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quarta-feira, abril 25, 2018

E, no fim, ganha a Alemanha (parte II) - o reverso da medalha

Ao olhar para uma série de gráficos desta publicação da APICCAPS:
Preços de importação de calçado no Japão

Preços de importação de calçado na China

Preços de importação de calçado na Rússia

Preços de importação de calçado nos EUA

Vivemos tempos de euro forte, ou talvez, tempos em que outros desvalorizam as suas moedas. Em tempos de euro forte alerta-se para o impacte nas exportações. Na mesma publicação referida acima, nas páginas 4 e 8, por exemplo, pode ler-se:
"2017 fecha com novo crescimento de 2,2% da exportação, mas apreciação do Euro frustra objetivo dos 2 mil milhões, sem ajuda dos EUA.
...
Como se temia, a excelente performance da exportação de calçado exibida durante o primeiro semestre de 2017, evidenciava já uma forte travagem, para metade, do ritmo de crescimento no ano terminado no 3o trimestre, saldando-se, ainda assim, por um crescimento anual de 2,2% (G9).
Sendo um crescimento ainda razoável, ficou um ponto percentual abaixo do ritmo de 2016, o que não permitiu quebrar a barreira dos dois mil milhões de exportações de calçado que parecia ao alcance no fim do 1o semestre. A impedir uma maior contribuição dos mercados extra-Euro, pesou a apreciação do Euro frente ao Dólar (+7%) e em geral (+2%, EEF Winter, Fevereiro 2018)."
Em "E, no fim, ganha a Alemanha" procuro demonstrar porque é que quando o euro baixa o país que mais ganha é a Alemanha. Olhando para as figuras acima a Alemanha do calçado é a Itália. Usando o mesmo racional de Dolan e Simon no postal referido sobre a Alemanha, quando o euro sobe o país mais prejudicado pode ser a Itália, e os países abaixo, Espanha e Portugal, com boas marcas ou com boa imagem do sector podem aproveitar o movimento dos clientes-premium que se vêm forçados/tentados a saltar a vedação e vir experimentar marcas intermédias.

Por favor, não embalem em explicações académicas com 50 anos, desenvolvidas para o Normalistão por pessoas que nunca viram paixão na economia, só matemática. Em vez de medo e receio por causa da apreciação do euro, trabalho redobrado para subir na escala de valor e estar atento às oportunidades.

segunda-feira, fevereiro 29, 2016

O mundo alternativo em que poderíamos estar a viver

Ao recordar este episódio de 1992 em "Ainda a produtividade" e ao conjugá-lo com a loucura demente desta proposta de desvalorização dos salários em 50% para ganhar competitividade externa:

E com a evolução salarial real dos outros países:
Peço que reflictam no mundo alternativo em que poderíamos estar a viver se não tivéssemos aderido ao euro.
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Com poder sobre uma moeda própria é fácil imaginar o corropio de empresários e políticos a pressionarem os governos de Portugal para desvalorizar o escudo e tentar competir com a China numa race-to-the-bottom. Sem o euro nunca os empresários teriam tido o estimulo para subir na escala de valor e arranjar propostas de valor diferentes do preço.

sexta-feira, janeiro 01, 2016

Quando as velha receitas ficam obsoletas!

"As various central banks loosened monetary policy this year, some economists predicted another cycle of beggar-thy-neighbor currency wars, in which countries race each other to become the cheapest exporter.
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But it hasn’t panned out that way, and now a growing body of evidence suggests why: A shift in trade dynamics is blunting the impact of a weak local currency.[Moi ici: À atenção dos que apostam na desvalorização da moeda, como forma de fugir às reformas de que uma economia precisa quando deixa de ser competitiva]
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When a country loosens its monetary policy, interest rates fall and investors tend to pull their money out in search of higher yields elsewhere, pushing down the currency’s value.
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That is still happening. But the dynamic isn’t affecting trade flows as much as expected. What has changed is where businesses source the things they need to make the products they export. Manufacturers once found most components needed to make their goods at home. Now they increasingly look abroad for such inputs. As a result, exports now incorporate a lot more imports.
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The foreign content of Switzerland’s exports, for instance, increased to 21.7% in 2011 from 17.5% in 1995, while the imported content of South Korea’s exports almost doubled, to 41.6% in 2011 from 22.3% in 1995.
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Economists at the International Monetary Fund and the World Bank have used those measures to assess whether currency movements have the same impact they once did on exports and imports. They found that the effect has in fact reduced over time, by as much as 30% in some countries.
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Policy makers are beginning to take note. “As countries become more vertically integrated via global value chains, exchange-rate variations will have a diminishing impact on the terms of trade,”"
Entretanto, os que aprenderam a usar o câmbio quando tinham 20 anos, continuam agarrados a essa velha receita. Nunca esquecer as palavras de Napoleão.


Trecho retirado de "Why Weak Currencies Have a Smaller Effect on Exports"

terça-feira, abril 28, 2015

A Alemanha também ganha por isto ou "I see Baptistas da Silva everywhere"


Voltando outra vez ao artigo "Desvalorização do euro pode substituir queda dos salários?", citado em "E, no fim, ganha a Alemanha", pode ler-se:
"Mas pode esta desvalorização cambial substituir a desvalorização interna que a troika - e o Governo - pretendiam no arranque do programa de ajustamento? "Não substitui, mas ajuda na medida em que constitui um alívio e minora o impacto negativo estrutural interno, por exemplo sob o emprego", explica Paula Carvalho, economista-chefe do BPI.
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“Algumas empresas sentirão alguma folga, que deve ser aproveitada para garantir melhorias (e reforço de competitividade) mais definitivas, que não estejam dependentes da evolução cambial”, acrescentou Paula Carvalho em declarações ao Negócios."
Que o governo e a troika não percebam de microeconomia e não olhem para os dados, ainda percebo. Agora que a economista-chefe do BPI não o faça... custa-me mais a engolir.
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Por exemplo:
"constitui um alívio e minora o impacto negativo estrutural interno, por exemplo sob o emprego"
Onde está o desemprego?

Será que a economista-chefe do BPI sabe que em Março de 2015 há menos desemprego na "Indústria e energia e água" do que em Janeiro de 2002?
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A diferença no desemprego está basicamente na Construção  com mais cerca de 46 mil desempregados e nos serviços com mais 162 mil desempregados.
Nos serviços, a diferença está sobretudo na actividade imobiliária e alojamento e restauração, responsáveis por mais de 77% do aumento do desemprego nos serviços.
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Pode o turismo ajudar a restauração? Pode, mas já estava a bater recordes há dois anos, será que ainda pode crescer mais sem perigar a qualidade da experiência global?
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A segunda frase:
"Algumas empresas sentirão alguma folga, que deve ser aproveitada para garantir melhorias (e reforço de competitividade) mais definitivas, que não estejam dependentes da evolução cambial”"
 É de quem não conhece os humanos. Os empresários são humanos, não são maximizers, são satisficers. Mais de 90% dos humanos só muda quando encostado à parede, pressionado pelas circunstâncias. Sem pressão, não há motivação para agir.
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Ainda não aprenderam como é que a indústria exportadora se comportava no tempo do crawling-peg? Quantos faziam trabalho de casa profundo, para melhorar a produtividade e competitividade e, quantos aproveitavam a boleia e ficaram viciados na adição da competitividade obtida de borla sem trabalho?
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A senhora não se lembra da revolta dos empresários do Norte contra Cavaco quando ele lhes disse que a mama ia acabar?

E, no fim, ganha a Alemanha

Ontem, no JdN, no artigo "Desvalorização do euro pode substituir queda dos salários?", podia ler-se:
"Alemanha é quem mais ganha?
O BCE estima que uma depreciação de 10% do euro, faz aumentar 0,4% o PIB da Zona Euro e 0,6% a inflação. Embora se antecipem ganhos para Portugal a partir deste movimento, há quem aponte que os principais beneficiários serão os grandes países, com a Alemanha à cabeça."
A Alemanha será a mais beneficiada mas não por ser grande.
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Dolan e Simon em "Power Pricing" justificam de forma clara porque é que a Alemanha ganha mais com a desvalorização do euro, por causa da assimetria das gamas de preço:
"Many markets have a structure in which brands or products are aligned on a "value-map" of perceived product value vs. price as shown in Figure 4.4. This particular map shows three market tiers: economy, middle market, and premium.[Moi ici: Consideremos, por exemplo, o sector da maquinaria onde marcas alemãs e portuguesas concorrem. Normalmente, a marca alemã é mais cara, e compete no tier-premium. A marca portuguesa, mais barata, compete no tier-middle market]"
Normalmente, as marcas do tier-economy não competem directamente com as do tier-middle ou com as do tier premium. Normalmente, a competição ocorre dentro de cada tier.
"The appropriate number of tiers to utilize is situation specific. A two-tier (branded vs. nonbranded) separation is sometimes useful. ... Regardless of the number of tiers, the essential point is the same: one's chosen position on the "value-map" effectively implies a strategy and defines a relevant competitive set. ...
  • competition within a price-tier is typically more vigorous than across tiers. 
  • there is an asymmetry in competition across tiers. Price cuts by higher quality tiers are more powerful in pulling customers up from lower tiers, than lower tier price cuts are in pulling customers down from upper tiers; i.e., customers "trade up" more readily than they "trade down." 
Pictorially, we show this in Figure 4-5 for a two-tier market, which for simplicity we show as having two premium brands P1 and P2 and two economy brands E1 and E2. 
...

Figure 4-5 shows a "fence" separating the premium and economy tiers. The "fence" denotes the fact that a price cut by any brand typically impacts its same-tier competitors more strongly. ... A price cut by premium tier brand P1 draws to it economy tier buyers - who are able to slip through the spacing in the "picket fence" portion at the upper left end of the fence. That is, P1, has some clout in being able to induce customers from the economy tier to "trade up" to it. However, if E2 cuts price, the premium brand buyers conceptually crash into the solid portion of the fence on the lower right, without trading down to the economy segment. E2's price cut can increase its sales volume - by drawing El customers or increasing the category consumption rate - but it will not draw many customers away from the premium brands."
Assim, facilmente se percebe porque é que a Alemanha ganha mais, porque tem mais marcas premium.



domingo, abril 12, 2015

Até onde teriam ido?

Escreve Teixeira dos Santos em "Crescimento, precisa-se":
"Herdamos do passado um setor produtivo subcapitalizado e com baixa produtividade que apostou numa competitividade assente em atividades trabalho-intensivas, de mão de obra barata e pouco qualificada. Sobreviveu à custa da desvalorização da moeda, uma terapia que deixou de ser possível com o euro. Desde então, a nossa competitividade deteriorou-se, alimentando o desequilíbrio externo crónico do país. Em consequência, o endividamento agravou-se. A necessidade de aumentar a poupança, para aliviar o peso do endividamento, não permite que seja a procura interna a puxar pela economia."
Não sei se alguma vez vai ser possível provar ou rejeitar a opinião que vou emitir de seguida.
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A adesão à então CEE, que proporcionou liberdade comercial, conjugada com a "terapia" da desvalorização da moeda, fez de Portugal um paraíso europeu para a mão-de-obra barata. A taxa de desemprego chegou a baixar dos 4%, na primeira metade dos anos 90 do século passado.
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O que deu cabo disso não foi o euro. Poderíamos ter continuado a ser o paraíso da mão-de-obra barata dentro da "fortaleza UE", mesmo com os países do bloco de Leste, haveria trabalho para todos.
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O que deu cabo disso foi esta diferença:
Os números são de 2013. Há uma década que os salários chineses crescem bem, por imposição governamental, por isso, já só são uma pálida ilustração do que se passava aquando da liberalização comercial de 2001, que coincidiu com o big bang do euro.
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Imaginem que Portugal não estava no euro. Imaginem a pressão dos empresários, imaginem o choradinho no parlamento... se não fosse o euro, até onde é que os políticos portugueses iriam na desvalorização da moeda para tentar competir com a China?

segunda-feira, maio 05, 2014

Para animar várias reflexões

Primeira reflexão é sobre as exportações de vinho português, recordando este postal "O exemplo do vinho" e confrontando-a com "Despite Strong Currency, New Zealand Winemakers Are Thriving", onde se pode ler:
"New Zealand wine exports reached more than NZ$1.3 billion in value in those 12 months - up around 9% on the year-earlier period, according to data from Statistics New Zealand.
...
demand from the U.S., Canada and Asia represent key growth areas outside traditional export markets such as Australia.
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In the first two months of this year, New Zealand wine exports to the U.S.—in both volume and value terms—grew by 8%"
Segunda reflexão é sobre este pormaior escondido no texto:
"The U.S. dollar has fallen a third in value against New Zealand’s currency in the past five years." 

sexta-feira, dezembro 13, 2013

Enquanto...

Enquanto os EUA manipulam o preço do dolar, enquanto o euro se valoriza, enquanto a TSU não baixa, temos:
"As exportações de Portugal para os EUA subiram 6,6% entre janeiro e setembro deste ano face igual período de 2012, para 2312 milhões de euros, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE)."
Trecho retirado de "Exportações portuguesas para os EUA sobem 6,6% até setembro"

quinta-feira, maio 16, 2013

Treta!

Ontem, no Público em "Só as exportações nos podem salvar mas não o conseguem fazer sozinhas" li:
"O euro valorizado: os bancos centrais das outras grandes potências económicas estão a apostar em politicas fortemente expansionistas, o que faz com que o Banco Central Europeu sinta, mesmo descendo as taxas de juro para próximo de zero, dificuldades em evitar uma apreciação do euro face a divisas como o dólar, a libra ou o iene. Isto torna a tarefa de crescimento das exportações portuguesas - principalmente quando as melhores hipóteses estão fora da zona curo - ainda mais complicada. No passado. - Portugal conseguiu os melhores desempenhos nas exportações nos momentos em que a sua divisa se desvalorizou. Nessa altura, a divisa não era o euro. era o escudo."
E pensei:
"TRETA!!!" 
As exportações portuguesas, com o euro, cresceram 0,3% no primeiro trimestre de 2013 face ao período homólogo de 2012. Comparando as exportações intra e extra-UE temos:

"Em março de 2013 as exportações (para a UE) diminuíram 6,1% face ao mês homólogo de 2012,
...
Em março de 2013 as exportações para os Países Terceiros (extra-UE) aumentaram 6,0% face a março de 2012,"

E depois pensei... como terão evoluído as exportações inglesas no mesmo período? Caíram 2,1%!!!
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E depois pensei... como terão evoluído as exportações japonesas no mesmo período? Caíram 1,2%!!!
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Onde está a vantagem da desvalorização cambial?
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É tão arcaico pensar na desvalorização cambial como arma competitiva simples, depois do aparecimento  das "fábricas do mundo" na Ásia...

sexta-feira, março 01, 2013

Trabalho de casa

Trabalho de casa para os gurus da moeda fraca como mecanismo de competitividade dos países... como se os países exportassem e não as pessoas que trabalham em organizações.
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Por um lado "Reino Unido à beira de uma terceira recessão em quatro anos" e, por outro "Currency moves contextualised":
"And to sterling. Is it a dog right now? Yes. It’s the worst performing major currency in 2013 so far and just about nobody we talk to expects it to pick up any time soon."

sábado, novembro 19, 2011

Democracias Tuteladas?


"They conclude: “Italy saw phases of rapid economic growth while the currency was either undervalued or in equilibrium. On the other hand, undervaluation did not necessarily bring about sustained GDP growth. Overall, these results are consistent with the hypothesis that an undervalued currency is rather a facilitating condition, but not an engine, for economic growth.”
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It’s interesting to think about the benefits of an undervalued currency as a “facilitating condition” for growth. Some people argue that even if a country like Greece could leave the euro zone, it wouldn’t be able to benefit from a cheaper currency because its export industries are so poorly developed. But perhaps a currency that stays undervalued for long enough would encourage the development of new industries that didn’t exist before."
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Devo ser eu que sou muito lento a perceber as coisas ... um país com uma economia de mercado, com uma moeda fraca e com empresários bem sucedidos nesse meio abiótico que tipo de indústrias cria?
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As que mais partido tiram dessa condição de moeda fraca. Qual o gatilho, qual o mecanismo que iniciará uma revolução com massa crítica, para que esses empresários avancem para novas indústrias? Estão bem, para quê mudar... a não ser que sejam ameaçados por um outro ecossistema capaz de competir pelo mesmo nicho com vantagem competitiva... (E julgo que muitos macro-economistas não são sérios, ou suficientemente exaustivos na sua análise, quando deitam as culpas da falta de competitividade para o euro, para a moeda forte, sem nunca referir o impacte da abertura chinesa nas economias europeias. Mesmo com escudo, a economia portuguesa sofreria as consequências da China, os salários chineses eram tão baixos, tão baixos... que um país com uma moeda fraca e salários mais altos, entraria numa race-to-the-bottom desvalorizadora, a coisa é aditiva, como o crawling-peg o era e impediu as empresas de subir na escala de valor porque não precisavam, para, no fim, esmagado perceber que não tinha hipótese... nunca tentar competir com a China no custo nem com a Wal-Mart no preço)
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Um país com uma economia de mercado, com uma moeda forte e com empresários bem sucedidos num passado de moeda fraca, como vai se comportar? Os mais  próximos do poder vão migrar para nichos onde possam estar protegidos da concorrência. Os mais longe do poder vão desaparecer ou ... como a natureza tem horror ao vazio, vão fazer tentativa e erro até que descubram como ter sucesso no novo ecossistema de moeda forte. Muitos vão perecer mas alguns vão descobrir o truque, depois, esse conhecimento novo vai propagar-se exponencialmente, primeiro dentro de um sector e, depois, timidamente começa a contaminar outros sectores. Como se começa do zero, o tipping point leva o seu tempo.
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Se Portugal, ou a Grécia, ou a Itália, com moedas fracas nunca criaram essas indústrias, o que é que haveria agora de diferente a funcionar, para que tal sucedesse se começarem a fotocopiar bentos?
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Nunca se interrogaram porque é que a Alemanha criou o ecossistema: Um país com uma economia de mercado, com uma moeda forte e com empresários bem sucedidos nesse meio abiótico.
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Há algum tempo que nutro uma teoria maluca... porque foram um país ocupado, porque como país ocupado a democracia era tutelada por "outsiders".
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Ainda há tempos alguém comparava a nossa economia à de um país destruído por uma guerra, como a gente não vê casas, fábricas, cidades destruídas de um dia para o outro não notamos a semelhança.
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O que é que a troika vem cá fazer?
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Por exemplo, quais foram as últimas palavras da troika relativamente à Madeira?
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Passar naturalmente uma economia assente numa moeda fraca para uma economia assente numa moeda forte custa, há uma energia de activação a vencer. Essa energia de activação tem um custo que os demagogos que raptaram a democracia... ou se calhar é um defeito genético do sistema democrático... aproveitam para diluir, mascarar, eliminar, em troca de votos. Assim, nunca há pressão suficientemente forte para que uma massa crítica de empresas dê o salto. A não ser que a democracia esteja tutelada e, por isso, impedida de bloquear esse esforço.
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Trecho inicial de "Growth and Italy’s Exchange Rate"

terça-feira, novembro 15, 2011

Mt 11, 25 - Os Sarumans deste mundo não conseguem ver

Perante conclusões deste tipo "Portugal precisa de desvalorização de 22%" interrogo-me ...
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Este mundo é uma gigantesca farsa... tanta gente encerrada no alto de torres de marfim, longe da realidade, recorre a um olho, qual Saruman, para ler e perceber o que se passa no mundo... mas o olho está obsoleto e nem se apercebem disso.
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Num mercado altamente competitivo como o dos automóveis, um dos negócios mais preço que existem, temos:
É uma espécie de soap opera Made in USA para se juntar à série "OMG... e vão viver de quê?"
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Mas se até o director-geral da COTEC pensa o mesmo!!!
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Será que esta gente sabe que, excluindo combustíveis e lubrificantes, o país já exporta cerca de 115% daquilo que importa?
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"A economia portuguesa precisa, para se tornar mais competitiva e travar o aumento do seu endividamento face ao exterior, de realizar uma desvalorização real de 22%"
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Que me digam que a economia portuguesa que vive do consumo interno precisa de reduzir salários para que consiga atravessar o deserto dos próximos anos eu entendo. Agora que isso seja preciso para tornar a economia mais competitiva... não engulo. E mais, se isso for feito, até se tem o bónus de mais recursos valiosos serem transferidos das 2 economias para a 3ª economia.
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A Cutipol é mais um exemplo da receita que os Sarumans deste mundo não conseguem ver ... Mt 11, 25... e que está a despontar um pouco por todo o país.
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Amanhã vou realizar uma formação onde vou utilizar estes diapositivos:
Que indicadores é que os Sarumans monitorizam? 
E esses indicadores estão relacionados com que pressupostos?
O que é que esses indicadores não mostram? O que é que esses indicadores escondem? 

A que perguntas respondem os indicadores dos Sarumans?
Há perguntas por fazer e que ficaram sem mecanismo de auxílio à resposta?

Os indicadores contam histórias, fornecem matéria-prima para narrativas.
Em função das matérias-primas assim serão as narrativas. 

Os indicadores a monitorizar são uma função das prioridades que assumimos. Diferentes prioridades, diferentes indicadores.
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Se os Sarumans se mantêm agarrados a uma narrativa, escolherão indicadores que permitirão comprovar essa narrativa.
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E se a narrativa ficou obsoleta?
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Às vezes estamos tão entretidos a combater a última guerra que nos esquecemos que o mundo mudou e a guerra agora é outra. E, na frase que mais uso e roubei ao mundo da bola está uma verdade fundamental:
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O que é verdade hoje amanhã é mentira!!!
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BTW, acredito mesmo nisto, ou seja, verdadeiramente, a convergência está a começar agora, agora que é o país no seu todo está a descobrir o que muitas PMEs descobriram há alguns anos, a maioria por tentativa e erro, sem grande esforço de reflexão estratégica... um pouco como os ratinhos no livro "Quem mexeu no meu queijo?", ou seja, como competir com uma moeda forte:

quinta-feira, junho 30, 2011

Falácias populistas *

"I don't have my finger on the pulse of corruption in China, but I think most people on the ground would say that as China was emerging from communism it was a very regulated society and therefore it was very corrupt.




But as they have deregulated the economy, there just aren't as many opportunities for people to be corrupt. China has become a more efficiently lubricated capitalist economy."

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"Well, shutting borders will help a few wealthy people preserve their wealth. But there's no evidence that I know that shows shutting down borders helps your economy grow. Look at what happened with India during the first three decades after their independence, where they essentially wanted to keep imports out so that they could develop their internal industries. None of those industries became engines for economic growth. They were all inefficient and served India very poorly. It wasn't until things opened up that the local economies prospered. History is pretty strong on that question."
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As ideias de "desvalorização fiscal", saída do euro para "desvalorizar moeda" não resultam, nem na Índia, nem no Reino Unido como recorda o Anti-comuna.
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Trechos retirados de "Clayton Christensen: 'China's Growth Will Force an Innovation Competition with the West'"

* Classification made by Anti-comuna in the hyperlinked text.

segunda-feira, maio 16, 2011

Carpe Diem!

Foi esta medida "Brazil – prepare for devaluation" que impediu, no tempo do escudo, que a economia portuguesa subisse na escala do valor acrescentado. É esta medida que impede que a economia brasileira exportadora faça o mesmo e que a economia que trabalha para o mercado interno se torne mais requintada.
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Quando o Estado desvaloriza a moeda, as empresas ganham competitividade artificialmente, se o Estado faz isso por elas, a maioria dos gestores não vai queimar as pestanas a tentar ganhá-la com base no seu trabalho e esforço interno.
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A maioria dos gestores são humanos e, como diz Arroja, só uma elite é que pensa para lá do depois de amanhã, a maioria segue aquela máxima Carpe Diem!!!
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É disto que o euro nos protege!!!
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Claro que no curto-médio prazo é duro, mas são as dores de crescimento da economia!