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domingo, outubro 30, 2016

"especially in the hands of underdogs"

"Having observed that tidy organisational schemes – scripts, targets, filing cabinets – are sometimes great ways to approach the world, we make the mistake of applying them in all kinds of situations where they’re dysfunctional.
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In those cases, a looser, vaguer, or more improvised approach works much better – even though it often makes us anxious.
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nothing I’ve seen has changed my view that mess can be a very powerful weapon – especially in the hands of underdogs"
E o que são as nossas PME senão crónicos underdogs?
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Somos todos alemães, jogamos o mesmo jogo, mas não podemos competir com eles de igual para igual no mesmo terreno.
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Há dias visitei empresa que recebeu encomenda grande, vai ter um prazo muito curto para produzir e instalar, vai ter de receber o material, vai ter de contratar e formar muita gente em zona do interior e ... finalmente produzir a um ritmo que nunca teve.
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Quando saí de lá virei-me para quem me acompanhava e disse-lhe algo que agora refino como:
- Se fossem alemães teriam agora as pernas a tremer!

Trechos retirados de "Tim Harford: Why the world needs to be a lot more messy"

terça-feira, março 08, 2011

A assessora ainda não percebeu

Ontem, no editorial do JdN "Depois dos salários, as reformas?" podia ler-se:
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"Maria João Rodrigues, assessora de Barroso, criticou há duas semanas no "Público" o arranque desse Pacto de Angela Merkel, por ter sido desenhado de maneira a produzir um único efeito: a redução dos chamados custos unitários de trabalho, o que em países como Portugal irá levar a salários cada vez mais baixos."
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Vê-se logo que a assessora ainda não percebeu que agora somos todos alemães e que os alemães baixam os custos unitários de trabalho sem reduzir salários: claro, já descobriram o Evangelho do Valor há muito tempo.
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Será que ela já ouviu falar de Rosiello?
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segunda-feira, março 30, 2009

Chamem-me bruxo!!!

A 2 de Janeiro escrevi Somos todos alemães:
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"Desejando o melhor para os nossos amigos eslovacos, espero que os seus políticos e empresários já tenham descoberto o que me demorou cinco anos a perceber.
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Um país que adere ao euro torna-se ... numa nova Alemanha.
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Um país que acorda com uma moeda forte a circular dentro de si, deixa de ser um país que pode assentar a defesa da sua economia na desvalorização 'política' dessa moeda."
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Pois bem:
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"Moody's Investors Service have last Friday cut their outlook on Slovakia’s government bonds rating "
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"Moody's justify their decision on the grounds that future investment in Slovakia is at risk due to a combination of factors: the recession in the euro-region, the country’s dependence on the car industry and its falling competitiveness compared with other eastern European nations, many of whose currencies have fallen sharply during the crisis. In fact the Slovak Finance Ministry forecast only last Friday that foreign direct investment into Slovakia will be much lower this year than originally expected - with the Minister stating he expected a decline in FDI to 0.6 percent of gross domestic product in 2009, compared with a 2.7 percent forecast before the economic and financial crisis hit the country. The worrying thing for me about all this, is not the immediate short term pressure which Slovakia will undoubtedly be under due to the regional crisis, but rather the loss of competitiveness issue, becuase it is ringing bells in my head about what previously happened in the case of Portugal (see my lengthy post on this here).
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The danger is that eurozone membership gets to be seen as a target you strive to achieve, and then relax into once it has been attained. The Southern Europe experience generally is not encouraging in this regard, and as they are finding out now, the hardest work begins after adopting the euro, since there is no currency left to devalue should loss of competitiveness prove severe."
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Não, não sou bruxo, está tudo escrito nas estrelas.
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E os ignorantes e desonestos que não nos falam olhos nos olhos sopbre o que está em causa ...

Trechos de Edward Hugh

segunda-feira, fevereiro 15, 2010

Somos todos alemães (parte V)

Partes IV, III, II e I.
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Cito, a seguir, o texto de um comentário deixado num postal de Edward Hugh no Facebook:
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"Euro has a lot to do with the mess. What comes out is that in some countries the political culture is not developed enough to handle such a union. Euro obviously holds huge promises and huge dangers, but it's like making a poor man win lottery. Some of these guys end broke and even more indebted. It's the same thing. Some societies seem to be unable to resist temptations offered by various possibilities of abusing the union. And when the time of correction came these nations resorted to populism of blaming other members for their problems and are refusing to change, though Ireland seems to be doing the right thing right now."
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O meu pensamento passa por aqui, como tenho relatado nos episódios anteriores deste postal. A solução não passa pelas receitas que os economistas do regime preconizam, a receita é a mesma que resulta para as PME's alemãs, não há receita geral tipo abaixamento de salários, há receitas individuais, basta ver na parte I a proposta de Hermann Simon.

sábado, maio 30, 2009

Mais uma dúvida existencialista

Depois de escrever este postal Proposta de valor: inovação já andei de taxi, já fiz o trajecto Oeiras - Cais do Sodré de comboio, já andei de metro e, agora, aqui estou eu novamente dentro de um comboio à espera que arranque para me levar de volta a casa.
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Durante todo este tempo, o que escrevi no referido postal tem ressoado na minha cabeça e estou encalhado...
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A empresa referida no postal, porque apostou no aumento do valor acrescentado, porque apostou na progressão na escala de valor, porque apostou no numerador da equação da produtividade está a recolher benefícios, está a lucrar mais. E , ainda bem!
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E os trabalhadores?
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Até quando poderemos continuar a apostar num modelo, de sustentabilidade de uma sociedade, assente na exportação, assente em mercados externos que consumam o que produzimos, porque o nosso mercado interno é pobre e não pode consumir?
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O que fez Ford aos salários dos seus trabalhadores?
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É claro que não podemos ser anjinhos e adoptar políticas unilaterais mas há aqui qualquer coisa que vai ter de mudar... e eu não sei qual é a receita.
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Quando eu escrevo que com o euro como moeda somos todos alemães, quero dizer que as empresas têm de ter estratégias à alemão para competir e, como as empresas não são entidades desligadas da sua realidade circundante, têm de assentar numa sociedade à alemã. Se as pessoas não têm nível de vida... what's the point? Não é sustentável!
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As empresas não são fins em si mesmos, são instrumentos para termos uma vida melhor, uma melhor sociedade. Precisamos delas, temos de lhes facilitar a vida, no pressuposto que depois... tenhamos, como sociedade, um retorno, senão...

terça-feira, junho 01, 2010

O choque chinês num país de moeda forte (parte I)

Portugal é um país com uma moeda forte!
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Ter uma moeda forte e, em simultâneo, ter a maioria da sua indústria de bens transaccionáveis situada no quadrante do Baixo Valor Potencial é uma situação muito perigosa, por que é a zona mais vulnerável à competição, sobretudo a que vem dos países LMC (low manufacturing cost).
O quadrante do Baixo Valor Potencial quer dizer que se fabricam produtos ou serviços que são fáceis de substituir e que não são estratégicos na cadeia de valor dos clientes, por isso, os fornecedores que operam nessa zona são os que mais facilmente, por causa de um cêntimo no preço, por exemplo, podem ser substituídos.
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Na última década, a par da adesão ao euro (acontecimento que nos devia ter motivado a evoluir para o quadrante do Muito Elevado Valor Potencial, o único compatível com uma moeda forte conjugada com uma economia competitiva e bem sucedida, basta recordar o meu "Somos todos alemães" a começar pela parte I), com a adesão da China à OMC e com a adesão da Europa de Leste à UE, assistimos a um choque entre os nossos sectores de bens transaccionáveis e os dos LMC, que se traduziu no rápido crescimento das importações desses países.
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Daí o meu interesse pelo artigo "Productivity Dispersion and its determinants: the role of import competition" de Daniela Maggioni, atentemos nas conclusões:
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"During the last decade, Italy experienced a rapid growth of import penetration, especially from low and medium income countries. (Moi ici: Same as here in Portugal) This phenomenon has been common to all developed countries, and it is in great part due to the implementation of liberalization strategies by emerging and developing countries and their industrial development, and not linked to specific domestic factors in Italy. Aware of this evidence, we analyse if this foreign competition contributes to shape the sectoral productivity distribution and firm dynamics.
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First, we verify that, in a comprehensive framework, the exposure to LMCs is negatively related with the high productivity dispersion at sector level. The within-sector disparity in firm productivity presents also signficant linkages with the concentration of the domestic market and more in general with the domestic competitive context. No role is instead detected for the ICT adoption and other trade variables." (Moi ici: ou seja, simplificando, podemos desenhar este gráfico
No texto do artigo encontramos o relato de casos concretos que ajudam a ilustrar o gráfico:
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"we can see some differences across industries, the more heterogeneous sector is (Manufacture of wearing apparel) (NACE 18), while the (Manufacture of fabricated metal products)
sector (NACE 28) presents the lower dispersion."
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"The import share from low and medium income countries (henceforth, LMCs) differs across industries: not surprising, the largest share of more than 27% is recorded by the sector NACE 18 (Manufacture of wearing apparel)"
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Voltando ao texto das conclusões:)
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"Second, we turn on firm level and we show that behind the negative relationship between dispersion and import penetration from LMCs there are asymmetrical firm responses according to their initial efficiency level.
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We find that more productive firms support more deleterious effects from the increased exposure to foreign competition.
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(Moi ici: A explicação que se segue é estranha, não me soa a mim como razoável)
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We suggest that the surge in imports from emergent countries may have reduced the incentives to innovate and invest, but it may have also stimulated efforts of less productive firms facing with the risk of exit. We put forward also the hypothesis of a process of product-switching."
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Ou seja, a entrada das importações chineses levou a um aumento da dispersão das produtividades dentro de cada sector porque as empresas mais produtivas reduzirem o seu investimento e as menos produtivas aumentaram o seu investimento... não faz sentido.
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Como é que a autora mede a produtividade?
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"We use the value of operating revenues as a proxy for output; the value of firm level tangible
fixed assets as a proxy for fixed capital; and the number of employees and material costs, as proxies for inputs."
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OK, mede o que realmente interessa "operating revenues".
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Antes de avançar com uma explicação alternativa à da autora, vou usar um caso concreto de um sector português, para desenvolver e ilustrar uma narrativa alternativa à da autora.
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Continua.

segunda-feira, outubro 26, 2015

Portugal: exportações e o euro (parte II)

Parte I.
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Olhemos para a evolução dos custos da mão de obra na Indústria do Têxtil e do Vestuário como um proxi para a evolução dos custos salariais:

Como cresceram os custos da mão-de-obra?


Tendo em conta, como sublinhámos na parte I, que Portugal era, no início da década de 90 do século passado, um exemplo de um país a ocupar o seu lugar ao sol, extremamente competitivo pelos custos (a China da Europa antes de haver China).
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Interessante como nos 17 anos entre 1990 e 2007 o país com o maior crescimento dos custos da mão-de-obra foi Portugal.
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O modelo ficou obsoleto com a chegada da China ao mercado mundial como "fábrica do mundo" e a politica interna acelerou essa obsolescência, matando mais depressa as empresas antes que tivessem capacidade de se re-criarem. Nem de propósito este trecho recente:
"Politicians believe that innovation can be turned on and off like a tap"
O racional era o que em 2008 André Macedo defendia ao escrever:
“Acontece que o abandono progressivo das actividades com baixo valor acrescentado (têxteis, calçado) é uma estrada sem regresso possível e sem alternativa. Vai doer, mas só assim o país ficará mais forte e competitivo.”
Qual era a reacção ao aumento do custo da mão-de-obra no ITV? Este postal de 2009 "Acham isto normal? Ou a inconsistência estratégica! Ou jogar bilhador como um amador!" descreve a primeira reacção:
- Se as empresas não aguentam o aumento dos salários devem fechar!
E também inclui a consequência absurda de estratégias coladas com cuspo. Logo a seguir, os mesmos que diziam "que fechem":
- Ah! Se calhar faz sentido um pacote fiscal para apoiar as empresas têxteis...
Entretanto, na Alemanha:
"The leading explanation for Germany’s impressive recent export performance is wage restraint. But, as a comparison with Spain reveals, faster wage growth elsewhere cannot be the entire story. To be sure, from 2000 to 2008, German wages increased by 19%, compared to 48% in Spain. But after the 2009 financial crisis, the roles were reversed. From 2009 to 2013, German nominal wages increased by more than 14%, compared to 4% in Spain. And yet, despite the more rapid rise in German wages, the country’s exports rebounded faster than Spain’s – or those of any other European Union country."
Mas a recuperação portuguesa não foi baseada nos custos. A recuperação foi baseada numa frase escrita aqui no blogue pela primeira vez em Janeiro de 2009:
"Somos todos alemães"
A subida na escala de valor, o aumento dos preços na sequência da migração para nichos e posições longe das ocupadas com vantagem pelas empresas asiáticas.
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Continua.

Trecho retirado de "Germany is Not Volkswagen"

sexta-feira, novembro 12, 2010

Bem vindo ao clube!!

"Ulrich: "Merkel tem dito coisas sensatas"":
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"Portugal não compreendeu exigências do euro.
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Aquilo que os países que entraram na Zona Euro fizeram foi aderir ao marco. A elite e os decisores políticos portugueses não perceberam isto. E é por não percebermos que estamos a viver as actuais dificuldades
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Fernando Ulrich
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O presidente do BPI considera que a Alemanha tem gerido bem o seu país. E diz que não é capaz de criticar a sua participação na Zona Euro. Os periféricos é que não perceberam as exigências de estar na moeda única."
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É o meu velho "Somos todos alemães" ou "Temos de competir como um país de moeda forte" ou "O choque chinês num país de moeda forte"

quinta-feira, abril 14, 2011

Um cheirinho de alemão...

"More than 80% of the Top Managers in the German speaking countries stated in a recent Top Management Survey that their company is pursuing a clearly defined growth strategy.
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But then again, in the vast majority of today's industries supply is exceeding demand. This fact and the desire of most companies for continuous growth results in an unprecedented increase of the intensity of competition, leading to hyper competition, price wars and a commoditization of offers, products and services - and finally to more or less standardized, dominant business models in many industries.
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The basic question is: how can companies grow within such a competitive environment? One way is to supplant the competitors by trying to win the price war. (Moi ici: Receita da velha academia, não conhece outra. Aposta em activos tangíveis. Máquinas maiores, mais rápidas, com menos operadores, mais eficientes, ...) Another possibility (Moi ici: O caminho menos percorrido) - which probably generates more value in the long run - is to create new, differentiated businesses that initially bypass competition. New businesses marketing new offers and creating new markets render competition - at least for a while - irrelevant."
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Somos todos alemães!!!
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Trecho retirado de "Strategic Innovation: Building New Growth Businesses" de Michael Moeller, Cornelia Stolla e Alexander Doujak.

sexta-feira, janeiro 02, 2009

Somos todos alemães

No primeiro dia deste novo ano, a Eslováquia aderiu à moeda única.
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Á Eslováquia foi um dos países do leste europeu que mais aproveitou a última década para se tornar numa boa opção para o investimento directo estrangeiro em unidades fabris. Assim, muitas fábricas foram sendo deslocalizadas para o país tendo em conta as condições oferecidas.
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Desejando o melhor para os nossos amigos eslovacos, espero que os seus políticos e empresários já tenham descoberto o que me demorou cinco anos a perceber.
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Um país que adere ao euro torna-se ... numa nova Alemanha.
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Um país que acorda com uma moeda forte a circular dentro de si, deixa de ser um país que pode assentar a defesa da sua economia na desvalorização 'política' dessa moeda.
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Um artigo útil para os gestores eslovacos é por exemplo este "The German Miracle Keeps Running: How Germany's Hidden Champions Stay Ahead in the Global Economy" de Bernd Venohr e Klaus Meyer.
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Segue-se uma selecção de recortes do referido artigo que vêm sublinhar os apelos e achegas que tenho dado neste blogue:
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"Germany’s privately-held medium size companies have been a source of much envy and mystery. They have been a driving force behind the German miracle of the 1950’s and 60’s.
In the mid 1990’s the competitive strength of these ‘Hidden Champions’ featured in a high profile study by Hermann Simon, a German strategy expert." (não estamos a falar de multinacionais nem de empresas cotadas, estamos a falar de PME's)
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"Yet, he points to important enduring success factors that correspond to our own findings: (1) Hidden Champions benefit from ownership and governance structure based on family-business and long-term relationship with key stakeholders. (2) On this basis, they develop long-term strategies aimed at global niche market dominance, based on strategic positioning that combines superior product quality with a focus on customer needs. (3) These strategies are implemented with a persistent focus on operational effectiveness of the value chain." (pensamento estratégico, paciência estratégica, nichos e diferenciação, concentração nas necessidades dos clientes)
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"advantages of patient investors to pursue niche strategies that combine product specialization with geographic diversification ... In their niche, they can isolate themselves from competition by serving the special needs of a very narrowly defined target segment." (este "narrowly defined target segment" cheira, tresanda a clientes-alvo)
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"Hidden Champions are typically positioned as “value leaders”, combining superior quality of products and services with a careful attention to customer needs. Many businesses may
subscribe to such a positioning, yet the Hidden Champions back this strategy up with major resource commitments in R&D, sales and distribution" (o pormenor que é um pormaior, quem ama a sua fábrica não fica a olhar para o umbigo e a desejar comprar máquina atrás de máquina e a apostar no aumento de capacidade produtiva. Produzir é o mais fácil, difícil é a diferenciação)
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"Another pillar of the strategies of the Hidden Champion is their commitment to customer needs. They typically sell their products and provide customer service and training through wholly-owned distribution channels." ... "employees of Hidden Champions engage directly with customers twice as often as large German corporations" (concentração no cliente)
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"As product complexity increases, customers require more support in operating and maintaining the products. For many of the Hidden Champions personalized customer support services have become an important part of their value proposition."
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"Targeting a global niche is an ambitious strategy for comparatively small firms. They need the support of long-term oriented investors and other stakeholders, and a persistent focus on enhancing operations. They thus emphasize continuous improvement of products and processes, in close interaction with R&D and customers. Hidden Champions typically succeed through persistent and coherent implementation of many small steps. Few if any engaged in large acquisitions and other risky game-changing strategic moves."

quarta-feira, junho 23, 2010

O jogo do gato e do rato (parte I)

Quando agora somos todos alemães, continuamos a pensar à moda antiga, como quando tínhamos uma moeda própria fracota.
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Por isso, só se vê o jogo do gato e do rato entre a produtividade e os salários.
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"Durante uma audição na comissão parlamentar de Trabalho, Teixeira dos Santos sustentou que “os ganhos de produtividade devem reforçar a competitividade e não ser ultrapassados pela evolução de salários”.
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“Atentando à dimensão dos custos de trabalho (evolução dos salários e produtividade), temos de introduzir uma dinâmica mais virtuosa nos custos de unidade de trabalho. Temos de melhorar a produtividade do trabalho (com formação, inovações, melhoria na gestão), mas também a disciplina salarial com a fixação dos salários para que acompanhe a produtividade”, resumiu o titular da pasta das Finanças."
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O mesmo que não se arrependeu dos 2,9%
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E se eu me juntar aos outros que estão a fazer o mesmo que a União de Leiria? Será que vale a pena experimentar o Brasil?
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Continua.

domingo, abril 25, 2010

Para reflexão

"Espanha garante que não há risco de contágio" Quando é que os políticos aprendem que há coisas que não se negam... age-se!
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"Alemanha quer Grécia fora do euro" onde se lê ""A Grécia não tem só um problema de liquidez, mas também de crescimento estrutural"
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Se a Grécia tem um problema de crescimento estrutural... o que dizer do país das laranjas? O que dizer de Portugal? Basta, factualmente, comparar o crescimento da economia grega e portuguesa desde o arranque do euro.
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Julgo que muita gente em lugares de topo ainda não percebeu a sério, bem a sério, a essência de ser detentor de uma moeda forte e de como isso tem de influenciar a vida, o pensamento e as decisões. Não é à toa que defendo "Somos todos alemães"

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Parte I - EKS e as quatro perspectivas de um mapa da estratégia

No postal “Somos todos alemães” referi o artigo "The German Miracle Keeps Running: How Germany's Hidden Champions Stay Ahead in the Global Economy" de Bernd Venohr e Klaus Meyer. Nele pode encontrar-se a referência à EKS de Wolfgang Mewes:
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“Wolfgang Mewes, who promoted a “bottleneck-focused strategy” (Engpass konzentrierte Strategie = EKS). Essentially, EKS suggests that the key to success is to concentrate all resources, however limited, to solve a specific “burning problem” (the bottleneck) for a well-defined customer group (os clientes-alvo, sempre e só eles – os dez mandamentos da EKS soam-me muito familiares com o que se tem defendido neste blogue.).
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In addition, Mewes advised companies to shift their objectives from profit maximization to maximize their “power of attraction” for their target group.
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Profit is not the objective, but rather the result of these efforts. (o lucro é uma consequência, nunca se trabalha directamente para o lucro, a verdade em que assenta o racional para criar um modelo de negócio)..
Instead of trying to achieve maximum profits, companies should create maximum benefits for a target group (os clientes-alvo), solving their most burning problems better than any competitor (proposta de valor)..
Since most companies he worked with, were small and had limited resources (esta caracterização faz-me recordar as PME’s portuguesas, por exemplo empresas como a Ach Brito) , Mewes advised them to select specific segments of the market by building on their own strengths and avoid blindly imitating perceived leaders. Based on its own resource profile the company should analyze which specific customer problem it can solve best, and find a customer segment that matches its available resources.
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(Assim: Successfully solving this problem would then create a “success spiral”: A supplier’s rising attraction for its target group would raise sales, and correspondingly profits, which can be reinvested to create even more powerful solutions. Since niches are typically small and subject to changing market demand, Mewes recommends focusing on the underlying fundamental needs that persist even when specific products and techniques to fulfill these needs become obsolete.”
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Como se satisfazem os clientes-alvo? Como se oferece a proposta de valor que os vai cativar e fidelizar?
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Trabalhando, realizando actividades, executando tarefas que contribuem para o atingir de objectivos estratégicos que servem a satisfação dos clientes-alvo.

As actividades e tarefas que contribuem para a satisfação dos clientes-alvo fazem parte de processos especiais, os processos críticos.
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Cada um dos objectivos estratégicos que temos de, e queremos atingir são um resultado desejado, são um efeito, são uma consequência de factores que operam a montante. Cada um dos objectivos estratégicos é um ponto de chegada, influenciado por um ou mais processos onde trabalhamos no dia-a-dia da empresa.
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Os factores que influenciam o desempenho de um processo podem ser agrupados em 5 famílias, algo que decorre do diagrama de causa-efeito de Ishikawa e dos textos de Deming:
Assim, se atentarmos ao que sucede relativamente a um objectivo estratégico em particular, no âmbito da perspectiva processos (ou interna) de um mapa da estratégia, podemos visualizar o que se passa desta forma:
Dois processos críticos convergem para o cumprimento do Objectivo estratégico P2, ou seja, actividades desenvolvidas no âmbito de 2 processos serão chave para o sucesso medido e representado pelo Objectivo estratégico P2.
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Daqui retira-se facilmente que, para termos bons resultados ao nível dos processos críticos, para a execução da estratégia temos de investir em:
Pessoas competentes e motivadas, Máquinas e sistemas de informação adequados e Meio ambiente & instalações adequadas.
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Assim, chegamos a uma base para a identificação dos investimentos necessários em Recursos & Infraestruturas, para a execução de uma estratégia, falta apenas a cola que há-de ligar diferentes pessoas a operar em diferentes processos para um mesmo fim: a cultura organizacional.
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Continua na Parte II com uma reflexão sobre as implicações deste raciocínio no desenho de uma mapa da estratégia com a crítica a um caso em particular.
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Continua na Parte III com uma relação entre pessoas e processos críticos.
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Continua na Parte IV com uma reflexão sobre a EKS.

quinta-feira, outubro 29, 2015

Portugal: exportações e o euro (parte IV)

Parte I, parte II e parte III.
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Como salientámos na parte III, o sucesso das exportações das PME portuguesas tem passado mais por uma subida na escala do valor (ainda que muitas vezes pouco trabalhada e mais inconsciente, julgo que falta mais consciência das vantagens competitivas) do que por outra coisa.
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Vejamos como o artigo "Germany is Not Volkswagen" corrobora o "somos todos alemães":
"knowledge allows Germany to compete on quality [Moi ici: Não confundir esta qualidade (melhores atributos) com a outra qualidade (menos defeitos)], not price...Instead, the German focus on quality allows its firms to charge higher prices and gain new customers. When exporters are asked to rank their products relative to a market average, 40% of German exporters classify their goods as top quality, while only 10% of French exporters do so.[Moi ici: Números semelhantes aos que Hermann Simon relatou nos seus livros. As mittelstand trabalham sobretudo no B2B e, por isso, são anónimas, são desconhecidas do grande público. No entanto, quase todas são líderes de mercado nos seus nichos (sim, não competem pela grande massa que procura o preço mais baixo)]...Quality makes exporters less vulnerable to changes in price [Moi ici: Recordar o aumento dos preços do calçado, do mobiliário, do vinho ...] – including those driven by rising wages. By contrast, those countries in which firms compete on price may have felt more pressure to move production abroad as domestic wages rose."



sexta-feira, junho 04, 2010

O choque chinês num país de moeda forte (parte IV)

Continuado daqui: Parte I, Parte II e Parte III.
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Há dias no Facebook, a propósito deste texto sobre as ideias de Edward Hugh "El economista Edward Hugh apunta que España necesita rebajar salarios un 20%" escrevi:
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"I prefer "creative destruction". I prefer to reduce costs to whoever wants to join the market, and let low productivity plants being displaced by high productivity plants". "
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Pois bem, ontem lembrei-me de consultar o pai da "Destruição Criativa", Joseph A. Schumpeter himself. Assim, mergulhei no capítulo "The Process of Creative Destruction" do livro "Capitalism, Socialism and Democracy" e ... que refrescante:
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"The essential point to grasp is that in dealing with capitalism we are dealing with an evolutionary process."
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"Capitalism, then, is by nature a form or method of economic change and not only never is but never can be stationary." (Moi ici: Lá se vai a treta do equílibrio)
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"The fundamental impulse that sets and keeps the capitalism engine in motion comes from the new consumers' goods, the new methods of production or transportation, the new markets, the new forms of industrial organization that capitalist enterprise creates."
...
"This process of Creative Destruction is the essential fact about capitalism. It is what capitalism consists in and what every capitalist concern has got to live in."
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E agora a pièce de résistance:
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"The first thing to go is the traditional conception of the modus operandi of competition. Economists are at long last emerging from the stage in which price competition was all they saw. (Moi ici: Estão a ver isto!!! Parece que desde 1942 o progresso não foi tão rápido como Schumpeter previu, malheureusement...) As soon as quality competition and sales effort are admitted into the sacred precincts of theory, the price variable is ousted from its dominant position. However, it is still competition within a rigid pattern of invariant conditions, methods of production and forms of industrial organization in particular, that practically monopolizes attention. But in capitalist reality as distinguished from its textbook picture, it is not that kind of competition which counts but the competition from the new commodity, the new technology, the new source of supply, the new type of organization (the largest-scale unit of control for instance)–competition which commands a decisive cost or quality advantage and which strikes not at the margins of the profits and the outputs of the existing firms but at their foundations and their very lives." (Moi ici: Porque é que fico com a sensação que pouca gente percebe a distinção entre estes dois tipos de competição? A competição pela eficiência, pelos custos, versus a competição pela eficácia? Como é que a Alemanha consegue prosperar com uma moeda forte senão com base na competição pela eficácia? E agora que somos todos alemães bem que era preciso perceber isso.)
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"This kind of competition is as much more effective than the other as a bombardment is in comparison with forcing a door, and so much more important that it becomes a matter of comparative indifference whether competition in the ordinary sense functions more or less promptly; the powerful lever that in the long run expands output and brings down prices is in any case made of other stuff.
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It is hardly necessary to point out that competition of the kind we now have in mind acts not only when in being but also when it is merely an ever-present threat. It disciplines before it attacks."
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Há por aí alguma exegése sobre este capítulo e sobre estes dois tipos de competição?

quinta-feira, outubro 07, 2010

A "receita" alemã...

Interessante artigo na Business Week desta semana "Germany's Growth: New Rules, Old Companies".
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Como defendo aqui há anos "Somos todos alemães" encontra-se:
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"Germany may serve as a model for other Western economies competing with emerging markets."
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"The Mittelstand companies, which typically employ fewer than 500 workers, comprise more than 70 percent of German workers and contribute roughly half of the country's GDP. The Mittelstand also embodies the German approach to business practice—paternalistic, consensual, conservative, and arguably more effective over the long haul than what Germans sometimes dismiss as American-style cowboy capitalism.

Far from being relics of a simpler time, Mittelstand companies have emerged as successful models in an era of globalization—agile creatures darting between the legs of the multinational monsters. Their blend of high technology, long-term thinking, and focus on quality has helped German manufacturing through the recession"
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No entanto, julgo que os autores misturam a receita para as mega-empresas como a Volkswagen, que competem no mercado do preço, com os factores de competitividade das Mittelstand.
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Por mais incrível que pareça, pois os embaixadores ás vezes têm afirmações ridículas, como esta de relacionar saudade e produtividade, estou mais próximo da justificação do embaixador alemão em Portugal "O motor económico":
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"A produtividade e competitividade da indústria alemã não têm a ver com moderação salarial, mas muito mais com a investigação e a inovação no âmbito da cadeia de valor."
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Esta justificação está muito mais de acordo com a "receita" Hermann Simon "We are not cost-cutters"

terça-feira, novembro 15, 2011

Mt 11, 25 - Os Sarumans deste mundo não conseguem ver

Perante conclusões deste tipo "Portugal precisa de desvalorização de 22%" interrogo-me ...
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Este mundo é uma gigantesca farsa... tanta gente encerrada no alto de torres de marfim, longe da realidade, recorre a um olho, qual Saruman, para ler e perceber o que se passa no mundo... mas o olho está obsoleto e nem se apercebem disso.
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Num mercado altamente competitivo como o dos automóveis, um dos negócios mais preço que existem, temos:
É uma espécie de soap opera Made in USA para se juntar à série "OMG... e vão viver de quê?"
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Mas se até o director-geral da COTEC pensa o mesmo!!!
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Será que esta gente sabe que, excluindo combustíveis e lubrificantes, o país já exporta cerca de 115% daquilo que importa?
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"A economia portuguesa precisa, para se tornar mais competitiva e travar o aumento do seu endividamento face ao exterior, de realizar uma desvalorização real de 22%"
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Que me digam que a economia portuguesa que vive do consumo interno precisa de reduzir salários para que consiga atravessar o deserto dos próximos anos eu entendo. Agora que isso seja preciso para tornar a economia mais competitiva... não engulo. E mais, se isso for feito, até se tem o bónus de mais recursos valiosos serem transferidos das 2 economias para a 3ª economia.
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A Cutipol é mais um exemplo da receita que os Sarumans deste mundo não conseguem ver ... Mt 11, 25... e que está a despontar um pouco por todo o país.
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Amanhã vou realizar uma formação onde vou utilizar estes diapositivos:
Que indicadores é que os Sarumans monitorizam? 
E esses indicadores estão relacionados com que pressupostos?
O que é que esses indicadores não mostram? O que é que esses indicadores escondem? 

A que perguntas respondem os indicadores dos Sarumans?
Há perguntas por fazer e que ficaram sem mecanismo de auxílio à resposta?

Os indicadores contam histórias, fornecem matéria-prima para narrativas.
Em função das matérias-primas assim serão as narrativas. 

Os indicadores a monitorizar são uma função das prioridades que assumimos. Diferentes prioridades, diferentes indicadores.
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Se os Sarumans se mantêm agarrados a uma narrativa, escolherão indicadores que permitirão comprovar essa narrativa.
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E se a narrativa ficou obsoleta?
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Às vezes estamos tão entretidos a combater a última guerra que nos esquecemos que o mundo mudou e a guerra agora é outra. E, na frase que mais uso e roubei ao mundo da bola está uma verdade fundamental:
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O que é verdade hoje amanhã é mentira!!!
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BTW, acredito mesmo nisto, ou seja, verdadeiramente, a convergência está a começar agora, agora que é o país no seu todo está a descobrir o que muitas PMEs descobriram há alguns anos, a maioria por tentativa e erro, sem grande esforço de reflexão estratégica... um pouco como os ratinhos no livro "Quem mexeu no meu queijo?", ou seja, como competir com uma moeda forte:

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Só agora...

Só agora é que esta mensagem está a chegar aos jornais...
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"Criar valor"
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"Muitas empresas estabeleceram planos de redução de despesas agressivos. Nas instituições públicas as oportunidades de melhoria são muitas. No entanto, a lógica de redução de custos é insuficiente. Sob pena de a economia portuguesa entrar em recessão durante anos. O desafio para as instituições portuguesas é o da criação de valor. Não é um chavão sem conteúdo. É um conceito que, se bem entendido e aplicado, pode ajudar a resolver os problemas de eficácia e de eficiência das nossas empresas e organizações públicas."
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Tanto atraso!!!
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Qual é a receita alemã? E agora somos todos alemães, com o euro.
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Concentração na criação de valor e não no corte de custos.
Concentração no numerador e não no denominador.

sexta-feira, dezembro 30, 2011

It's not the euro, stupid! (parte III)

Parte I, parte II.
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Ontem, durante o jogging, ouvi uma uma parte do livro "Gut feelings : the intelligence of the unconscious" de Gerd Gigerenzer".
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No capítulo 6 com o delicioso título: "Why Good Intuitions Shouldn't be Logical" gigerenzer chama a atenção para esta particularidade:
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"Mark got angry and Mary left.
Mary left and Mark got angry.
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Verona is in Italy and Valencia is in Spain.
Valencia is in Spain and Verona is in Italy.
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We understand in a blink that the first pair of sentences conveys opposite causal messages, whereas the second pair is identical in meaning. Only in the last pair is the and used in the sense of the logical AND. Even more surprising, we also know without thinking when and should be interpreted as the logical OR, as in the sentence
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We invited friends and colleagues.
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To this day, linguists are still working on spelling out the rules of thumb that underlie this remarkably intelligent intuition. No computer program can decode the meaning of an and sentence as well as we can. These are the interesting unconscious processes that we only partly understand, but which our intuition masters in the blink of an eye."
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Escrevo isto porque não me canso de me surpreender com o que os investigadores escrevem sobre a competitividade e a produtividade das empresas. A tríade de encalhados usa modelos obsoletos para explicar a realidade e, quando os modelos deixam de explicar a realidade... deixam de falar na realidade e continuam, como lapas, agarrados a ideias antigas que agitam sem contraditório.
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Ainda mais surpreendente, os investigadores que descobrem que os modelos estão obsoletos e avançam para a realidade para formularem modelos mais robustos, depois de muita investigação, depois de um caminho árduo, chegam ao topo da montanha onde já me encontro há alguns anos...
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Arrogância intelectual da minha parte? Não!
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O contacto permanente com PMEs que têm sucesso a exportar e a reflexão... por que é que estas empresas têm sucesso apesar da procissão de desgraças que os encalhados da tríade previram? Por que é que os gerentes das PMEs, muitos com a 4ª classe, fizeram o que Daniel Bessa postulava como sendo impossível?
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O percurso que me tem levado a Mongo, a "somos todos alemães", à vantagem do numerador e da eficácia sobre o denominador e a eficiência está retratado neste blogue e pode ser condensado neste postal de Agosto último "Promotor da concorrência imperfeita e de monopólios informais".
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Ainda hoje ouvimos os governos apelarem às empresas pequenas a seguirem o exemplo das empresas grandes, ainda hoje ouvimos dizer que as empresas grandes são mais competitivas que as empresas pequenas, que têm produtividades, que podem ser mais resistentes a choques de competitividade.
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Continua na parte IV, que tentarei escrever ainda hoje, com um exemplo que deita por terra todas estas ideias com um vector chamado China!
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