo da carta das amplitudes móveis. Pessoalmente, gostaria de analisar ao pormenor o ocorrido naqueles dois meses, por razões completamente diferentes.
Outros postais sobre o tema da esquizofrenia analítica:
- I love this game, parte 2 ou "O rei vai nu" (Julho de 2007)
- Não cairás na tentação da esquizofrenia analítica (Maio de 2008)
- Para lá da esquizofrenia (Março de 2010)
- Conversa de humano (Novembro de 2012)
Neste postal Fevereiro de 2014, Gráficos e sua análise, aborda-se o tema da mortalidade infantil mas como taxa e não com número absoluto. A taxa é mais rigorosa do que o valor absoluto porque normalizamos a ocorrência. 20 reclamações é pior que 15 reclamações, até que percebemos que no primeiro caso foram 20 reclamações em 100 compras e no segundo foram 15 reclamações em 50 compras. No entanto, quando trabalhamos com taxa a realidade do fenómeno fica amortecida... quando trabalhamos com números absolutos ficamos muito mais expostos ao impacte do fenómeno. Perceber que num mês morreram 30 crianças com menos de um anos é muito mais forte que olhar para o número 0,23. Imagine o mesmo fenómeno nas contas da sua empresa.
1 comentário:
Bom dia Carlos
Onde é que posso encontrar mais material, com exemplos de construção destas cartas?
Tema muito interessante...
Obrigado
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