Tantas ideias que tenho em mente para este postal que, sem disciplina, daria para um longo capítulo de um livro sobre Mongo.
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O autor parte do exemplo de como a indústria musical não se soube proteger do digital, para dar conselhos às empresas grandes sobre como protegerem a sua propriedade intelectual, num mundo em que os bits comandam a adição de átomos, através das impressoras 3D.
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Quando li o texto no Cabinet, escrevi:
Então, perante o advento das impressoras 3D em cada casa, em cada bairro, em cada Staples, em cada Worten, o autor só pensa em copiar, só pensa que as pessoas vão copiar!?!?!?! Come on! Copiar é burrice, a produção numa impressora 3D é mais cara que a produção em massa.
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Depois, sexta ao fim da tarde, no Twitter, descobri este gráfico:
Em 1875 existiam nos Estado Unidos mais de 3500 produtores independentes de cerveja. Depois, o comboio, a Revolução Industrial, a produção em massa, o marketing de massas, e a consolidação eficientista começaram a concentrar a produção em cada vez menos produtores, cada vez maiores e mais eficientes. Então, o presidente James Carter, nos anos 70 do século passado, publica uma lei que liberaliza a produção, permitindo que pequenas unidades independentes possam produzir e comercializar cerveja. E foi um Big Bang!!!
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Agora, em 2015, o número de produtores de cerveja volta ao nível de 1875 e os produtores independentes já representam 11% do mercado.
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Apesar do poder do marketing, apesar da eficiência, cada vez mais gente opta por beber cerveja artesanal. E a cerveja artesanal, copia os sabores dos produtores grandes?
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Não! A sua força está na variedade, na experimentação, no sabor.
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Ainda ontem à tarde, durante uma caminhada, encontrei este artigo sobre as impressoras 3D em África, "
The 3D printing revolution":
"In February, a young Togolese entrepreneur, Afate Gnikou, stunned the world by winning first prize at the 10th International Conference of Barcelona’s Fabrication Laboratory. The winning technology was a 3D printer. The design did not come from one of Africa’s top universities or research institutes. Gnikou and his team assembled their prize-winning printer from electronic waste collected in dumpsites around the Togolese capital of Lomé.
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The technology turns traditional manufacturing upside down. Instead of centres of mass production, it makes possible decentralised production by the masses.[Moi ici: Voltar atrás e reler este parágrafo]
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The potential for printing other household products is only limited by people’s imagination and the size of the printer.
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The power of 3D printing lies in tapping into local needs and inspiring creativity. It does not require formal structures to do this, and everyone can participate in the technology. For example, 3D printing can enable rural women to rapidly prototype agricultural tools adapted to their culture, cropping systems and environments."
Em "
We Are All Weird - Um manifesto sobre Mongo" sublinho, com as palavras de Seth Godin, algo que escapa a muita gente.:
"The mass market — which made average products for average people was invented by organizations that needed to keep their factories and systems running efficiently.
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Stop for a second and think about the backwards nature of that sentence.
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The factory came first. It led to the mass market. Not the other way around."
Com as impressoras 3D, com a cultura DIY, com a IoT ou IoE, com a democratização da produção, com a criatividade em acção, por que haverão as pessoas de copiar o que as empresas grandes vão oferecer? Os prosumers vão ignorar a oferta da massa, como os consumidores de cerveja artesanal fogem do "
lowest common denominator"
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Esta é a revolução que vai marcar o século XXI, o fim da massa:
"mass market. About mass politics, mass production, mass retailing, and even mass education.
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The defining idea of the twentieth century, more than any other, was mass.
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Mass gave us efficiency and productivity,
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And now mass is dying.
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We see it fighting back, clawing to control conversations and commerce and politics. But it will fail; it must. The tide has turned, and mass as the engine of our culture is gone forever."
Não vai ser fácil, muita gente que trabalha no mercado de massas, que vive do mercado de massas, que imposta o mercado de massas, vai rebelar-se contra a possibilidade de uma liberalização económica anárquica, local, relacional, co-criativa.
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Seria interessante ter um POTUS libertário... nesta altura chave do processo.