domingo, janeiro 26, 2025

"Carne para pensão"

No final do mês de Fevereiro de 1988 recebi o meu primeiro recibo de salário. Ainda me vejo numa sala no "pagode chinês" da Têxtil Manuel Gonçalves. Dou a minha palavra de honra, olhei para o dinheiro descontado para a Segurança Social e já sabia que para uma pessoa com a minha idade era uma farsa.

Num dos workshops que animo uso esta imagem sobre como aumentar a probabilidade de sucesso a implementar mudanças:

Depois, desenvolvo esta sequência:
E chego aquele:
"People don't change because they are told to."
A sequência não é: 
  • Analyze → Reflect -> Change.
Mas antes: 
John Kotter no seu livro "The Heart of Change" apresentou-me esta sequência com uma estória:

Numa grande empresa industrial, o gestor responsável por compras enfrentava um problema crónico: a organização comprava um número excessivo de modelos diferentes de luvas de fornecedores variados, resultando em custos elevados e ineficiências. Apesar de os dados mostrarem claramente o desperdício, os executivos não percebiam a gravidade do problema nem sentiam a necessidade de agir.

Para superar essa inércia, o gestor fez algo diferente: reuniu uma amostra física de todas as luvas compradas pela empresa e etiquetou cada uma com o respectivo custo e fornecedor. Depois, expôs as centenas de luvas numa mesa de conferências. Quando os líderes entraram na sala e viram a enorme variedade de luvas e os preços absurdamente diferentes para produtos similares, ficaram chocados.

O impacte:
  • Ver: Em vez de apenas apresentar dados e números abstractos, o gestor tornou o problema visível e tangível com as luvas na mesa.
  • Sentir: Ao verem o excesso e os custos desnecessários, os líderes sentiram indignação e urgência para resolver o problema.
  • Mudar: Esse choque inicial levou a uma decisão rápida de centralizar o processo de compras, o que reduziu custos e trouxe mais eficiência.
Esta estória ilustra como ver o problema de forma concreta e sentir o impacte emocional pode ser muito mais eficaz para iniciar mudanças do que simplesmente apresentar relatórios e gráficos. É um excelente exemplo prático do conceito de Kotter de que a mudança bem-sucedida é conduzida pela combinação de percepção visual, emoção e acção.

Como é que a mensagem do Tribunal de Contas chega às pessoas?

Entretanto, no jornal Público (que outro jornal publicaria isto?) de ontem aparece a eterna dirigente de uma tal APRe! a afirmar que o Tribunal de Contas não percebe nada da matéria e que o que há a fazer é tocar música porque a situação está cada vez melhor à custa da imigração.

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