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quinta-feira, março 07, 2013

Acerca da desvalorização interna

"27,8 euros é o preço médio por quilo exportado de t-shirts em 2011. Desde 2008, o preço médio deste item subiu 47%" 
Também sobre o calçado, nos últimos dias, têm aparecido vários textos com números sobre o aumento dos preços praticados.
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Entretanto, recentemente li "“Espanha, Portugal e Grécia necessitam de uma desvalorização interna de 30%”". Julgo que Hans-Werner Sinn está certo e errado ao mesmo tempo, tal como as pessoas que defendiam a redução da TSU estavam certas e erradas.
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Defender a redução de salários e da TSU, para ajudar a exportar mais é não perceber o que tem estado a acontecer em Portugal, com a reconversão desde o embate chinês:

É não perceber que para ter sucesso na exportação, a regra tem de ser apostar no valor e não no preço mais baixo, no final de contas, agora "somos todos alemães":
Se me falarem em reduzir salários e a TSU para recuperar as empresas dos sectores não transaccionáveis e tornar menos arriscado a criação de emprego para o mercado interno, então, a coisa muda de figura. Afinal de contas, só 40 e pouco por cento do PIB é que está relacionado com exportações.
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Por exemplo, no comércio, quantos postos de trabalho e empresas poderiam ter sido salvas se fosse possível negociar reduções salariais empresa a empresa?
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A coisa também se ajusta sem essa redução salarial, demora é mais tempo.

domingo, maio 31, 2009

Somos todos alemães (parte III)

José António Saraiva na sua coluna no semanário Sol escreveu "O fim das vacas gordas"
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Concordo, e já o escrevi várias vezes neste blogue, que o futuro, um futuro sustentável, passa pela adopção da via espartana.
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Discordo, e já o escrevi várias vezes neste blogue, que o futuro tenha de passar, como o autor defende, por uma sociedade mais competitiva e mais desumana.
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O autor descreve o futuro que aí vem da seguinte forma:
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"Certos produtos do Oriente, feitos nalguns casos por uma mão-de-obra quase escrava, que antes praticamente não saíam dos locais de origem, circulam hoje às toneladas por todo o mundo ao preço da chuva – esmagando os correspondentes produtos feitos nos países ocidentais.
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A população migrante flutuante – oriunda do Brasil, da África, da América do Sul –, aceita nos locais de destino (sobretudo América e Europa) tarefas e salários que a população aí residente já não aceita – baixando a fasquia dos salários e das regalias sociais nessas regiões.
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As mudanças de linhas de produção de um local para outro (as célebres ‘deslocalizações’) criam atritos entre os trabalhadores dos vários países – aumentando a margem de manobra das administrações das empresas."
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"Se outros produzem os mesmos produtos que nós a preços inferiores; se os imigrantes aceitam trabalhos que nós não aceitamos, recebendo salários inferiores; se as empresas que cá estão podem mudar-se para outros países onde conseguem fabricar as mesmas encomendas com menores custos – então ninguém tenha dúvidas de que vamos ter de ceder nos salários, nas regalias, nas benesses, etc.
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No novo capitalismo global, só há duas alternativas: ou somos competitivos e conseguimos sobreviver ou somos engolidos.
E, para sermos competitivos, temos de passar a viver pior.
Para nós, o tempo das vacas gordas acabou para sempre."
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Ao ler estas linhas lembrei-me logo da célebre previsão de Sérgio Figueiredo e Daniel Bessa qie referi em Para reflectir e Quantas pessoas se aperceberam desta revolução?
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"No livro “How we compete” de Suzanne Berger and the MIT Industrial Performance Center, publicado em Janeiro de 2006, pode ler-se:.Na página 255: “… there are no “sunset” industries condemned to disappear in high wage economies, although there are certainly sunset and condemned strategies, among them building a business on the advantages to be gained by cheap labor” (Please rewind and read again!!!)
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Quando José António Saraiva escreve "E, para sermos competitivos, temos de passar a viver pior." está a seguir as pisadas dos macro-economistas que não têm relações amorosas com clientes, fornecedores e produtos, só consegue jogar com as regras e o cenário que está montado, só vislumbra manobras lineares de Lanchester e esquece as sábias palavras de Hayek:
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" Never will a man penetrate deeper into error than when he is continuing on a road that has led him to great success."
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Não basta trabalhar, há que reflectir sobre as mudanças em curso e reformular as apostas estratégicas, sob pena de se gastarem recursos, sob pena de se continuar a trabalhar em apostas que deixaram de funcionar.
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Voltemos às palavras de Suzanne Berger:
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“… there are no “sunset” industries condemned to disappear in high wage economies, although there are certainly sunset and condemned strategies, among them building a business on the advantages to be gained by cheap labor”
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Ainda ontem referi um exemplo de um futuro alternativo que nenhum macro-economista pode equacionar: Proposta de valor: inovação
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Convido José António Saraiva a procurar nas livrarias a versão portuguesa deste livro Blue Ocean Strategy, a solução não é continuar a produzir os mesmos produtos e serviços, porque além da corrosão mais ou menos lenta do seu valor, há cada vez mais concorrência do preço para aquilo que não é novidade. Quando não se cria valor resvala-se para o mercado da competição pelo preço... e aí até poderemos tentar competir, mas num oceano habitado por muitos tubarões que se comem uns aos outros tingindo o oceano do vermelho do sangue, há sempre mais um new kid in town que pode apresentar preços de arrasar e obrigar os trabalhadores dos concorrentes a "pagar para trabalhar".
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A solução é propcurar oceanos azuis onde a concorrência é menor porque nos concentramos na criação de valor.
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O que José António Saraiva ainda não descobriu é que com a adesão ao euro a nossa salvação e o nosso futuro não é tornarmo-nos romenos ou vietnamitas, é tornarmo-nos alemães como defendi aqui Effectiveness, leapfroging, learning, tails and dogs, aqui Somos todos alemães, aqui Chamem-me bruxo!!! e aqui Somos todos alemães (parte II)
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A micro-economia, feita por pessoas concretas, pessoas que agem com a razão e sobretudo com a emoção, com o lado emocional, pessoas que arriscam, que apostam... iludem qualquer estratégia linear de macro-economista e de burocrata bruxelense.

sábado, fevereiro 05, 2011

Somos todos alemães (parte XI)

É um título que já é um clássico deste blogue:

Finalmente o mainstream começa a alinhar-se por este blogue (eheheh presunção):
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"Bruxelas: Alemanha é o modelo a seguir por todos os países do euro":
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"Comissário fez eco das palavras de Angela Merkel, que quer moldar a Zona Euro à semelhança da maior e mais resistente economia da Europa"
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Vai ser bonito... MEDO!!!!
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As baratas tontas dos governos a querer impor mudanças top-down... quando o que é preciso é, empresa a empresa, fazer a transformação bottom-up.

quinta-feira, março 25, 2010

O que significa ter uma moeda forte

1.Escreve Martin Wolf:
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"What the German government is saying is that the eurozone must become a greater Germany." (aqui)
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Must become a greater Germany... o que tenho escrito ao longo dos anos? Somos todos alemães!
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2.Quando a Eslováquia entrou na zona euro escrevi o "Somos todos alemães!", pelas notícias de ontem:
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"Considerando os “ratings” da Fitch, só a Grécia, Eslováquia e Malta têm pior notação financeira que Portugal," (aqui)
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Ou seja, tudo leva a crer que a Eslováquia, com a entrada na zona euro também pôs fim a uma década de saboroso crescimento. E prova, IMHO, que teria sido indiferente para Portugal que a entrada na zona Euro tivesse sido feita com um escudo mais desvalorizado face ao marco alemão.
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3.Um terceiro factor já aqui avançado no blogue:
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sábado, novembro 16, 2013

Somos todos alemães (parte ?)

Há anos escrevi aqui que temos de ser como os alemães. O primeiro postal de uma série com mais de 10 partes foi "Somos todos alemães".
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Quando a UTAO não percebe como é que os empresários portugueses aumentam os preços e, ainda conseguem ganhar quotas de mercado na exportação, é porque ainda não descobriu o truque alemão.
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Ontem, via twitter, o @38º enviou-me este texto "In spite of currency disadvantage, Germany competes on brand". Interessante:
"So how does Germany compete so successfully in spite of this currency disadvantage? The answer seems to be that Germany can compete on brand strength even at higher prices.
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CIBC: - The [euro] strength against the yen will persist, a challenge largely for German exporters as they compete closely in areas such as autos and electronics. However, with many consumers prepared to pay a premium for German engineering, its exports are often less sensitive to price changes.
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Indeed when compared with its Eurozone peers, German exporters boast the least price-sensitive merchandise."
É seguir o evangelho do valor.

terça-feira, junho 29, 2010

sábado, janeiro 23, 2010

Lanchester em todo o seu esplendor! Ou, somos todos alemães (parte IV)


Típico de macro-economista que só admite que a procura é sempre racional. E que só vê o futuro como uma consequência lógica do passado!!!.
O Diário Económico de ontem publicou um artigo de Daniel Amaral "Chover no molhado" onde se pode ler:
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"Já o aumento da procura externa só conhece um caminho: a baixa de preços." e mais à frente "Quer dizer, por mais voltas que dermos à imaginação, e por mais ‘inputs' que introduzirmos no modelo, o resultado não se altera: a saída da crise passa pela eficiência empresarial e pelos custos unitários de produção."

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Releio o artigo de Daniel Amaral e fico com esta imagem na mente:Agrilhoada, aprisionada, eis o estado da mente de Daniel Amaral. Eis o estado da mente de alguém que aprendeu economia nos bancos da universidade no tempo em que a oferta era menor que a procura e em que os custos e a eficiência eram reis e senhores.
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O que Daniel Amaral não aprendeu nos bancos da universidade, nem podia, porque é algo que só surgiu em resposta a uma nova realidade, o mundo em que a oferta é muito superior à procura, é que a eficiência e os custos não são tudo.
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Não são tudo!!!???
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Não são tudo!!!???
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Como assim!?!?!?
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Se o que uma empresa produz não se distingue do que as outras empresas produzem, o negócio é preço e, nesse mundo Daniel Amaral continua com razão. Agora, se o que uma empresa produz é diferente e atrai os clientes, pelo serviço, pela novidade, pela diferença, então, o preço não é o factor crítico.
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O que quem, como Daniel Amaral, ainda não percebeu é que com a entrada na zona euro temos de deixar de ser empresas portuguesas com estratégias à antiga portuguesa e, passar a ser empresas alemãs com estratégias alemãs. Agora somos um país de moeda forte e a única forma de triunfar com uma moeda forte é fugir, como o diabo da cruz, dos negócios do preço.
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Daniel Amaral podia estudar as estatísticas do sector do calçado português, ou do mobiliário português, ou do têxtil técnico português, ou do vinho português de qualidade, ou da agricultura portuguesa virada para a exportação porque tira partido daquilo em que o nosso país pode ser bom e diferente com vantagem comparativa, ou da .... e verificar que toda esta gente não está no negócio dos preços e dos custos, já está a competir no numerador da equação da produtividade.
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O nosso problema é o peso do cuco e o peso do sector produtor de bens não transaccionáveis.
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Daniel Amaral podia estudar Larreche e perceber que cada vez mais temos de apostar na originação de valor, é aí que tudo se decide, é aí que não há limites.
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Sem essa mudança de mentalidade, vamos ter Daniel Amaral às segundas, terças e quartas a defender a redução dos custos para podermos exportar e, depois, vamos ter Daniel Amaral às quintas, sextas e sábados a defender o aumento dos salários para termos mais gente a viver decentemente. Resultado? Política de Penélope: faz para desfazer logo de seguida.
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O que é que é fundamental?
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O bem-estar dos cidadãos de hoje sem prejudicar os cidadãos de amanhã! Como se consegue? Com níveis de vida progressivamente superiores e sustentados no trabalho realizado e no valor criado! Como se consegue conciliar níveis de vida progressivamente superiores e sustentados com competitividade das exportações?
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Apostando em competir onde o preço não é o factor crítico!!!
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Contudo, enquanto Daniel Amaral, governo, políticos da situação e da oposição, associações patronais e sindicais, estiverem mais preocupados em defender as empresas de ontem com estratégias de ontem, mais atrasaremos o desvio de recursos de todos para a construção das empresas com futuro e com estratégias como futuro. Por que agora, agora somos todos alemães.
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Quando olho para as experiências que vou tendo e lendo não consigo deixar de ser um optimista. Se eu acreditasse que o nosso futuro passava pelos governos, de qualquer cor, ou pelas grandes empresas, ou pelos macro-economistas, ou pelos burocratas de Bruxelas eu seria um pessimista. Contudo eu acredito é na micro-economia, em pessoas e empresas anónimas que apostam e são capazes de criar valor onde os teóricos de Lisboa ou Bruxelas só vêem custos e capaciaddes e mais do mesmo.
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Mesmo que o canário grego morra e a nossa economia seja sugada pelo atractor grego e espanhol, no fim, teremos um cenário tipo Europa de Leste após a queda do muro de Berlim, ou Argentina depois da falência, um mundo novo para que a micro-economia recomece e menos prisioneira das limitações de quem protege o passado.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

O ponto (2ª parte)


O ponto é o nosso défice externo de 12% do PIB.
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Pior do que nós no gráfico só a Grécia.
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Com o fim do cash carry trade japonês (o dolar já vale menos de 93 yenes, há cerca de um ano valia mais de 114 yenes) e o esboroar da civilização assente no crédito fácil há que olhar com cuidado para a Grécia.
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Portugal e a Grécia foram os irmãos siameses que ainda há quatro anos torraram e enterraram milhões de euros em estádios e orgulho nacional.
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À cerca de 20 dias (a 20 de Novembro) chamei a atenção para a Grécia e para o caso grego apelidando-a de "canário" (o canário que era usado nas minas para detectar gases venenosos ou explosivos). A Grécia é a candeia que vai à frente, é o membro dos PIGS mais fraco, mais vulnerável (no final de Outubro, Ambrose Evans-Pritchard no artigo "Investors shun Greek debt as shipping crisis deepens" chamou a atenção para o PIGS mais fraco, a Grécia.)
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Hoje, o mesmo Ambrose Evans-Pritchard faz a ligação que interessa, a relação com o euro "Greek fighting: the eurozone's weakest link starts to crack", pertencer ao euro, fazer parte do pelotão da frente não é só para a fotografia, não traz só vantagens... traz também deveres, mandamentos.
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O primeiro mandamento é "Somos todos alemães!"
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Evans-Pritchard relata o estertor de um modelo esgotado...
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"That said, these riots are roughly what eurosceptics expected to see, at some point, at the periphery of the euro-zone as the slow-burn effects (excuse the pun) of Europe's monetary union begin to corrode the democratic legitimacy of governments." (eu sei que Evans-Pritchard é anti-moeda única, mas o que ele escreve é o que nós pensamos e defendemos neste espaço desde sempre, não se pode ter uma moeda forte e em simultâneo não querer disciplina no trabalho e pensamento estratégico, muito pensamento estratégico..., pois só a paciência e a orientação que ele traz é que permite alimentar a esperança e vencer os detractores durante a travessia do deserto, como aqui, por exemplo. By the way, a Alemanha não deu a volta por cima à absorção da ex-RDA? Foi rápido? Foi fácil? Foi a fazer o mesmo que sempre faziam?)
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"Without wanting to rehearse all the pros and cons of euro membership yet again, or debate whether EMU is a "optimal currency area", there is obviously a problem for countries like Greece that were let into EMU for political reasons before their economies had been reformed enough to cope with the rigours of euro life - over the long run."
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"Greece has a public debt of 93 per cent of GDP, well above the Maastricht limit. This did not matter in 2007 when bond spreads over German Bunds were around 26 basis points, meaning that investors were willing to treat all eurozone debt as more or less equivalent.
It matters now. The credit default swaps on Greek sovereign debt were trading around 250 today (compared to 52 for Germany, 62 for the US, 120 for the UK, and 178 for Italy). It has moved into a class of its own.
This is potentially dangerous because Greece needs to tap the capital markets for 40bn euros next year to roll over debt and fund the budget deficit, as well as 15bn euros or so in bond issuance by banks under the state's new guarantee. This is a lot of money.
The Greek government will need budgetary discipline to convince markets that it has matters under control. But governments facing riots and imminent defenestration are not good bets for fiscal discipline. There is a general strike in any case on Thursday."
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"At some stage a major political party - perhaps PASOK - will start to reflect whether it can carry out its spending and economic revival plans under the constraints of a chronically over-valued currency (for Greek needs). Then there will be a problem."
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Pois... já estão a ver o filme. De manhã ao acordar a surpresa na rádio (em Julho deste ano) ...
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Agora, ao exemplo grego acrescentemos as nossas estórias cá do burgo:
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Ontem, no Jornal de Negócios esta entrevista inexplicável, intolerável, ... "Corremos o risco de destruição das elites como no 25 de Abril", sintoma do apodrecimento do sistema? (Marcelo em Hamlet, 1º Acto, no final da cena 4)
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Ontem, ainda no Jornal de Negócios, a crónica de Helena Garrido "Brincadeiras com o fogo":
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"O fim do crédito fácil e barato está a fazer cair a classe média na sua realidade, um mundo menos próspero do que pensava, com menos casas e menos automóveis e menos férias. Ao mesmo tempo que lhe cai a realidade em cima, sem compreender, assiste ao desfilar de apoios aos bancos, aqueles que a convidaram a entrar naquela vida virtual que prometiam sem problemas.
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Aquilo a que assistimos em Portugal – e também noutros países – revela uma falta de compreensão do papel de quem dirige quando estão pela frente tempos difíceis."
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Os únicos que parecem manter a cabeça fria no sítio são...
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... os alemães:
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E se esta crise não passar de uma correcção, grande, mas uma correcção inevitável?
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O melhor não é deixar o mercado corrigir o que está a mais, o que está sobredimensionado?
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ADENDA das 7h59 . Imperdível a leitura deste artigo de Martin Wolf está lá tudo, desde o garrote do deboche do endividamento público e privado (eu gostava de escrever "after the" mas não, ele vai continuar) até aos alemães. (O original em inglês tem uns gráficos elucidativos)

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Somos todos alemães (parte X)

Primeiro, uma referência a um dos meus guias neste desafio de perceber o sucesso alemão e adaptá-lo para solo luso, este pormenor de uma entrevista de Hermann Simon (páginas 14 a 17):
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"Q: What advice would you give an entrepreneur who was striving to learn from Hidden Champions?
A: I would give a young entrepreneur three tips: firstly, be ambitious. Strive to be the best in your market, in your business. Don’t settle for anything less. Secondly: focus on what you are really good at and enjoy. Only focus leads to world class. Nobody is a master in several trades. Thirdly: go out into the world, internationalize, eventually globalize. (Moi ici: O melhor, não o maior. Foco, concentração nos clientes-alvo. E, em vez de dispersar para pagar a estrutura, percorrer o mundo para se concentrar no mesmo tipo de clientes, os que recompensam valor, não os que procuram o preço mais baixo.)
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Read how the Hidden Champoins have done it, they are outstanding role models. Why shouldn’t you achieve what they have achieved?
They are normal guys like you and me. I have personally learned from them and I can assure you, it works."
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“As Prof. Dr. Simon emphasizes, market positions are not redistributed during sunny and calm times, but during times of crisis. Therefore Simon sees real, tangible opportunities for those Hidden Champions which are predominantly independent from external investors. (Moi ici: Não estar na bolsa, ter um dono, permite pensar no longo prazo.)
They can either take over competitors which are struggling during a crisis or can “snatch” market share from them.
The specialization and innovative force of many mid-sized Hidden Champions makes them indispensable for their customers, even if these are temporarily undergoing economic straits. Thus they are protected from extensive pricing pressure.
Furthermore, the barely known global market leaders which are mostly located in rural areas can traditionally count on a highly committed staff, which strongly identifies with company goals and management. This high loyalty helps to remain substantially more flexible during times of low demand and fluctuation of capacity – “Employees and company management are acting in concert”, Prof. Dr. Simon explains the prevailing mentality at Hidden Champions.
The name of the game is to put this ability of flexibility to good use in the current crisis. “Currently ruinous competition and price reductions should be avoided and the price level must be stabilized. It is preferable to temporarily reduce the capacities and quantities being offered.” Prof. Dr. Simon is convinced that discount battles are in vain, as they merely undermine the price level and ultimately do not lead to more demand. It is not a question of price if customers buy less at this point in time, but of the perceived uncertainty. According to Prof. Dr. Simon, a stronger focus on service oriented activities is necessary as well. This aspect has been neglected during the boom of the past few years. It is time to regain part of the lost revenues in this area.”"
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Segundo, esta série "Somos todos alemães" começou aqui por causa da Eslováquia.
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Já lá vão 2 anos e os nossos amigos eslovacos parece que souberam lidar com a moeda forte muito melhor do que nós.
O gráfico começa a 1 de Janeiro de 2006, o que cada país exportou nesse mês é a base 100. A caixa assinala o período após a entrada da Eslováquia na zona euro.

sábado, julho 03, 2021

Are you a Marxianist?

"Are you a Marxist? You are likely to answer “no.” So my next question is: “OK, if you are not a Marxist, why is your pricing Marxian?” While Marx’s labor theory is totally rejected today, it has survived in pricing. What a strange phenomenon! Let me explain why that is the case.

The most important contribution of Karl Marx (1818–1883) was his labor theory of value, according to which only labor creates value. He writes that the “prices of goods are determined by wages” (Marx 1951). Marx allows for differences in productivity and qualifications of workers, and thus for different values per unit of time. But the core of his theory is that only labor creates value. Consequently, labor costs are the sole base for price calculations.

In modern terminology, we call this method “cost-plus pricing.” Based on my decades of observations around the world, I would claim that 80% of all prices in today’s markets are primarily determined on the basis of costs. And all costs are labor costs. Lawyers, consultants, and most other service providers charge prices for their time (hourly, daily, monthly rates). If an automotive company buys parts from a supplier, these parts from a supplier, these parts carry labor costs up the value chain."

Leio isto em “A Remarkable Journey from Farmhouse to the Global Stage” de Hermann Simon. É uma pena Hermann Simon ser tão mal conhecido em Portugal... um país pequeno como Portugal, parte do continente europeu e aspirante a um nível de vida centro europeu não pode confiar no marxianismo, não pode seguir a receita dos muggles, tem de seguir o método alemão. Não a baboseira que nos contam sobre as BMW, ou VW, isso não está no nosso ADN, nem temos capital para isso. Isso é para futuros governos inteligentes (eheheheh um oxímoro em Portugal, juntar as duas palavras. Em Portugal é mais, infelizmente, "governo de espertos") que apliquem a receita irlandesa para atrair capital estrangeiro que estabelecerá as multinacionais. 

O método alemão de que falo é o que Hermann Simon caracterizou como o dos campeões escondidos, o seguido pelas Mittelstand. Empresas grandes a competir com chineses dá ... asneira.

Recordar "Somos todos alemães" ou "We are not cost cutters" ou "Somos todos alemães (parte X)". E para quem tem horror a escolher clientes ou segmentos do mercado recomendo "Há que escolher! (parte III)"

sábado, novembro 14, 2009

Somos todos alemães (parte III)

Já escrevi dois postais com este título: Somos todos alemães.
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Só há uma forma de competir quando se tem uma moeda forte, repetir a receita alemã.
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Competir subindo na escala, na cadeia de valor.
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Portugal nunca experimentou esta receita, durante décadas fomos habituados à boleia da desvalorização do escudo como principal ferramenta de promoção do aumento da nossa competitividade.
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Essa ferramenta nunca permitiu que uma massa crítica de empresas e gestores sentisse necessidade de procurar uma alternativa. Recordo sempre este texto profético (?) de Cavaco Silva (pessoalmente ninguém me convence que não foi nesta noite que ele desistiu de correr para mais um mandato como primeiro-ministro).
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Actualmente, encontro em muitos macro-economistas a defesa da redução dos salários como forma de contornar a impossibilidade de desvalorizar a moeda, ideia de que discordo por que nos desvia da receita alemã e por que uma vez feita, vai criar uma adição, uma habituação, e depois, ano após ano, vai sempre aparecer alguém a pedir outra redução, outra boleia.
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Encontrei no Telegraph uma reflexão que não costumo encontrar na corrente principal dos media, alguém que não gosta das facilidades e das aspirinas do curto-prazo que nos impedem de sair da cêpa-torta "Currency devaluation is no magic bullet":
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"Is it really such a great idea for Britain to be trying to devalue its way out of trouble? Time was when a 25 per cent fall in sterling within a year would have been seen as a national humiliation; today, it is trumpeted by policy-makers as a cause for some celebration."
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"On both sides of the Atlantic, the received wisdom is that currency weakness is an unambiguous good, which supports recovery and will, in time, help to correct internal and external imbalances. Those who argue otherwise are slapped down for peddling the "gold-standard mentality" that led to the Great Depression.
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I'm not convinced. Far from being associated with renewal and renaissance, Britain's long experience of devaluation suggests that it only accelerates the nation's economic decline. The same is true of Italy, which suffered repeated and disastrous currency crises before joining the euro. Devaluation may have brought short-term relief, but it also undermined necessary structural reform, sent interest rates through the roof, and prevented the development of a truly competitive economy."
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Precisamos é de uma injecção de calvinismo na sociedade.

sábado, maio 16, 2009

Somos todos alemães (parte II)

No dia 2 de Janeiro deste ano escrevi o postal "Somos todos alemães" por causa da entrada da Eslováquia no espaço euro.
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Na altura escrevi:
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"Desejando o melhor para os nossos amigos eslovacos, espero que os seus políticos e empresários já tenham descoberto o que me demorou cinco anos a perceber.
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Um país que adere ao euro torna-se ... numa nova Alemanha."
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Através do serviço público prestado por Edward Hugh "Slovakia Takes The Biscuit - GDP Drops 11.2% In Three Months":
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"Slovakia may now face a difficult period (like Portugal - see this post) of internal price adjustment having entered the euro at too high a rate. The openness of the economy will require more price and wage flexibility. Slovakia joined EMU with a relative strong exchange rate. Currencies of neighbouring countries have been depreciating significantly against the euro. So we are seeing strong deflationary pressures, and average industrial wages fell an annual 0.6 percent in March, following a 1.9 percent fall in February. In nominal terms, average monthly wages rose to 718 euros from 687 euros in February. However, for now these are nowhere near on the same scale as, for example, the impact of the drop in sterling on Ireland.
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On a side issue Slovakia issued a 2 billion euro, 2015-dated bond yesterday at 170 basis points over mid swaps. So this can give you some idea what new eurozone members can expect in the future, somewhere up there in the spreads with Greece and Ireland. Slovakia is rated A1 by Moody's Investors Service, A+ by Standard & Poor's Corp. and A+ by Fitch Ratings.
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So, while Hungary is still the worst performer among CEE EU member economies the two recent members of the Eurozone - Slovenia and Slovakia - are doing worse than anyone would have imagined, and this should lead to some serious questions being asked in Brussels and Frankfurt. .
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Why is it that, for example, participants in a crisis racked economy like Latvia (whose economy is contracting at an 18% annual rate, and whose bankers and politicians are moving heaven and earth to try to scrape through the qualifying hurdle for eurozone membership) are still feeling better than many economic agents in the Eastern two countries who have actually managed to access the zone according to the latest reading of the EU Economic Sentiment Index. Eurozone membership is not a one way street, far from it. So what are the benefits, and what are the dangers, and how do we optimise the membership process?"
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Não é alemão quem quer... mas quem pode!
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E para poder, há que abandonar o que nos trouxe até aqui (já dizia Hayek: " Never will a man penetrate deeper into error than when he is continuing on a road that has led him to great success.").
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Abandonar o conhecido e partir para uma nova filosofia de vida à alemã não está nos planos de quase ninguém... mais uma daquelas verdades que os políticos da situação e da oposição não têm coragem de nos dizer... isto partindo do princípio que eles próprios já descobriram. Por que não é difícil imaginar que continuam à nora!

terça-feira, julho 10, 2012

Somos todos alemães (parte ??)

Julgo que foi a 2 de Janeiro de 2009 que comecei a longa série de postais intitulados "Somos todos alemães" (tão longa que já perdi a conta).
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Nessa longa série recordo as lições sobre as Mittelstand que aprendi com Hermann Simon. O futuro das nossas PMEs tem de ser o valor acrescentado, tem de ser a subida na escala de valor.
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Em 2009 escrevi estes dois postais onde mencionava a Fisipe:

O que acontece quando se aprende a trabalhar no campeonato do valor?
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Fica-se muito atraente!!!
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Não admira que se fique literalmente alemão: "Empresa da VW e BMW sobe posição na Fisipe para 97%"

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Somos todos alemães (parte IX)

Já conhecem a minha opinião, basta pesquisar “Somos todos alemães” neste blogue.
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Este artigo “You Don’t Have to be German to be a “Hidden Champion”” de Hermann Simon e publicado em 1996 na revista Business Strategy Review (Vol 7, # 2) lista algumas lições que todas as PMEs deviam considerer e reflector sobre elas.
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“hidden champions are more alike from country to country than they are in relation to large companies within their own countries.” (Moi ici: Também acredito nisto, as empresas grandes bem geridas, e com uma proposta de valor adequada às suas vantagens competitivas, concentram-se em clientes-alvo diferentes dos escolhidos pelas PMEs exportadoras  com propostas de valores adequadas às suas vantagens competitivas.)
“the hidden champions present some significant general lessons. Their basic ingredient is a large degree of common sense: giving value to customers, reliability, building long-term relationships, delivering good quality and service.”
“An implicit lesson reposes in the focus of the hidden champions, which posits that no one can be a champion in many trades. Those who are focused beat those who spread themselves thin. This message is particularly relevant for small companies with limited resources. But it applies equally to large companies, which frequently deceive themselves in thinking they can develop many different competencies and handle many different businesses – a dangerous illusion. The single-minded specialist usually bears the generalist.”
Vamos às lições! A primeira sistematização diz respeito às “Both-and Lessons”. As alternativas não são exclusivas antes complementam-se:

Estas alternativas complementares traduzem-se em nove lições específicas:
“1. Set clear and ambitious goals. Ideally a company should strive to be the best and to become the leader in its market (Moi ici: Não está a falar de ser gigante, não está a falar em ser líder em vendas, está a falar em ser a melhor não a maior).
2. Define a market narrowly and in so doing include both customer needs and technology. Don’t accept given market definitions but consider the market definition itself part of strategy. Stay focused and concentrated. Avoid distractions. (Moi ici: Este é, talvez, o desafio mais difícil… se voltarmos ao final da série sobre a ideia de mosaico, facilmente veremos que concentração e especialização, implicam um trade-off aterrador para muitos, um autêntico pacto faustiano, aumentar a rentabilidade em troca da redução dos graus de liberdade para o futuro… e se factores abióticos alteram a apaisagem competitiva enrugada? Há o risco da empresa perder o pé e cair num vale mortífero)
3. Combine a narrow market focus with a global orientation involving worldwide sales and marketing. Deal as directly as possible with customers around the globe. (Moi ici: Já escrevi sobre esta necessidade. Muitas PMEs por que lhes falta a orientação global, acabam por não aprofundar o foco num certo tipo de clientes-alvo).
4. Be close to customers in both performance and interaction. Make sure that all functions have direct customer contacts. Adopt a value-driven strategy. Pay close attention to the most demanding customers. (Moi ici: Para quem pensa no longo prazo, cuidado com as vendas para os países com clientes pouco exigentes… podem não ser sustentáveis, basta que um concorrente mais habilitado também descubra o mercado, e atrasam a corrida para ser a melhor à custa da corrida para ser a maior. Por isso, em tempos escrevi sobre Angola).
5. Strive for continuous innovation in both product and process. Innovation should be both technology and customer-driven. Pay equal attention to internal resources and competencies and external opportunities.” (Moi ici: Nunca parar, nunca ficar descansado, procurar sempre melhorar e aperfeiçoar).
6. Create clear-cut competitive advantages in both product and service. Defend the company’s competitive position ferociously. (Moi ici: Nunca parar, nunca ficar descansado, procurar sempre melhorar e aperfeiçoar).
7. Rely on your own strengths. Keep core competencies in the company, but outsource noncore activities. Consider co-operation a last resort rather a first choice. (Moi ici: Não é correr para os braços do papá-Estado, esse perigoso pedófilo, à menor dificuldade).

8. Try always to have more work than heads. Select employees rigorously in the first phase, then retain them for the long-term. Communicate directly to motivate people and use employee creativity to its full potential. (Moi ici: As pessoas fazem a diferença, se enquadradas por uma estratégia adequada às vantagens competitivas de cada empresa).

9. Practice leadership that is both authoritarian in the fundamentals and participative in the details. Pay utmost attention to the selection of leaders, observing their unity of person and purpose, energy and perseverance, and the ability to inspire others (Moi ici: A tarefa que nenhum líder deve delegar: escolher ele próprio a sua equipa).”
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Continua

terça-feira, setembro 13, 2011

O erro de análise dos Custos Unitários de Trabalho (parte IV)

Continuado daqui.
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Seguem-se alguns trechos de um artigo escrito por funcionários do Asian Development Bank nas Filipinas.
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Trata-se do artigo em que mais fielmente me revejo e que ilustra as ideias que tenho defendido neste blogue desde há vários anos acerca do futuro para a indústria portuguesa.
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"Current discussions about the need to reduce unit labor costs (especially through a significant reduction in nominal wages) in some countries of the eurozone (in particular, Greece, Ireland, Italy, Portugal, and Spain) to exit the crisis may not be a panacea. (Moi ici: Também não acredito nesta panaceia, já em 2006)
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First, historically, there is no relationship between the growth of unit labor costs and the growth of output. This is a well-established empirical result, known in the literature as Kaldor’s paradox. Second, construction of unit labor costs using aggregate data (standard practice) is potentially misleading. Unit labor costs calculated with aggregate data are not just a weighted average of the firms’ unit labor costs. Third, aggregate unit labor costs reflect the distribution of income between wages and profits. This has implications for aggregate demand that have been neglected. Of the 12 countries studied, the labor share increased in one (Greece), declined in nine, and remained constant in two. We speculate that this is the result of the nontradable sectors gaining share in the overall economy. Also, we construct a measure of competitiveness called unit capital costs as the ratio of the nominal profit rate to capital productivity. This has increased in all 12 countries.
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We conclude that a large reduction in nominal wages will not solve the problem that some countries of the eurozone face. (Moi ici: As economias europeias não podem competir pelos custos mais baixos e quem defende essa medida não faz ideia da diferença entre os salários europeus e os asiáticos) If this is done, firms should also acknowledge that unit capital costs have increased significantly and thus also share the adjustment cost. Barring solutions such as an exit from the euro, the solution is to allow fiscal policy to play a larger role in the eurozone, and to make efforts to upgrade the export basket to improve competitiveness with more advanced countries.(Moi ici: A solução que apresentamos neste blogue há anos!!! This is a long-term solution that will not be painless, (Moi ici: É estudar o exemplo do calçado em Portugal, quantos anos demorou, quantos empregos se perderam, que alternativas genéricas tiveram resultado) but one that does not require a reduction in nominal wages."
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Abstract do artigo "Unit Labor Costs in the Eurozone: The Competitiveness Debate Again" de Jesus Felipe e Utsav Kumar.
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"Unit labor costs are defined as the ratio of a worker’s total compensation, or money-wage (i.e., the nominal wage rate plus all other labor-related costs to the firm such as payments in-kind related to labor services, social security, severance and termination pay, and employers’ contributions to pension schemes, casualty, and life insurance, and workers compensation, and, in some cases, payroll taxes as well as fringe benefits taxes, etc.), to labor productivity. Assuming the numerator is measured in euros per worker and the denominator is measured in numbers of pencils per worker, the unit labor cost is measured in euros per pencil (i.e., total labor cost per unit of output, or the cost in terms of labor for the products we get)" (Moi ici: Mas nada nos diz quanto ao tipo, qualidade, atributos e preço de venda dos lápis)
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"If we increase the number of products exported with revealed comparative advantage to the top 100 most complex, Germany’s exports of these products represent 18% of world exports, against Ireland’s 0.81%, Spain’s 0.89%, Greece’s 0.02%, and Portugal’s 0.04%. Finally, while German exports are concentrated in the most-complex products of the complexity scale (the top 100 most complex products represent 7.93% of the country’s total exports), and as the complexity level declines, the shares become smaller (the least-complex export group represents 3.5% of Germany’s exports); in the case of Greece and Portugal, their exports are concentrated in the least-complex groups (33.1% and 21.7%, respectively, of their total exports belong to the least-complex group), and their export shares (by complexity groups) are similar to those of China. If China were the correct comparator, then perhaps the situation of the European countries would be significantly worse. We believe that this is where the real problem of the peripheral countries lies. Their lack of competitiveness vis-à-vis Germany is not due to the fact that they are expensive (their wage rates are substantially lower), or that labor productivity has not increased. The problem is that they are stuck at middle levels of technology and they are caught in a trap. Reducing wages would not solve the problem."
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"significant efforts to upgrade. Greece, Ireland, Italy, Portugal, and Spain should look upward and try to move in the direction of Germany, and not in that of China. The real problem is one of lack of nonprice competitiveness vis-à-vis Germany. Spain and Italy are ahead of the other three countries, and closer to Germany. Though Ireland has a very sophisticated export package, its level of diversification is low. Greece and Portugal are well below the other three and face a more precarious situation."
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Seguem exemplos de postais escritos ao longo dos anos e que estão em sintonia com as conclusões deste artigo:

sexta-feira, setembro 18, 2009

Que diferença!!!

O estilo de linguagem, o posicionamento do locus de controlo, o discurso...
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Que diferença entre os "Agarrem-me senão em mato-me!!!" e "Quebra nas exportações não preocupa industriais do calçado".
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""há um ambiente de fé em relação ao futuro", esperando que, no próximo ano, a tendência de queda estagne para, em 2011, retomar a curva de crescimento dos últimos anos. As exportações de calçado cresceram 11 por cento entre 2005 e 2008, atingindo, no último ano, perto de 1,3 mil milhões de euros.

"Vamos sair desta crise sem grande mazelas", reforçou o representante dos industriais de calçado, acrescentando que é o momento de trabalhar na alteração da imagem do calçado português que está desajustada com a realidade.

"É preciso mudar a imagem que os sapatos portugueses têm no exterior, porque só melhorando a imagem podemos acrescentar valor ao nosso produto", defendeu o presidente do grupo Kyaia e dono da marca Fly London. "O sapato português tem que ser pago a preços europeus", reforçou Fortunato Frederico. (Moi ici: como é que escreve hoje Daniel Amaral no Diário Económico? "podemos cortar nos custos de fabrico, para melhorar a oferta;". O calçado já não quer combater na guerra da eficiência, quer estar presente no mundo da eficácia.)
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Um alma caridosa podia recomendar a Daniel Amaral a leitura de "How we compete", please.
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"No livro “How we compete” de Suzanne Berger and the MIT Industrial Performance Center, publicado em Janeiro de 2006, pode ler-se:.Na página 255: “… there are no “sunset” industries condemned to disappear in high wage economies, although there are certainly sunset and condemned strategies, among them building a business on the advantages to be gained by cheap labor” (Please rewind and read again!!!)"
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Somos alemães!!! Com o euro somos todos alemães e só podemos prosperar comportando-nos e competindo como eles. Tudo o resto é mitologia e treta.

terça-feira, agosto 31, 2010

Somos todos alemães (parte VIII)

Parte VII, parte VI, parte V na verdade trata-se de uma longa série que começou em Janeiro de 2009 quando escrevi:
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"Desejando o melhor para os nossos amigos eslovacos, espero que os seus políticos e empresários já tenham descoberto o que me demorou cinco anos a perceber.
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Um país que adere ao euro torna-se ... numa nova Alemanha.
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Um país que acorda com uma moeda forte a circular dentro de si, deixa de ser um país que pode assentar a defesa da sua economia na desvalorização 'política' dessa moeda."
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Edward Hugh publicou no Facebook este artigo "One Swallow Doesn’t Make A Summer, But…." em resposta a um comentário Edward Hugh escreveu:
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"Well, I don't know about motivations Diran, but the consequences are by now pretty clear. Spain is going to have to convert itself into another Germany, at the cost of a colossal correction (which may well be undoable - see my next charting post) while I think Germany has been very lucky in Asia given how their Japanese competitors had their nose pushed out of joint by the very high structural value of the yen."
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Todos nós temos de nos converter à Alemanha ou sair do euro. Fugir à conversão dolorosa é fugir à possibilidade de ser competitivo apesar de um elevado nível de vida. Recordar outra série: O choque chinês num país de moeda forte!

quarta-feira, dezembro 01, 2010

Act 9, 3-7 (parte IV)

Parte IParte II e parte III.
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Escreve André Macedo no DN, no artigo "Capitalistas sem capital":
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"Qual é o problema? Não é uma questão de nacionalismo pindérico: ainda bem que somos uma economia aberta. O drama é o que isto revela - aliás, confirma. Na lista dos mais poderosos que o Jornal de Negócios publicou em Agosto, lá estava o angolano Eduardo dos Santos em terceiro lugar (atrás do Sócrates e Belmiro), mas o que impressionava não era isso. O que impressionava era a falta de empresários portugueses com músculo para investir. Neste best of do poder, o que sobrava em gestores - simples assalariados, embora alguns ricos e mediáticos - faltava em capitalistas de cepa."
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Há dias escrevi que aprendi que não há boas-práticas intrínsecas. As boas-práticas são sempre contextuais, são sempre situacionais. As boas-práticas que uma empresa segue por que lida com clientes que valorizam acima de tudo o preço, não são boas-práticas para uma empresa que lida com clientes que valorizam acima de tudo a inovação ou o serviço (basta comparar a linha de montagem que debita VWs com a linha de montagem que debita Ferraris).
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Portugal é um país pequeno. As empresas que crescem organicamente num país pequeno não podem ter as mesmas características das empresas que crescem organicamente num país grande. Ouvi ontem na rádio que as 10 maiores empresas exportadoras representam apenas 20% das exportações
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80% das exportações portuguesas são da responsabilidade das empresas anónimas, das empresas que têm mais do que fazer do que reunir com um primeiro ministro, seja ele qual for.
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Ontem de manhã estive numa empresa que está no limite da sua capacidade produtiva, exporta mais de 90% da sua produção, na semana passada estive numa empresa que exporta mais de 80% da sua produção e que não me quer lá nas próximas duas semanas pois vão recepcionar e instalar um novo equipamento de produção. E não teve qualquer problema em obter empréstimo bancário, até pode negociar as melhores condições pois havia concorrência entre bancos. Engraçado... já esta semana estive numa outra empresa que também está a expandir as suas instalações...
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No postal que inaugurou a série "Somos todos alemães" chamei a atenção para o artigo "The German Miracle Keeps Running: How Germany's Hidden Champions Stay Ahead in the Global Economy" de Bernd Venohr e Klaus Meyer. Volto a esse artigo para recordar algumas lições das Mittelstand e de Hermann Simon:
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"We show that these companies continue to prosper with family ownership combined with professional external management, strategies of market leadership in global niches and a persistent focus on operational effectiveness. Scholars and business leaders, in particular of companies based in other high-cost countries, therefore ought to consider German companies as source for lessons on how to succeed in the global economy.
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An influential French policy study thus named German companies along with Chinese companies as the winners of globalization.4 This success even defies a strong Euro, which is making ‘Made in Germany’ expensive on world markets.
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The export is driven not only by large and well-known companies like Volkswagen, BASF and Siemens, but by many small- and medium-size enterprises (SMEs). Over 340,000 German companies export, and over 100,000 companies have some form of direct investment abroad. We estimate that SMEs with annual revenues of less than € 1 billion account for about 40% of all German manufactured goods exports. However, not only German SMEs are prospering in global markets, similar success stories have been in large countries like the USA and small countries such as Denmark.
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We identify three elements shared by many of the Hidden Champions: First, they exploit the opportunities of private ownership by creating organizational cultures and practices that build on owner-entrepreneurs, and long-term relationships within the firm and with key external partners. Second, they concentrate their often limited resources on niche market segments that they can dominate worldwide. Their competitive positions are
grounded in technology-based product leadership and close customer relationships. Third, they strive for operational effectiveness, continuously assimilating, attaining, and extending best practices.
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these companies are typically unknown outside their niches, mostly because they are private and relish their obscurity. (Moi ici: Á atenção de André Macedo)
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Official statistics suggest that SMEs with less than 500 employees and an annual turnover of less than € 50 million account for more than 99% of all German companies; they provide about 70% of employment in the private sector and create about 40% of turnover.
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(Moi ici: Relevante, também, para uma série de postais futuros, estas lições que Hermann Simon sistematizou acerca dos Campeões Escondidos, escondidos para os jornalistas)
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2. Market definition is an important part of strategy development, usually leading to narrowly defined markets, both from a customer and technology perspective and a highly focused strategy.
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4. Hidden champions are very close to their customers in particular to their top customers. They are value, not price oriented.
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8. They rely on their own strengths. (Moi ici: Não estão à espera de favores dos governos, querem é que estes não atrapalhem)  They mistrust strategic alliances and outsource less than other companies. Their value chains are deep. They see the foundation of their competitive superiority in things which only they can do. Together with lesson 2 their strategies could be defined as “deep rather than wide”: Deep in their value chain, not wide in their coverage of different markets with different needs. (Moi ici: comentarei este ponto já a seguir, é muito importante... é, talvez o salto mais importante que falta dar para as nossas PMEs exportadoras)
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Strategic Positioning: dominating global niche markets
Hidden Champions typically use the advantages of patient investors to pursue niche strategies that combine product specialization with geographic diversification. Such a strategy can lead to a competitive advantage and above-average returns vis-à-vis broadly based competitors if (a) the firm offers differentiated products and services, appealing to a particular segment of customers and (b) the value chain that best serves the target segment differs from that of other industry segments. (Moi ici: IMHO, A grande lição para muitas PMEs exportadoras que conheço está aqui. Quando as desafio a serem muito mais concentradas, a definirem muito melhor os seus clientes-alvo, a serem muito mais focadas, respondem-me que se fizerem isso não conseguem sustentar a estrutura que têm. A lição alemã é: focar nos clientes-alvo, focar numa estratégia onde podem ditar as cartas e, viajar por todo o mundo à procura dos clientes que cumpram o perfil dos clientes-alvo.)
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Hidden Champions are typically positioned as “value leaders”, combining superior quality of products and services with a careful attention to customer needs."

quinta-feira, abril 06, 2017

Quando as mensagens deste blogue se tornam cliché


A competitividade das PME.

Somos todos alemães.

Competir por fazer subir os preços unitários em vez de concentrar tudo na redução dos custos unitários.

Apostar no numerador para aumentar a produtividade.

Não ter a veleidade de servir tudo a todos.

Não resisto a recordar três cromos:




sexta-feira, agosto 14, 2009

O que dizer da nossa competitividade... (parte III)

Voltamos à nossa reflexão anterior e ao tema da mortalidade empresarial, a famosa destruição criativa de Schumpeter, a propósito da leitura dos excelentes artigos "Measuring and Explaining Management Practices Across Firms and Countries" de Nick Bloom e John Van Reenen e de "The link between management and productivity" publicado pelo The McKinsey Quarterly e assinado por Stephen Dorgan, John Dowdy e Thomas Rippin.
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Traduzimos algumas das conclusões do artigo para um conjunto de gráficos simplificados:
O principal factor para o sucesso económico das empresas é... a qualidade da gestão. Os gestores são mais importantes para o sucesso de uma empresa do que as suas linhas de produtos, do que a geografia e as políticas governamentais, daqui a importância de estudar a micro-economia. As diferenças entre empresas do mesmo sector, dentro do mesmo país, revelam que é a equipa de gestão que faz a diferença (basta ver a figura 1 do artigo do The McKinsey Quarterly).
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O segundo gráfico diz-nos que quanto melhor é a qualidade da gestão maior é a produtividade de uma empresa. Assim, aumentar a produtividade da nossa economia há-de ser a consequência natural do somatório dos aumentos individuais ao nível da micro-economia, não o fruto de uma actuação de um iluminado governamental com medidas globais.
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O terceiro gráfico salienta que quanto mais as empresas estão protegidas da concorrência menor é a necessidade de melhorar a qualidade da gestão. Podemos logo adivinhar quais as consequências para a nossa produtividade agregada de uma economia que protege as suas empresas e que não as deixa morrer e morrer rapidamente.
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O quarto gráfico regista que, estatisticamente, são as empresas mais novas as que evidenciam melhor qualidade de gestão. Assim, quando protegemos e não deixamos morrer empresas ultrapassadas pelo evolução da realidade económica, estamos a protelar a melhoria da qualidade da gestão, estamos a impedir uma melhor remuneração dos recursos utilizados, estamos a atrasar a melhoria da produtividade. As empresas mais antigas, apegadas a práticas que resultaram no passado, têm uma grande dificuldade em alterar processos e modelos mentais.
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As empresas novas não têm "a cama feita" têm de mostrar abertura para vingar, daí que estejam muito mais abertas a fazer experiências de gestão em busca de resultados.
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Os quinto e sexto gráfico ilustram que quanto melhor é a qualidade da gestão de uma empresa maior é a probabilidade de ela investir em formação e de contratar empregados com um curso superior.
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Por que é que tantas empresas mal geridas sobrevivem e vegetam durante anos e anos?
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"One of the interesting features of the raw data is the substantial fraction of firms that appear to have surprisingly bad management practices, with scores of two or less. These firms have only basic shop-floor management, very limited monitoring of processes or people, ineffective and inappropriate targets, and poor incentives and firing mechanisms. In addition, our calibration of the measurement error suggests these firms cannot be entirely explained by sampling noise."
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O artigo "The link between management and productivity" publicado pelo The McKinsey Quarterly propõe uma resposta:
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"If effective management and good performance are tightly linked, how do so many badly managed companies survive? It is a question that has long baffled researchers. Economic theory has it that competition ensures the survival of only the best-managed companies and the elimination of the weak ones. Competition, the theory says, will spur managers to work more effectively and outlast rivals.
Our research sheds new light on the subject. It showed that poorly managed companies hang on because of a lack of competition, combined with restrictive labor laws. In each country, we found some high performers working with varying degrees of regulation, but, overall, we uncovered a clear link between badly managed companies and government regulations that hobble a company's ability to manage its employees. The connection is even stronger if the freedom to hire and fire is restricted.
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We also found that the more protected companies are from competition, the less incentive they have to adopt advanced management tactics. With this kind of protection, some companies can survive for years. In fact, we found that some of the most persistently mismanaged companies are family owned and often do business in uncompetitive markets."
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Tudo isto leva-me a recordar o "The Global Competitiveness Report 2008–2009" na página 293. Qual o parâmetro em que Portugal está pior posicionado?
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"7th pillar: Labor market efficiency" estamos na posição 87 entre 134 países. Sobre o que parâmetros trata este sétimo pilar?A página 294 revela que entre 134 países estamos comparativamente muito mal colocados em quase todos os tópicos... aquele 125 é impressionante (mas a Alemanha, página 184, está na posição 130). Eu sei que digo que com o euro somos todos alemães... mas eles nos outros pilares são impressionantes.
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Como é que está a nossa taxa de mortalidade empresarial?