terça-feira, abril 26, 2011

Acerca da construção de mapas da estratégia

Há dias, numa workshop, apareceram estas duas situações muito comuns quando se está a construir um mapa da estratégia pela primeira vez.
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Primeiro, foram identificados vários atributos supostamente procurados e valorizados pelos clientes-alvo (caixa azul) e, determinadas as promessas a fazer pela empresa no âmbito de uma proposta de valor (caixa rosa):
 Segundo, equacionou-se o que seria necessário fazer de forma sistemática para criar, naturalmente, a proposta de valor. Ou seja, quais seriam os objectivos estratégicos (caixa verde) a perseguir para permitir criar a oferta presente na proposta de valor:
 O que as pessoas escrevem é, normalmente, algo como o que está na caixa verde. Um texto descritivo!
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Um texto descritivo pode ser mobilizador? Pode ser directivo? Pode ser imperativo? Pode ser motivador? Pode ser mensurável?
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Dificilmente!
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O que aconselho é a transformar o texto em uma ou duas frases começadas por um verbo e que possam ser mobilizadoras, directivas, imperativas, motivadoras e mensuráveis. Por exemplo:
 Assim, podemos imaginar a relação que se segue, para descrever que se trabalharmos sistematicamente para atingir os dois objectivos, teremos como consequência a capacidade para oferecer o atributo que gerará a experiência procurada e valorizada pelos clientes-alvo.
Conclusão: evitar descrições e textos bem intencionados. Procurar frases curtas começadas por um verbo e directivas como um vector.
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Outra situação que costuma ocorrer pode, à primeira vista, poder ser confundida com a anterior.
 Analisemos o texto...
 Algumas frases não descrevem acções concretas a serem realizadas de forma sistemática (texto a vermelho) mas sim comportamentos que as pessoas devem exibir.
As pessoas que desempenham funções nas organizações, se possuírem um dado conjunto de conhecimentos e estiverem sintonizadas com uma cultura organizacional, exibirão comportamentos que estarão na base de actividades, e um processo não é mais do que um conjunto de actividades, que criarão as capacidades de gerar as ofertas que compõem a proposta de valor.
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Proponho este objectivo estratégico:
 E acrescentar este requisito a nível de recursos e infra-estruturas:
O texto a vermelho lá em cima, descreve comportamentos que um colaborador competente deve exibir.

Diferenciar é sempre vantajoso

Muitos empresários de PMEs acreditam que a sua empresa não pode afectar o mercado onde operam. Acreditam que existem curvas específicas que regulam a relação entre a oferta e a procura para as suas empresas e sectores de actividade, e que estão para lá da sua capacidade de influência a não ser através do corte dos custos para competir através do preço.
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A verdade é que a criação de uma oferta única, decorrente da opção estratégica de diferenciar um negócio, pode mesmo alterar favoravelmente as curvas que relacionam a oferta e a procura.
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Mary Kay Plantes em "Beyond Price" escreveu:.
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"If you remember only one thing from this book, please remember this: Strategic differentiation of your business brings consistently higher returns than making cost-cutting process improvements or adding product features that competitors can readily match."
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E como se "demonstrou" aqui, há um futuro à nossa frente com cada vez mais posições competitivas viáveis à espera de serem ocupadas.
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Para quem como eu acredita que a economia é uma continuação da biologia, é como estarmos à beira de uma explosão câmbrica. É um caldo de factores abióticos e de ping-pong acelerado entre oferta e procura que está a  possibilitar o aparecimento de diferentes atributos, valorizados de forma diversa pelos diferentes agentes da procura.
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Será que no mundo como aldeia global, voltamos a uma economia de proximidade como nas antigas aldeias? É, como escreveu Seth Godin e outros, um mundo de tribos...
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Como conciliar a proximidade geográfica com a proximidade no ciber-espaço?
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Uma tribo pode estar dispersa geograficamente e, no entanto, estar em contacto permanente através do ciber-espaço... até que ponto, em termos de relações económicas, a proximidade geográfica se sobrepõe à proximidade virtual?
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Na aldeia antiga o que sustentava a variedade na oferta era a proximidade geográfica pura e dura. Na aldeia global actual o que sustenta o aumento da variedade na oferta é a diferenciação ... atributos, experiências, língua, costumes...

As saudades do escudo

As vozes que defendem o regresso ao escudo e amaldiçoam a entrada no euro certamente aspiram por estes tempos e façanhas.
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Estão a imaginar um Sócrates, ou um Passos Coelho, ou um Portas, ou um Jerónimo de Sousa, ou mesmo um Louçã, a convocar uma conferência de imprensa para comunicar ao país que o salário mínimo é aumentado em 25%:
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"Hugo Chávez aumentou em 26,5% o salário mínimo e obrigou as empresas a dar subsídio de refeição."
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O povo, trouxa, rejubilava com a notícia.
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No entretanto, "Em 2010, a inflação oficial venezuelana foi de 27,4%, um número que vários analistas e empresárias dizem ser inferior à realidade."
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Ó que saudades desses tempos devem passar pelas mentes mais velhas que acompanham os políticos actuais.
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Quando oiço políticos a fazer promessas recordo sempre:


Trechos retirados daqui.

Catavento

Interessante, agora o jornal económico do regime tece loas ao FMI...

"O FMI é um oportunidade"
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Estão aqui estão a copiar-me.
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"Mr Poul help us tear down this wall" e a pôr colchas na capa do jornal.
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A economia privada que faz o by-pass ao país foi levada a um ponto tal que agora, para ela, o FMI é uma benção. Até o DE já o reconhece:
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"Vêm aí tempos difíceis para os portugueses, particularmente para os que dependem directamente do Estado. Dos funcionários públicos aos beneficiários de prestações sociais, dos desempregados aos empregados políticos, são mais de três milhões os que serão directamente afectados, no curto e médio prazos, pelo PEC V, mais um plano de austeridade para cortar na despesa pública."
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Atacar a economia privada que faz o by-pass ao país é comprometer o crescimento saudável do país no futuro.

segunda-feira, abril 25, 2011

Go Mongo: "We will find a place (To settle) Where there's so much space"

E Seth Godin volta à pregação com "The opportunity is here":
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"The mass market is being replaced by multiple micro markets and the long tail of choice.
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The exchange of information creates ever more value, while commodity products are ever cheaper. It takes fewer employees to generate more value, make more noise and impact more people.
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Right before your eyes, a fundamentally different economy, with different players and different ways to add value is being built. What used to be an essential asset (for a person or for a company) is worth far less, while new attributes are both scarce and valuable.
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Are there dislocations? There's no doubt about it. Pain and uncertainty and risk, for sure.
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The opportunity, though, is the biggest of our generation (or the last one, for that matter).
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¡Note! Like all revolutions, this is an opportunity, not a solution, not a guarantee. (Moi ici: Linguagem capaz de incomodar a deolindeiros em busca de facilidades) It's an opportunity to poke and experiment and fail and discover dead ends on the way to making a difference. The old economy offered a guarantee--time plus education plus obedience = stability. The new one, not so much. The new one offers a chance for you to take a chance and make an impact.
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¡Note! If you're looking for 'how', if you're looking for a map, for a way to industrialize the new era, you've totally missed the point and you will end up disappointed. The nature of the last era was that repetition and management of results increased profits. The nature of this one is the opposite: if someone can tell you precisely what to do, it's too late. Art and novelty and innovation cannot be reliably and successfully industrialized.
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It's not 1924, and this isn't Hollywood, but it is a revolution, and there's a spot for you (and your boss if you push) if you realize you're capable of making a difference. Or you could be frustrated. Up to you."
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Seth Godin na sua linguagem colorida e poética traduz o que destilei ontem deste delicioso artigo "Positioning on a Multi-Attribute Landscape" de Ron Adner, Felipe A. Csaszar e Peter B. Zemsky, publicado em Mrço de 2010.
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Seth Godin prega sobre um mundo novo: "Right before your eyes, a fundamentally different economy, with different players and different ways to add value is being built. What used to be an essential asset (for a person or for a company) is worth far less, while new attributes are both scarce and valuable." Um mundo com cada vez mais atributos criados, reconhecidos e desejados, como num jogo de ping-pong, quanto mais a oferta cria novos atributos, mais a procura deseja e valoriza outros ainda por criar... e isso cria um mundo realmente novo, pleno de oportunidades para quem souber aprender a criá-las. Eis a minha súmula do artigo:

  1. Alguns atributos são correlacionados positivamente, ou seja, produzir um atributo ajuda a produzir um outro (no limite ró = 1). Alguns atributos são independentes entre si, ou seja, produzir um atributo é independente de produzir um outro (ró = 0). Alguns atributos são correlacionados negativamente, ou seja, produzir um atributo dificulta produzir um outro (no limite ró = -1).
  2. Quanto mais atributos puderem ser usados para criar valor para os clientes, mais hipóteses distintas de competir existem, porque...
  3. As empresas não podem satisfazer em simultâneo todos os atributos, têm de fazer escolhas. E...
  4. As escolhas que se fazem hoje não são livres, dependem das escolhas anteriores (Minkowski puro e duro... faz lembrar #Arroja e as suas reflexões e especulações sobre Salazar e a mentalidade cath vs prot)
  5. Por causa dos rós correlacionados negativamente, os trade-offs de Porter obrigam as empresas a fazer escolhas. Os trade-offs são essenciais para a estratégia, criam a necessidade de escolher e limitam a oferta. 
  6. Em paralelo a tudo isto, os clientes são diferentes e exibem uma distribuição de padrões de preferência pelos atributos que é heterogénea e cada vez mais heterogénea com a evolução do tempo.
  7. Por outro lado, a treta do Homo oeconomicus não existe, é um modelo inútil para explicar o comportamento do consumidor moderno.
  8. Assim, quando aumenta o número de atributos correlacionados negativamente, aumenta o nº de posições viáveis de oferta e a decisão das escolhas a produzir para oferta torna-se cada vez mais elaborada. Strategy rules!!!
  9. Por isso, são possíveis cada vez mais alternativas de competição sustentada.
De salientar os gráficos em função de ró:
Quanto mais trade-offs, mais negativa a correlação de rós, mais hipóteses de posições competitivas viáveis.
Quanto mais trade-offs, mais negativa a correlação de rós, menor a concentração do mercado (pós-pico da globalização rings a bell?)
A quota de mercado capturada pelos extremos em função de ró, para ró = -1 cada interveniente tem uma fatia igual de mercado, para ró = 1 um interveniente tem o mercado.
O lucro total em função de ró. Com o aumento de ró, o valor criado é constante mas o número de agentes diminui com a concentração do mercado).
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Nós, à beira da fronteira de Mongo e a opinião dominante continua cega... ou se calhar prefere as mordomias do mundo actual... prefere a paz imposta pela uniformidade de Sauron que garantiu algo no passado mas que já não pode suportar quase nada no presente. 
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O ró vai continuar a baixar... é bom que se habituem... and enjoy the party!

Concentrar onde se pode fazer a diferença

Os jornais no dia-a-dia, se bem escrutinados, são uma boa fonte de lições sobre o que resulta na gestão. Eis mais um exemplo:
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"Pergunta: Como consegue ser competitivo em Espanha havendo lá vários representantes das marcas que representa?
Resposta: Fizemos uma inversão do raciocínio inicial, que era o ataque ao mercado espanhol com grandes estruturas, para um ataque mais segmentado, em que competimos em áreas em que os grandes distribuidores espanhóis não estão tão focados, quer de um ponto de vista regional, quer do ponto de vista do produto."
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Ataques em grande com grandes estruturas são comportamentos imperiais destinados a, a maioria das vezes, falhar numa qualquer Canas humilhante. A alternativa é o pensamento estratégico... onde podemos ter vantagem? Onde podemos fazer a diferença?
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Trecho retirado de “Mudámos de estratégia em Espanha


BTW acerca de "acredita que a chegada do FMI implica sacrifícios, mas vai “limpar” o tecido empresarial português" espero que não fique por aí, espero que também "limpe" o tecido do Estado português!

As tendências não são mandamentos

"Portugal é o País que menos vai crescer até 2016" este título denota uma tendência... assumindo que tudo o resto se mantém constante a tendência desenrolar-se-à segundo a previsão.
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"Intervenção externa é 120 vezes as de 1977 e 83 juntas" este título revela o quanto o nosso Estado cresceu desmesuradamente sem controlo, uma espécie de cancro que tem de ser extirpado. Se, um grande se, se for extirpado será que a tendência vai-se manter?
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"Comércio externo cresce ao maior ritmo desde 1996" onde se pode ter uma percepção do estado actual de cerca de 30% da nossa economia:
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"As exportações nacionais cresceram nos dois primeiros meses do ano, por exemplo, 20% face a igual período de 2010. Mais: contando só com o mês de Fevereiro, as exportações cresceram 21,1% em termos homólogos, o maior ritmo desde 1996."
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Consegue imaginar, se só ouve as notícias dos media sobre a crise, o FMI e o défice, o que é viver e trabalhar em ilhas que estão a crescer de 10 a 20% em cima de um ano anterior que já foi bom?
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Claro que os cucos querem vampirizar estas ilhas:
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""Se mantivéssemos este ritmo já não entravamos em recessão", disse Basílio Horta, presidente da AICEP. "Se chegássemos ao fim do ano com um crescimento de 12%, seria possível um crescimento modesto mas que não fosse negativo", frisou, durante um encontro com empresários."
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Esmagar 30% da economia para que suporte os restantes 70% é uma loucura que não permite libertar capital para alimentar ainda mais crescimento virtuoso.
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"Why Trends Are For Suckers" alimenta-me a esperança de que algo pode vir a mudar para alterar aquela tendência lá em cima... é tão claro... só o preconceito ideológico e o corporativismo da maioria eleitoral dos cucos não quer ver... talvez a intervenção do FMI, não sujeita a votos, permita fazer a mudança que se impõe.
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Quem elogia o percurso da economia islandesa, porque deverá já estar a crescer em 2012, fazia bem em perceber sobre o que foi preciso acontecer primeiro em 2010 e 2011 ao PIB e ao desemprego.

domingo, abril 24, 2011

"Ele vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis, como Ele mesmo disse"

A minha tese corroborada

"Four Patterns of Plant Dynamics
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The distribution of productivity among plants may arise in four ways.

First, it may be the result of a random draw in the level of productivity in each period or of errors in measurement. Second, it may be the result of a random draw in the growth of productivity rather than in the level. Third, it may be the result of plants of different vintages.
Fourth, it may simply reflect permanent plant heterogeneity. We ask what these possibilities would imply about plant dynamics and the way in which the distribution evolves over time."
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"We can now look back to the four alternative patterns that we discussed at the beginning of the paper and presented in figure 1. Which one (or more) has the data supported? The answer is fairly clear. The overall pattern of the data is best described as a combination of the random shock/measurement error case (figure IA) and the plant fixed effects case (figure ID). The regression toward the mean and many other signs show the importance of the random shocks. The strong persistence, visible most dramatically in the 10-year transition matrix, supports the plant fixed effects framework.
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We have spent enough time studying the individual observations to realize that true productivity in these plants is not known. And there will be important plant-specific shocks thatw ill cause even an accurately measured productivity measure to move around. The more interesting finding is that there is strong persistence in relative productivity. The results on wages and productivity suggest that differences in worker quality may not be the main reason for the persistence of relative productivity.
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What appears to be important is management quality, broadly interpreted to include technology choice and product choice. (Moi ici: Esta é a minha tese, a escolha dos clientes-alvo a servir e dos produtos e serviços a oferecer é, apoiando-me em Marn e Rosiello, o ponto mais importante para garantir uma elevada produtividade assente na produção de mais valor acrescentado, mais valor originado e não em menos custos e mais eficiência) Of course, this conclusion is tentative since we lack direct evidence on management
quality."
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Trechos retirados de "Productivity Dynamics in Manufacturing Plants" de Martin Neil Baily, Charles Hulten, David Campbell, Timothy Bresnahan e Richard E. Caves, publicado por Brookings Papers on Economic Activity. Microeconomics, Vol. 1992 (1992), pp. 187-267.

A treta do equilíbrio e a diferenciação inovadora

"to return to the idea of competition as a process of endogenous change driven by the differential behaviour of the competitors. A wide variety of economists have expressed their dissatisfaction with the equilibrium view in a number of ways, some less polite than others, (Moi ici: Só tolinhos académicos longe da vida real podem acreditar nessa treta do equilíbrio) and it will be as well to outline several of the main contributions. Thus, Morgenstern (1972) claims that competition as a word employed by economists has lost touch with reality simply because it has replaced struggle and rivalry with equilibrium. J.M. Clark (1961) in his major contribution to this literature began by claiming that the shift from equilibrium to process was the most challenging question in the theory of competition, and he suggested four broad elements necessary for effective competition: competent customers able to appraise accurately the competing products on offer; freedom of individuals and organizations to engage in any trade or activity; access to all the necessary means of production; and a climate of independence of attitude and strategy among firms in the industry."
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O que se segue é pura poesia, e está tão longe do que os media e a academia que faz parte dos painéis divulgam. Encostem-se e saboreiem o que é viver em Mongo:
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"Particularly interesting in his appraisal of competition theory is Georgescu-Roegen (1967) who points to the fact that, as normally portrayed, competition is absent within the industry and only takes place between industries,
the condition commonly labelled as a ‘perfectly competitive industry’ actually involves no competition at all. (p. 32)
Firms within a perfectly competitive industry only adjust passively to prices which are externally determined. As to what is needed in order to develop a theory of the competitive process we are encouraged to recognize that,
In every domain, but especially in economics, competition means in the first place trying to do things in a slightly different manner from all other individuals. (p. 33)
Here is an important clue as to how we are to proceed. We are to recognize that,
the most general form of competition among individual concerns is differentiation of product, involving a little innovation, not cut throat pricing. (p. 34) (Moi ici: Diferenciação é a solução)
Here is a major paradox: competition only becomes active when we allow a monopoly element premised upon the fact that firms are different, and scope for competition lies not in the number of firms but in the conditions creating diverse behaviour(Moi ici: "Conditions creating diverse behaviour"... é o truque, fugir do Grande Planeador, apostar na biodiversidade... Hamel and Valikangas ruleIn a sense, all the elements above were contained in Chamberlin’s Monopolistic Competition but for him the grip of equilibrium thinking was too strong. Brenner (1987) is also a notable contributor to this literature, with the emphasis being placed on bets upon new ideas and the insistence that,
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Businessmen pursue strategies to discover a combination of customers and services (Moi ici: Qual a cadeia da procura? Quem são os clientes-alvo e o que lhes oferecer?with respect to which they have an advantage over those who they perceive as their competitors. (p. 49)
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Among all the economists who have been critical of the equilibrium approach none has been more devastating from my perspective than Hayek (1948, 1978) with his view that an equilibrium concept of competition is a contradiction in terms. In a much quoted passage he suggests that,
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if the state of affairs assumed by the theory of perfect competition ever existed, it would not only deprive of their scope all the activities which the verb ‘to compete’ describes but would make them virtually impossible. (p. 92)
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Instead competition is a succession of events, a dynamic process, a voyage of exploration into the unknown in which successively superior products and production methods are introduced, and consumers discover who meets their particular needs and how. Neither producers nor consumers know in advance the outcome of the competitive process, for that can only be established by trial and error. Putting it another way, atomistic competitive trading implies the absence of all competitive actions. Again we begin to see a link between the process view and the emphasis on differential behaviours of rival agents, and we should note Hayek’s insistence that differentiation of this kind undermines any claim that agents can have complete knowledge of all the factors relevant to market behaviour.
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Knight, too, favoured an exploratory perspective on the economic process in which not only the capabilities of firms but the preferences of individuals become the endogenous outcome of a trial and error economic process.
When new opportunities continually arise, one will see under competition a continuing process of change which carries with it continued opportunities for profit and growth. One cannot hope to understand the competitive nature of such a process by examining it in terms of static competitive equilibrium.(1983, p. 39)
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The driving force in competition is not the adjustment of price but innovation, the theory of which had occupied Schumpeter in two previous major works, Business Cycles and The Theory of Economic Development. For it is through innovation that firms command a decisive cost or quality advantage affecting not their marginal profits but their very existence. Thus it is a matter of comparative indifference whether atomistic price competition in the ordinary sense operates more or less promptly.
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(Moi ici: Cada cavadela cada minhoca!!!!! O trecho que se segue é um manjar dos deuses. Uma achega à minha guerra sobre a superioridade da eficácia sobre a eficiênciaCapitalism is not to be judged in terms of its immediate efficiency in allocating given resources across given opportunities but in terms of its ability over time to create resources and opportunities. Hence Schumpeter’s central idea of change driven from within, brilliantly captured in his phrase ‘creative destruction’. This, it should be emphasized, is not an optional extra to the capitalist process but is the capitalist process: equilibrium capitalism is for Schumpeter a contradiction in terms.
Consequently, it would seem one cannot understand capitalistic competition in terms of a comparison of sequences of equilibria."
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Mongo por todo o lado!!!
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Trechos retirados de "Evolutionary economics and creative destruction" de J. Stanley Metcalfe

sábado, abril 23, 2011

O momento da VERDADE

"the single most critical element in customer satisfaction was not billion-dollar branding, advertising or extensive use of social media, but the quality of those personal moments when a shopper chooses —or not — to become a paying customer."
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E quem é que mais influencia este momento da verdade?
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O funcionário da loja...
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Exemplo 1, exemplo 2, exemplo 3, ...
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E como é que as empresas escolhem, tratam e pagam aos seus "experience makers"?
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"This is not the time to be hiring by computer quiz. This is the time to value your lowest-wage workers and treat them as the business partners they are, with the respect and warmth they deserve. These frontline workers are the final and most critical final link in your global supply chain. Their skills and enthusiasm can make — or break — your business."
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Recordo uma experiência que tive, talvez em 1993. Precisava de duas pessoas para o controlo da qualidade da empresa onde trabalhava, por causa da explosão de vendas que estávamos a ter, e apareceram-me várias pessoas para uma entrevista de emprego... mas o que é que um engenheiro aprende na universidade sobre a contratação de pessoas? Nada, niente, népias.
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Contratei duas senhoras recém-desempregadas da Texas Instruments na Maia, com base no instinto. Foram duas boas escolhas, que vieram contribuir positivamente para o desempenho global da equipa... com base numa conversa e na minha impressão subjectiva sobre a mesma...
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Trechos retitados de "Why Retail Workers (Like Me) Drive Customer Experience"

Pobres espanhóis...

Primeiro quem lá foi foram os gregos.
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Nós fomos lá em Dezembro "Teixeira dos Santos está na China a vender dívida pública"... and now, apertem bem os cintos, the one and only... ZPARO
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"Zapatero asks for funds while claiming Spain needs no bailout"

Outro subsídio

Ainda ontem foi este, hoje mais um novo!!!
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Será que isto significa o acelerar da mudança?
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"Third day of Shanghai strike threatens China exports"
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Para quem importa da China, para quem exporta para a China, para quem compete com a China... o que é que isto pode significar?
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E já aprenderam a fazer batota?
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Basta procurar o marcador lá em baixo para começar a equacionar como se pode aproveitar.
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BTW, e isto não ajuda a estilhaçar modelos mentais obsoletos?
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As simplificações são más conselheiras... com que então são escravos.... os que pensam que os chineses são escravos nem imaginam que a ganga dos jeans que vestem foi produzida por um chinês que ganha pelo menos 520 euros por mês... do you get it?

Mongo é um novo Oeste... se mais gente percebesse isso!

Ainda há bocado, num comentário escrevi:
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"Temos de atingir uma massa crítica de pessoas que acreditem que Mongo está aí ao virar da esquina. E Mongo liberta a mente, porque Mongo é o mundo da micro e PME, é o mundo do nicho, é o mundo do diferente, é um mundo onde as megas empresas e instituições podem existir mas em minoria cada vez mais ameaçada."
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Um dos missionários que acompanho na pregação que anuncia a chegada de Mongo é Seth Godin.
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Neste micro-postal intitulado "Improving trains":
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"While making the trains run on time is a good thing, making them run early is not.
If you define success as getting closer and closer to a mythical perfection, an agreed upon standard, it's extremely difficult to become remarkable, particularly if the field is competitive. Can't get rounder than round.
In general, purple cows live in fields where it's possible to reinvent what people expect."
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A malta da qualidade, no qual ainda me quero incluir, muitas vezes esquece isto. Quando existe um standard, quando existe uma norma... o alvo é a normalização, e a normalização pode levar à cristalização
A primeira fila com a palavra "normalização" aqui significa defeito, preguiça, falha, desperdício. E é verdade, defeitos numa produção em série são "crime".
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No entanto, neste pedido de ajuda, a mesma técnica foi usada para ilustrar algo pretendido.
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Em Mongo a normalização é perigosa... quando somos todos diferentes no acessório e todos iguais na substância... sameness, logo, o preço mais baixo é que manda... ou não, o comprador pode recusar-se a comprar, pode arranjar um produto substituto, pode esperar...
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Seth Godin é um dos meus gurus, só pode, um tipo que escreve:
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"I think we embraced scale as a goal when the economies of that scale were so obvious that we didn't even need to mention them. Now that it's so much easier to produce a product in the small and market a product in the small, and now that it's so beneficial to offer a service to just a few, with focus and attention, perhaps we need to rethink the very goal of scale.

Don't be small because you can't figure out how to get big. Consider being small because it might be better."
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Ler este postal e contextualizá-lo nesta corrente.
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Corrente... uma vez usei esse termo numa série.

sexta-feira, abril 22, 2011

Treta e obrigado

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1º TRETA
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"Governo atribui liderança no desemprego de longa duração às baixas taxas de qualificação"
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O discurso dos académicos e dos políticos é um discurso da treta que não resiste a um confronto com a lógica da realidade:
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"“o esforço de qualificação dos desempregados é fundamental, porque há desempregados baixamente qualificados quando hoje a economia requer trabalhadores mais qualificados”.
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Valter Lemos sustentou que “Portugal foi mais afectado, porque é onde as taxas de qualificação são mais baixas”, considerando que “tem que ser feito um esforço para a qualificação das pessoas, porque não é possível retirá-las da situação de desemprego sem estarem adaptadas às necessidades do mercado, que exige maior qualificação”."
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Basta ripostar com os argumentos de Galbraith, tão claros para mim:
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"The problem is that poverty and unemployment are not much influenced by the qualities and qualifications of the workforce. They depend, rather, on the state of demand for labor. They depend on whether firms want to hire all the workers who may be available and at the pay rates that firms are willing, or required, to offer, especially to the lowest paid.
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Firms in the happy position of strongly expanding markets and bright profit prospects can almost always find the workers they need, either pulling directly from the pool of the unemployed or poaching qualified workers from other firms (or nations). For such firm, the costs of rudimentary job training for unskilled and semiskilled positions are secondary (como se prova facilmente com o exemplo dos portugueses que emigram para a Alemanha ou Suiça); if workers with appropriate training are not readilly available, they can be trained in-house. Conversely, firms facing stagnant demand and bleak prospects do not add workers simply because trained candidates happen to be available."
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E ainda, basta ripostar com o discurso contraditório e revelador de desconhecimento do presidente da câmara de Guimarães. o tal que na mesma frase diz que as pessoas não têm emprego porque a formação é baixa e não têm emprego porque a formação é alta...
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Os académicos e , ainda por cima lisboetas, laboram no mesmo erro:
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"A educação é um dos "sérios bloqueios em sectores muito importantes" em Portugal. "Partimos muito tarde, o que significa que temos que andar mais depressa que outros países para os apanhar", disse aos jornalistas, acrescentando que "se calhar a resposta [a este problema] está lá fora. É preciso atrair pessoas qualificadas." Mas há factores que afastam esse investimento no país, como é o caso da justiça, (Moi ici: Não consigo deixar de pensar que esta história da Justiça não passa de um mito criado pelo lobby respectivo) referiu." Então, Maria João Valente Rosa, directora do portal Pordata, julga que temos de importar gente qualificada para criar empresas... duplo erro:
  
     1. Então não sabe que isto acontece?
     2. Então não conhece estes números? Devem estar no Pordata!
Imagem daqui.
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Por fim:
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2º O MEU MUITO OBRIGADO
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"Patrões portugueses são menos qualificados que empregados"
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OBRIGADO aos patrões portugueses que aceitam o sacrifício e o risco de serem patrões nesta espécie de país. Os artigos e os comentários acerca destas notícias são sempre feitos num espírito de crítica aos patrões ignorantes... se calhar nem sabem quantos cantos têm os Lusíadas.
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A crítica devia ser feita era aos tais de qualificados que não têm coragem de avançar, que não arriscam... caso para dizer, quem está de fora racha lenha!

Pós pico da globalização...

Gosto das ideias de Ghemawatt acerca da globalização.
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Aliás, Ghemawatt não acredita que exista uma globalização, defende que existe uma semiglobalização.
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As ideias de Ghemawatt são compatíveis com o meu planeta Mongo, um planeta com uma paisagem competitiva super-enrugada.
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A minha última encomenda de leitura foi "World 3.0: Global Prosperity and How to Achieve It". Hoje, verifico que a The Economist faz uma análise ao livro:
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"Far from “ripping through people’s lives”, as Arundhati Roy, an Indian writer, claims, globalisation is shaped by familiar things, such as distance and cultural ties. Mr Ghemawat argues that two otherwise identical countries will engage in 42% more trade if they share a common language than if they do not, 47% more if both belong to a trading block, 114% more if they have a common currency and 188% more if they have a common colonial past.
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What about the “new economy” of free-flowing capital and borderless information? Here Mr Ghemawat’s figures are even more striking. Foreign direct investment (FDI) accounts for only 9% of all fixed investment. Less than 20% of venture capital is deployed outside the fund’s home country. Only 20% of shares traded on stockmarkets are owned by foreign investors. Less than 20% of internet traffic crosses national borders."
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"That FDI fell from nearly $2 trillion in 2007 to $1 trillion in 2009 can be put down to the global financial crisis. But other trends suggest that globalisation is reversible. (Moi ici: Tenho escrito sobre a Torre de Babel, sobre a proximidade, sobre a vantagem da rapidez) Nearly a quarter of North American and European companies shortened their supply chains in 2008 (the effect of Japan’s disaster on its partsmakers will surely prompt further shortening)."
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Mongo, Mongo por todo o lado "Mr Ghemawat also explodes the myth that the world is being taken over by a handful of giant companies. The level of concentration in many vital industries has fallen dramatically since 1950 and remained roughly constant since 1980: 60 years ago two car companies accounted for half of the world’s car production, compared with six companies today.
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He also refutes the idea that globalisation means homogenisation. The increasing uniformity of cities’ skylines worldwide masks growing choice within them, to which even the most global of companies must adjust."
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"In general companies frequently have more to gain through exploiting national differences — perhaps through arbitrage—than by muscling them aside." (Moi ici: Aqui os teimosos que nos querem impor um acordo ortográfico não percebem como a cultura podem ser uma poderosa barreira para proteger os mais pequenos... já o escreveu Peter Schwartz "There will be economic reasons for each nation to keep its unique culture intact.")

Mais um subsídio

Mais um subsídio para ajudar a estilhaçar modelos mentais obsoletos:
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"Relatively large pressure for yuan gains has affected companies’ export orders, the Ministry of Commerce said on its website today. The country’s import growth may be faster than export growth this year, the ministry said. The world’s second- biggest economy had a $1.02 billion trade deficit in the first three months of this year, the first quarterly shortfall in seven years.
Consumer prices rose 5.4 percent in March from a year earlier, exceeding the government’s 2011 target of 4 percent, according to data released last week."
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Conseguem imaginar as consequências deste dominó número 1? Para quem compra na China e para quem não é competitivo com a China nos custos?
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E para quem quer exportar para a China?
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Se os nossos media não estivessem tão tomados pelos não-transaccionáveis... era só espalhar esperança realista e fundamentada em coisas concretas, e não em alucinações cor-de-rosa de Sócrates ou do oásis de Braga de Macedo.

Mais uma sugestão para um modelo de negócio - algum deolindeiro quer agarrar a ideia?

Imaginem uma empresa que fabrica pavê ou lancil, por exemplo, que fornece o mercado da construção e obra pública com produtos standard, sujeitos a normas muito exigentes a nível de frequência de ensaios de acordo com as exigências da marcação CE. Competindo num mercado muito concorrencial onde o preço é rei, mais uma pessoa, ainda por cima com conhecimentos técnicos, é um factor a pesar numa empresa com 10, 12 pessoas. Os equipamentos de teste não são propriamente baratos e têm de ser mantidos e calibrados. É preciso manter actualizado o conhecimento legal e a actualização das normas... complicação e burocracia.
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Agora imaginem uma empresa que se propõe a oferecer a estes clientes-alvo a seguinte proposta de valor:

  • Realizamos os ensaios a um preço competitivo, veja a quanto lhe ficam os seus ensaios (técnico, tempo, máquinas, laboratório, normas, ...) e compare com o nosso preço;
  • Recolhemos os cubos e entregamos os resultados dentro dos prazos combinados. NÃO FALHAMOS!
  • Não só realizamos os ensaios e entregamos os resultados brutos como lhe entregamos relatórios periódicos com tratamento estatístico e conselhos para optimizar receita;
  • O nosso negócio depende, assenta na confidencialidade com que tratamos a informação dos nossos clientes para podermos merecer a confiança.
Como chegar junto dos clientes-alvo?
  • Participando em feiras do sector para divulgar o negócio;
  • Fazendo publicidade em revistas do sector;
  • Realizando visitas de prospecção.
Como desenvolver a relação com os clientes-alvo?
  • Prestando o serviço e demonstrando flexibilidade;
  • Prestando o serviço e aprendendo mais e mais sobre o cliente;
  • Estando à frente do cliente na informação legal e normativa;
  • Realizando visitas periódicas para transmitir reflexão sobre os resultados que se traduza em cêntimos poupados, quer em receitas mais baratas, quer em menos defeitos, quer em informação sobre novos adjuvantes.
Onde é que a empresa vai ter de ser realmente boa?
  • Na realização dos testes;
  • Na logística das amostras; e 
  • Na logística dos resultados.
Quais são os investimentos estratégicos da empresa?
  • Técnico competente;
  • Transporte das amostras;
  • Instalações e equipamento laboratorial.
Parcerias que podem ajudar o negócio? 
  • Dar-se a conhecer a associações do sector;
  • Dar-se a conhecer a fornecedores de matéria-prima;
  • Dar-se a conhecer a consultores que apoiam as empresas na obtenção da marcação CE.

Acerca do achamento de Pandora

Gostava que os portugueses tivessem consciência que hoje, há 511 anos, acharam um planeta chamado Pandora. Só que dessa vez os Na'vi não tiveram a mesma sorte que a do filme "Avatar".
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Não é para renegar a nossa história, é para pôr-mos as coisas em contexto e habituar-mo-nos a ver o mundo pela perspectiva do outro, seja índio, na'vi, finlandês ou alemão.

quinta-feira, abril 21, 2011

Ciclos naturais

As últimas chuvas inundaram as margens do que resta do IP5 com milhares e milhares de fetos.

Acerca da agricultura

Houve um tempo em que falar da CAP era falar de iniciativa privada, era falar de iniciativa, era falar de independência. Hoje, é falar de funcionários públicos encapotados, dependentes de apoios, de subsídios e de toda uma panóplia de benesses que tornam a produção secundária.
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Claro que no discurso tem de estar:
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""Temos 3.500 milhões de euros em importações anuais, que podem ser substituídas por produção nacional; é isso que queremos que a 'troika' perceba", (Moi ici: E em tempos de austeridade no bolso das pessoas, fica mais barato comprar cá ou fora?) disse João Machado à saída da reunião com os peritos do Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia.
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O presidente da CAP frisou que o sector agrícola "pode dar um grande contributo" ao país e "prevenir o abastecimento nacional", lembrando que Portugal "ainda importa 30 por cento do que consome" e que "parte pode ser produzido no país se os fundos forem mantidos" e o país continuar a investir.
João Machado frisou que os fundos comunitários da política agrícola comum "são fundamentais", assim como "o são os fundos nacionais".
"Pedimos que seja mantido o investimento nacional para podermos aceder aos fundos comunitários e também uma melhor gestão do governo e do ministério da agricultura para os agricultores receberem a tempo e horas as comparticipações a que têm direito", reforçou."
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Um dia vamos todos... quase todos, perceber que os fundos fazem mais mal do que bem, que os fundos atrasam, impedem a reconversão estratégica da exploração agrícola.
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Saudação para o ex-ministro Jaime Silva que teve a coragem de dizer umas verdades e que, por isso, foi "expulso" de Portugal.
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No semanário Vida Económica:
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"Com a globalização que a partir dos anos 90 foi um choque para a nossa agricultura, repare-se que hoje em dia chegam-nos cá preços imbatíveis, mas mesmo assim a agricultura portuguesa e europeia são capazes de se preparar para aguentar este choque da concorrência. Nós, em Portugal, temos sectores, como o vinho, que têm conseguido crescer e afirmar-se na exportação nos mercados mundiais, um sector com grande dinâmica e que conta com gente muito nova, jovens profissionais do marketing e gestão, de enologia e viticultura. Há ainda o sector da horticultura e floricultura que tem crescido bastante nos últimos anos no que diz respeito à exportação, aliás estes sectores já exportaram em 2010 tanto como o vinho ( cerca de 700 milhões de Euros). (Moi ici: Estes números deviam ser mostrados e divulgados) O sector do Azeite está também em franca expansão, e conseguimos também colocar o azeite na moda, ou seja, nas refeições diárias dos portugueses; O sector do leite conseguiu manter-se bem, (Moi ici: Quem protesta são os que ficam para trás) por força de uma boa base cooperativa, e o sector das carnes tradicionais, com a parte dos bovinos e dos ovinos, aguentou-se, o sector da castanha, uma grande fileira, que teve um investimento enorme está em franca expansão. Em suma, nós temos um conjunto de fileiras que têm grande sucesso. Não temos os sectores tradicionais como os cereais ou girassol, (Moi ici: Mas os senhores da CAP querem obrigar-nos a comprar o cereal caríssimo que produzem apesar de subsidiado) mas, por outro lado, somos bons a fazer milho, arroz, tomate para a indústria, sectores onde temos possibilidade de crescer.
Hoje em dia, voltou a sentir-se que a agricultura tem uma importância estratégica única. Porque há 20 anos para cá o grande problema da Europa é que havia produção em excesso face àquilo que o mercado consumia, hoje em dia estamos num outro patamar. Com a emergência dos países da Ásia, que melhoraram a sua qualidade de vida devido à globalização, designadamente com o incremento do comércio internacional, essas populações melhoraram as suas dietas, e hoje em dia as estimativas internacionais apontam para um aumento da procura de bens alimentares em 50% até ao ano 2050. (Moi ici: Em vez de estudar as oportunidades onde podemos ser competitivos, onde podemos ser independentes, onde podemos ganhar dinheiro... a atenção de muitos recai sobre a procura, a negociação, a luta por subsídios, a luta pela sua entrega a tempo e horas... e já não sobra atenção para o depois de amanhã) Isto vem criar mercado para os bens agrícolas e como tal oportunidades para o sector."

A batalha das ofertas

"While it may be firms that compete and managers that plan campaigns, the actual battles take place between offerings. They are the central element in the geometry of competition just as they are the central element in competition between firms. The customer’s choice is at the center of the competitive world.
But capabilities are the engine that drives offerings. The set of offerings you might put into the marketplace are both enabled and constrained by the past structural and infrastructural choices the firm has made. It is a very rare instance where strategy is literally conjured up from a blank sheet of paper. As a result, we must recognize that companies at a point in time have a relatively stable set of capabilities with which to create their offerings. These capabilities define the set of offerings that a company can offer.
Positioning is the fundamental strategic concept. When we speak of position, we must be explicit about what kind of position we are talking about. There are two kinds of strategically important positioning. There is the position of one offering vs. another. Understanding this type of positioning is critical to understanding what offerings will succeed in the marketplace. There is also the positioning of one firm’s capabilities vs. another’s. We don’t compete on capabilities, but they play a most important role in creating the offerings by which firms do compete.
This gives us the fundamental relationships that drive competitive dynamics.




Offerings are the embodiment of strategy. They are the weapons with which competitive battles are fought. But the range of offerings a firm may choose is determined by its capabilities. These capabilities in turn are a reflection of the activities of the firm. To answer strategic questions these relationships may be explored in reverse: if I want to have that offering, what capabilities do I need? To gain those capabilities what assets and activities must change?"
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Voltando aqui ... está cá tudo.
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Slide 4 - the offering
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Slide 5 - the activities
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Slide 8 - the assets
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O que me fascina, e sabe Deus o quanto suo a tentar passar esta mensagem nas empresas, nas formações e nos workshops, é aquele trecho final do recorte: "if I want to have that offering, what capabilities do I need? To gain those capabilities what assets and activities must change?". Começamos pelo fim, qual a oferta que vai seduzir e satisfazer os clientes-alvo. Depois, daí e recuar até chegar aos recursos e infraestruturas que suportarão as actividades que  engendrarão a capacidade de produzir a oferta naturalmente.
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Trecho retirado de "The Geometry of Competition" de Bruce Chew

Aprender com o canário grego...

A propósito desta consequência.
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Será que alguém pode ganhar com isto virando a perspectiva?
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Quantas empresas nacionais não competitivas se podem tornar competitivas por causa das condições de pagamento?
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Quantas empresas nacionais, actualmente não competitivas, estão a estudar esta oportunidade?
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É um daqueles momentos a meio do ano, em que faz sentido convocar uma reunião extraordinária para pôr em causa as orientações estratégicas actuais da empresa e, reflectir sobre as ameaças que têm de ser minimizadas e as oportunidades que podem ser aproveitadas.
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É o caminho menos percorrido...
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Estupidamente ainda não estou bem treinado para olhar do outro lado do espelho automaticamente. Só lá cheguei quando comecei a pensar sobre as razões que levariam uma empresa grega que transforma matéria-prima comprada na Turquia e Bulgária, a contactar uma empresa portuguesa para lhe comprar uma máquina e passar a produzir internamente a matéria-prima.

quarta-feira, abril 20, 2011

Os fantasmas dos governos futuros ...

...procuram o primeiro ministro

A rede de sinergias e o seu papel na captura de valor

Gosto de usar este esquema quando apresento a sinergia de uma proposta de valor assente no serviço:
1. Presta-se o serviço, para 2. fortalecer a relação e 3. desenvolver uma relação de fidelização. O prolongar e o aprofundamento da relação permite 4. adquirir mais conhecimento sobre o cliente, e sobre as suas necessidades. Se se cultivar a flexibilidade, mais conhecimento sobre o cliente e as suas necessidades, gera 5. novas oportunidades para alargar a gama de serviços prestados e, assim, reforçar 6. a relação de fidelização, criando novas oportunidades , 7. para fortalecer a relação, para prestar serviço e para demonstrar flexibilidade.
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Enquanto não se quebrar a confiança, o ciclo pode prolongar-se indefinidamente como um ciclo virtuoso.
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Quando escrevi sobre a mymuesli e sobre o mundo de nichos de customização não tinha feito a ponte para o ciclo das sinergias da proposta de valor do serviço.
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Quando comentei o artigo de Chad Syverson sobre a maior ou menor substituabilidade de um produto não tinha feito a ponte para os serviços.
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Quando escrevi este postal sobre as empresas de formação e o buraco onde se enterram, não fiz a ponte para:
  • o ciclo do serviço;
  • a customização e a co-criação; e
  • a vantagem da menor substituabilidade.
O que me levou a juntar todas estas peças foi a leitura de um artigo do Strategic Management Journal, "Value Creation, Competition, and Performance in Buyer-Supplier Relationsips" de Olivier Chatain. Alguns recortes:
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"Brandenburger and Stuart (1996) posited that the concept of added value, the increase in total value creation when a firm is added to a strategic interaction, can be used to gauge ability to capture value.
Subsequently, studies applied to specific issues have used these formal methods to analyze the role of demand in pursuing sustainable advantage, the choice between generalist and specialist strategies , and the role of central network positions in value capture.
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Empirical studies in the RBV tradition have shown capabilities to matter to firm performance.
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The value-based approach provides a holistic treatment of how the blending of competition and capability heterogeneity generates performance differentials. It retains one of the fundamental insights of the RBV, that capability heterogeneity is a root cause of performance differentials in the product market, while giving the opportunity to work outside the domain of the Ricardian model of market competition and to expand the applicability of capability-based analysis of competitive outcomes.
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Client-specific value creation results when, for instance, the knowledge a supplier acquires about a client is instrumental to delivering a service to or customizing a product for that client, but is not useful for serving other clients. I show that when the client-specific component of total value creation is high relative to other, non-client-specific components, the set of relevant competitors can be dramatically reduced. We can thus trace the competitive pressures faced by a supplier to the small number of competitors with a high level of client-specific value creation ability. It is to these suppliers that a buyer is more likely to threaten to turn to when trying to negotiate better terms with an existing supplier.
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I argue that if client-specific value creation is important, the set of relevant competitors can be defined with reference to buyers’ existing supplier relationships. The hypotheses focus on two dimensions of value creation, expertise advantage and client-specific economies of scope, and their link to value capture under competition. The concept of added value is used to relate value creation and value capture.
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I find that new client needs are much more likely to be fulfilled by law firms that are already providing other legal services to that client. This suggests that client-specific knowledge is a large component of value creation. I analyze the determinants of two dependent variables linked to value capture: client relationship stability and law firm profitability. I find that a law firm’s level of expertise relative to the set of competitors sharing the same client is significantly related to the stability of the client relationship."
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E qum diz "law firm" diz contabilidade, consultoria, formação... se praticadas fugindo ao negócio do preço mais baixo.

Os cucos

Enquanto as empresas que fazem o by-pass ao país assumiram o seu futuro nas mãos e estão a fazer maravilhas.
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O sector de bens não transaccionáveis, após década e meia a viver à grande e à francesa, resiste até ao fim em reformar-se e ganhar o futuro:
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"Confederação alerta para grave crise na construção e imobiliário".
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Pois...

Aprender com o canário grego...

O canário grego é uma boa escola.
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Apetecia-me ir à Grécia ver como é que a realidade concreta das empresas porque isto já começou:
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"Empresas pagam importações a pronto devido à má reputação do País" tal como disse Tania Vranopoulos.

A velha academia não percebe nem tem guião (parte II)

A velha academia não vê luz ao fundo do túnel, acha que temos de sair do euro e/ou baixar salários para sermos competitivos:

E, no entanto, ela move-se...
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Na página 32 (Não faz sentido ser remetido para o fim do jornal, devia estar na capa para ajudar a quebrar os modelos mentais obsoletos) do Jornal de Negócios de ontem encontramos vários artigos de antologia, assinados por Rui Neves.
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"Exportações do sector do metal dispararam 120% este ano" (Moi ici: Conseguem conceber a enormidade deste número? É um número que compara com um 2010 que já foi bom.)
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"São números quase assustadores, no bom sentido.” Nos primeiros dois meses do ano, o sector que mais contribui para as exportações portuguesas, o da metalurgia e da metalomecânica, cresceu, em termos homólogos, mais que duplicou as suas vendas ao exterior.

Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da AIMMAP (associação dos industriais metalúrgicos e metalomecânicos) garante que estamos perante estatísticas absolutamente fiáveis. "Em Janeiro e Fevereiro deste ano exportámos mais do que nos primeiros três meses do ano passado", afiança ao Negócios. De acordo com esta estrutura associativa, o sector do metal gerou exportações de 3,388 mil milhões de euros nos dois meses de arranque de 2011, contra 1,540 mil milhões um ano antes.

Dois exemplos: na área automóvel (integrando apenas a componente metal), "o crescimento neste período foi da ordem dos 190%", enquanto na cutelaria "rondou os 170%". Como se explica esta evolução estonteante na frente externa? "Consideramos que havia, e há, uma margem de crescimento no nosso sector, tanto no mercado português como lá fora", justifica Rafael Campos Pereira. Conclusão: o sector, que valia cerca de 34% das exportações em 2010, "representa agora 52% do total"."
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"Exportações cresceram 20% até Março, segundo dados da Cosec
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De acordo com os indicadores da Cosec relativos à sua actividade em mercados externos, as exportações portuguesas deverão ter registado no primeiro trimestre deste ano "um crescimento homólogo da ordem dos 20%, ou seja, em linha com os verificados até Fevereiro", adiantou ao Negócios Miguel Gomes da Costa, presidente da maior seguradora portuguesa de créditos. Neste período, as vendas garantidas pela Cosec cresceram 21%, "acompanhando de perto" o aumento verificado na exposição total da seguradora em mercados externos, "que atingiu um valor da ordem dos 27%".
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"Euforia no sector da metalurgia e da metalomecânica
No maior, assim como mais heterogéneo, sector português de actividade, vivem-se dias de glória. "Em Janeiro e Fevereiro deste ano, exportámos mais do que nos primeiros três meses do ano passado", avançou ao Negócios Rafael Campos Pereira, vice-presidente da associação dos industriais metalúrgicos e metalomecânicos (AIMMAP). De acordo com esta estrutura associativa, com base nos números do INE, as vendas do sector ao exterior cresceram, em termos homólogos, cerca de 120% no agregado dos primeiros dois meses do ano: de 750 milhões para 1,659 mil milhões de euros em Janeiro; e de 790 milhões para 1,729 mil milhões de euros em Fevereiro. Uma performance estonteante que Rafael Campos Pereira não consegue garantir que se tenha mantido em Março. Este sector vale cerca de um terço das exportações nacionais, tendo as vendas ao exterior atingido 10,5 mil milhões de euros em 2010.

Calçado, imparável, já chega a mais de 130 países
O sector mais internacionalizado da economia portuguesa, exportando mais de 95% da sua produção, está imparável na frente externa. Após ter fechado os dois primeiros meses de 2011 com um crescimento homólogo das exportações de 22%, para 273 milhões de euros, esta indústria deverá ter mantido, ou diminuído um pouco, a sua performance no acumulado dos primeiros três meses deste ano.
"Perspectivamos um crescimento no primeiro trimestre na ordem dos dois dígitos... superior a 15%", adiantou ao Negócios Fortunato Frederico, presidente da associação do sector (APICCAPS). "Uma previsão que se consubstancia pelo acréscimo de encomendas, fruto nomeadamente de uma forte campanha de promoção que a APICCAPS tem, que se traduz na presença de 150 empresas em cerca de 70 eventos internacionais este ano", enfatizou. Esta indústria já exporta para mais de 130 países.

Têxteis tecem crescimento de 14% no trimestre
"Penso que podemos avançar, com alguma segurança, que os resultados do primeiro trimestre deverão rondar um crescimento [das exportações do sector] de 12% a 14%", revelou ao Negócios fonte oficial da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP). Um crescimento que, a concretizar-se, estará em linha com o registado nos primeiros dois meses do ano, de 123% face ao período homólogo do ano anterior. No acumulado de Janeiro e Fevereiro, as vendas ao exterior cresceram 30,9% e as dê produtos acabados (vestuário e têxteis-lar) 7,4%. Já para o total do ano, a ATP ressalva que, "face à volatilidade e instabilidade dos mercados", tem alguma dificuldade em aferir a evolução da actividade na frente externa. "Se tudo corresse pelo melhor e conseguíssemos uma taxa de crescimento a rondar os 10%, seria fantástico, pois assim conseguiríamos anular os maus resultados de 2008 e 2009", concluiu a mesma fonte associativa."
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Entretanto o anti-comuna arranjou mais umas fontes interessantes:

Poesia eleitoral

"We have no reason to harbor any mistrust against our world, for it is not against us. If it has terrors, they are our terrors; if it has abysses, these abysses belong to us; if there are dangers, we must try to love them. And if only we arrange our life in accordance with the principle which tells us that we must always trust in the difficult, then what now appears to us as the most alien will become our most intimate and trusted experience. How could we forget those ancient myths that stand at the beginning of all races, the myths about dragons that at the last moment are transformed into princesses? Perhaps all the dragons in our lives are princesses who are only waiting to see us act, just once, with beauty and courage. Perhaps everything that frightens us is, in its deepest essence, something helpless that wants our love."
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Rainer Maria Rilke, 12 de Agosto de 1904
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Trecho retirado daqui.