sábado, julho 05, 2025

E se começássemos a experimentar responsavelmente?



No JN do passado dia 3 de Julho encontrei mais uma página usada como megafone a pedir que perdas privadas sejam socializadas, "Viticultores fartos de "empobrecer alegremente"".

Está quase a fazer um ano que publiquei aqui "O foco certo", como o tempo voa.

Recordando um empreendedor que, depois de vender a sua empresa, viajou por Israel à procura de inspiração para investimentos na área agrícola, pergunto, não há culturas de nicho utilizadas em perfumaria e na indústria farmacêutica, com forte presença em Israel devido ao seu clima semiárido e à capacidade de inovação agrícola, que poderiam ser adaptadas ao terroir do Douro, especialmente nas zonas de encosta e com solos pobres?

A resposta que o ChatGPT deu surpreendeu-me, logo a abrir:
  • Labdanum (Cistus ladanifer) - Cisto ladanífero - Utilização: Perfumaria de luxo (nota de base resinosa, quente, semelhante ao âmbar). É a minha querida estêva (chara no Alentejo). Quem diria!!!
  • Helichrysum italicum - Sempre-viva (também chamada "curry plant") - Utilização: Perfumaria (aroma quente e apimentado), cosmética e medicina tradicional (propriedades anti-inflamatórias). Altíssimo valor por quilo de óleo essencial.
  • Salvia officinalis - Sálvia - Utilização: Cosmética, perfumaria, fitoterapia (anti-inflamatória, digestiva). Mercado em crescimento com exigência por origem controlada (tradição + qualidade).
  • Calendula officinalis - Calêndula - Utilização: Cosmética e farmacêutica (regenerador da pele, anti-inflamatório). Valor comercial médio-alto com boa procura.
Em vez de continuar a pedir que "alguém lá em cima resolva", talvez esteja na hora de parar, observar o que temos, e perguntar: o que é que ainda depende de nós?

Há conhecimento, há solos, há clima, há tradição agrícola — o que parece faltar é vontade de sair da cartilha única da vinha para o benefício.

A estêva já lá está, só precisa que a olhemos com outros olhos. 

E se deixássemos de empobrecer alegremente — e começássemos a experimentar responsavelmente?

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