sexta-feira, setembro 18, 2015

Curiosidade do dia

Imagem retirada de "Joining Forces: Collaborative Leadership for Sustainability Through" publicado na revista Rotman Management do Outono de 2015.

Há aqui qualquer coisa que não bate certo

A propósito de "Técnicos de contas deixam de ter limite ao número de clientes que podem acompanhar".
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Nem sabia que ainda existia esse vestígio do corporativismo salazarista.
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O bastonário está contra. Porquê?
"Uma das principais alterações tem a ver com o facto de os profissionais deixarem de ter limites máximos ao número de empresas que podem acompanhar. Até aqui os técnicos oficiais de contas (TOC) podiam ter um máximo de 60 empresas, mas a partir de agora este limite deixa de existir. Domingues Azevedo explica que "o TOC até podia ter 90 empresas, mas para isso tinha de contratar outro TOC, garantindo até a entrada no mercado de jovens". Para o responsável, a alteração agora imposta pode vir a diminuir a qualidade do trabalho desenvolvido pelos profissionais: "Imagine-se um profissional que até agora podia ter 60 empresas e passa agora a poder ter 500 empresas", exemplifica Domingues Azevedo.
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"A medida vai gerar as chamadas ‘fábricas' de contabilidade, em que o número é mais importante do que a qualidade, o que vai ter um reflexo negativo na qualidade e no trabalho dos profissionais", adverte. "O que a OTOC vai fazer é exercer um controlo ainda mais apertado para garantir a qualidade do desempenho dos técnicos de contas", acrescenta."
O que é que falta nesta narrativa?
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Os clientes!
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Os clientes são prisioneiros do seu TOC?
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Os clientes não podem mudar de TOC, se sentirem essa redução na qualidade do serviço?
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Há aqui qualquer coisa que não bate certo.

Uma sugestão para reflexão estratégica na agricultura

Até que ponto algumas explorações agrícolas em Portugal, sobretudo as que se encontram na proximidade de cidades com alguma dimensão podem usar esta sugestão para diversificar as suas fontes de rendimento e fugir da guerra do eficientismo?
"Increasingly, farmers around the U.S. are adding a new crop of sorts, called agritourism– everything from farm stays and tours to restaurants and weddings. It’s a way to diversify revenue streams and establish a connection with the public.
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The farm’s own products all carry the label of Animal Welfare Approved, an organization which audits small farms according to strict standards to assure they’re using the most humane and sustainable farming practices.
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The store also sells the farm’s honey, local cheeses, yogurt, local crafts and woolen socks —  courtesy of  the farm’s own alpacas, sheep and llamas.
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There are more people that want farm-raised food and want to feel like ‘this is my farmer,’” Clement says.
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Until  this year, the café, dinners and catering services accounted for about 25% of total revenue. This year, food services have surged to 40% of sales.
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In 1990, she  acquired another 160 acres from a neighboring dairy farm that went out of business – just one of many that had folded in the 1980s in upstate New York. [Moi ici: Acrescentei este parágrafo só para salientar que fui ver o que é que aconteceu nos anos 80 nos Estados Unidos ao sector dos lacticínios... fiquei com a ideia que aconteceu o que vai acontecer agora na UE com o fim das quotas leiteiras. Ou seja, 30 a 40 anos de avanço]
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This is the first in an occasional series on how small family farms are diversifying to survive."

Trechos retirados de "How A Hudson Valley Farm Grows New Revenue, From Brunch To 'Goatscaping'"

E ser artesão pode voltar a ser cool

""Heartcrafted in Portugal". Porque não são só feitos à mão pelos artesãos portugueses, mas carregam consigo um pedaço de portugalidade que importa preservar.
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Cada cesto pode levar dois dias a ser feito, com as imperfeições características do que é artesanal - a "alma" do produto, assim lhes chamam os mentores da marca -, e isso tem um preço. Mais alto. "Mas dura uma vida inteira", asseveram, colocando a sua insígnia numa tendência de consumo crescente que privilegia a durabilidade das peças, o valor estético, tal como a rastreabilidade. Ou seja, é possível contar a história de um produto, desde a origem das matérias-primas, naturais e sustentáveis, passando pela identidade de quem as moldou e deu vida. Peças que são, no fundo, a resposta a um novo movimento, como lhe chama Pedro Pires, que apelida de "romantismo social". Lá fora chamam-lhe slow living.
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 As máquinas tornaram a modernidade mais acessível a todos, mas estamos a acordar para a valorização do que é feito por pessoas e não por máquinas." O futuro dos mercados de consumo está a moldar-se e a dividir-se em dois:[Moi ici: Recordar a polarização] entre as marcas industrializadas e acessíveis e as insígnias humanas, "nichificadas, imperfeitas" e caras.
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Às vezes, basta comunicar estes objectos de forma diferente" [Moi ici: Como não recordar a artesã de Bragança...]
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A rica diversidade de técnicas artesanais que ainda subsistem em Portugal 'talvez porque nunca fomos muito industrializados", é uma "enorme vantagem competitiva" para aquela que pode ser a "nova vocação de Portugal: um país de marcas multinacionais, feitas por pessoa reais, com ajuda de algumas máquina inspiradas com saberes do passado e na imaginação do futuro", acredita Carlos Coelho. E aponta para o que já acontece lá fora: "Para quem acha que esta apenas uma preocupação de países sub desenvolvidos então esteja atento, por exemplo, à Alemanha, o país das máquinas, da engenharia e das perfeições"


Trechos retirados do artigo "Marcas feitas à mão" publicado pelo semanário Expresso no passado fim de semana.

Characters em vez de personas

Há dias escrevi "JTBD". Depois, acrescentei "Mais um sintoma do Estranhistão":
"It’s no longer possible to predict consumer behaviour based on long-accepted demographic norms – age, gender, income and so on.
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Consumers are no longer behaving as they ‘should’ according to demographic categories, choosing instead to construct their own identities and lifestyles around individual preferences and interests."
Agora, relaciono com "Replacing Personas With Characters":
"Because personas focus on creating a story made up of a customer’s attributes, instead of a story that explains a purchase, personas leave the brain in a unsatisfied state. To fix this, in just a split second, the brain decides to make up it’s own story about why Alan bought a particular Tux.
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When reading a Persona, the brain craves a story that ties everything together. If the story lacks causality, it will struggle to create that story, and will eventually just make up it’s own causalities — the WYSIATI effect.
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To get the brain to accept a story which explains why a consumer bought a product, it needs information presented in a particular way. The best way to deliver this information is to explain a customer’s anxieties, motivations, purchase-progress events, and purchase-progress situations.
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When combined, they form what I call Characters.
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What anxieties & motivations do you think our customers have / had when purchasing our, or a similar, product?
Do you suppose there were any events that happened which reminded our customer about the problem our product solves?
What situations might our customer encounter which would put them in a position where they had to decide to buy our product or not?"

quinta-feira, setembro 17, 2015

Outra forma de pensar

"Our moment of disruption deals with death and rebirth. What’s dying is an old civilization and a mindset of maximum “me”—maximum material consumption, bigger is better, and special-interest-group-driven decision-making that has led us into a state of organized irresponsiblity, collectively creating results that nobody wants.
What’s being born is less clear but in no way less significant. It’s something that we can feel in many places across Planet Earth. This future is not just about firefighting and tinkering with the surface of structural change."
Como não relacionar isto com as sugestões que aqui dou aos pensam no futuro da agricultura com estratégia novas. Como não pensar nos que querem fugir do monstro do mar del plástico e a sua loucura eficientista:
"Num acto de loucura, quebra o molde mental onde foi enformado, e descobre que a sua missão não é alimentar todo o mundo, descobre que a sua missão não é produzir mais do que o vizinho, sob pena do vizinho ser mais competitivo no preço que ele, a sua missão é produzir carne ou leite que clientes apreciem e estejam dispostos a sustentar o seu negócio de livre vontade."
Trecho inicial retirado de "Leading from the Emerging Future" de Otto Scharmer e Katrin Kaeufer

Acerca da evolução do turismo

Sempre ouvi comentários a dizer que o sector do turismo é bom para o país. Depois, começaram umas vozes na Catalunha contra o excesso de turistas e agora temos as elites lisboetas a protestar contra o turismo.
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Sempre ouvi comentários a defender que o turismo português deve procurar subir na escala de valor. Agora, começam estas opiniões em Espanha, "Turistas pobres, de alpargata". Imagino que brevemente começaremos, também por cá, a ouvir uma versão sucedânea pelas elites de Lisboa.
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Quanto ao sonho dos hoteleiros em aumentar as margens, proponho que apostem nas experiências e em parcerias com quem as pode realizar. Recordar só três exemplos: birdwatchers endinheirados no Douro Internacional, golfinhos no Algarve e paisagens de bicicleta.
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BTW, convém que os hoteleiros pensem nesta evolução.

E uma providência cautelar?

Ao ler "Fazer exercício em casa está na moda, com a ajuda do YouTube" imaginei logo uma brincadeira. Manifestações de empresários do sector dos ginásios, para obrigar a barrar o acesso a esta concorrência desleal e a avançar com providências cautelares.
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Também posso imaginar outro estirpe de empresário que reconhece que não está perante um concorrente mas perante mineiros que estão a criar mercado futuro, que estão a criar futuros clientes. Quem recorre ao Youtube sente várias barreiras, reais ou fictícias, que o impedem de entrar num ginásio. O Youtube é o primeiro passo para trabalhar a experiência e o resultado pretendido.
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Se a coisa não tiver pernas para andar ficará por aí. No entanto, se a pessoa se apaixonar pela experiência, e aspirar a novas experiências, e a uma transformação pessoal quererá evoluir.
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Nessa altura, talvez encontre um ginásio capaz de a ajudar.
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BTW, se estes escolherem um ginásio low-cost terão:
"Mas até os ginásios físicos começam a usar vídeo: a cadeia britânica Pure Gym, por exemplo, tem aulas de spinning em vídeo em vez de professores ao vivo e emprega apenas dois funcionários por espaço."

Polarização balanceada

Recupero a figura que se segue, do artigo "The Vanishing Middle Market" que referi em "Porque não podemos ser uma Arca de Noé! (II)"

E chamo a atenção para o Grupo 1: onde se verifica a polarização mercado (crescimento simultâneo do premium e do low-cost, com o desaparecimento do meio-termo). No Grupo 1 está a cerveja na Europa e na Alemanha.
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Por um lado assistimos à explosão da cerveja artesanal. Os números são impressivos. Ver: "THE YEAR IN BEER: 2014 CRAFT BEER IN REVIEW FROM THE BREWERS ASSOCIATION" (Gostei sobretudo desta demonstração de Mongo:
"Craft beer appreciators are becoming as diverse as craft beer itself."
Por outro lado, assistimos a esta consolidação das consolidações:



quarta-feira, setembro 16, 2015

Curiosidade do dia

"Num contexto como é o actual (condicionado pelas tendências de estagnação, de perda de vitalidade demográfica, com endividamento excessivo e sem ter a ajuda da inflação para desvalorizar a dívida, com taxas de juro reais demasiado altas para estimular o investimento e demasiado baixas para remunerar depósitos e reservas), apresentar programas quantificados em que se prevê o crescimento anual de 3% será uma palavra dada, mas não é uma palavra fundamentada em qualquer coisa de mais sólido do que a fé em Deus – vale para os crentes, mas só para eles.
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Há ignorâncias que são do tamanho do problema, nem se apercebem do que têm de resolver."
Trechos retirados de "Ignorâncias e problemas"

Nem de propósito

Há dias referi a hipótese de apostar na venda de "raw milk" em "E fechá-los numa sala durante 12 horas?"
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É a mesma receita da Lego; a aposta na magia, na interacção, na proximidade, na autenticidade, na individualidade.
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Agora encontro "Why raw milk is 'as controversial as climate change'"
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BTW, os mais velhos lembram-se do tempo em que não se bebia leite UHT? O leite fervia-se sempre. Até havia um pequeno cilindro de vidro usado para que o leite a ferver não transbordasse da cafeteira.

O paradoxo de Kaldor na prática

Todos os dias damos de caras com exemplos do Evangelho do Valor.
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Neste texto "Lego: De quase falida a líder da indústria de brinquedos" é contado o caso da Lego.
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A empresa tinha um modelo que deixou de funcionar. Teve de repensar-se. Teve de passar por uma experiência de "renewal"

"Depois da experiência de quase extinção, o novo presidente executivo decretou o “regresso ao tijolo”, como unidade básica e essencial para o modelo de negócio. Numa primeira fase, na tentativa de estancar as perdas, a cadeia de parques temáticos foi vendida e o número de peças produzidas pela companhia foi reduzido para sete mil."
Uma vez perdida a patente qualquer um podia pegar em plástico e fazer tijolos.
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Qual seria a proposta de um economista? Deslocalizar para reduzir custos, aumentar a eficiência.
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Qual seria a proposta de um promotor da concorrência imperfeita?
"Sobre a “fórmula Lego”, o Financial Times (FT) dá a receita: pega-se num quilo de plástico que custa menos que um dólar, transforma-se em conjuntos de peças baseadas na saga Star Wars ou Hobbit e apresenta-se depois o produto ao consumidor final, por aproximadamente 75 dólares por quilo.
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Mas a recuperação não ficou a dever-se apenas à reinvenção do plástico. Videojogos e cinema desempenham um papel importante na estratégia desenhada por Knudstorp e o sucesso financeiro do Filme Lego (com receita de bilheteira de mais de 400 milhões de euros em todo o mundo) mostra que o futuro da estratégia passa também pela aposta em Hollywood e na Ásia."
Posso traduzir para: apostar na magia, reforçar a mística da marca, aumentar a relação e interacção com os clientes, desenvolver a co-criação.
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O exemplo pode ser da Lego mas é o seguido por cada vez mais PME que põem em prática o paradoxo de Kaldor.

Cuidado com a média

Recordando o grito dos clientes que não querem ser tratados como plankton, que não querem ser tratados como miudagem.
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Recordando os fantasmas estatísticos.
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Reflectir sobre:
"One of the biggest mistakes companies can make is designing services and products for the average user, an artificial and static representation of real users that generates dysfunctions. Interestingly, the solution lies in the extremes.
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The average user is created from the combination of all users. What we get is, in fact, a completely different user. None of our users is like the average user. Therefore, when designing for that artificial individual we create something that doesn’t fit anyone’s needs."
Trecho retirado de "Designing for the extremes (or why your average user doesn’t exist)"

Acerca do Evangelho do Valor

Há alturas em que até um anónimo engenheiro de província sente inveja de quem vive em outros continentes e tem a arte e o engenho de conseguir transmitir a sua mensagem.
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Neste blogue tento chegar com a minha mensagem e as minhas reflexões um pouco mais longe. Contudo, ás vezes interrogo-me e martirizo-me por não ser melhor comunicador.
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Vejam bem este exemplo. Em Julho de 2006, há quase 10 anos, escrevi neste blogue um postal intitulado "Redução dos salários em Portugal". 
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Na minha forma desajeitada de engenheiro pragmático e pouco convencional procurei rebater um texto e uma abordagem que ainda hoje tem muitos partidários. O que é que eu propunha?
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Propunha que os decisores olhassem para a equação da produtividade:

E pensassem de uma forma diferente da tradicional:
"O grande desafio é o de aumentar a produtividade, o que o FMI e outros sugerem, é baixar o valor do denominador da equação.
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Uma actuação tendo em vista o médio/longo prazo tem de actuar no numerador, na capacidade, na quantidade de valor criado.
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Assim, em vez de andar às voltas em torno do denominador, porque não apostar no aumento do numerador?"
Em Outubro desse mesmo ano voltei à carga com "Ainda a produtividade" onde expus as minhas ideias com mais pormenor.
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De lá para cá tenho voltado ao tema da produtividade, do numerador versus o denominador, ao jogo do rato e do gato (salários e produtividade), ao tema da eficiência e eficientismo. Depois, com o meu mau carácter habitual, criei o termo "tríade" para designar o grupo de paineleiros, académicos e políticos, gente com amplo acesso aos media mas que continua a seguir as fórmulas que aprendeu quando tinha 20 anos e o mundo era o Normalistão do século XX.
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Não tem conta o número de conversas e discussões em que já entrei nas redes sociais para tentar explicar, mostrar, demonstrar que o numerador é muito mais importante que o denominador. Confesso que já tive alguns casos de sucesso, sobretudo quando lhes falo do Evangelho do Valor. Contudo, a minha mensagem continua a ser uma espécie de ruído imperceptível.
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Ontem de manhã muito cedo, em São João da Madeira, enquanto corria para fugir da chuva, ia ouvindo uma versão audio deste artigo "What Economists Get Wrong About Measuring Productivity" e, incrédulo, murmurei:
- Parece que leu o blogue!
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Por isso, convido-os a ler o artigo de Roger Martin, de 14 de Setembro último. Está lá tudo! Tudo o que pregamos aqui e nas PME há mais de 10 anos!!!
"As I read all the productivity analyses and commentary, including the recent one on these pages by the clever folks at the OECD, I am struck that in trying to understand productivity, economists exclusively look at only one half of the productivity equation — literally not figuratively. That impedes their ability to understand what is really going on with productivity in the modern economy.
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Most people instinctively think of productivity as a quotient:
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So far, so reasonable, but when figuring out how to improve productivity, researchers almost always focus on the direct determinants of the denominator — they think about how to use technology, training, re-engineering of work processes, and automation in order to reduce the number of labor hours required to produce a given product or service.
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The numerator is entirely ignored as if the value of the output was fixed and immutable. However, as any student of strategy knows very well, the dollar value-added that a firm generates is directly proportional to what it can charge in the marketplace for its products or services. And that price is, in turn, highly sensitive to the competitive dynamics of the firm’s industry and the strategic decisions it makes. Given the basic dynamics of a quotient, changes to the numerator are equally important to results as changes to the denominator.[Moi ici: Aqui, sou mais radical do que Roger Martin e estribado em Rosiello, Marn, Simon e Dolan ouso escrever que o efeito do numerador é muito mais importante que o denominador]
Roger Martin vai ainda mais longe e vem corroborar o que aqui defendo há anos e anos, o problema não foi o euro, o problema foi o choque chinês. A tríade, como se pode ler aqui "Inside the Fight Over Productivity and Wages" continua a ignorar a variável China nas discussões da produtividade.


terça-feira, setembro 15, 2015

Workshop - Abordagem Baseada no Risco (ISO 9001:2015) (parte VI)

Parte I, parte IIparte IIIparte IV e parte V.



É já esta semana! Venha ver a nossa proposta para lidar com a abordagem baseada no risco:


Valor do investimento:

80€ (mais IVA)

Local: Porto (Pólo Universitário, servido por metro)
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Inscrições: código RBT02 para o e-mail metanoia@metanoia.pt

Curiosidade do dia

Quando a Economia entra na campanha eleitoral:

E antes que o Luís apareça a fazer o choradinho do costume:


Pergunte-me (parte II)

Parte I.
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Lembram-se deste esquema?
"A fábrica pode retirar a loja da equação e substituí-la por uma plataforma onde os clientes vêem a colecção, escolhem e pagam adiantado o que a fábrica irá produzir e entregar. O arcaboiço financeiro reduz-se fortemente, com o cliente a pagar adiantado e, a fábrica a poder interagir directamente com os consumidores, com os utilizadores, e a poder iterar muito mais rapidamente apostando na carta da personalização.
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Ou, sendo ainda mais radical, dada a redução do arcaboiço financeiro necessário, a fábrica pode passar a ser só o fabricante contratado pelo criativo. Ou seja, a relação é entre o criativo e os consumidores, via plataforma"
Como não relacionar com "Etsy Welcomes Manufacturers to Artisanal Fold":
"When she started selling the quirky animal coats on Etsy, she was soon swamped with orders. Her aha moment, she said, was a bulk order for 400 coats from Gilt, the flash sales website that had heard about her hot-selling product.
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“I was sewing all the time. My husband would come home from work and cut fabric for me on the kitchen table, while I was sewing on the dining room table,” said Ms. Goodall, who has run an Etsy store from her home in McKinney, Tex., since 2010. “It became clear that if I wanted to grow and if I wanted to develop more designs, which is the part I love, I was going to have to find help.”
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This fall, Etsy is set to introduce Etsy Manufacturing, a new service in the United States and Canada that matches sellers like Ms. Goodall with small manufacturers."
BTW, bonito isto:
"“I’ve never seen anyone make something so creative, and that’s why she is successful,” Ms. Martin said. “I don’t want to do 10,000-piece garment runs. I want to do something with more value.”" 
BTW2, eheheh a senhora ainda não percebeu isto:
"“We ship everywhere. We even ship to China, and that cracks me up,” she said. “We’re sewing coats and shipping them to China. They love the bunny coats.”" 

De ajavardamento em ajavardamento (parte II)

A propósito de "Quiksilver se place sous la protection de la loi américaine sur les faillites":
"La marque Quiksilver, si elle a réussi à forger son image auprès des adolescents en sponsorisant des sportifs de haut niveau comme le surfer Kelly Slater ou le skateur Tony Hawk, n’a pas su s’adapter à la concurrence. La compétition féroce des enseignes de « fast fashion » qui proposent des vêtements à tout petit prix à sa clientèle d’adolescents ou de jeunes adultes, lui a été fatale. Cette année encore, le groupe a vu ses ventes fondre de 13 % et ses pertes se sont creusées pour atteindre 309,4 millions de dollars. Au total, sa dette est évaluée à 826 millions de dollars. Près de trois fois son chiffre d’affaires."
Lembrei-me logo do que aconteceu à Gucci, recordar "De ajavardamento em ajavardamento".
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Tantas e tantas vezes pensei nas peças com a marca Quicksilver colocada sobre vómito industrial em prateleiras da distribuição grande.

Números interessantes

"Como as exportações portuguesas alavancaram o crescimento económico"
"Segundo a metodologia aplicada no estudo da IGNIOS, as exportações justificaram 85% do crescimento económico em 2014. No primeiro trimestre de 2015, perante a quase estagnação do contributo da procura interna líquida de importações, foram mais uma vez as exportações portuguesas que justificaram quase integralmente o crescimento de 1,5% do PIB. No acumulado do 1º semestre, o contributo estimado da procura externa para o aumento do PIB de 1,5% foi de 1.043 milhões (83,3% do total de 1.252 milhões, muito próximo de 2014).
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As exportações portuguesas aumentaram 7,4% as suas quotas nas importações mundiais, entre 2010 e 2014, com um aumento de 6,2% em 2013 e de 1,5% em 2014, fruto de um trabalho notável realizado ao longo de décadas pelas empresas em Portugal."

"Valor mensal das exportações em Julho foi o mais elevado de sempre "

"A economia está a crescer. Mas reestruturou-se?"
"Exportações ganharam peso no PIB
São uma das principais diferenças dos últimos quatro anos. Em 2011 as exportações valiam 34% do PIB. Agora pesam 43,2%. A diferença é bastante significativa e ilustra o aumento continuado da venda de bens e serviços ao exterior. Se em 2011 as empresas nacionais exportavam cerca de 15 mil milhões de euros, agora este número escalou para mais de 18 mil milhões, mesmo retirando o efeito da variação de preços.
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A crise na construção não começou com a ‘troika', mas a redução do tamanho e da importância deste sector é bem visível nos últimos quatro anos. ... no investimento, continua a representar a maior fatia, mas o corte foi drástico: em 2011, quase 60% do investimento era construção (58,1%). Agora, representa menos de metade do investimento (47,2%)."[Moi ici: Não conhecia a dimensão deste número mas sempre desconfiei do que é que os políticos e jornalistas-engajados queriam dizer quando falavam e escreviam sobre a necessidade de investimento do Estado]
BTW, rever estes números


O que dirá a UTAO?

Um grande orgulho com mais esta demonstração do paradoxo de Kaldor:
"As exportações portuguesas de vinho atingiram, no primeiro semestre, 328 milhões de euros, um acrescimo de 14 milhões face a igual período do ano passado correspondente a mais 4,6%. O crescimento em valor foi mais do dobro do aumento em quantidade. As empresas portuguesas exportaram 134 milhões de litros de vinho entre janeiro e junho, um aumento homólogo de 2,1%. Números que permitem antecipar um novo recorde de vendas de vinhos portugueses no exterior.
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"Esta trajetória de crescimento coloca o setor em vias de atingir o sexto ano consecutivo de crescimento nas exportações de vinho."
O que dirão os burocratas da UTAO? Recordam-se de "Uma cena de um programa de Apanhados?"

Trecho retirado de "Portugal vendeu mais 14 milhões de euros de vinhos no primeiro semestre"