Em julho passado escrevi aqui no blogue este postal: Por que é então uma das [regiões] mais pobres de toda a UE?
Nele voltei a usar esta imagem:
Muita gente usa indistintamente as palavras competitividade e produtividade. Fui recordado disso ao ler no semanário Vida Económica este texto "Empresas enfrentam obstáculos ao aumento da competitividade" sobre uma intervenção do presidente da AEP na Ordem dos Economistas. Confesso que não sei se a responsabilidade é do orador ou do jornalista."A situação das empresas e da indústria, em especial no Norte do país, levanta preocupações. Há falta de competitividade e de produtividade e estamos ainda longe da convergência com as regiões mais desenvolvidas da União Europeia. As políticas públicas não têm ajudado a tornar o tecido empresarial mais competitivo....o PIB per capita é maior nas regiões mais competitivas, os jovens desempregados praticamente não existem e são regiões muito atraentes para os recém-formados. Portugal melhorou em termos de competitividade, mas a região Norte e Centro teve um crescimento anémico nas duas décadas antes da pandemia. [Moi ici: Ver na figura acima a imagem que ilustra a conjugação de competividade sem produtividade]...O problema continua a ser o mesmo, que é o da produtividade. O país está cada vez menos competitivo e atrativo, tem cada vez menos pessoas e terá dificuldade em atrair quadros de outros países."
Como se compara a produtividade entre países? Podemos acompanhar as estatísticas e analisar os resultados. E percebemos que em 25 anos a produtividade agregada do país não saiu da cepa torta.
Como se compara a competitividade entre países? O BdP usa um indicador compósito, eu prefiro comparar a evolução das taxas de crescimento das exportações.
Entre 2004 e 2019 as exportações portuguesas de bens e serviços cresceram 68%, as alemãs 60%, as italianas 45%, as francesas 38%.
Somos competitivos, mas não somos produtivos. O tal reparo que Reinert faz sobre o Uganda...
Vamos a uma segunda parte do artigo:
"Para Luis Miguel Ribeiro, as empresas são o fator principal para criarmos condições para sermos competitivos. "A criação de riqueza deve ser um desígnio nacional, não se pode continuar a viver num sistema de subsidiação. [Moi ici: Será do orador ou do jornalista? A criação de riqueza não tem sido facilitada pelo sistema de subsidiação de fundos comunitários? É isto que o orador está a dizer?]
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Para o presidente da AEP, um outro problema é a falta de atratividade para captar mais investimento. [Moi ici: Não podia estar mais de acordo. E este é um factor mais importante, na minha opinião, para fazer aumentar a produtividade agregada do país. Não o peçam aos empresários portugueses. Recordar a lição irlandesa]
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Também se coloca a questão do que se anda a fazer, na indústria, em termos de formação e qualificação ao nível dos recursos domunitários. É preciso apostar na valorização dos recursos humanos. [Moi ici: Brincamos!!! Quantos milhões foram distribuídos ao longo dos anos para formação. Formação que acredito foi dada na esmagadora maioria dos casos. De pouco serve dar formação e esperar que a produtividade dê um salto. A formação pode contribuir para incrementos marginais de produtividade, mas não para ganhos "quânticos" como os que precisamos quando nos comparamos com a média europeia, por que isso requer outro tipo de empresas, com outro tipo de produtos e de preços] "Este problema coloca-se com maior impacto no Norte do país, ainda que contribua com 35% para as exportações. Esta é uma região que tem sido altamente penalizada. Temos agora mais uma oportunidade que é utilizar bem os fundos comunitários, [Moi ici: O que será utilizar bem os fundos comunitários? Usá-los de forma limpa e transparente? Claro, mas e usá-los de forma eficaz? Usá-los para chegar aos tais ganhos de produtividade desejados? Como dizer aos associados que distribuir os fundos tal como têm sido distribuídos até aqui não resulta? Eheheh seria apeado em três tempos. Qualquer coisa em torno de "It is difficult to get a man to understand something, when his salary depends upon his not understanding it". Fundos comunitários atribuidos e usados de forma limpa, transparente e honesta acabam por servir de apoio à competitividade como tão bem explicou Spender] no sentido de uma maior coesão territorial. São grandes desafios que se colocam. Ainda vai demorar algum tempo para a situação se altere, mesmo com algum otimismo", concluiu Luís Miguel Ribeiro."
Repito-me ... Zombies, produtividade e subsídios