sexta-feira, abril 22, 2011
Treta e obrigado
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1º TRETA
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"Governo atribui liderança no desemprego de longa duração às baixas taxas de qualificação"
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O discurso dos académicos e dos políticos é um discurso da treta que não resiste a um confronto com a lógica da realidade:
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"“o esforço de qualificação dos desempregados é fundamental, porque há desempregados baixamente qualificados quando hoje a economia requer trabalhadores mais qualificados”.
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Valter Lemos sustentou que “Portugal foi mais afectado, porque é onde as taxas de qualificação são mais baixas”, considerando que “tem que ser feito um esforço para a qualificação das pessoas, porque não é possível retirá-las da situação de desemprego sem estarem adaptadas às necessidades do mercado, que exige maior qualificação”."
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Basta ripostar com os argumentos de Galbraith, tão claros para mim:
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"The problem is that poverty and unemployment are not much influenced by the qualities and qualifications of the workforce. They depend, rather, on the state of demand for labor. They depend on whether firms want to hire all the workers who may be available and at the pay rates that firms are willing, or required, to offer, especially to the lowest paid.
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Firms in the happy position of strongly expanding markets and bright profit prospects can almost always find the workers they need, either pulling directly from the pool of the unemployed or poaching qualified workers from other firms (or nations). For such firm, the costs of rudimentary job training for unskilled and semiskilled positions are secondary (como se prova facilmente com o exemplo dos portugueses que emigram para a Alemanha ou Suiça); if workers with appropriate training are not readilly available, they can be trained in-house. Conversely, firms facing stagnant demand and bleak prospects do not add workers simply because trained candidates happen to be available."
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E ainda, basta ripostar com o discurso contraditório e revelador de desconhecimento do presidente da câmara de Guimarães. o tal que na mesma frase diz que as pessoas não têm emprego porque a formação é baixa e não têm emprego porque a formação é alta...
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Os académicos e , ainda por cima lisboetas, laboram no mesmo erro:
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"A educação é um dos "sérios bloqueios em sectores muito importantes" em Portugal. "Partimos muito tarde, o que significa que temos que andar mais depressa que outros países para os apanhar", disse aos jornalistas, acrescentando que "se calhar a resposta [a este problema] está lá fora. É preciso atrair pessoas qualificadas." Mas há factores que afastam esse investimento no país, como é o caso da justiça, (Moi ici: Não consigo deixar de pensar que esta história da Justiça não passa de um mito criado pelo lobby respectivo) referiu." Então, Maria João Valente Rosa, directora do portal Pordata, julga que temos de importar gente qualificada para criar empresas... duplo erro:
1. Então não sabe que isto acontece?
2. Então não conhece estes números? Devem estar no Pordata!
Imagem daqui.
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Por fim:
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2º O MEU MUITO OBRIGADO
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"Patrões portugueses são menos qualificados que empregados"
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OBRIGADO aos patrões portugueses que aceitam o sacrifício e o risco de serem patrões nesta espécie de país. Os artigos e os comentários acerca destas notícias são sempre feitos num espírito de crítica aos patrões ignorantes... se calhar nem sabem quantos cantos têm os Lusíadas.
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A crítica devia ser feita era aos tais de qualificados que não têm coragem de avançar, que não arriscam... caso para dizer, quem está de fora racha lenha!
1º TRETA
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"Governo atribui liderança no desemprego de longa duração às baixas taxas de qualificação"
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O discurso dos académicos e dos políticos é um discurso da treta que não resiste a um confronto com a lógica da realidade:
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"“o esforço de qualificação dos desempregados é fundamental, porque há desempregados baixamente qualificados quando hoje a economia requer trabalhadores mais qualificados”.
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Valter Lemos sustentou que “Portugal foi mais afectado, porque é onde as taxas de qualificação são mais baixas”, considerando que “tem que ser feito um esforço para a qualificação das pessoas, porque não é possível retirá-las da situação de desemprego sem estarem adaptadas às necessidades do mercado, que exige maior qualificação”."
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Basta ripostar com os argumentos de Galbraith, tão claros para mim:
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"The problem is that poverty and unemployment are not much influenced by the qualities and qualifications of the workforce. They depend, rather, on the state of demand for labor. They depend on whether firms want to hire all the workers who may be available and at the pay rates that firms are willing, or required, to offer, especially to the lowest paid.
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Firms in the happy position of strongly expanding markets and bright profit prospects can almost always find the workers they need, either pulling directly from the pool of the unemployed or poaching qualified workers from other firms (or nations). For such firm, the costs of rudimentary job training for unskilled and semiskilled positions are secondary (como se prova facilmente com o exemplo dos portugueses que emigram para a Alemanha ou Suiça); if workers with appropriate training are not readilly available, they can be trained in-house. Conversely, firms facing stagnant demand and bleak prospects do not add workers simply because trained candidates happen to be available."
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E ainda, basta ripostar com o discurso contraditório e revelador de desconhecimento do presidente da câmara de Guimarães. o tal que na mesma frase diz que as pessoas não têm emprego porque a formação é baixa e não têm emprego porque a formação é alta...
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Os académicos e , ainda por cima lisboetas, laboram no mesmo erro:
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"A educação é um dos "sérios bloqueios em sectores muito importantes" em Portugal. "Partimos muito tarde, o que significa que temos que andar mais depressa que outros países para os apanhar", disse aos jornalistas, acrescentando que "se calhar a resposta [a este problema] está lá fora. É preciso atrair pessoas qualificadas." Mas há factores que afastam esse investimento no país, como é o caso da justiça, (Moi ici: Não consigo deixar de pensar que esta história da Justiça não passa de um mito criado pelo lobby respectivo) referiu." Então, Maria João Valente Rosa, directora do portal Pordata, julga que temos de importar gente qualificada para criar empresas... duplo erro:
1. Então não sabe que isto acontece?
2. Então não conhece estes números? Devem estar no Pordata!
Imagem daqui.
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Por fim:
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2º O MEU MUITO OBRIGADO
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"Patrões portugueses são menos qualificados que empregados"
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OBRIGADO aos patrões portugueses que aceitam o sacrifício e o risco de serem patrões nesta espécie de país. Os artigos e os comentários acerca destas notícias são sempre feitos num espírito de crítica aos patrões ignorantes... se calhar nem sabem quantos cantos têm os Lusíadas.
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A crítica devia ser feita era aos tais de qualificados que não têm coragem de avançar, que não arriscam... caso para dizer, quem está de fora racha lenha!
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6 comentários:
Boas Tardes!
Há alguns anos que sigo o seu blog e gosto bastante. Por vezes concordando e outras não, mas é por isso que o acho interessante.
Este post levanta-me algumas questões:
Será que para se ser empreendedor temos de criar todos uma empresa?
Será que não o poderemos ser numa empresa, criando o tão falado 'valor' dentro de uma organização já com conhecimento acumulado de anos de trabalho?
Será que anos de qualificação não poderão acrescentar nada a organizações já implementadas?
Será que todos, nos teremos que interessar e estar preocupados com burocracias e constantes negociações que se exigem numa área de gestão de topo de uma organização?
Será que não poderemos ser bons numa área técnica sem termos apetência para a gestão de uma organização?
Será que somos todos iguais?
Pareceu-me um post demasiado fundamentalista, até porque deve existir gente muito qualificada e empreendedora, tal como, gente pouco qualificada e pouco empreendedora.
Numa coisa eu concordo, parece-me que existe confusão entre empreendedorismo (predisposição individual) e qualificações (uma ferramenta de trabalho). Não existe relação directa entre uma e outra, e os governos parecem-me que andam confundidos também.
Mas como disse no início, é por isto que gosto deste blog.
Abraço
Nuno
Caro Nuno,
Obrigado pela sua companhia e pelo seu comentário.
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Quando escrevi algumas das linhas do postal equacionei que pudessem ser interpretadas ou gerar o tipo de questões que levanta.
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Tudo o que diz é verdade e mais, despedi-me da primeira e da penúltima empresa para a qual trabalhei como funcionário, quando me convidaram para funções de gestão e eu associava gestão a burocracia, a guerras, a negociações... e pensava para comigo, eu quero ser engenheiro, quero andar de sapatilhas na fábrica, quero estar de volta dos testes e ensaios da máquina, não quero usar gravata e... está a ver o filme.
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Só que para fazer aquilo que gosto acabei por ter de criar o meu próprio negócio.
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Mas a ideia fundamental daquele ponto final é ripostar contra o tipo de afirmações e insinuações que jornalistas e académicos fazem acerca do grau de preparação dos empresários.
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Repare, a senhora até acha que devíamos importar gente qualificada para criar empresas. A malta do BE até acha que as empresas deviam ser retiradas aos patrões que não tenham pelo menos uma licenciatura.
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Esse é o meu ponto, e talvez não tenha sido suficientemente claro: deixem de criticar os empresários pouco qualificados por criarem empresas, se querem criticar alguém critiquem os qualificados que não empreendem. Agora, analfabeto ou doutorado, todo aquele que empreende no sentido de contribuir para a criação de postos de trabalho e de criar riqueza, pertence à minha tribo.
(generalizando...)
Educassem de facto as escolas e mais gente qualificada teríamos a admitir que não sabe tudo. E, admitindo-o, não cristalizariam logo que terminados os seus cursos, e encontrados os primeiros empregos que garantam estatuto, dinheiro, ou ambos.
Tivéssemos mais gente qualificada a interiorizar que não sabe tudo nem é superior a quem não detém a mesma qualificação formal e teríamos de certeza mais capacidade realizadora e realizadora-empreendedora - fosse na gestão de topo, ou em qualquer função de gestão, ou de realização de trabalho técnico, ou operacional.
Tivéssemos mais gente realizadora-empreendedora e mais facilmente os gestores evoluiriam para um grau de consciência gestora/organizacional que os levasse a ser melhores - mais eficientes, e, sobretudo, mais eficazes.
Tivéssemos isto tudo e menos preguiça, e Feriados, e cagança, e mais competência concreta existiria, e os resultados estariam à vista.
Só que as escolas não podem educar neste sentido, porque os agentes são os mesmos...
E os políticos não podem mudar isto, porque os agentes também são os mesmos...
\Aranha
Apoio por inteiro a vontade e a valorização de um trabalho bem feito, seja qual a origem dele.
E tal como o Aranha disse, é importante a percepção de que cada trabalho poderá ser sempre melhorado, porque só assim avançamos.
Nuno
Concordo com quase tudo o que foi dito atrás. Concordo com o Carlos quando diz: por favor não ataquem os empresários que tiveram a ousadia de empreender - é deles que Portugal precisa. Também é verdade que alguns deles não estão suficientemente preparados...é muito difícil arriscar, por isso devem merecer todo o nosso apoio. Sem dúvida.
Relativamente aos licenciados não empreendedores, apraz-me perguntar: por onde tem andado a educação nos últimos tempos. A culpa é dos licenciados? Claro que não...
Os media, os académicos, os políticos, as pessoas não percebem que estamos à beira de uma nova economia.
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Gostaria de recordar as palavras de Steve Blank porque são mais eloquentes que as minhas, porque a mensagem é a deste blogue há anos:
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http://balancedscorecard.blogspot.com/2010/11/so-quando-esta-mais-escuro-e-que-se.html
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Temos de atingir uma massa crítica de pessoas que acreditem que Mongo está aí ao virar da esquina. E Mongo liberta a mente, porque Mongo é o mundo da micro e PME, é o mundo do nicho, é o mundo do diferente, é um mundo onde as megas empresas e instituições podem existir mas em minoria cada vez mais ameaçada.
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