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sexta-feira, agosto 06, 2021

Façam as malas e viajem pela Europa, aprendam a lição do canadiano

Toda a gente fala e escreve sobre aumentar a produtividade. A produtividade é um rácio que relaciona o valor do que sai de um processo produtivo face ao custo do que entra nesse mesmo processo produtivo. É, de certa forma, uma espécie de medida da capacidade de um processo produtivo em criar riqueza a partir de um certo custo de entrada.

Durante quase 100 anos fomos condicionados a pensar que aumentar a produtividade passa por aumentar a quantidade de peças, ou serviços que conseguimos vomitar por unidade de tempo. Pouca gente já atingiu que a forma mais inteligente de aumentar a produtividade passa por focar a atenção no valor do que se produz, mais do que no custo em que se incorre. O velho: "If the customer doesn't care about the price, why should you care about the cost?"

Quando eu tinha 20 anos, lembrem-se da frase de Napoleão, a típica PME trabalhava para o mercado interno e, quando pontualmente tinha um convite para exportar, fazia-o a preços mais baixos do que os praticados no mercado interno, um mercado protegido por barreiras alfandegárias. Bastava cobrirem os custos variáveis para já ganharem. Recordo esta época neste postal de 2016, ""um atestado de desconhecimento da realidade" (parte IV)".

Hoje vivemos num mundo completamente diferente. A economia portuguesa é muito aberta. Assim, os preços praticados no mercado nacional são baixos e qualquer PME exportadora, por norma, consegue preços mais altos a exportar do que a vender para o mercado interno. Os exemplos neste blogue são clássicos: preço do calçado exportado versus o preço do calçado importado; o mesmo para o mobiliário, para os têxteis, para a fruta, ...

Assim, uma das formas de aumentar a produtividade, passa por exportar, porque permite aumentar os preços do que se vende, ou seja, aumentar o numerador do rácio referido acima. É claro que o que se vende para fora não é o mesmo que se vende para o mercado interno, ou o que se vende para fora é para outro tipo de consumidor, que valoriza coisas diferentes das valorizadas pelos consumidores portugueses.

Esta semana passei os olhos pelo semanário Vida Económica e reparei em vários artigos acerca do preço do leite. 

  • José Martino em "De quem é a culpa na crise do leite?"
  • Maria Marramaque em "Preço do leite está estagnado há 20 anos"
 Entre algumas perguntas interessante que José Martino faz, também encontro perigosas sugestões de introduzir limitações à liberdade económica. Por exemplo, proibir as cadeias de supermercados de terem produção própria.

No texto de Maria Marramaque encontro um discurso estranho. Se um sector tem excesso de produção como pode querer aumentar preços? Se um sector compete de forma amadora com gigantes europeus como pode querer aumentar preços?

Esta figura ilustra bem o que se passa:

Enquanto uns estão no negócio e tratam-no como se fosse mistério, outros tratam-no como um algoritmo. Recordo os números acerca do tamanho das unidades de produção leiteira: uma vacaria com 100 vacas nunca poderá competir de igual para igual com uma vacaria com 30 mil vacas.

No texto de Maria Marramaque ainda encontro:
"O Governo, os produtores e os consumidores à indústria pedem inovação, produtos inovadores e de maior valor acrescentado, para logo a seguir tudo ser depreciado. Olhe-se por exemplo do leite de pastagem. E pergunto, será que o leite biológico vai pelo mesmo caminho? Poderá ser passada para o consumidor a percepção que o leite de pastagem/biológico têm os mesmos custos que o leite convencional?"

 Em 2008 decorei esta frase:

"Milk is the ultimate low-involvement category"

Não basta ser inovador! Consigo diferenciar-me? Pode alguém argumentar que é leite de pastagem quando não o é e não passa nada?

Mas voltemos ao ponto de partida, à produtividade.

A forma mais rápida de aumentar a produtividade é tentar apelar ao consumidor endinheirado e que dá valor ao modo de produção do leite. Lembram-se de quando a marca Portugal representava algo, antes de ser abastardada por Odemira?

O que é que o sector do leite fez a esta possibilidade?

Uma nota final, se não pertence ao clube dos produtores grandes e com connections talvez esteja na altura de repensar o negócio: Façam as malas e viagem pela Europa, aprendam a lição do canadiano, em vez de procurarem mercado para escoar os produtos, procurem mercados que valorizem algo que possam oferecer de forma distinta. Comecem pelo fim, comecem pelo outcome, não pelo output.

quarta-feira, novembro 06, 2019

Chinesices versus complexidade

Há tempos um empresário ao almoço explicáva-me a superioridade do modelo chinês:

A China pensa a 50 anos:
O partido comunista pensa a 50 anos e, depois, executa.

Enquanto isso, nós na Europa, com a luta partidária teremos uma espécie de cose e descose, (Penélope, penso eu agora), com partidos a trocar de turno entre oposição e situação.
Ele não deu solução para o desafio.

Enquanto ele fazia o desenho na toalha de papel eu tinha uma resposta na cabeça, mas não o quis chocar e calei-me, para não perdermos tempo.

Lembrei-me disto ao ler um artigo ontem no Jornal de Negócios, "Não pode haver emprego sem salário. Mas isso acontece". A certa altura apanho:
"Qual é a melhor estratégia?É dizer que somos fortes, temos liderado durante os últimos séculos. [...] Temos de construir uma Europa de projetos. Temos de dizer “temos 10 ou 15 desafios à nossa frente”. Os chineses conseguem fazê-lo muito bem. Porque na China, com o partido comunista, eles pensam no futuro e organizam-se para o melhor e para o pior."
As palavras são de Pierre Gattaz que assumiu em Junho de 2018 a presidência da Business Europe,
que tem sede em Bruxelas, e representa habitualmente nas cimeiras tripartidas as confederações empresariais de 35 países europeus.

A minha resposta era e é:
Não podemos acreditar na superioridade do pensamento único, por mais bem intencionado que seja. Não podemos acreditar que Sandy é melhor que MacGyver, não podemos acreditar que 1984 é a resposta.

A resposta não é melhorar o governo, qualquer que ele seja, porque por melhor que ele seja nunca vai ser capaz de lidar com um mundo em turbulência. A resposta é criar uma sociedade que que precise de menos governo, que dê mais liberdade de iniciativa a todos, que não precise de megaprojectos para alimentar as elites sempre à "babugem" das fumarolas, megaprojectos para gáudio dos donos disto tudo.

Se o mundo não mudasse faria sentido a abordagem chinesa, mas num mundo como o nosso, o que é verdade hoje, é mentira amanhã. Lembram-se do dinheiro que entrou na indústria no tempo de Cavaco Silva e fez de Portugal a china da Europa antes de haver China? Foi mal aplicado? Não! Foi aplicado no que fazia sentido naquele tempo, chegamos a menos de 4% de desemprego em Janeiro de 1992. Quando a verdadeira China entrou em jogo... tudo o que foi construído ruiu como um baralho de cartas.

Não podemos acreditar que o modelo de governação chinês que transformou um país agrário numa potência económica à base do modelo do século XX possa ser aplicado com sucesso na Europa, ou até mesmo à China do verdadeiro século XXI. Não é política, é dinâmica de sistemas. Planeamento central não joga com complexidade, lição da Mesopotâmia pré-Abraão e da blitzkrieg.

À atracção, de alguns, pela uniformidade chinesa, prefiro o amor pela volatilidade:
 "Stifling natural fluctuations masks real problems, causing the explosions to be both delayed and more intense when they do take place."
E nem de propósito, na minha caminhada na madrugada de ontem comecei a ler "The Infinite Game" de Simon Sinek:
"Finite games are played by known players. They have fixed rules. And there is an agreed-upon objective that, when reached, ends the game. Football, for example, is a finite game. The players all wear uniforms and are easily identifiable. There is a set of rules, and referees are there to enforce those rules. All the players have agreed to play by those rules and they accept penalties when they break the rules. Everyone agrees that whichever team has scored more points by the end of the set time period will be declared the winner, the game will end and everyone will go home. In finite games, there is always a beginning, a middle and an end.
Infinite games, in contrast, are played by known and unknown players. There are no exact or agreed-upon rules. Though there may be conventions or laws that govern how the players conduct themselves, within those broad boundaries, the players can operate however they want. And if they choose to break with convention, they can. The manner in which each player chooses to play is entirely up to them. And they can change how they play the game at any time, for any reason.
Infinite games have infinite time horizons. And because there is no finish line, no practical end to the game, there is no such thing as “winning” an infinite game. In an infinite game, the primary objective is to keep playing, to perpetuate the game.
...
An infinite-minded leader does not simply want to build a company that can weather change but one that can be transformed by it. They want to build a company that embraces surprises and adapts with them. Resilient companies may come out the other end of upheaval entirely different than they were when they went in (and are often grateful for the transformation).”

segunda-feira, julho 22, 2019

Um rotundo não

A propósito de "Portugal precisa de um Consenso Estratégico sobre Produtividade" a minha resposta é um rotundo não!

Portugal precisa de mais liberdade económica, precisa de mais turbulência (empresas que fecham e empresas que abrem) e de menos so-called experts, sem skin-in-the-game, a decidirem o que é melhor para as empresas dos outros.

As posições anteriores de uma empresa limitam o espectro de posições futuras possíveis. E os macacos não voam, trepam às árvores.

Qualquer consenso estratégico no terreno acaba implementado por empresas, por pessoas que estão à frente de empresas, e não por burocratas.

sexta-feira, novembro 23, 2018

25 de Novembro de 1975? Que pena o resultado não ter sido outro.

Por cá o mainstream acha que o papá-estado tem de estar por trás de tudo.
O mesmo mainstream também considera que ganhar dinheiro é pecado e perigoso.

Depois temos isto:
Em 180 países, na avaliação da liberdade económica Portugal está no 72º lugar e os trouxas dos irlandeses estão no 6º lugar.

Irrelevante dirá o mainstream:
E a relação com o crescimento do PIB é interessante:


Enfim!

Para quando o triunfo da Via Negativa em Portugal?

E Deus, que é eterno, começou a chorar e respondeu:

Oh! Nunca verei esse dia!

Assim, quando vejo quem celebre o 25 de Novembro de 1975, cada vez mais tenho pena que o resultado não tenha sido o oposto. Teria sido uma vacina e hoje estaríamos muito mais próximo do crescimento polaco e romeno do que da estagnação actual.

sexta-feira, fevereiro 17, 2017

Os indicadores também ficam obsoletos quando o mundo muda

A propósito de "Sem rede..." e de:
"And business is really just one type of climate. It’s also a climate that’s out of our control. And the climate is going through a tectonic shift for the ages where the conditions will never be the same again, at least not in our lifetime"
Já por várias vezes reflecti aqui sobre os indicadores criados para descrever uma realidade. Depois, a realidade muda e os indicadores continuam a ser usados para a descrever. No entanto, deixam de ser representativos e na interpretação da sua evolução cometem-se erros.

A propósito dos recordes referidos em "O que os números das exportações me sugerem", como os compatibilizar com esta linguagem?
"Portugal recuou 13 posições no Índice de Liberdade Económica de 2017 e está agora no 77º lugar, de acordo com o relatório anual da Fundação Heritage. A diminuição da liberdade económica medida pelo índice é justificada por desafios que exigem um ajuste urgente da política económica e reformas que perderam impulso.
“Portugal continua a enfrentar desafios que exigem um ajuste urgente da política económica. As reformas anteriores, que ajudaram a modificar e diversificar a base produtiva da economia, perderam impulso”, refere o relatório que analisou este ano 186 economias do mundo. Os dados foram divulgados na quarta-feira pela fundação sediada em Washington, nos Estados Unidos, e citados pela agência “Lusa”.
...
“Apesar dos sólidos contextos institucionais, como um quadro empresarial eficiente e um sistema judicial independente, o setor público endividado e ineficiente desgastou o dinamismo do setor privado e reduziu a competitividade global da economia”, explica o relatório sobre Portugal."
Apesar de lamentar a reversão das "reformas anteriores" acho que actualmente a situação é esta:

Os políticos podem pensar que não há trade-offs: recordar "Acham isto normal? Ou a inconsistência estratégica! Ou jogar bilhador como um amador!"

Se as acções dos políticos na primeira década do século XXI se conjugavam com o contexto e contribuíam para dizimar as PME do sector transaccionável. Agora, com o reshoring em força em curso, alteração do contexto... os muros que os políticos levantam não são nada em frente à onda gigantesca do regresso dos clientes ao Ocidente por causa da emergência da importância da proximidade (recordar os descontos) e do aumento dos custos na Ásia.

Recordar os indicadores também ficam obsoletos.

quarta-feira, novembro 16, 2016

Curiosidade do dia

"Chegámos ao ponto em que os que defendem novos modelos de negócio aparecem caricaturados como gente sem escrúpulos que se está nas tintas para os modelos mais antigos, como se fosse essa a opção. Chegámos ao ponto em que os grandes beneficiários da globalização se esquecem dessa mesma circunstância, alinhando em discursos antissistema.
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E a verdade é que, do lado dos que defendem a sociedade aberta, dos que acreditam que o crescimento e o emprego surgem mais consistentemente em países com maior liberdade económica, não tem havido capacidade para reagir a esse discurso.
 .
A eleição de Trump é mais um passo na afirmação do modelo de sociedade fechada, não é um passo qualquer. Quando o Presidente dos EUA, país que, mais do que nenhum outro, soube ser a reserva das liberdades, se permite relativizar a liberdade, menosprezar o livre comércio ou a livre circulação, estamos perante um sério revés do modelo de sociedade em que firmemente acredito."
Trecho retirado de "A crise das sociedades abertas"

terça-feira, dezembro 15, 2015

Obrigar clientes com o apoio do governo não é uma base para ser exportável

O sector metalomecânico é o campeão português das exportações.


Exportar significa ser capaz de seduzir clientes, de ir ao encontro das suas necessidades e expectativas e, ser capaz de bater concorrentes estrangeiros alternativos.
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O mesmo sector metalomecânico tem de, deve, pensar seriamente num cenário futuro em que o T-TIP seja aprovado (recordar "Para direcções associativas que pensam à frente" e "Ainda acerca do impacte do T-TIP"). Ou seja, prioridades, IMHO:
  • seduzir clientes que são livres e ajudá-los a criar valor;
  • procurar transformar-se para minimizar as ameaças trazidas pelo T-TIP e criar oportunidades.
Entretanto, leio "Campeã das exportações quer valer 3% do PIB em 15 anos". E qual é a ênfase?
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"“Se o Portugal 2020 apostar neste sector obrigando a que as novas fábricas sejam construídas em estrutura metálica e não em betão; se obrigar que a reabilitação dos centros urbanos seja feita com base em estruturas de aço; e , ainda, se forem financiados os projetos inovadores que o sector possui, estou plenamente convencido que, no espaço de 15 anos, chegaremos aos 3% do PIB português”, afirmou ao Dinheiro Vivo, Filipe Santos da CMM, Associação portuguesa de construção metálica e mista."
Fará sentido?
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Não será preferível desenvolver a proposta de valor?
Não será preferível trabalhar o pricing para mostrar uma eventual superioridade do metal face ao betão?
Porquê querer ganhar vantagem obrigando os clientes, retirando-lhes liberdade de escolha?
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E isto:
"“Algo não funcionou na estratégia de dar prioridade ao betão nos quadros de verbas europeias que vigoraram entre 1986 e o final do QREN”, [Moi ici: E construir em metal, só por ser em metal é diferente do betão?] aponta Filipe Santos, lembrando que o objetivo para estes novos anos do Portugal 2020 deve passar por construir espaços que permitam a criação de valor. [Moi ici: O que é que isto quer dizer? O estádio de futebol de Aveiro ... que valor cria? O valor não é criado pelas paredes, o valor é criado pelo know-how que vai habitar aquelas paredes] Mesmo na construção."
Isto fará sentido?
"“As verbas serem dirigidas para a construção não oferece problemas se for, por exemplo, para construir fábricas modernas que produzam produtos competitivos no mercado internacional. O essencial é [Moi ici: Duvido que a competitividade venha das paredes] que essa construção seja verdadeiramente durável, mais económica, mais amiga do ambiente e, acima de tudo, exportável. Isso só acontece com a construção metálica”, disse."
Uma luz, IMHO, apesar de tudo com:
"Neste momento, a CMM está a “trabalhar em diversas frentes”, mantendo parcerias com a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Um dos projetos mais reconhecidos é o “Portugal Steel” que reúne projetistas, fabricantes de máquinas e aço e armazenistas de aço de forma a promover a construção metálica em Portugal e internacionalização das empresas do setor." [Moi ici: Criar um cluster, um ecossistema da procura que aposte na internacionalização, na co-criação de valor e não em rendas decorrentes de imposições governamentais que funcionam cá mas não preparam as empresas para competir lá fora]

segunda-feira, dezembro 14, 2015

Um arrepio

Devo ser muito beato...
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Li "DowDuPont: the chemicals between us" e arrepiei-me...
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Um exemplo perfeito do modelo de maximizar o retorno do accionista como o objectivo, em vez da consequência:
"1+ 1 = 3. That’s the philosophy behind the $120bn combination of Dow Chemical and DuPont, announced on Friday morning. Alas, the equation refers to the number of companies to be created, not yet value for shareholders. The immediate combination — cleverly titled DowDuPont — is intended as a stepping stone to a separation into three more focused companies.
...
The three companies to be created down the road are focused on agriculture science, materials, and a grab bag of leftovers. The first is the most exciting. Competitors Syngenta and Monsanto trade at premium ratings, and may be future buyers of DowDuPont agriculture.
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Both Dow and DuPont have been big acquirers over the years — Dow spent $16bn on chemicals maker Rohm & Hass in 2009, and DuPont $6bn on nutrition company Danisco in 2011. Since those deals, however, there have been a flurry of cost cuts, asset sales, and lay-offs to boost returns. Bulking up, then, was not enough. Will streamlining work better? It well might, until we are again told that scale, diversification, and sharing best practices are the way to go."
Há anos que o crescimento e o retorno para os accionistas tem sido conseguido através de aquisições, eficiência e cost-cutting. Agora chega-se ao extremo de preparar as empresas para através de uma fusão serem depois partidas para darem mais retorno para os accionistas.
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E criação de valor para os clientes?
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OK, estas actividades são legais e longe de mim querer proibi-las. IMHO são mais um sintoma da incapacidade, ou da dificuldade das empresas grandes, dos Golias, lidarem com as exigências de Mongo.
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Desde que haja liberdade económica, desde que as rendas não sejam impostas por monopólios formais e legais, tudo bem, no fim ganhará quem melhor servir os clientes num mundo em mudança.

Recordar "Os Muggles só conhecem folhas de cálculo" e "O padrão Mongo"

quinta-feira, julho 10, 2014

Mais um exemplo da reacção dos incumbentes a Mongo

Lê-se "Why Nations Fail" de Daron Acemoglu e percebe-se o pavor que os incumbentes, políticos e económicos, têm da destruição criativa.
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O exemplo da ascensão de Veneza, com base na liberdade económica e instituições inclusivas, e que depois entra em espiral de decadência, motivada em parte pelo proteccionismo dos instalados, políticos e económicos, que preferem desenvolver instituições extractivas, é uma boa referência.
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Cá está a reacção a Mongo, por parte das instituições extractivas que têm de alimentar as suas clientelas: "Governo catalão quer bloquear acesso à plataforma de partilha de quartos Airbnb".

sexta-feira, junho 27, 2014

Baixos níveis de produtividade casam bem com instituições extractivas

Leio em "Why Nations Fail":
"Extractive institutions are so common in history because they have a powerful logic: they can generate some limited prosperity while at the same time distributing it into the hands of a small elite. For this growth to happen, there must be political centralization. Once this is in place, the state - or the elite controlling the state - typically has incentives to invest and generate wealth, encourage others to invest so that the state can extract resources from them, and even mimic some of the processes that would normally be set in motion by inclusive economic institutions and markets.
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The potential for creating extractive growth gives an impetus to political centralization
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The growth generated by extractive institutions is very different in nature from growth created under inclusive institutions, however. Most important, it is not sustainable. By their very nature, extractive institutions do not foster creative destruction and generate at best only a limited amount of technological progress."
Por isso é que os governos gostam tanto de fundos e quadros comunitários, permite-lhes dar um arzinho de liberdade económica e, apoiar as elites quando os seus projectos forem, eventualmente, vítimas da destruição criativa.
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Por falar em destruição criativa... imagino o choradinho que ainda vamos ver por causa disto "Higher education - Creative destruction".

segunda-feira, junho 16, 2014

"Rendimentos dos pescadores "têm de melhorar""

"O presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, salientou hoje que o investimento público em infraestruturas no setor das pescas tem de se traduzir na melhoria do rendimento dos pescadores.
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"Não podemos ficarmo-nos apenas por aquilo que estas infraestruturas significam de construção física, elas têm de ter efeito e o efeito que têm de ter neste caso é o efeito de reverterem em benefício do rendimento dos pescadores e do rendimento de todos aqueles que intervêm nesta cadeia", frisou.
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esse sentido, apelou à "valorização das características das pescas nos Açores","
Leio este texto e fica-me um travo adstringente na boca...
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Quem são os maiores interessados no aumento do rendimento de quem intervêm na cadeia? E se existe esse interesse genuíno dos intervenientes na cadeia, por que é que ele não acontece?
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Quem é que tem a ganhar com a manutenção do status-quo?
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Quais são as barreiras que impedem a entrada de novos actores na cadeia (ecossistema)?
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As novas infraestruturas alteraram alguma dessas barreiras?
"Vasco Cordeiro considerou que deve existir também uma "valorização de espécies que já são capturadas na região, mas não têm aproveitamento comercial", acrescentando que a intervenção da "marca Açores" também deverá contribuir para o aumento do rendimento dos pescadores."
Por que tem de ser um outsider a falar sobre isto?
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Os meus preconceitos levam-me a dizer, aumentem a concorrência, dêem mais liberdade económica aos pescadores, deixem-nos criar novos mecanismos de comercialização do seu peixe.
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Trechos retirados de "Rendimentos dos pescadores "têm de melhorar""

domingo, março 09, 2014

Salários e produtividade (parte II)

De certa forma, em resposta às afirmações de Belmiro de Azevedo referidas em "Salários e produtividade", aparecem as de Braga da Cruz em "Braga da Cruz defende que produtividade aumenta com "especialização produtiva"".
"Assim, frisou o ex-ministro da Economia, “só aumentamos a produtividade quando mudarmos o perfil daquilo que fazemos, quando nos especializarmos, quando integrarmos mais tecnologia, mais inovação e quando valorizarmos mais o conhecimento. Isso é garantir os fatores de competitividade que se prendem com a qualificação das pessoas e com a capacidade dos empresários fazerem diferente. Só depois disso é que a produtividade aumenta”."
Algumas notas sobre a afirmação:

  • se há coisa que aprendi nestes 27 anos de vida profissional ligada às empresas é que "anything goes" é mesmo verdadeiro;
  • assim, nuns casos o futuro passa por mais tecnologia embutida nos produtos (recordar a série "meter código". No entanto, muitas vezes associa-se o "mais tecnologia" a uma fórmula de sucesso garantido e, isso, está longe de ser verdade;
  • noutros casos, como o da artesã, o futuro passa por mudar de mercado sem mexer no produto;
  • noutros casos, o futuro passa por mudar de modelo de negócio;
  • noutros casos, o futuro passa por apostar no marketing e criar marcas próprias;
  • noutros casos, em quase todos os casos anteriores, o futuro passa por apostar no pricing. Há muito a aprender nas empresas e, sobretudo na academia com Marn e Rosiello ou com Simon e Dolan;
  • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por baixar as barreiras legais e para-legais à entrada de novos participantes;
  • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por uma sociedade que deixe de ver o lucro como uma "judiaria" tolerada;
  • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por uma sociedade que perceba que o lucro de uma empresa não é dinheiro do "patrão", é dinheiro da empresa;
  • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por uma sociedade que perceba que "a vida é como os interruptores, umas vezes para cima e outras vezes para baixo", não por má gestão, incompetência ou ilegalidades mas porque os clientes mandam e mandam mesmo e, umas vezes gostam do vermelho e outras preferem o amarelo. Azar de quem apostou no vermelho. É a vida!
  • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por desenvolver relações amorosas com clientes e outras partes interessadas do ecossistema da procura. Estão a ver Braga da Cruz a falar de relações amorosas? Isso dá votos? Isso dá apoios, bolsas e subsídios?
  • em todos os sectores de actividade económica, o futuro passa por fazer escolhas, por vezes dolorosas, por vezes é preciso "matar um filho" (abandonar um produto ou serviço que deixou de ser rentável), por vezes é preciso "despedir" clientes (recordar Stobachoff);
  • considero fundamental aquele ponto "e com a capacidade dos empresários fazerem diferente". E quando eles não querem, ou não sabem, ou não podem? (Recordar que nós humanos somos satisficers, não maximizers) Vai um governo socialista intervir? E os burocratas de um Estado socialista sabem o que é que o mercado vai preferir? (Allende devia ser recordado também por esta loucura). E os burocratas de um Estado socialista vão nacionalizar as empresas? Acredito naquela frase de Deming para os empresários "It is not necessary to change. Survival is not mandatory." Por isso, é que a concorrência, a liberdade de entrar e sair no mercado é fundamental;
  • cuidado com a aposta cega na qualificação das pessoas, aqui trabalhadores, se os trabalhadores ficam qualificados mas não há procura para as qualificações que eles possuem... azar! Emigração, e pressão para salários mais altos do que a riqueza gerada... (recordar "Treta e obrigado")
  • só para terminar, os académicos que fazem estas afirmações bem intencionadas e ... sãos os que diziam isto do calçado há 9 anos "Para reflectir"
"Sempre que ouvirem um economista, um consultor, um ministro, botar faladura sobre o que devem ou não devem fazer, lembrem-se sempre deste texto" (daqui)

domingo, novembro 10, 2013

Abraçar a mudança em vez de tentar incorporá-la

Mais um artigo interessante de Clayton Christensen, "Online education as an agent of transformation".
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Começo por sublinhar a história do barco a vapor, já lá vão cerca de 200 anos mas as forças são as mesmas que continuam a actuar hoje:
"WHEN the first commercially successful steamship traveled the Hudson River in 1807, it didn’t appear to be much of a competitive threat to transoceanic sailing ships. It was more expensive, less reliable and couldn’t travel very far. Sailors (Moi ici: Os incumbentes instaladosdismissed the idea that steam technology could ever measure up — the vast reach of the Atlantic Ocean surely demanded sails. And so steam power gained its foothold as a “disruptive innovation” in inland waterways, where the ability to move against the wind, or when there was no wind at all, was important. (Moi ici: Podemos alterar o texto a negro para o ajustar a muitos outros exemplos e manter os sublinhados a vermelho)
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In 1819, the technology vastly improved, the S.S. Savannah made the first Atlantic crossing powered by steam and sail (in truth, only 80 of the 633-hour voyage was by steam). Sailing ship companies didn’t completely ignore the advancement. They built hybrid ships, adding steam engines to their sailing vessels, but never entered the pure steamship market. Ultimately, they paid the price for this decision. By the early 1900s, with steam able to power a ship across the ocean on its own, and do so faster than the wind, customers migrated to steamships. Every single transoceanic sailing-ship company went out of business.
Traditional colleges are currently on their hybrid voyage across the ocean.
Like steam, online education is a disruptive innovation — one that introduces more convenient and affordable products or services that over time transform sectors. Yet many bricks-and-mortar colleges are making the same mistake as the once-dominant tall ships: they offer online courses but are not changing the existing model.
...
The lessons from any number of industries teach us that those that truly innovate — fundamentally transforming the model, instead of just incorporating the technology into established methods of operation ­ — will have the final say."
Talvez a melhor forma de actuar não seja tentar incorporar a mudança na empresa incumbente... talvez seja mais fácil criar uma empresa paralela, dar-lhe o capital de semente e atirá-la aos lobos para que se desenrodilhe e aprenda a criar um novo modelo de negócio adequado à nova realidade que aí virá. Se o não fizer e se houver suficiente liberdade económica, a sua empresa de hoje acabará como esta "Blockbuster fechará lojas e centros de distribuição nos EUA em janeiro".
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BTW, Christensen escreve sobre esse mundo conservador que são as universidades... pois, estão a ver o filme.

quinta-feira, novembro 07, 2013

Mais um sintoma de Mongo...

Via @tpascoal mais um sintoma de Mongo em "McDonalds Wants To Start 3D Printing Happy Meal Toys For Unhappy Kids".
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Para mim, mais importante do que o exemplo concreto do que a McDonalds está a equacionar fazer, é a liberdade de pensamento e actuação que lhe está subjacente. A McDonalds, campeã do low-cost, campeã da uniformização, vê na impressão 3D uma forma económica de satisfazer melhor os seus clientes... já dá para imaginar o que poderá ser o passo seguinte:

  • acabar com a produção e as compras dos brindes na Ásia;
  • começar a produzir em algumas lojas, print-on-demand;
  • começar a usar o print-on-demand com um atractor mais.
Variedade sem complicar a produção, sem o problema do inventário... é um modelo de produção que confunde qualquer clássico de gestão de operações... IoT é isto.

terça-feira, outubro 02, 2012

Haverá dinheiro público nisto?

"Herdade alentejana investe 14 milhões na produção de azeite"
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Quantos desses 14 milhões são dinheiro público?
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Que um privado use o seu dinheiro para apostar num negócio onde já há excesso de capacidade, "no problema". O ponto mais importante da liberdade económica é esse mesmo, a liberdade de entrar, as baixas barreiras à entrada.
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O que me preocupa é a continuação do desvio, da canalização de investimento público para mais uma bolha, a bolha azeiteira.
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Bolha do imobiliário, bolha das pescas em Espanha, bolha do turismo, bolha, bolha, bolhas por todo o lado.
"O azeite foi escolhido em detrimento de outros produtos agrícolas como o vinho, por exemplo, por ser “muito fácil de negociar” disse o administrador da herdade. “É uma ‘commodity’ internacional que se compra e vende a pronto [pagamento]”.
O contrário do que se prega aqui no blogue (sublinho que se trata de uma opção de negócio legítima, honesta e racional... dai o paradoxo de que se fala aqui).

Quantidade, granel, commodity, sem paixão... é só azeite.
"Embora venda azeite a granel para oito dos maiores compradores do mundo, a Herdade Maria da Guarda não quer ser a maior, "queremos ser os mais eficientes”, afirmou Cortez de Lobão."
Pobres gregos cheios de escrúpulos ... um tesouro à espera de um suiço apaixonado por azeite.

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Não faz sentido, para uma PME, procurar "ser o melhor" (parte II)


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Competir para ser o melhor leva, inevitavelmente, a uma competição destrutiva de soma nula que ninguém pode vencer. À medida que as ofertas convergem, o ganho de uns é a perda de outros. Esta é a essência de um jogo de soma nula. Eu só ganho se tu perderes.

Nesta competição convergente, de cada vez que uma empresa faz um movimento, os seus rivais saltam logo para o igualar. Com todos a correrem atrás do mesmo cliente, cada venda será um autêntico concurso sobre quem desconta mais no preço. Assim, ao longo do tempo, os rivais começam a parecer-se cada vez mais uns com os outros à medida que as suas diferenças se esbatem.

Os clientes não ficam com mais nada senão com o preço como base para fazerem uma escolha entre fornecedores.

Esta inevitável descida para a competição pelo preço é, nos negócios, o equivalente da destruição mútua assegurada. E não são só os produtores que sofrem. Clientes, fornecedores, e empregados tornam-se muitas vezes danos colaterais quando os rivais são espremidos para serem forçados a cortar nos custos. Quando tudo o resto falha e a pressão nos preços acabou por destruir a rentabilidade de uma indústria, muitas vezes o remédio passa pela limitação da concorrência através da consolidação.

Naquilo a que a teoria económica clássica chama de “concorrência perfeita,” rivais mais ou menos equivalentes vendendo produtos mais ou menos equivalentes enfrentam-se e fazem descer os preços (e lucros). Esta é a essência da competição para ser o melhor. De acordo com a teoria clássica, a concorrência perfeita é a forma mais eficiente de promover o bem-estar social. A lição ensinada no primeiro ano de Economia é a de que o que é bom para os clientes (preços mais baixos) é mau para as empresas (lucros mais baixos), e vice versa.

Os clientes podem beneficiar de preços mais baixos à medida que os rivais se imitam entre si e igualam as ofertas, mas também podem ser forçados a sacrificar a possibilidade de escolha. Quando uma indústria converge em torno de uma oferta standard, o cliente “médio” pode tirar um bom partido da situação. No entanto, é preciso lembrar que as médias são compostas por alguns clientes que querem mais e outros que querem menos. Assim, existirão indivíduos em ambos os grupos que não serão bem servidos pela média. As necessidades de alguns clientes podem ser claramente excedidas pelas ofertas disponíveis enquanto que as necessidades de outros podem não ser atingidas pelas ofertas existentes. (Fantasmas estatísticos e aqui também)

Sempre que a escolha é limitada há valor que é destruído. Como cliente, ou se paga demasiado por extras que não fazem falta, ou se é forçado a ficar com o que é oferecido, ainda que não seja o que verdadeiramente se quer.

Na prática, a concorrência perfeita nunca é perfeita, quer para os clientes, quer para as indústrias que os servem. Contudo, Porter sublinha, com algum alarme, que é precisamente este tipo de concorrência de soma nula que representa o pensamento dominante no mundo da gestão. (e aqui)


Trechos adaptados, com alguma liberdade, do primeiro capítulo de "Understanding Michael Porter" de Joan Magretta.

quarta-feira, junho 29, 2011

O nosso retrato, o retrato de uma economia socialista (parte III)

Continuado da parte II.
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Em tempos descobri que éramos conhecidos como a "Portuguese trap".
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Pois bem, depois de ter descoberto o paradoxo de Kaldor, agora descubro "a armadilha de Pasinetti" e parece-me tão familiar:
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"According to Pasinetti an economic system at constant composition with a fixed number of sectors would run into a bottleneck due to the imbalance between continuously growing efficiency and saturating demand.
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This imbalance would allow all demanded output to be produced with a declining proportion of labour and of the other productive resources. Such a bottleneck, which from now on we will call Pasinetti's trap, could be avoided by means of innovations which gave rise to new sectors and would compensate for the growing inability of incumbent sectors to generate employment. Pasinetti's reasoning can be translated into the following two hypotheses about the relationship of efficiency and variety: (Saviotti, 1996, 2007):

  • Hypothesis 1: The growth in variety is a necessary requirement for long-term economic development.
  • Hypothesis 2: Variety growth, leading to the development of new sectors, and efficiency growth in pre-existing sectors, are complementary and not independent aspects of economic development.

Irrespective of whether one agrees with Pasinetti, the imbalance between continuously growing efficiency (Moi ici: Apostando no lean, olhando para dentro, reduzindo custos, despedindo pessoal, sendo mais eficiente, desperdiçando cada vez menos) and saturating demand (Moi ici: Sem apresentar novidades, sem rasgo, sem diferenciação, com a erosão progressiva do producer surplus por causa da erosão progressiva do "perceived value in use") represents a different meaning of creative destruction. If not compensated by the emergence of new sectors (Moi ici: Isto implica liberdade económica, isto implica redução da protecção do Estado aos incumbentes, isto implica que o Estado não faz escolhas sobre o que é que merece ver a luz do dia ou não) this imbalance would bring the economic system to a halt. (Moi ici: De onde virá a nossa década perdida? Caímos na armadilha de Pasinetti com uma agravante, a protecção do Estado não resultou por causa da queda do Muro de Berlim que acelerou o vector de destruição 3 de Saviotti "3) Growing competition from emerging countries which acquire the capability to make the same goods and services as in highly developed countries bur at lower cost") In this case growing productive efficiency would entail a destruction which could be compensated by the creative emergence of new sectors."
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Como escrevi há dias, Sócrates queria seguir o exemplo da Finlândia na inovação mas não percebeu que o novo só surge quando se permite a destruição dos incumbentes instalados..

terça-feira, junho 14, 2011

Amor à primeira vista (parte III)

Continuado daqui.
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Ainda recentemente neste postal recordamos:
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"A pervasive finding in recent research using longitudinal establishment level data is that idiosyncratic factors dominate the distribution of output, employment, investment, and productivity growth rates across establishments."
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É algo em que acreditamos e que está de acordo com a nossa experiência de contacto e trabalho com as empresas.
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Neste artigo "Mental Models, Decision Rules, and Performance Heterogeneity" de Michael Shayne Gary e Robert E. Wood, publicado no número de Junho de 2011 da revista Strategic Management Journal, encontramos um conjunto de conclusões sintonizados com estas ideias que aqui defendemos há muito tempo.

"Our results provide empirical evidence for the links between mental models and performance outcomes and help explain why some managers and not others adopt strategies that are ultimately associated with competitive success. We found substantial variation in the accuracy of decision makers’ mental models and in performance. While it is certainly true that perfect mental models are not necessary to reach high performance outcomes our findings show that decision makers with more accurate mental models of the causal relationships in the business environment achieve higher performance outcomes.
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Our findings also help address an important challenge facing the strategy field about whether more accurate mental models enable managers ex ante to identify and interpret signals from their business environment that lead to superior strategic choices and performance outcomes. In our experimental study, variation in mental model accuracy is a key source of performance heterogeneity.
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Our findings also show that managers do not need accurate mental models of the entire business environment. Accurate mental models about the key principles of the business environment lead to superior decision rules and performance outcomes.
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The benefits of partial knowledge about the key principles far outweigh the benefits of other partial knowledge. Our findings are also consistent with prior research showing that experts with richer cognitive representations of the deep structure of problems outperform novices who typically focus on superficial features of problems. An important implication is that managers do not need to develop perfect and complete mental models of complex business environments, but should instead focus on identifying and understanding the key principles. (Moi ici: Claro que existe um outro lado... quando o mundo muda, se continuarmos a acreditar nos nossos modelos mentais... ficamos presos a fórmulas que deixaram de funcionar)
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Additionally, we find that decision rules stabilize rapidly, which explains why performance plateaus far below the potential achievable level. Rapid stabilization of decision rules is consistent with psychology research on complex problem solving that shows actors learning a new task or solving a novel complex problem quickly automate decision and action rules once they reach functional, satisficing levels of performance. (Moi ici: Daí a importância da liberdade económica para empreender e desalojar incumbentes cristalizados em práticas tornadas obsoletas, ou com um nível de desempenho longe do óptimo) Our results are also consistent with research that finds managers typically interpret information to reinforce their current mental model rather than challenge and update their beliefs.
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We did not find evidence that more accurate mental models were more important in the higher complexity decision environment.
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Perhaps in truly simple competitive environments—with smooth payoff landscapes—mental model accuracy may be less important for achieving high performance outcomes. There may also be a level of complexity that overwhelms managers’ capacity to either accurately infer causal relationships in the business environment or apply their mental models to make effective strategic choices."
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Onde é que já viram bonecos como este retirado do artigo?

    sexta-feira, maio 20, 2011

    Para quando um "Ananias" que lhes abra os olhos para que vejam a luz???!!!

    Vasconcellos e Sá, em entrevista ao semanário Vida Económica "Portugal tem falta de liberdade económica", põe o dedo na ferida, replicando vários dos temas que missionamos neste blogue:
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    O primeiro é delicioso e está relacionado com os nossos marcadores "macroeconomia" e "macro-economistas":
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    "Vida Económica - Que opinião tem relativamente à geração actual dos economistas? É muito diferente da anterior?
    Jorge A. Vasconcellos e Sá - Há dois aspectos. A maioria (nem todos) dos economistas estão hoje reduzidos à condição de simples comentadores e totalmente incapazes de desenvolver quaisquer políticas. É como se analisassem um jogo de ténis pelo marcador, em vez de pelas tácticas dos jogadores.
    Porquê? Porque perderam os instrumentos para actuarem (e não se actualizaram para aprender outros): a política cambial, a política monetária, e (também em grande parte) a política orçamental e de preços e rendimentos. O que resta pois de verdadeiramente importante? A gestão. Que para muitos economistas sempre foi uma caixa negra. (Moi ici: Só sabem mexer no preço e nos custos, não fazem a mínima ideia do que é o valor. Na linha da tareia que achamos que a academia merece! )
    Por (em segundo lugar) sempre a terem desprezado, dado (na opinião deles) não ter o formalismo da economia, e ser assim uma ciência menor.
    O que é obviamente um duplo erro. Pela acusação infundada: basta ver a elevada percentagem de artigos científicos, empíricos, nas melhores revistas académicas de gestão.
    E a esquizofrenia de não reconhecer as suas próprias debilidades: muitos artigos económicos não passam de meras construções abstractas, matemáticas, "baseadas em pressupostos de vacas redondas para assim se resolver a crise do leite". (Moi ici: Pagãos que ainda não ouviram o Evangelho do Valor, cegos que ainda não percorreram a Estrada de Damasco, para quando um "Ananias" que lhes abra os olhos para que vejam a luz???!!!)
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    O segundo tema é o da liberdade económica:
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    "VE - A situação difícil por que Portugal está a passar é culpa dos economistas ou de outros factores, entre os quais a falta de liberdade económica?
    JAVS - Um desastre destas proporções - uma economia abrilista que não consegue sobreviver sem os balões de oxigénio do FMI, apesar de inserida no bloco económico mais rico do mundo (em valor absoluto), beneficiando da moeda única e recebendo até 2,5% de fundos líquidos de Bruxelas -, uma catástrofe económica destas, dizia, não tem obviamente apenas uma causa. Tem várias. Entre elas, a falta de liberdade económica.
    A correlação entre o índice de liberdade económica e o PIB per capita dos 55 países mais ricos do mundo é altíssima (0,74). E é simples de ver porquê. Liberdade económica significa concorrência, em que, um, cada empresa é incentivada a dar o seu melhor; dois, as companhias que fazem um mau trabalho e destroem valor são afastadas do mercado; e, três, quem manda é o consumidor, com a sua soberania relativamente ao preço, qualidade e entrega. Não há tachos. Há uma meritocracia. Como dizia o povo: "quem não trabuca não manduca".

    VE - A falta de liberdade económica continua a ser um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento do país?
    JAVS - Sem dúvida. E defender o contrário é um "barrete" que muitos políticos continuam a enfiar aos portugueses, criando-lhes medo da liberdade económica."

    Que mil girassois floresçam


    Quando Sócrates reuniu com os dez maiores exportadores escrevi que estava a repetir a tolice de Zapatero.
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    Ghemawat vem defender o mesmo!!!
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    1:14 A baylout maybe necessary but is far from being suficient
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    2:30 Ghemawat não está a par do proteccionismo brasileiro?!!!
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    3:10 Apostar na PMEs para a exportação, não nas grandes.
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    5:10 A tolice de Zapatero em achar, como Sócrates, que o emprego tem a ver com as grandes empresas
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    6:10 Se o desemprego é uma prioridade, o foco devia estar nas PMEs não nas empresas do regime
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    6:20 É preciso é criar mais empresas, para isso é preciso mais liberdade económica