quarta-feira, agosto 21, 2024

Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte III)

A pergunta do final da parte I foi: "Como se altera a composição relativa dos sectores económicos?" 

A esta pergunta alguns vão responder com outra pergunta: Por que é preciso alterar a composição relativa dos sectores económicos?

Neste blogue ninguém deseja o mal de ninguém, todos fazem falta até que o mercado diga que chegou a hora de morrerem porque não mudaram, ou porque chegaram ao limite da mudança permitida. Recordo que há muitos anos que olho para a economia como uma continuação da biologia. Se os crocodilos encontraram um nicho também algumas empresas em sectores tradicionais o conseguirão fazer. No entanto, um nicho é um nicho.

Vamos considerar um cenário onde não se altera a composição relativa dos sectores económicos. 
Como pode aumentar a produtividade do país? Este é o campo dos "Carlos consultor":


Os consultores podem ajudar a conseguir melhorias intrasectoriais. É o mundo da melhoria da eficiência, melhoria da inovação e consequente melhoria de preços.

Os consultores podem também ajudar a conseguir melhorias por mudança de sector. Por exemplo:
Por exemplo, uma empresa do sector têxtil conseguir migrar para o fabrico de têxteis técnicos para a indústria aeronáutica ou automóvel. Só que isto tem de ser feito em larga escala para o agregado se mexer.

Esta melhoria da produtividade nunca será capaz de trazer o salto para nos tirar dos 66% da média europeia.

E quando se considera um cenário onde se altera a composição relativa dos sectores económicos? Ou seja, quando se mexe a sério no agregado?

Aqui entra o ponto de vista do Carlos cidadão. Os empresários portugueses fazem o melhor que podem e sabem, mas para alterarem a composição relativa dos sectores económicos teriam de ter muito mais capital e, sobretudo mais know-how (reparem como todos os investimentos industriais da Sonae na Europa deram para o torto, por exemplo). Algumas vozes recomendam a fusão e concentração das empresas porque as empresas maiores têm produtividades superior às empresas pequenas no mesmo sector de actividade. Só que estas vozes não sabem é que o mercado que uma empresa de calçado com 200 trabalhadores tem de servir não é o mesmo mercado, com a mesma proposta de valor que quatro empresas de calçado com 65 trabalhadores servem. Se as juntarem elas não vão conseguir servir nem os antigos nem os novos, por falta de know-how e, muitas vezes, por hardware inadequado.

OK. Onde se arranja know-how e capital em quantidade? Com investimento directo estrangeiro.

Por que é que investimento directo estrangeiro escolheria Portugal? Ver a coluna "Corporate Tax Rank" no "2023 International Tax Competitiveness Index Rankings". Por isso, escrevi: Não são elas que precisam de Portugal, Portugal é que precisa delas. Por isso, acho incrível que os números da parte II e esta necessidade de alterar a composição relativa dos sectores económicos não entre nesta conversa Descida do IRC é injusta (tanto o PS como o PSD são desesperantes, um porque está contra e o outro porque não sabe defender a necessidade da descida, refugiando-se na necessidade das empresas existente acumularem capital. Sim, isso é verdade, mas a verdadeira razão é muito mais importante, copiar a atractividade irlandesa). Por isso, escrevo há anos sobre os mastins dos Baskerville. Na estória de Sherlock Holmes os mastins não ladraram e isso era significativo. Neste tema, o significativo são as empresas que não estão presentes na economia portuguesa, as presentes fazem o melhor que sabem com os resultados que temos.

Quando foi o último grande salto da produtividade portuguesa? Quando milhares de alentejanos abandonaram a agricultura e foram trabalhar na cintura industrial de Lisboa. Recordar Reinert:
"As was so obvious to American economists around 1820, a nation - just as a person - still cannot break such vicious circles without changing professions."
Este tipo de salto pode ser conseguido com investimento directo estrangeiro. Mas não é com apoios para suportar negócios que vivem de apoios. Não, é criar as condições e deixar quem sabe criar riqueza vir.

Acerca da produtividade um dos primeiros choques que tive, porque ia contra o mainstream, foi-me dado por um finlandês, Maliranta, que escreveu sobre a experiência finlandesa. Com ele aprendi algo deste género: "É amplamente aceite que a reestruturação das empresas aumentou a produtividade ao deslocar trabalhadores pouco qualificados e criar empregos para os altamente qualificados. Contudo, isso é falso. Na sua essência, a destruição criativa significa que as fábricas de baixa produtividade são substituídas por fábricas de elevada produtividade ." Por favor, volte a trás e releia esta última afirmação. O salto de produtividade não é dado por trabalhadores com mais formação (recordar a caridadezinha ou a azelhice ao estilo de AOC de um presidente da câmara de Guimarães), mas por outro tipo de empresas.

Outra afirmação que guardo há anos sobre o tema:
"Systems don’t learn because people learn individually –that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game."
Por isso, escrevo aqui há anos sobre a necessidade de deixar as empresas morrerem e ter cuidado com os apoios que se dão:
"By and large, the inability to distinguish the A and B groups rendered these grants socially counter-productive. The funds flowed selectively into the least viable part of the industry, preventing change, and subsidized competition with the A-group, so slowing its growth."
Às vezes penso que se não fossem os apoios da UE a economia portuguesa estaria mais desenvolvida, porque muitos desses apoios são para apoiar as empresas que passam mal. O apoio funciona como uma botija de oxigénio para um zombie.

Por fim recordo os Flying Geese uma ilustração clara do que é preciso para conseguir a tal alteração da composição relativa dos sectores económicos:
BTW, para conseguir a tal alteração da composição relativa dos sectores económicos tem de haver uma transição mais ou menos dolorosa

Como não há esta injecção de capital e know-how, os incumbentes vão recorrendo a truques para se manterem.

terça-feira, agosto 20, 2024

Curiosidade do dia

No jornal The Times de ontem:
"Senior executives who hired the three big strategic consulting firms of McKinsey, Boston Consulting Group and Bain often say they are no help, according to a study commissioned by a rival firm.
A survey of 702 executive staff and project managers found that of those who worked with the three biggest consultancies in corporate transformation projects, 84 per cent felt they "were no help at all". Only 13 per cent said they were more help than hindrance. Three per cent said they had a negative effect.
...
"What you have is big consultancy armies with briefcases. They walk into organisations and confidently try to get them to fit into a predesigned transformation strategy mould. But what organisations need is a solution that works in their context.""

Faz-me lembrar a estória do Big Data. 

Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte II)

Pergunte-se, por que é que nunca lhe mostraram estes números?

Quando escrevi a parte I a minha ideia era escrever uma parte II que respondesse à pergunta "Como se altera a composição relativa dos sectores económicos?" e numa parte III mergulhar nos números. Agora, mudei de ideias. Responderei à pergunta numa parte III e vou dedicar esta parte II aos números.

Pense na quantidade de pessoas que falam e escrevem sobre produtividade. Pense nas dezenas de anos e milhares de conversas em que o tema da produtividade é discutido. Recorde as teorias mais estapafúrdias que aparecem nos media, um exemplo cómico, outro exemplo cómico de 2007 é o da saudade. E recorde os professores de Economia a pedirem estudos, "Formação e salários: não podemos nivelar por baixo", quando basta procurar os números. Não resisti...

Vamos lá aos números a frio sem mais demoras.

Na parte I apresentamos esta comparação:

Alguma vez foram procurar números ao sítio da instituição irlandesa que trata das estatísticas, Central Statistics Office (CSO)? Vamos a esta publicação em particular, "Productivity in Ireland Quarter 3 2023". Nela vão encontrar algo que referimos inicialmente aqui no blogue em 2020, no dia em que nasceu o primeiro campeonato do Amorim, no dia em que chamei a atenção para a falta de informação e conhecimento de Alexandre Relvas sobre este tema em particular. 

No referido site encontramos que a produtividade na Irlanda, por hora trabalhada, no terceiro trimestre de 2023 foi de 103,9 €/h. Reparem neste gráfico:
Três linhas?!!!

Reparem como a prática do CSO é a de apresentar três números em simultâneo:
  • para a economia no seu total - 103,9 €/h
  • para o sector doméstico - 54,4 €/h
  • para o sector estrangeiro, agarrem-se à cadeira - 405,9 €/h
Perguntam vocês: o que é isto de sector doméstico e de sector estrangeiro?

Sector Doméstico: Inclui empresas que são de propriedade maioritariamente irlandesa e que operam principalmente para o mercado interno. Essas empresas têm menos vínculos com as supply-chain globais e são mais representativas da economia local.

Sector Estrangeiro: Compreende as empresas que são de propriedade estrangeira, muitas vezes multinacionais, que operam na Irlanda. Estas empresas estão fortemente integradas nas supply-chain globais e utilizam a Irlanda como uma base para produção e exportação para outros mercados.

No final do artigo abram a "Table 1.1: Labour Productivity by Sector (Euro per Hour)", vejam a produtividade de "Manufacturing sectors dominated by foreign-owned multinational enterprises" (503,6 €/h) e comparem com "Manufacturing sectors dominated by domestic and other enterprises" (88,4 €/h) há aqui um efeito de spillover (recordo que a produtividade por hora trabalhada na Alemanha em 2022 foi de 63 €/h).

Pergunte-se, por que é que nunca lhe mostraram estes números?

Vou repetir-me na parte III, mas conseguem agora relacionar: 
  • a lição irlandesa;
  • os mastins dos Baskerville, os que "não ladram" porque não estão presentes;
  • "a descida do IRC é injusta" - tão dolorosa é a posição do PS como a do PSD. Um porque não a quer, o outro porque não a sabe explicar;
  • Portugal precisa mais delas do que elas de Portugal;
  • Flying Geese;
  • deixem as empresas morrer;
  • Maliranta e Taleb; e
  • falta a parte dolorosa da transição.

segunda-feira, agosto 19, 2024

Curiosidade do dia

Recordo de Junho passado a propósito das palavras da ministra da Saúde:

Agora leio "Cinco auditorias expõem falhas na gestão da escala de férias dos médicos em 2022. O que está a falhar agora nas urgências?":

"Muitas unidades aceitam que médicos concentrem férias no verão, receando que deixem o SNS. Urgências ressentem-se e Ordem revê mínimos das equipas. 

...

Em Almada, o Hospital Garcia de Orta foi acusado pela IGAS de “total passividade” por não ter resolvido o problema que surgiu em junho de 2022, quando um elevado número de especialistas estavam de férias em simultâneo, gozando férias que constavam de um mapa que ainda nem sequer tinha sido formalmente aprovado.

...

e, pior do que isso: pelo menos oito profissionais foram colocados em turnos em dias em que se encontravam de férias já aprovadas.

Todo este caldo levou a uma semana de caos nas urgências. A IGAS argumentou ainda (tal como fez noutros hospitais) que o hospital podia ter recorrido a mecanismos do Código de Trabalho para, unilateralmente, mudar as férias dos profissionais e impedir que a urgência tivesse de fechar. Mas o hospital considerou que tinha de ser “sensível ao ambiente de desmotivação e descontentamento verificado naquele serviço (…) procurando amenizar esse ambiente e evitar a saída de mais profissionais”. Recorrer a esses mecanismos legais iria gerar mais descontentamento, concluiu o hospital." 

Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte I)

Em Portugal, a conversa de café é a norma. Discute-se, discute-se mas recorrer a números, quase ninguém o faz.

Vamos por partes, por que é que a produtividade de um país é importante?

A produtividade mede a riqueza criada. Quanto maior a produtividade mais rico é um país. Ou seja, quanto maior a produtividade mais os recursos utilizados, sempre escassos, geram mais riqueza. Esta riqueza pode ser canalizada para:
  • Suportar o investimento, fundamental para a inovação e crescimento económico, os custos do futuro, como escreveu Schumpeter.
  • Melhorar salários. Quando as empresas se queixam de falta de trabalhadores, o problema pode residir na incapacidade de gerar riqueza suficiente para oferecer salários atraentes. A solução passa por aumentar a produtividade, o que permitirá pagar melhor e atrair mão-de-obra qualificada.
  • Pagar mais impostos. Não necessariamente através de taxas mais elevadas, mas sim pela maior quantidade de riqueza gerada.  Este ponto é importante: os governos são como os vizinhos invejosos, querem dar aos seus cidadãos serviços e benesses que os outros governos já dão apesar da riqueza criada ser menor. Por isso, têm de aplicar taxas muito progressivas que acabam a inibir o crescimento económico.
É chocante olhar para os números da produtividade por hora trabalhada de Portugal e da Irlanda:
Quando comparamos a evolução da produtividade entre Portugal, a Irlanda e outros países temos:


Quando falamos de produtividade, referimo-nos à capacidade de maximizar a criação de valor com uma quantidade limitada de recursos, sejam eles tempo, dinheiro, mão-de-obra ou materiais. Assim, uma empresa produtiva não é apenas aquela que produz mais, mas sim aquela que consegue gerar mais valor a partir dos recursos disponíveis.
Como é que a produtividade de um país pode aumentar?

Tratando-se de um rácio, a produtividade pode ser aumentada de duas maneiras:
  • Aumentando o numerador - Aumentando o preço do que se produz.
  • Reduzindo o denominador - Aumentando a eficiência, reduzindo os custos.
Agora chega o ponto crítico: O Carlos consultor versus o Carlos cidadão.

A melhoria da produtividade das empresas existentes nunca será suficiente para que o país dê o salto, é preciso que outro tipo de empresas apareça, é preciso que a composição relativa dos sectores económicos se altere. Por exemplo:

As empresas mais produtivas nos sectores "Ind. têxteis, vestuário e calçado" não conseguem competir com uma empresa mediana no sector "Produtos farmacêuticos".

Como se altera a composição relativa dos sectores económicos? Vamos responder na parte II.




domingo, agosto 18, 2024

Curiosidade do dia

Fiquei tentado a simplesmente citar:

"One danger of trying to outlaw ‘fake news’ is that mistaken views have a habit of turning out to be true"

No entanto, acabei por acrescentar mais un pozinhos:

"Foster Wallace's point is that even the most intelligent among us are immersed in delusions we struggle to perceive and which future generations will regard as primitive or downright false. This is baked into the human condition and articulates why free speech is so precious. For while there will always be a lot of nonsense spouted when the spigots are opened up, it is the only way for us to perceive the blinkers that afflict us all. To use a metaphor of which Foster Wallace might have approved: free speech helps to grow the tree of knowledge. And while censorship can prune the rotten branches, it condemns the overall structure to non-growth, which is the greatest poison of all.

This is also why heretics and mavericks are so crucial to progress. I don't just mean people like Galileo but more everyday examples. Sometimes, you see, a rogue doctor will be right about the dangerous side effects of a vaccine. Sometimes, a journalist will be right that a drug is causing birth defects.

Sometimes, a whistleblower will be right when claiming a pandemic was unleashed by a lab leak. And sometimes an outsider will be right when saying that progressives - who often wish to censor others — are themselves enmeshed in a gigantic delusion. Indeed, a good contemporary example is the pseudoscience of critical race theory, which has ensnared so much of the radical left, including the Sussexes."

Trechos retirados de "Censors enforce orthodoxy the problem is we need heretics too

"Um empresário investe lucros, não empréstimos"

"P - Isso leva-nos a outra questão: as empresas têm uma fiscalidade justa? 
 R - Se comparar a tributação efetiva em média - não a nominal -, com as empresas europeias com quem nos devemos comparar, como Áustria, Bélgica, Holanda e Espanha, pagamos mais 6 pontos percentuais de IRC. É colossal a diferença, e destrói a capacidade de acumular parte dos lucros para investir. Um empresário investe lucros, não empréstimos. Temos as empresas insuficientemente capitalizadas porque temos ideias feitas sobre o lucro. Na Europa a tributação das empresas é 19%, em Portugal 25%."

Sem investimento não há inovação, não há subida na escala de valor. Por isso, a oferta vai-se comodificando, a margem vai-se corroendo e entra-se numa corrida para o fundo, inexorável.

Recordar o que a Mariana não sabe acerca dos custos do futuro. No entanto, se lerem este último link, olhem para o exemplo da Toyota. A Toyota não fala dos lucros passados, fala dos lucros futuros. Sim, é preciso acumular capital porque os lucros de um ano não chegam para fazer todos os investimentos necessários. Como o futuro é incerto, é preciso acumular uma parte antes de começar, para evitar surpresas. reservas. Esse montante é parte do lucro líquido que não é distribuído aos accionistas na forma de dividendos, mas sim retido pela empresa para financiar futuros investimentos, expansão, ou para cobrir possíveis contingências. Em Portugal, as reservas constituídas a partir dos lucros não são directamente taxadas de forma diferente dos próprios lucros. A tributação ocorre sobre o lucro líquido da empresa antes de qualquer alocação para reservas.

Trecho retirado do caderno de Economia do semanário Expresso do passado dia 15 de Agosto, "A sociedade desconfia do lucro, e por isso quer taxá-lo", uma entrevista com Augusto Mateus.

sábado, agosto 17, 2024

Curiosidade do dia

Primeiro o porco, depois o vinho, depois ...

Ontem: "Cette boulangerie près de Lyon arrête de vendre du porc : "Sinon, ils brûlent tout""

Recordar de 2015 "Mongo e escolhas assimétricas"

"Strategic pricers do not ask ..."

"Most companies still make pricing decisions in reaction to change rather than in anticipation of it. 

...

So how do marketing and financial managers at exceptional companies achieve sustainable exceptional profitability? It is not the result of slashing overhead more ruthlessly than their competitors. In fact, Deloitte's data indicates that exceptional performers tend to spend a bit more than competitors (as a percent of sales) on R&D and SG&A. Their exceptional profitability and, eventually, exceptional stock valuations are built on higher margins per sale that fund initiatives to grow future revenues.

Unfortunately, many companies fail to understand that making sales profitably should be the first priority, not an afterthought, to a growth strategy.

...

The difference between successful and unsuccessful pricers lies in how they approach the process. To achieve superior, sustainable profitability, pricing must become an integral part of strategy. Strategic pricers do not ask, "What price is needed to cover our costs and earn a profit?" Rather, they ask, "What costs can we afford to incur, given the prices achievable in the market, and still earn a profit?" Strategic pricers do not ask, "What price is this customer willing to pay?" but "What is our product worth to this customer and how can we better communicate that value, thus justifying the price?" When value doesn't justify price to some customers, strategic pricers do not surreptitiously discount. Instead, they consider how they can segment the market with different products or distribution channels to serve the more price-sensitive customers without undermining the perceived value to other customers. And strategic pricers never ask, "What prices do we need to meet our sales or market share objectives?" Instead, they ask,

"What level of sales or market share can we most profitably achieve?""

Trechos retirados de "The Strategy and Tactics of Pricing" de Thomas T. Nagle, Georg Müller and Evert Gruyaert" 


sexta-feira, agosto 16, 2024

Curiosidade do dia

Encontrei este texto no jornal The Times do passado dia 31 de Julho.

Voltei a recordar-me dele ao ler que o governo de turno em Portugal resolveu distribuir mais dinheiro por reformados.

Entretanto, vi imagens sem som da senhora da APRE e o texto ficou ainda mais vivo:
  • O texto destaca como as pessoas mais velhas, especialmente os reformados, se tornaram significativamente mais ricas ao longo das últimas décadas, vivendo muitas vezes em famílias abastadas devido a factores como o aumento dos preços dos imóveis e políticas de pensões generosas.
  • O texto defende que muitas doações e benefícios governamentais, tais como pagamentos de combustível de Inverno, passes de viagem gratuitos e receitas(?)/consultas gratuitas do NHS para maiores de 60 anos, já não são justificáveis, dada a riqueza relativa de muitas pessoas mais velhas. O autor sugere que estes benefícios devem ser dados após prova de necessidade, para que apenas aqueles que realmente necessitam deles os recebam.
  • O texto discute a crescente disparidade entre o apoio financeiro prestado aos idosos e o disponível aos mais novos, incluindo crianças, estudantes e famílias trabalhadoras. Exige uma reavaliação de onde os recursos governamentais sejam alocados para garantir a justiça entre gerações.

Conformar-se tem os seus custos

"When your brand has fingerprints, don’t do things that require you to wear gloves."

"Fingerprints" simbolizam a singularidade e a individualidade. Tal como as impressões digitais são únicas para cada pessoa, o estilo ou identidade única de uma marca é o que a diferencia das outras. 

“Wear gloves” representa esconder ou encobrir esta singularidade.

Se uma marca tem um estilo distinto e identificável, não deve escondê-lo, obedecendo às normas ou tentando misturar-se com a multidão.

"If your brand has a unique style, don't hide it by trying to be like everyone else."

A importância de abraçar e mostrar as qualidades únicas de uma marca, em vez de as suprimir na tentativa de se encaixar nas outras.

Se é como todos os outros...

Se uma marca se tornar indistinguível das outras (ou seja, se “usa luvas” para esconder as suas “impressões digitais”), perde aquilo que a torna especial e memorável. Perder a sua identidade distinta, deixar de se destacar ou ser esquecida num mercado sobrelotado.

Porquê?

  • As marcas podem temer que o seu estilo ou abordagem única possa afastar determinados segmentos de clientes. Para atrair um público mais vasto, podem suavizar as suas características distintivas para corresponder às expectativas mais convencionais.
  • Se uma tendência ou estilo específico se torna dominante na indústria, uma marca pode sentir-se pressionada a conformar-se para se manter relevante. Isto pode levá-la a minimizar as suas qualidades únicas em favor do que é popular actualmente.
  • Uma marca pode acreditar que imitar os concorrentes de sucesso levará a um crescimento mais rápido ou à entrada no mercado. Podem deixar temporariamente de lado a sua identidade única na esperança de ganhar uma maior quota de mercado ou competir mais directamente.
  • Se uma marca estiver com dificuldades financeiras, poderá recorrer à adopção de uma abordagem mais “segura” e convencional, acreditando ser menos arriscada. Isto pode envolver minimizar os elementos que a tornaram única em primeiro lugar.

Trecho inicial retirado de "Fingerprints"


quinta-feira, agosto 15, 2024

Curiosidade do dia

Neste mundo insano, algumas palavras sensatas.

Cuidado com as certezas

A propósito disto (1):

Lembrei-me disto (2):

E já agora:

Quando penso no que tem sido a evolução:
  • na habitação;
  • na saúde;
  • nos transportes públicos,
  • na imigração; e
  • na educação.
Penso naquele número 10, "The planner has no right to be wrong."

Na ciência, as hipóteses são testadas e refutadas, e os cientistas não são culpados se as suas hipóteses forem refutadas, desde que sigam o método científico. Ao contrário dos cientistas, os políticos não podem dar-se ao luxo de estar errados porque as suas decisões têm consequências no mundo real que têm impacte directo na vida das pessoas.

Os políticos lidam frequentemente com "problemas graves", que são complexos, difíceis de definir e não têm uma solução clara. Estes problemas são ainda mais complicados pela ambiguidade de causas e efeitos e pela diversidade de opiniões públicas, tornando difícil para os políticos encontrar soluções universalmente aceites.

E vejo tantos políticos cheios de certezas.

E recordo Roger Martin em Maio passado:
"Betterment over Perfection
...
In contrast, the mindset of betterment focuses on the journey from the choices producing the current painful gap to enacting a set of choices that eliminates the gap. The current choices, the gap, the journey, and the desired strategic outcome are all front of mind.
In addition, by focusing on one gap at a time, betterment makes the strategy problem more tractable, and tractability is often a challenge in strategy. Executive teams can get overwhelmed by the task of creating from scratch a perfect overall strategy. That often feels too daunting and too abstract. Betterment is a more concrete task that makes it easier for executive teams to stay engaged and power through."

(1) - Fonte

(2) - Fonte

quarta-feira, agosto 14, 2024

Curiosidade do dia

Como se definem objectivos? (parte III)

Parte I e parte II.

Consideremos a Campbell’s Law: “The more any quantitative social indicator is used for social decision-making, the more subject it will be to corruption pressures & the more apt it will be to distort & corrupt the social processes it is intended to monitor".

Nas empresas...

Objectivos de vendas 

Uma empresa estabelece objectivos de vendas agressivos para os seus colaboradores, ligando os bónus e as promoções ao cumprimento desses objectivos.

Consequência: Os colaboradores podem recorrer a práticas pouco éticas, como a venda adicional de produtos desnecessários, a manipulação de dados de vendas ou até mesmo a criação de transacções falsas para atingir os seus objectivos. Isto pode prejudicar a confiança do cliente e prejudicar a reputação da empresa a longo prazo, distorcendo o propósito genuíno de melhorar o desempenho das vendas.

Recordo o caso da Wells Fargo, uma das maiores instituições financeiras dos Estados Unidos, implementou metas agressivas de vendas e incentivos para que seus funcionários abrissem novas contas bancárias e serviços financeiros para os clientes. Para atingir essas metas e evitar represálias, muitos funcionários começaram a abrir contas falsas e a inscrever clientes em produtos financeiros sem o seu consentimento. Estima-se que cerca de 3,5 milhões de contas não autorizadas foram criadas.

Pontuações de satisfação do cliente

Uma empresa depende fortemente dos índices de satisfação do cliente para avaliar o desempenho dos colaboradores.

Consequência: Os colaboradores podem pressionar os clientes a dar feedback positivo ou a escolher selectivamente os clientes que sabem que darão classificações elevadas, em vez de se concentrarem na melhoria genuína da qualidade do serviço. Isto mina a verdadeira intenção de medir a satisfação do cliente para melhorar o serviço, uma vez que o processo passa a ser uma questão de manipular o sistema em vez de entregar valor real.

Recordo o caso da Uber, a empresa usa um sistema de avaliação em que os motoristas e passageiros classificam-se uns aos outros após cada viagem. Essas avaliações são críticas para os motoristas, pois uma baixa classificação pode levar à desactivação das suas contas ou à perda de acesso a determinados benefícios e incentivos. Para evitar avaliações negativas, alguns motoristas começaram a pressionar os passageiros a dar classificações altas, às vezes até sugerindo diretamente que o passageiro deve dar 5 estrelas. Em outros casos, os motoristas poderiam evitar atender passageiros que acreditavam que poderiam dar uma classificação mais baixa, escolhendo atender apenas aqueles que pareciam mais propensos a dar uma boa avaliação. Essas práticas desviam o foco da melhoria genuína da experiência do cliente e passam a ser sobre como manipular o sistema de avaliação para evitar punições ou maximizar recompensas.

Métricas de produtividade em Logística

Uma empresa de logística utiliza métricas quantitativas, como o número de artigos separados por hora, para avaliar a produtividade dos trabalhadores de armazém.

Consequência: Os trabalhadores podem concentrar-se apenas na quantidade, descurando a qualidade do seu trabalho. Podem manusear artigos incorrectamente ou embalar produtos de forma inadequada para aumentar o seu número, levando a mais erros, produtos danificados e taxas de devolução mais elevadas, o que acaba por prejudicar os resultados financeiros da empresa e a experiência do cliente.

Recordo o caso da Amazon que usa sistemas de monitorização rigorosos para acompanhar a produtividade de seus trabalhadores em centros de distribuição. Esses trabalhadores são frequentemente avaliados com base no número de itens que conseguem processar por hora, com metas de produtividade que podem ser muito elevadas. Sob a pressão de atingir essas metas, alguns trabalhadores podem-se concentrar exclusivamente na quantidade, tentando processar o maior número possível de itens em detrimento da qualidade. Isso pode resultar em manuseamento inadequado de produtos, embalagem defeituosa ou apressada, e maior risco de erros. Esses problemas podem levar a um aumento nas taxas de produtos danificados e devoluções, impactando negativamente a satisfação do cliente e os resultados financeiros da empresa.

E nos governos, imaginem o manancial de oportunidades...

terça-feira, agosto 13, 2024

Curiosidade do dia

O académico versus o empírico.



 

Come on. Como se pode ser tão básico?

Acerca do vinho tenho escrito alguns postais ao longo dos anos. Recordo de há anos um focado no problema de fundo, a incapacidade de subir na escala de valor: O crescimento canceroso (de Dezembro de 2018).

Recentemente escrevi sobre a incapacidade de todos os intervenientes, desde o governo aos produtores de uva, enfrentarem a situação de frente e falarem verdade. Não falando verdade, qualquer hipótese de melhoria fica ferida de morte (recordar o que Roger Martin escreveu recentemente). Por isso escrevi:
Em Julho escrevi "Julgo que nunca verei esse dia... uma tristeza." onde citei dados da produção e consumo mundial de vinho e do crescente desencontro. Consumo desce e produção sobe. Qual a reacção em Portugal? Destilar vinho e culpar importações. E mudar? Não isso não é com os produtores.

Ontem, no FT li "Australian wine sector suffers from shift upmarket":
""Three years ago, the industry was in the best position it has been in. Now it's the worst it's been," he said.
The woes of the sector, which employs more than 160,000 full and part-time workers, have prompted an exodus of established operators.
Treasury Wine Estates, Australia's largest wine producer and the maker of some of the best-known labels on UK supermarket shelves, including Wolf Blass and Blossom Hill, announced this week that it would sell its commercial wines division with a A$290mn (US$189mn) writedown.
It was the latest in a series of deals involving Australian wine.
...
Globally, wine consumption has also been declining. UK per capita wine consumption peaked in 2009, except for a temporary boost during the coronavirus pandemic, with British drinkers now consuming 14 per cent less than they did in 2000.
Some of the world's largest alcohol companies are shifting from the commercial end of the wine marketbrands that retail for less than $10 a bottle - towards higher-margin and faster growing segments, such as spirits and premium wine.
...
"The reality is biting in Australia. [Moi ici: Esta é a linguagem de olhar para os factos e não de arranjar culpados ou pedir botijas de oxigénio, aka destilação] We are in a global oversupply situation. This is a crucible moment in the industry."
Trevor Stirling, an analyst at Bernstein, said winemakers globally had been forced to cut prices to remain competitive. "Wines that were once upon a time considered premium are now seen as mainstream," he said. "The only bit of 'Three years ago, the industry was in the best position it has been in.
Now it's the worst it's been' the wine industry in the world making money is rosé and upmarket wines.""

Também ontem, mas no JdN, apanhei, "Exportações de vinhos crescem até junho 8,6% em volume, mas só 1,25% em valor" [Moi ici: Esta matemática é impressionante!]

"As exportações totais de vinho português aumentaram nos primeiros seis meses deste ano 8,58% em volume, mas apenas 1,25% em valor, comparativamente com o mesmo período de 2023. 

...

[Moi ici: Os dois parágrafos que se seguem são de chorar. Não percebem como isto não tem nada a ver com sustentabilidade? Basta recordar os números de Simon e Dolan e o impacte assimétrico da redução de preços na rentabilidade. Esta gente não percebe que vender mais, e ganhar menos dinheiro, apesar de ter mais trabalho, mais custos, mais inventário é uma forma antieconómica de operar?] Em seu entender, "o aumento de 8,58% em volume demonstra a forte procura pelos nossos vinhos nos mercados internacionais, contribuindo para a sustentabilidade do setor".

No entanto, salienta que "continuamos a ter um desafio no que toca ao preço médio, que reduziu em vez de aumentar, como era a nossa expectativa"."

Não enfrentamos os problemas de frente, não olhamos para os dados e iludimos-nos com "vanity metrics": aumentar vendas, enquanto se perde dinheiro. Come on. Como se pode ser tão básico?

O mundo muda e temos de mudar de vida, mudar de estratégia, mudar de mercado, mudar de clientes, mudar de produto, mudar de modelo de negócio. Não podemos querer perpetuar uma postura de mercado e esperar que outros nos paguem para a manter.

O mais grave é ninguém falar como adulto suportado em números... sempre a velha estória da festa de Natal do nosso filho de cinco anos...

segunda-feira, agosto 12, 2024

Curiosidade do dia

"Things must not go on as they have been. The test of the UK's democracy is whether that reality is recognised and options for improvement discussed. That, one might have thought, is what a general election is for. But political commentators mostly seem to agree that this is hopelessly naive: the electorate does not want to be told the truth and could not understand it if they were. They should be kept in the dark and fed on manure, like the mushrooms they are. This is what the sophisticated political gurus advise. What has been the result? Disenchantment. Any political system, especially a democracy, has to deliver results."

Trecho retirado de "UK election draws a veil of silence over bitter economic truths

Exportações dos primeiros seis meses de 2024

 


Portugal exportou bens no valor de 40 mil milhões de euros no primeiro semestre, uma quebra de 0,9%, o que equivale a menos 376 milhões de euros do que em igual período de 2023.

De salientar o grande salto nas exportações de produtos farmacêuticos. Nos primeiros cinco meses as exportações caíam mais de 10% face ao valor homólogo e agora estão a crescer 3,9%. Julgo que isto tem a ver com o ciclo trimestral de exportações para alguns mercados.

As exportações de calçado e dos animais vivos continuam o seu calvário. 

domingo, agosto 11, 2024

Curiosidade do dia

"You don’t get to support those things without consequences, buddy."

Em tempos no Twitter brinquei com o que ouvia no programa Prós e Contras. Se tantas empresas de sucesso no mundo nasceram numa garagem, então, quanto mais garagens forem construídas, mais empresas inovadoras serão criadas. Este é o erro de quem confunde correlação com causalidade.

Em 2008 escrevi um postal aqui no blogue onde citei:

"if companies are not hiring, job training is irrelevant.

...

if you really want to reduce unemployment and poverty, it is obvious from recent history that job training has nothing to do with it."

Mais educação não quer dizer menos desemprego, não quer dizer melhores empresas.  

Recordo isto na sequência da leitura de um texto no Público de 8 de Agosto passado, "Notícia de um país sábio, mas pobre":

"numa década, o número de doutorados a residir no pais aumentou 73%, chegando à muita razoável cifra de 43 mil. 

...

Tanta ciência e tanto estudo serve, afinal, para quê, se os salários continuam baixos, se a economia permanece débil e o destino parece condenado à eterna e desesperada luta por uma casa para alugar ou dinheiro para o fim do mês? [Moi ici: O autor espera uma causalidade entre mais doutorados e melhor economia. Depois, no parágrafo que cito a seguir, culpa os patrões por a causalidade não se verificar]

...

Por muito mais sábios e competentes que os portugueses sejam, as suas aspirações continuam a ser travadas por uma espécie de imposto cobrado pelos arcaísmos do antigamente. A qualificação dos donos das empresas é baixa e amarra-os à condição do velho patrão."

O que é que o autor quer? Se a economia que nunca precisou de doutorados não morrer, ou não for complementada por outra economia que precise de doutorados continuará a não haver causalidade. Recordo de 2007:

"It is widely believed that restructuring has boosted productivity by displacing low-skilled workers and creating jobs for the high skilled." [Moi ici: A crença do autor do texto e de muitos outros, a maioria] In essence, creative destruction means that low productivity plants are displaced by high productivity plants."[Moi ici: O nosso foco está totalmente ao lado]

BTW, também seria interessante saber quais as áreas de doutoramento, se a maioria for em Sociologia ou História...

E volto à cena dos mastins dos Baskerville e à lição das duas economias na Irlanda. Só que o autor do texto está alinhado com esta mentalidade “Descida do IRC é injusta”.

- You don’t get to support those things without consequences, buddy.

sábado, agosto 10, 2024

Curiosidade do dia

Salazar também tinha um lápis azul do mal. 

Como se definem objectivos? (parte II)

Parte I.

Consideremos a Goodhart’s Law: “When a metric becomes a target, it ceases to be a good metric".

O NHS do Reino Unido implementou uma meta para garantir que os doentes eram atendidos num período de tempo específico nas Emergências, normalmente no prazo de 4 horas.

Embora a intenção fosse melhorar os cuidados prestados aos doentes e reduzir os tempos de espera, os hospitais começaram a concentrar-se em cumprir a meta em vez de melhorar a qualidade global do serviço. Alguns hospitais manipularam os números, mantendo os doentes em ambulâncias ou áreas de detenção temporária até que pudessem ser admitidos dentro do prazo previsto, melhorando assim artificialmente as suas métricas sem necessariamente melhorar os resultados dos doentes.

A métrica (tempo de espera de quatro horas) passou a ser a meta e, com isso, deixou de ser um indicador fiável da real qualidade dos cuidados de emergência prestados.

Lembro-me de me contarem o caso de uma empresa pertencente a uma multinacional com um objectivo ditado pela casa-mãe de reduzir o consumo de água por tonelada de produto produzida. A água que contava para o cálculo era a água comprada à companhia fornecedora. O que fez a empresa? Fez um furo, legalizou-o e começou a usar água que não contava para o cálculo do objectivo.

Exemplos recentes em Portugal.

  • Nos últimos anos, o governo português colocou uma grande ênfase na redução do défice orçamental para cumprir as exigências da União Europeia.

Efeito da Lei de Goodhart: Embora a redução do défice seja importante, a fixação nesse alvo levou a cortes em áreas críticas, como a saúde e a educação. A obsessão com o défice fez com que outras métricas de bem-estar económico e social fossem negligenciadas. Por exemplo, os cortes no investimento em infraestruturas hospitalares contribuíram para a degradação da qualidade dos serviços de saúde, um efeito colateral negativo que não é capturado pela simples métrica do défice orçamental.

  • O governo português adoptou várias políticas para melhorar o desempenho de Portugal em rankings internacionais de educação, como o PISA.
Efeito da Lei de Goodhart: Em resposta à pressão para melhorar os resultados nestes rankings, algumas escolas começaram a focar-se excessivamente em "treinar" os alunos para os exames, baixando o nível e o governo em baixar o grau de dificuldade das provas. Isso pode resultar em melhorias nos rankings, mas não necessariamente em melhorias reais nas competências dos alunos ou na sua preparação para o futuro.

Continua.


sexta-feira, agosto 09, 2024

Curiosidade do dia

Não use máscaras, dão uma falsa sensação de segurança. 

 


Se for verdade ...

No DN do passado dia 7 de Agosto li "Consumo de calçado cresceu 9,5% em Portugal à boleia das compras dos turistas" de onde sublinho:

"A atestar a maior atenção dos fabricantes portugueses pelo mercado nacional está o facto de a orientação exportadora da indústria portuguesa ter sido, em 2023, de 81,9%, face aos 89,1% de 2022."

Aindo segundo o artigo:

"Os dados são do World Footwear 2024, o anuário estatístico que a APICCAPS publicou pelo 14.° ano consecutivo. "É um facto que hoje há cada vez mais consumidores portugueses a procurarem calçado nacional e Portugal é já um mercado relevante na estratégia de muitas das nossas empresas. Por outro lado, essas são compras feitas por portugueses, mas também pelos muitos turistas que visitam o país", diz o porta-voz da associação." 

O que escrevo aqui no blogue há vários anos? Basta recordar o comentário que fiz acerca de uma opinião do Bicicletas: 

"O nível de vida em Portugal não é alto. Por isso, os portugueses optam por comprar bens transaccionáveis baratos. Esses bens entram em Portugal, importados da Ásia a preços muito baixos, e levam a melhor sobre o "Made in Portugal". Por exemplo, Portugal exporta sapatos caros e importa sapatos asiáticos para consumo interno. Portugal exporta mobiliário caro e importa mobiliário asiático para consumo interno."

Recordo o que escrevi acerca das conservas e do custo de oportunidade: Como se pode ser tão burro e cometer sempre os mesmos erros???

"Os portugueses importam produtos baratos e exportam os produtos mais caros. Olhando para os dados de 2016, o kg de conserva importada era cerca de 73% do kg de conserva exportada."

Se for verdade que os fabricantes portugueses estão a dar mais atenção ao mercado nacional, então estarão a dar menos atenção ao mercado de exportação, então estarão a enterrar-se com um mercado que não pode suportar melhores margens, que leva a produtividades mais baixas numa altura em que os custos sobem acma da taxa de inflação.

Por favor, assumam os problemas de frente, não os escondam, não os embelezem.

quinta-feira, agosto 08, 2024

Curiosidade do dia

Recentemente mão amiga mandou-me este link "China picks Morocco for Europe's EV battery supply" com uma pergunta interessante: "Tornar-se-á Marrocos o que o México tem sido para os EUA?"

Também recomendo "Made in Morocco - industrial giants just keep on investing".


Começar de onde se está.

Em 2015 tomei consciência da diferença entre o que penso sobre formulação de uma estratégia e o que os livros de gestão apresentam e escrevi este postal: Do concreto para o abstracto e não o contrário. Hoje, sinto que a coragem para assumir a diferença teve a colaboração do que aprendi com a effectuation (começar com o que se tem à mão).

Esta semana li mais um artigo de Roger Martin que me deixou com um sorriso, "The Best Place to Start - It's Where You Are".

O título de Roger Martin realça a importância de iniciar qualquer processo de melhoria ou mudança a partir da realidade actual. 

O título sugere que, para abordar eficazmente qualquer problema ou desenvolver uma estratégia, é necessário primeiro entender e aceitar a situação actual. O planeamento estratégico e a resolução de problemas devem estar fundamentados nas circunstâncias reais e existentes, em vez de em cenas idealizadas ou teóricas. Check!

Roger Martin usa o termo POSIWID, o princípio POSIWID para “The purpose of a system is what it does." Começando de onde se está, pode-se avaliar com precisão o que o sistema actual produz, o que é crucial para tomar decisões informadas e realizar melhorias. Check!

Roger Martin refere um incidente com a equipa de futebol do Canadá nos Jogos Olímpicos que decorrem agora em Paris (a equipa usava um drone para espiar os treinos dos adversários, foram descobertos e o treinador desculpou-se dizendo que aquilo não representava a equipa e os seus valores) para sublinhar a importância de reconhecer e aprender com os resultados reais de um sistema, em vez de negá-los ou distanciar-se deles. Começar de onde se está envolve assumir os resultados e comportamentos presentes do sistema. Check!

Assim, desenvolver uma estratégia deve passar pela compreensão dos resultados reais e das lacunas entre os estados actuais e desejados. Começando pela realidade presente, as estratégias podem ser desenvolvidas e implementadas mais eficazmente, contrastando com começar a partir de uma visão imprecisa ou aspiracional da situação. Check!

quarta-feira, agosto 07, 2024

Curiosidade do dia

Hoje a SIC publicou este texto "Imigrantes que vivem no Reino Unido contribuem mais em impostos do que recebem".

Estranhei, porque a experiência dinamarquesa é bem diferente.

Lendo o artigo e indo às fontes percebem-se duas coisas:

  • afinal a experiência dinamarquesa confirma-se,
  • "The fiscal impact of migration to the UK is small and differs by migrant group (e.g. EEA migrants vs. non-EEA migrants, recent migrants vs. all migrants)."

Pagamento de capacidade?

Pelos vistos no sector eléctrico existe algo que se chama pagamento de capacidade, uma compensação financeira fornecida aos geradores de electricidade para garantir que eles estejam disponíveis para fornecer energia quando necessário. Este mecanismo é utilizado para assegurar a segurança do fornecimento eléctrico, especialmente em momentos de pico de procura ou em situações em que há risco de escassez de energia.

Fiquei a namorar este conceito depois de ler este artigo num WSJ do final de Julho, "A U.S. Maker of a Critical Antibiotic Struggles to Survive in Tough Industry":
"A cavernous factory in northeastern Tennessee is one of the last in the country that makes a vitally important medicine.
Each day the USAntibiotics plant churns out a million doses of the crucial antibiotic amoxicillin that promise to cure Americans of everything from ear aches to pneumonia— and ease a pressing shortage for children. But the plant's prospects are dim. It can't charge enough to cover overhead, because competitors sell their wares at bargain prices. USAntibiotics isn't close to breaking even.
...
[Moi ici: Ao ler os próximos dois parágrafos a resposta de um liberal económico pode ser: Azar, temos pena!] The generic drug business has become a hostile environment for U.S. companies. Prices for the medicines have dropped so low that it has become difficult for U.S. manufacturers to compete with companies overseas.
One after another, generic drug makers have gone bankrupt or moved their operations overseas or cut the number of products they offer. The number of facilities making generic drugs in their final form in the U.S. has dropped by roughly 20% since 2018, to 243, according to federal data.

[Moi ici: Agora começa o outro lado] Drug shortages have become common. Today, 300 medicines are in short supply, according to the American Society of Health-System Pharmacists. Regularly now, hospitals and patients must scramble to find doses of the drugs they need if there is one hiccup in a pinched supply chain or a quality problem shuts down a manufacturing line.
...
Today some crucial generic drugs now sell for $2 or less a pill or injection. India is now the No. 1 supplier of solid-form generic drugs to U.S. patients, according to the nonprofit U.S. Pharmacopeia. When it comes to making drugs, Asian countries usually have a cost structure 40% to 60% lower than Western nations, University of Minnesota economist Stephen Schondelmeyer told Congress earlier this year.
...
Clients typically pay USAntibiotics $5 for a common 30 pill amoxicillin pack, before marking it up more for patients, Jackson said. That covers the Bristol plant's production costs, which amount to about $4 per unit, but isn't enough to pay for overhead and other facility costs, he said.
To break even, USAntibiotics must double its commercial sales-or line up the U.S. government as a customer."

Queremos medicamentos baratos. Isso consegue-se com uma cadeia de fornecimento baseada na Ásia. No entanto, a incerteza da variabilidade na procura vai gerar falhas no fornecimento.

Por que nunca se pensou num sistema de compensação semelhante ao do pagamento de capacidade no sector eléctrico para o sector farmacêutico? E já agora, por que nunca se pensou num sistema de compensação semelhante ao do pagamento de capacidade no sector eléctrico para o sector agrícola

terça-feira, agosto 06, 2024

Curiosidade do dia

Se o partido comunista tivesse tomado conta do poder no 25 de Novembro de 1975 a vacina teria sido tomada ... infelizmente ...

Tomar consciência é o ponto de partida.

Há tempos vinha num comboio Alfa, após mais dois dias num projecto de mapeamento de processos, e dei de caras com esta frase atribuída a Carl Jung:

“Until you make your unconscious choices conscious, they will direct your life, and you will call it fate.”

Usei-a neste postal "Os NPCs".

Entretanto, no meio de uma conversa sobre processos e sobre o que fazer depois do exercício de mapeamento de processos dei comigo a usar a frase de Carl Jung para ilustrar o que deve ser feito, ou a consequência de realizar o mapeamento de processos.

Mapear processos é como tirar fotografias. Tirar fotografias não altera a realidade, mas melhora a percepção e a consciência sobre essa realidade.

Esta nova percepção ajuda a explicar os resultados obtidos não como fruto do acaso, mas como um produto natural da forma como se trabalha. Ao tomarmos consciência dos processos, podemos compreender as causas subjacentes aos resultados.

Se pretendemos resultados diferentes no futuro, temos de criar uma realidade diferente e modificada. O primeiro passo é reconhecer a realidade actual através do mapeamento. Depois, podemos identificar onde e como podemos intervir para transformar os processos e, consequentemente, os resultados. Portanto, o mapeamento de processos não é apenas uma ferramenta de diagnóstico, mas um ponto de partida crucial para a mudança e melhoria contínua.

É aqui que faço entrar o BSC com o mapa de processos.

segunda-feira, agosto 05, 2024

Curiosidade do dia

Segundo o jornal Público de hoje:

"Governo prevê que apoio de 2,5 milhões servirá para formar mil imigrantes no turismo"

 Sector a bombar como nunca e não tem dinheiro para formar os seus próprios trabalhadores?

Os 2,5 milhões de euros gastos nisto não são gastos noutra coisa, ou são impostos que não baixam.

Recordar a necessidade de aplicar o princípio do empregador-pagador

Um sector económico com acesso privilegiado ao poder usa esse acesso para artificialmente baixar custos distribuindo-os pela sociedade e permitindo perpetuar a alocação de recursos escassos a actividades de baixa produtividade.

Este dinheiro gasto agora pouco ou nenhum retorno trará para a comunidade porque o valor criado pelas actividades que apoia é baixo.

Os trabalhadores vão para onde há melhores salários.

Li ontem no JN o artigo "Fuga de talento mina desenvolvimento no Norte de Portugal":

"No relatorio europeu, as regiões com uma baixa percentagem de trabalhadores altamente qualificados podem cair numa "armadilha" que limita a sua capacidade de construir uma economia sustentável, competitiva e baseada no conhecimento.

Para se chegar aqui, houve uma acumulação de fatores. No Interior de Portugal, explica João Cerejeira, professor de economia na Universidade do Minho, "não houve uma industrialização como no Litoral" e aqueles territórios ficaram muito dependentes do setor primário e setores de baixa produtividade, onde os níveis salariais são baixos, o que empurrou muitas pessoas para outras regiões do país ou para o estrangeiro. Sem capacidade de atração de empresas com atividade de maior valor, os salários permanecem baixos."

E ainda:

"Na equação, também entram as políticas públicas. "Não houve investimento para fazer algumas vias e outros investimentos públicos significativos" nem atração de investimento privado, que alavancasse as regiões do Interior."

Este anónimo da província tem uma opinião diferente:

Este anónimo da província tem uma opinião diferente, a verdadeira "armadilha" não é a falta de trabalhadores qualificados, mas sim a falta de condições para atrair empresas com produtividade mais elevada. Os trabalhadores vão para onde há melhores salários. 

domingo, agosto 04, 2024

Curiosidade do dia

 Foto de um centro de saúde em Gaia na semana passada.




Thou shall aim high!

"In 2023, Portugal (down by 3.6% to 81 million pairs) once again performed better than Italy (down by 8.6% to 148 million pairs). In fact, over the last decade, Italian production fell by 26.7% (from 202 million pairs produced in 2013 to 148 last year), while Portuguese production increased by 8% (from 75 million pairs in 2013 to 81 in 2023)."

Terá sido mesmo melhor? Como evoluiu o preço médio de um par? Como evoluiu a margem por par?

Quando o futuro passa por encolher o sector como interpretar os números?

E estamos a falar de calçado ou de calçado de couro? Os números da APICCAPS de 2022 são tão diferentes!!!

  • Em 2022, Itália 216 milhões de pares exportados com um preço médio de 61,54 USD
  • Em 2022, Portugal 75 milhões de pares exportados com um preço médio de 27,99 USD

Os números da APICCAPS de 2019:

  • Em 2019, Itália 201 milhões de pares exportados com um preço médio de 57,11 USD
  • Em 2019, Portugal 76 milhões de pares exportados com um preço médio de 26,26 USD

Estes dados demonstram que, embora Portugal tenha aumentado a produção e exportação em termos de volume, o valor médio por par ainda está muito abaixo do italiano, reflectindo diferentes segmentos de mercado e posicionamento.

Portanto, é crucial analisar os números com cuidado. Não adianta ir de vitória em vitória até à derrota final. É necessário fazer a revolução que criará o futuro do sector do calçado em Portugal. Vai ser doloroso? Vai! Mas sem a revolução resta o definhamento.


Texto inicial retirado de um e-mail recebido há dias, "Global footwear production drops by 6%"

sábado, agosto 03, 2024

Curiosidade do dia

No JdN de ontem de um artigo intitulado "A Alemanha precisa de esteroides":

"A economia alemã está deprimida.

Ponto. Foi o único país do G7 que contraiu no ano passado e, de acordo com as mais recentes projeções do FMI, deverá ser este ano das que menos cresce em todo o grupo das sete economias mais avançadas do mundo. A economista-chefe do Fundo Monetário questionava há dias na rede social X: "O que está a impedir a Alemanha de avançar? Já não são os elevados preços da energia". E ensaiava uma resposta: "Os verdadeiros desafios são o envelhecimento, o subinvestimento e o excesso de burocracia".

Entretanto, há dias, mão amiga enviou-me, "Pension wave brings companies into a swim":

"A wave of pensions is rolling into the German labor market, as the dpa informs. Because the so-called baby boomers will soon retire. But in times of a shortage of skilled workers, German companies are literally running out of time. By the middle of the next decade, around four million employees of the strong birth cohorts of 1954 to 1968 will disappear from the labor market, it is said. According to calculations by the local Chamber of Industry and Commerce (IHK), the Berlin economy alone will lack more than 400,000 skilled workers in around 10 years. However, around 90,000 qualified employees were already missing.

Many also want to retire early

To make matters worse, many older people even want to retire early."

Não é impunentemente (parte IV)

Antes de lerem o que cito abaixo quero deixar claro que conheço alguns "contabilistas" que fazem um trabalho notável.

Alinho o que cito abaixo com alguns postais que escrevi recentemente:

Não é impunemente que se contrata alguém com uma experiência que o moldou na forma de ver o mundo e a tomar decisões.

"Call it the revenge of the bean counters. Headhunters say that finance talent is in high demand across the board. Even when CFOs aren't moving into the top job, their sway and stature are growing. 

...

Part of what's driving the ascendance of CFOs is their reputation as staid, risk-averse leaders at a time when the world is in turmoil. During periods of uncertainty, boards tend to default to a steady (some might even say boring) hand at the helm. Managing complex issues such as regulatory challenges, geopolitical tensions, market volatility and higher interest rates-and knowing how to adeptly talk to Wall Street about all of it—plays to a CFO's strengths. "It's absolutely indicative of the current feeling about the global economy," says Ty Wiggins, a leadership adviser to CEOs.

...

But more than anything else, the CFO-turned-CEO movement is a symptom of the priorities prevailing in corporate America right now, many of them of the slashing-and cutting and financial engineering variety.

...

It's that very mindset, one focused on profit rather than growth, that historically held CFOs back from climbing further up the corporate ladder. But now that an emphasis on the bottom line is in fashion, so are CFOs. 

...

Some data suggest that letting the finance folks run the joint doesn't always pay off big. Of the four most common paths to the top job, the CFO-turned-CEO is the least likely to outperform based on gains in shareholder value, according to a 2023 study by executive search company Spencer Stuart. 

...

Human nature may be to blame for the lagging performance. People focus on and excel at the things they're most familiar with-and, no surprise, for finance executives that's profitability. "As CFO, they have to act as the disciplinarian to let the CEO lean into growth," says Claudius Hildebrand, a Spencer Stuart consultant who conducted the study. So when a CFO moves to the top job, "it's a huge mindset shift," he says. "You cannot save your way to prosperity. At some point you need to be careful to not cut too close to the bone."

...

The bigger risk to a company comes when the rise of the CFO reflects a board's desire to make cost-cutting a top priority. Across corporate America, worshipping at the altar of efficiency has taken hold, and that can easily cross over into cutting corners, with disastrous consequences.

There is no more apt case study than Boeing Co. "It's a classic example of what happens when cost-cutters take over a company," says Bill George, the onetime CEO of Medtronic who is now an executive fellow at Harvard Business School. "Boeing had four financially oriented CEOs running the company, and it's paying a tremendous price now."

...

In a 2004 interview with the Chicago Tribune, then-Boeing CEO Harry Stonecipher said the quiet part out loud: "When people say I changed the culture of Boeing, that was the intent, so that it's run like a business rather than a great engineering firm. It is a great engineering firm, but people invest in a company because they want to make money."

That right there is the risk of what happens when you let the number crunchers take over the place. Suddenly a company can forget that its job is to make a quality product, not just a profit."

Trechos retirados de "More CFOs Are Getting CEO Jobs. Beth Kowitt on what's behind that trend"

sexta-feira, agosto 02, 2024

Curiosidade do dia

 

Arte, estratégia e epifanias

"Eisner is known most for being a champion of art in education. He argued that the de-prioritization of the teaching of art across the formal educational system is bad for students and for the world in general. 

...

Sadly, their fight (and mine too) has been like attempting to hold back the tide. Art was continuously deprioritized throughout Eisner’s career and has continued to be ever since. The things with greatest sex appeal in business today are data analytics and artificial intelligence (AI). Quants and coders dominate — and the education system has followed suit. It is sad but true.

...

Perhaps what was most outraging was that Eisner argued that it is possible to be rigorous in qualitative research. That is an anathema to most: rigor is associated solely with quantitative research. And I felt that way when I was first exposed to his thinking. But in due course, I came to appreciate that he was right and virtually everything I had been taught about rigorous analysis was substantially wrong.

It took me on a long journey of connoisseurship. For the three decades since, I have been working on my ability to make ever finer qualitative distinctions in my field of strategy. In some sense, I have been working to become a sommelier of strategy. That is, I want to be able to determine that this strategy is superior to that one in these subtle ways — like a sommelier can make distinctions between different wines. My task requires the ability to understand how qualitative dimensions relate to one another — i.e., this aspect of customers interacts with that aspect of competitor dynamics in this particular way.

...

We are all taught to converge on the ‘right answer.’ If you get the right answer, you get a red check, a gold star, and/or full marks. The quest is for that singular right answer. It characterizes powerfully our entire educational experience.

In contrast, Eisner argued that in most domains of human endeavor there are multiple solutions to problems. There isn’t one answer that is obviously ‘right’ and the rest therefore ‘wrong.’ There are different solutions each of which with its own set of benefits and drawbacks."


Trechos retirados de "Artistry & Strategy" escrito por Roger Martin.

Recordar os postais neste blogue, ao longo dos anos, sobre a arte:

Por fim recordo as palavras do presidente do so-called Forum para a Competitividade e como se relacionam com a arte.





quinta-feira, agosto 01, 2024

Curiosidade do dia

 "A gestão da Inapa acusou o Governo de ter decidido deixar cair a empresa sem dados para tomar essa decisão. É justa a critica e, por outro lado, quanto é que o Estado arrisca perder numa liquidação da empresa? 

A situação da Inapa decorre da gestão da empresa. A empresa ViU-se com uma situação de ruptura de tesouraria na Alemanha e aquilo que o Governo fez foi defender o dinheiro dos contribuintes. Colocar dinheiro numa empresa, numa operação para proteger 800 empregos na Alemanha, não nos pareceu a melhor utilização dos dinheiros públicos, e não quisemos ter, ao contrário do Governo anterior, uma nova Efacec a sugar dinheiro dos contribuintes, a despejarmos dinheiro dos contribuintes nessa empresa. Veremos o que é que acontece, se há compradores para aqueles activos ou se a empresa segue um processo de insolvência."

Trecho retirado de entrevista com Ministro das Finanças, Miranda Sarmento, no jornal Público de hoje