sexta-feira, janeiro 03, 2025

Curiosidade do dia

No JN de ontem:

Quando eu era miúdo ouvia a minha mãe dizer:
"Nunca ninguém ficou pobre por subestimar a inteligência [e credulidade, acrescento eu agora] dos outros"

Agora, imaginem o impacte disto na política:


 


Famosos? Em Mongo é diferente!

No FT de ontem apanhei "One hundred million fans cannot make you famous", mais um texto sobre aquilo que há muitos anos chamo aqui no blogue de Mongo (primeira referência é de 2007). Algo que depois encontrei em Seth Godin com o nome de Estranhistão (BTW, em 2018 Fukuyama alertou-me para o impacte de Mongo na política e coesão das sociedades).

"The inability to identify new pop culture heroes has long been a signifier of middle age. But there is usually a point at which these stars break through to a broader audience. In the past decade, however, this broader audience has become harder to find. [Moi ici: A fama está atomizada, com as celebridades a serem famosas em nichos específicos, mas desconhecidas por uma audiência mais ampla. Uma sociedade de mundos isolados que se tocam pontualmente] As viewers are funnelled towards content they will like, fame has been atomised. It is possible to have a hundred million online fans and still be unrecognisable to people in your home town. [Moi ici: Mesmo estrelas com milhões de seguidores podem ser irrelevantes fora dos seus nichos. A incapacidade de grandes plataformas unirem públicos reflecte essa ideia]

This fracturing of fame is heightened by the fact that even viewers on the same platform won’t necessarily see the same content. [Moi ici: O "planeta Mongo" simboliza uma sociedade onde não há mais narrativas ou figuras unificadoras. O texto destaca que mesmo sucessos de grande audiência, como filmes populares, não conseguem penetrar em todos os algoritmos ou contextos culturais]

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Screens still exist. But the mass audience has dispersed. 

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In the past, Cameo had to agree someone was famous enough to be on the platform. Admittedly the bar was fairly low. But CameoX drops it to the floor. Chief executive Steven Galanis says the change had to happen because the amount of fame in the world is "exponentially increasing." That's true. It is easier than ever to be seen by a large number of people online. But it's also true that it is more difficult to be seen by a truly global audience. Without that, there is no such thing as fame.  [Moi ici: Interessante, a proliferação de indivíduos que competem por atenção, a grande quantidade de criadores e plataformas impede que figuras centrais emerjam como no passado]

Comparar a situação actual com os anos 50 do século passado é impressionante: I Love Lucy era assistido regularmente por mais de 60% das famílias americanas com televisores, atingindo quase toda a população com acesso à TV. Os episódios frequentemente uniam o país em torno de uma experiência comum. Em 2024 o programa mais visto na TV provavelmente terá uma audiência bem menor em termos percentuais, reflectindo a fragmentação das plataformas e a competição com serviços de streaming, redes sociais e outras formas de entretenimento. Mesmo sendo um "hit", será apenas um de muitos conteúdos num vasto ecossistema.

E mais, mesmo quando um programa de televisão chega a um público mais vasto, é-o muitas vezes "on-demand", perde-se o efeito de acontecimento colectivo.

quinta-feira, janeiro 02, 2025

Curiosidade do dia

Em Dezembro passado, esta Curiosidade do dia era sobre a Europa versus Estados Unidos com um exemplo alemão:


Agora o exemplo português:

Caso para criar um novo cartaz:



Sustentabilidade e arquétipos

Barreiras como o custo, acessibilidade e falta de informação dificultam a adopção de produtos sustentáveis, mesmo para consumidores interessados.

As empresas frequentemente subestimam a procura por soluções sustentáveis devido a uma percepção errada, conhecida como "miragem verde", que assume uma relação binária entre o compromisso com a sustentabilidade e a disposição para pagar mais.

Estratégias personalizadas para atender a diferentes arquétipos podem desbloquear mercados significativos para soluções sustentáveis. 

Vejamos o que sublinhei em "The Myth of the Sustainable Consumer" publicado na revista MIT Sloan Management Review do Inverno de 2025:

"Sustainability has become a powerful driver of consumer behavior. People are changing what they consume, how they consume, and how they lead their day-to-day lives, motivated by a concern for sustainability. Our research has identified a consumer-driven megatrend that holds tremendous strategic opportunity for companies if they change how they think of consumer preferences for sustainable options.

The belief that there is only one type of sustainable consumer fails to recognize the diversity of consumer preferences. The stereotypical sustainable consumer who has an intense passion for all things sustainable and a high willingness to pay for sustainable goods and services across all categories accounts for only a small portion of the world's consumers. Sustainability is now a present and influential factor in how most consumers make their lifestyle and purchasing decisions. But the influence of sustainability on consumers is not uniform, neither in its intensity nor its extent.
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Champions and nonbelievers are the two archetypes that underpin what we call the green mirage. By conflating a commitment to sustainability with a willingness to pay more for it, the green mirage is the assumption that consumers have a binary relationship with sustainability: They either care about it or they don't; they are either champions or nonbelievers. Yet our more nuanced segmentation shows that the consumers who are either all-in or all-out account for less than a quarter of the general population.

All of the archetypes are frustrated by a lack of information and low trust.

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 Companies often attribute slow adoption of a sustainable solution to consumers' lack of interest in sustainability rather than to another, more likely factor, such as a product's affordability or accessibility, consumers' level of trust, or how informed they are. Those companies have what we call a perception gap because they underestimate the true demand in their market."


quarta-feira, janeiro 01, 2025

Curiosidade do dia

 


"Public sector workers are three times more likely to take mental health sick days than those in the private sector, analysis by The Telegraph has found. The number of mental health sick days taken nationwide grew by 6.6 per cent between 2020 and 2022 - from 13.7 million to 14.6 million. The latest Labour Force Survey found a 3.6 per cent sickness absence rate among state employees in 2022 - one in eight of these days was taken off for mental health conditions such as stress, depression, anxiety and serious psychiatric problems."

Trecho retirado do Daily Telegraph de 31.12.

Percepções de valor



Segunda-feira dia 30 fui, com a minha mulher, ver saldos.

É claro que pertenço a uma minoria, mas entrar numa loja e ver os produtos em exposição para venda a monte, traduz-se logo numa desqualificação da mercadoria. Recordo de 2011 aquela sensação de desprezo que os lojistas têm pelo que expõem, não, amontoam nas suas prateleiras. E não esqueço o Carnaval de 2005 em Vila Real.

Na véspera de Natal Seth Godin escreveu este postal, "The challenge of excess capacity" do qual sublinho a parte final:
"The challenge of infinity is contagious. While some freelancers are fully booked, most have hours each day unspoken for. An unspoken hour of capacity can feel like a burden.
The quest for more is seductive.
But what happens when we accept that capacity might not be excess? It might simply be capacity.
How do we start to see our way toward better, not simply more?"

Oh! Claire's!!!

O excesso contraria a percepção de valor. Seth Godin chama a atenção para o problema que surge com a produção em massa e a capacidade infinita (máquinas, YouTube). Isso transforma o que antes era especial em algo comum, porque o excesso de oferta reduz o valor percebido. A maneira como os produtos são expostos - "a monte" - reflecte uma atitude de indiferenciação, que comunica ao consumidor que aqueles itens são substituíveis, sem valor único. Peidos.

Quando a produção em massa ou a exposição descuidada trata os produtos como commodities, eles perdem a conexão emocional ou simbólica com o consumidor. O preço passa a ser o principal diferencial, empurrando os produtos para uma competição do custo mais baixo.

Produtos que são tratados como commodities têm dificuldade em justificar preços mais altos, porque o consumidor vê-os como intercambiáveis. Para subir na escala de valor, é necessário comunicar exclusividade, qualidade ou significado - um afastamento da ideia de que "é apenas mais um produto".

É preciso:
  • Posicionar o produto como algo que resolve um problema maior ou satisfaz um desejo profundo;
  • Limitar a disponibilidade ou a produção para criar desejo; 
  • Valorizar o design, a narrativa e a forma de exibição; e 
  • Ensinar o cliente sobre as diferenças que justificam o preço, como materiais, sustentabilidade ou valores éticos.
BTW, entrar numa loja Lefties e tentar conciliar o que se vê com a sustentabilidade ... é difícil não ver a hipocrisia.

BTW, entrar numa loja supostamente de produtos para o segmento médio-alto e ouvir funcionária ao telefone, atrás do balcão, a ameaçar o empregador de que tem de ser aumentada ou desaparece...

BTW, terça-feira li no WSJ um artigo sobre o reshoring que está a acontecer em força nos Estados Unidos e a falta de trabalhadores para as fábricas porque os jovens não querem trabalhar nas fábricas, isto está tudo ligado (voltarei ao tema).

Votos de um Bom Ano de 2025!

Votos de um Bom Ano de 2025!

Pick your damn sacrifices!