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domingo, agosto 18, 2024

"Um empresário investe lucros, não empréstimos"

"P - Isso leva-nos a outra questão: as empresas têm uma fiscalidade justa? 
 R - Se comparar a tributação efetiva em média - não a nominal -, com as empresas europeias com quem nos devemos comparar, como Áustria, Bélgica, Holanda e Espanha, pagamos mais 6 pontos percentuais de IRC. É colossal a diferença, e destrói a capacidade de acumular parte dos lucros para investir. Um empresário investe lucros, não empréstimos. Temos as empresas insuficientemente capitalizadas porque temos ideias feitas sobre o lucro. Na Europa a tributação das empresas é 19%, em Portugal 25%."

Sem investimento não há inovação, não há subida na escala de valor. Por isso, a oferta vai-se comodificando, a margem vai-se corroendo e entra-se numa corrida para o fundo, inexorável.

Recordar o que a Mariana não sabe acerca dos custos do futuro. No entanto, se lerem este último link, olhem para o exemplo da Toyota. A Toyota não fala dos lucros passados, fala dos lucros futuros. Sim, é preciso acumular capital porque os lucros de um ano não chegam para fazer todos os investimentos necessários. Como o futuro é incerto, é preciso acumular uma parte antes de começar, para evitar surpresas. reservas. Esse montante é parte do lucro líquido que não é distribuído aos accionistas na forma de dividendos, mas sim retido pela empresa para financiar futuros investimentos, expansão, ou para cobrir possíveis contingências. Em Portugal, as reservas constituídas a partir dos lucros não são directamente taxadas de forma diferente dos próprios lucros. A tributação ocorre sobre o lucro líquido da empresa antes de qualquer alocação para reservas.

Trecho retirado do caderno de Economia do semanário Expresso do passado dia 15 de Agosto, "A sociedade desconfia do lucro, e por isso quer taxá-lo", uma entrevista com Augusto Mateus.

sexta-feira, maio 10, 2024

Os custos do futuro, aquela parte que a Mariana não percebe

No FT do passado dia 9 de Maio, "Toyota projects 20% annual profit fall":

"Toyota has forecast a 20 per cent decline in annual profit as the world's largest carmaker increases spending in electric vehicles and artificial intelligence in an attempt to create a "game changer" to compete against Chinese rivals."

Aquela parte que Mariana Mortágua não percebe, os custos do futuro.

"Toyota chief executive Koji Sato on Wednesday said the Japanese group would focus on "cementing its position" and ensure growth by reshaping its hardware-focused business model to include mobility services and software."

Recordo Drucker acerca de Schumpeter:

"As soon, however, as one shifts from the axiom of an unchanging, self-contained, closed economy to Schumpeter's dynamic, growing, moving, changing economy, what is called profit is on longer immoral. It becomes a moral imperative. Indeed, the question then is no longer the question that agitated the classicists and still agitated Keynes: How can the economy be structured to minimize the bribe of the functionless surplus called profit that has to be handed over to the capitalist to keep the economy going?

The question in Schumpeter's economics is always, Is there sufficient profit? Is there adequate capital formation to provide for the costs of the future, the costs of staying in business, the costs of "creative destruction"?

This alone makes Schumpeter's economic model the only one that can serve as the starting point for the economic policies we need."

A seguir ao 25 de Abril quantas empresas industriais nacionalizadas foram capazes de investir no seu futuro?

quarta-feira, setembro 01, 2021

Clientes versus concorrentes

Há dias citei aqui e comentei:

It is axiomatic that a first step in a firm's formulation of competitive strategy is the identification of its major competitors (e.g., Porter, 1980). [Moi ici: Não penso assim, não sigo este axioma. Tenho receio dos Dick Dastardly desta vida, e dos motards. Prefiro imaginar uma paisagem competitiva cheia de picos. Prefiro começar por determinar quem são os clientes-alvo e qual o ecossistema que deve ser mobilizado para os seduzir, satisfazer e desenvolver]

Entretanto, ontem li "Research in Cognition and Strategy: Reflections on Two Decades of Progress and a Look to the Future" de Sarah Kaplan e publicado no Journal of Management Studies 48:3 May 2011, e voltei a pensar no mesmo tema. A autora faz um trabalho muito interessante a descrever a evolução da investigação sobre as categorias de conhecimento. Outra vez um foco na categorização dos concorrentes. Por exemplo:

"Firms from other parts of the UK and other countries, even if they produced fully-fashioned knitwear at similar price points, were seen as being in different businesses or only ‘somewhat’ competitors

...

‘Cognitive oligopolies’ exist because competitors define each other as such.

...

They showed that managers based their categorization of competitors on a hierarchical understanding of the product offerings

...

Managers of larger hotels categorized competitors over a wider range of prices than did those of small hotels

...

The Scottish knitwear study showed how the categorization of different competitors as direct rivals affected the strategic choices and actions of firms."

Enquanto lia isto pensava em como seria se os autores citados tivesse optado por trabalhar com base na categorização dos clientes. À noite fui à minha biblioteca e saquei o meu velho "Managing for Results" de Peter Drucker, publicado em 1986 e fui ao capítulo 6, "The Customer Is the Business" ... continua tão actual e tão fresco:

"Business is a process which converts a resource, distinct knowledge, into a contribution of economic value in the marketplace. The purpose of a business is to create a customer. [Moi ici: O propósito não é o de ganhar aos concorrentes] The purpose is to provide something for which an independent outsider, who can choose not to buy, is willing to exchange his purchasing power. And knowledge alone  (excepting only the case of the complete monopoly) gives the products of any business that leadership position on which success and survival ultimately depend.

...

1. What the people in the business think they know about customer and market is more likely to be wrong than right. There is only one person who really knows: the customer. Only by asking the customer, by watching him, by trying to understand his behavior can one find out who he is, what he does, how he buys, how he uses what he buys, what he expects, what he values, and so on.

2. The customer rarely buys what the business thinks it sells him. One reason for this is, of course, that nobody pays for a “product.” What is paid for is satisfactions. But nobody can make or supply satisfactions as such—at best, only the means to attaining them can be sold and delivered.

...

3. A corollary is that the goods or services which the manufacturer sees as direct competitors rarely adequately define what and whom he is really competing with. They cover both too much and too little.

...

Because the customer buys satisfaction, all goods and services compete intensively with goods and services that look quite different, seem to serve entirely different functions, are made, distributed, sold differently—but are alternative means for the customer to obtain the same satisfaction.

...

5. The customers have to be assumed to be rational. But their rationality is not necessarily that of the manufacturer; it is that of their own situation."

segunda-feira, julho 16, 2018

“activity trap”

Ontem, escrevi:
"Volta e meia recordo o que aprendi há muitos anos sobre o como as organizações da administração pública definem objectivos. Numa empresa define-se o objectivo de atingir X euros de vendas no final do ano. Na organização pública-tipo dirão: "Não podemos controlar a vontade de quem está fora da organização, não podemos ter um objectivo desses". Numa empresa com o ADN de organização pública-tipo adoptariam o objectivo "número de visitas comerciais feitas". Percebem a diferença? Por isso, é que a administração pública está cheia de relatórios de actividades e quase não se vêem objectivos relacionados com eficácia. Recordo "Mais um monumento à treta - parte II"..Talvez esta mentalidade ajude a perceber "Blahblah economia do mar blahblah""
Depois, quando fui fazer uma caminhada matinal, enquanto deparava com isto:


Lia:
“Andy Grove’s quantum leap was to apply manufacturing production principles to the “soft professions,” the administrative, professional, and managerial ranks. He sought to “create an environment that values and emphasizes output” and to avoid what Drucker termed the “activity trap”: “[S]tressing output is the key to increasing productivity, while looking to increase activity can result in just the opposite.”

Excerto de: Doerr, John. “Measure What Matters: How Google, Bono, and the Gates Foundation Rock the World with OKRs”

quinta-feira, julho 05, 2018

"Imagination is greater than knowledge."

"That experience taught me the supreme importance of imagination over memory. If people live out of their memory, they're bound to the past. If they live out of imagination, they create opportunity. Peter Drucker said that effective executives are opportunity-minded; ineffective executives are problem-minded. Effective executives focus on the future. Ineffective executives focus on the past; in fact, they see the present through the past; effective executives see the present through the future. Imagination is more powerful and significant than memory. As Einstein said, "Imagination is greater than knowledge.""
O último sublinhado fez-me recuar à conversa oxigenadora que tive ao almoço esta semana. O meu parceiro contava-me, algo horrorizado, os relatos que a filha faz do ensino superior como sintomas de um apodrecimento sistémico do mesmo.

Professores que lêem acetatos, professores sem experiência de vida fora da academia, professores que repetem ano após ano os testes que dão, professores com 5 alunos nas aulas quando têm mais de 100 inscritos na pauta. Professores perdidos no tempo e sem capacidade ou vontade de comunicar. Interrogamos-nos sobre o papel, sobre a importância do ensino superior hoje, num tempo em que o conhecimento está por todo o lado. Interrogamos-nos sobre a incapacidade do sistema se regenerar porque a sua razão de ser são os funcionários, recordei o ministro da Saúde há tempos que disse que o SNS existia para os funcionários e recordei esta estória de 2016:
"Parei, invadido pelo pensamento sobre a resistência à mudança que os incumbentes levantarão... médicos, farmacêuticos, empresas produtoras de medicamentos, políticos que dependem destes três universos. Então, veio-me à mente a conversa deste mês de Agosto com estudante da FCUP do curso de Ciências de Computação. Segundo ele, o curso foi objecto de reformulação há dois anos. No entanto, continua a não dar toda uma série de linguagens de programação que as empresas precisam, mas que os professores não dominam, nem têm motivação para aprender (esse estudante passou parte do mês de Agosto a estudar programação para Android nos cursos da Udacity).
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Se a FCUP optasse por contratar professores para darem aulas sobre essas linguagens os professores incumbentes sofreriam.
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Para que existe mesmo uma organização pública?"
Acabámos por concluir que o mal do apodrecimento da universidade já não é assim tão problemático precisamente porque hoje em dia o conhecimento está muito mais acessível e distribuído. Foi então que chamei a atenção para este texto, "Why Unschoolers Grow Up to Be Entrepreneurs":
"It shouldn’t be surprising to learn that many unschoolers become entrepreneurs. Able to grow up free from a coercive classroom or traditional school-at-home environment, unschoolers nurture interests and passions that may sprout into full-fledged careers. Their creativity and curiosity remain intact, uncorrupted by a mass education system intent on order and conformity. Their energy and exuberance, while a liability in school, are supported with unschooling, fostering the stamina necessary to successfully bring a business idea to market. Like entrepreneurship, unschooling challenges what is for what could be."
Imaginação, muito mais poderosa que o conhecimento... como não recordar o herói da minha juventude, MacGyver, e a sua frase, "Well, I say we trust our instincts—go with our gut. You can't program that. That's our edge.""

Trecho retirado de "Currents in the Stream"

sábado, junho 30, 2018

Rumo ao socialismo

Ontem fui reler umas páginas de "Inovação e Gestão" de Peter Drucker (neste postal de 2006 pode ver-se como foi um livro importante para mim) e choquei contra este trecho:
"A actividade empresarial assenta numa teoria económica e social. Essa teoria encara a mudança como algo normal e até saudável. E crê que a principal tarefa da sociedade - e especialmente da economia - é fazer-se algo diferente e não fazer-se algo melhor do que aquilo que já foi feito ... o empresário perturba e desorganiza."
E fiquei a pensar como neste país de incumbentes ... pensando melhor o mal não é luso, está a generalizar-se, como neste mundo há cada vez mais empresários preocupados em manter o status quo, que querem no fundo ser funcionários públicos encapotados, por exemplo, aqui.

segunda-feira, maio 29, 2017

Apostar nos pontos fortes

A minha mãe ia apresentar um livro da sua autoria na Feira do Livro na Rotunda da Boavista no Porto, ao visitar a Feira fui atraído por um livro em português, "Inovação e Gestão" de um tal de Peter Drucker.

Li-o, devorei-o e, depois, descobri que a biblioteca da minha empresa tinha um livro do mesmo Peter Drucker com mais de 900 páginas, "Management: Tasks, Responsibilities, Practices". Li-o, devorei-o e comecei a pesquisar e a encomendar à editora Butterworth-Heinemann tudo o que havia de Peter Drucker. Estamos a falar de 1988-1991.

Uma das lições de "Management: Tasks, Responsibilities, Practices" que nunca esqueci, e as empresas com que tenho trabalhado são testemunhas, diz respeito a Lincoln e ao general Grant. Os generais que Lincoln escolhia para liderar o exército nortista eram sucessivamente derrotados pelos Confederados. Os conselheiros do presidente sugeriam Grant mas Lincoln recusava-o por o considerar uma pessoa com pontos fracos, bebia demasiado.

Depois de várias tentativas fracassadas no campo de batalha, finalmente o presidente, sem alternativas, teve de escolher Grant... e Grant ganhou a Guerra. Qual a lição que Drucker me ensinou:
"3. Build on strengths.
Drucker preached a strength-based approach to talent decades before it became a corporate buzzword. Effective executives drive team productivity and results, he wrote, by building on "available strengths--the strengths of associates, the strengths of the superior, and one's own strength."
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Train yourself to focus on strengths instead of weaknesses by concentrating on what employees can do rather than what they can't do, advises Drucker. Seek out only the best-qualified people, instead of those who play well with others or who appear to have no flaws (they invariably do). And don't forget to apply this practice to yourself--identify your own strengths and use them to improve your performance."
Aproveitar o que as pessoas têm de bom sem nos prendermos ao seu lado menos bom.

E nas empresas é a mesma coisa, trabalhar para um futuro desejado passa por apostar em pontos fortes e não em tentar remediar pontos fracos.

Trecho retirado de "The 50-Year-Old Business Book You Need to Read (or Reread) Right Now"

sexta-feira, maio 15, 2015

A fixação no equilíbrio e os outros

Ontem à noite fui pela enésima vez à procura da história sobre o nascimento da fama de uma marca de botas suíça, na Bíblia escrita pelo homem que mudou a minha vida, "Management: Tasks, Responsibilities, Practices" de Peter Drucker. E pela enésima vez falhei, não a consegui encontrar. Então, surgiu a dúvida, terá sido no primeiro livro que li de Drucker, "Inovação e Gestão"?  Também não... mas ficou-me este trecho:
"Entrepreneurship rests on a theory of economy and society. The theory sees change as normal and indeed as healthy. And it sees the major task in society - and especially in the economy - as doing something different rather than doing better what is already being done. This is basically what Say, two hundred years ago, meant when he coined the term entrepreneur. It was intended as
a manifesto and as a declaration of dissent: the entrepreneur upsets and disorganizes. As Joseph Schumpeter formulated it, his task is “creative destruclion.”
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Say was an admirer of Adam Smith. He translated Smith’s Wealth of Nations (1776) into French and tirelessly propagated throughout his life Smith’s ideas and policies. But his own contribution to economic thought, the concept of the entrepreneur and of entrepreneurship, is independent of classical economics and indeed incompatible with it. Classical economics optimizes what already exists, as does mainstream economic theory to this day, including the Keynesians, the Friedmanites, and the Supply-siders. It focuses on getting the most out of existing resources and aims at establishing equilibrium. It cannot handle the entrepreneur but consigns him to the shadow realm of “external forces,” together with climate and weather, government and politics, pestilence and war, but also technology. The traditional economist, regardless of school or “ism,” does not deny, of course, that these external forces exist or that they matter. But they are not part of his world, not accounted for in his model, his equations, or his predictions."
Realmente, quando ouvimos os membros da tríade... e a sua fixação no equilíbrio... assim, muita coisa fica esclarecida.
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BTW, a história era a de dois irmãos suíços que tinham uma fábrica de botas. Entretanto, um dos irmãos foi combater ao lado dos franceses, durante a I Guerra Mundial. Das trincheiras mandava cartas para o irmão, como utilizador, sugerindo melhorias no produto, sugerindo melhorias no output, para melhorar os outcomes.

sábado, novembro 09, 2013

Drucker. Sempre uma fonte de inspiração!!!

Drucker.
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Sempre uma fonte de inspiração!!!
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"2. What is our business, and what should it be? 
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“Nothing may seem simpler or more obvious than to know what a company’s business is,” Drucker pointed out in his 1973 landmark Management: Tasks, Responsibilities, Practices. Yet “the right answer is usually anything but obvious.” This is particularly true in an era in which market structures can change with astonishing rapidity and new horizons are continuously opening because of technological advances. One of the reasons for Amazon’s great success, I would argue, is that it is constantly honing its answer to “What is our business?”—although doing so requires an extraordinary amount of discipline. Why? Asked seriously, “the question causes controversy, argument and disagreement,” Drucker noted. “It requires judgment and considerable courage. The answer rarely follows what ‘everybody knows.’ . . . It should never be made quickly; it can never be made painlessly.”
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Nunca é definitiva a resposta. O mundo muda e aquilo que era verdade ontem deixa de fazer sentido...

Trecho retirado de "Six Drucker Questions that Simplify a Complex Age"

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Poesia inspiradora

"“None of my books or ideas means anything to me in the long run,” he said. “What are theories? Nothing. The only thing that matters is how you touch people. Have I given anyone insight? That’s what I want to have done. Insight lasts; theories don’t. And even insight decays into small details, which is how it should be. A few details that have meaning in one’s life are important.”"
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Trecho retirado de "Peter Drucker: The Father of Management Theory"