quarta-feira, novembro 26, 2014

E quem puder dar esse acompanhamento superior (parte IV)

Parte I, parte II e parte III.
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Para terminar, um tema que me ficou atravessado desde a parte I:
"Para além de grandes marcas como a Inditex, a empresa é também procurada por pequenos designers que querem começar ou começaram recentemente uma marca própria. ... Para além de grandes encomendas, a fábrica Paula Borges, com 50 funcionários, lida frequentemente com quantidades pequenas encomendadas por designers e lojas estrangeiras, sobretudo de Inglaterra e França."
Falta de concentração estratégica, trabalhar longe da fronteira do desempenho... e a lição de Terry Hill?
Andam constantemente a saltar de um extremo para o outro.

Organizem-se!

Acerca da frase de Max De Pree:
"A primeira responsabilidade de um líder é definir a realidade. A última é dizer obrigado." 
Será que existe mesmo a realidade?
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Será que existem factos?
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Por exemplo:

Afinal em que ficamos?
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Organizem-se!

terça-feira, novembro 25, 2014

Curiosidade do dia

Dedicado ao Mário Cortes:
"Em Portugal, 40% das transferências sociais pecuniárias, incluindo aqui as pensões de reforma, destina-se aos 20% mais ricos. Para os 20% mais pobres, vai cerca de 10%.
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Na Austrália, Noruega e Dinamarca a proporção é a inversa: menos de 10% das transferências em dinheiro dirigem-se aos 20% mais ricos, ao passo que mais de 35% se destinam aos 20% mais pobres."
Trecho retirado de "Portugal é o segundo país da OCDE que concentra nos mais ricos mais transferências sociais em dinheiro"

Exemplo da distribuição de produtividades?

O tema do marcador "distribuição de produtividades" ocupa um lugar importante neste blogue já há uns anos. Ainda recentemente sublinhámos:
"Our research further indicates that more than 80 percent of all productivity variation occurs within a given sector for a given country and that there’s a “long tail” of persistently badly managed firms in all countries and across all sectors."
 Foi dele que me lembrei ao juntar estes dois textos publicados no mesmo dia, na mesma publicação :
O que também me recorda outro sector:

E é pena que não compreendam que a sua paixão é uma vantagem competitiva

Mongo por todo o lado:
"When Randy Komisar walks around his house, he sees the future of retail quite clearly. ... about two-thirds of the objects in his house are commodity products: paper towels, socks, toothpaste, and a whole pile of other things that can be bought at Wal-Mart Stores (WMT) or on Amazon.com (AMZN). The remaining third of his stuff is more distinctive and harder to procure: high-end cowboy boots, custom-made bicycles, New Belgium beer. That slim, specialized slice of commerce is arguably the best place to cultivate a retail company these days.

Turning out a noncommodity product is the only antidote to the economies of scale powering the modern retail behemoths. [Moi ici: Não nos cansamos de o escrever e defender e, por isso, apreciamos Mongo]
...
there’s room in the market for a whole new wave of specialized, hyperfocused retailers.
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1. Amazon Can’t Be Stopped … The supply chains of the retail giants, at this point, are too massive and technologically advanced to beat. Unless a product is distinctive in some way,
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2. … but Amazon Can Be Survived. There are plenty of things that giant retailers don’t do well, particularly connecting with consumers and selling small-batch stuff.
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3. Technology Makes It Possible for Small Retail to Thrive.
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4. The “Mushy Middle” Is a Wasteland. The future will get increasingly bleak for companies that don’t have the scale of Amazon or the unique wares and agility of e-commerce startups. [Moi ici: A polarização dos mercados continua, o middle-market continua a esvair-se. Esta frase provocatória exprime bem o que muitas vezes sinto "Look past the logos and you’ll find they are merely managers of vast real estate and marketing operations.". E é pena que os apaixonados empresários de muitas PME não compreendam que a sua paixão é uma vantagem competitiva]
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5. Turning Commodities Back Into Specialized Products. The true opportunities for retail entrepreneurs—the so-called white space—lie in improving products people have long considered commodities.
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6. All You Need Is Other People’s Love. Make a product people love. Provide customer service they love. And keep costs low, so prices will be equally lovable."
Agora, tentem encontrar pontes entre estas marcas, estas boutiques, estas lojas, independentes e a série "E quem puder dar esse acompanhamento superior"

Trechos retirados de "A Retail Playbook for How the Small Can Survive the Age of Amazon"

E quem puder dar esse acompanhamento superior (parte III)

Parte I e parte II.
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Um esquema sobre o que contribui para a satisfação dos clientes-alvo pode ser:
O que é que uma confecção pode prometer aos clientes-alvo identificados na parte II?
  • oferecemos alta qualidade - entregas sem defeitos, bons acabamentos e garantia de que não usamos químicos perigosos;
  • oferecemos produção flexível - aceitamos encomendas de pequenas quantidades e, facilitamos a mudança e alteração das encomendas;
  • oferecemos rapidez de resposta - praticamos tempos de resposta rápida, aproveitamos a proximidade geográfica para facilitar distribuição rápida e frequente;
  • oferecemos co-criação - temos experiência e paixão pelo que fazemos. Por isso, interpretamos o que desejam e oferecemos as nossas sugestões, somos de relacionamento e comunicação fácil, podemos dar um acompanhamento personalizado superior. Permitimos conhecimento das pessoas e das instalações;
  • oferecemos rapidez de concepção - permitimos facilidade e rapidez de amostras e permitimos visitas rápidas e frequentes. Pode sair de Paris pela manhã e regressar na noite do mesmo dia com amostras;
  • oferecemos cumprimento da responsabilidade social;
  • oferecemos menos dinheiro empatado e menor risco - moeda comum. Não precisam de encomendar contentores completos e, menor espaço temporal entre o pagamento e o recebimento, portanto, menos exigências de empate de capital.
Há, no fim disto tudo, um ponto a merecer algum receio.
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Continua.

Shift happens! (parte V)

Parte I, parte II, parte III e parte IV.
"As economists probe deeper into profit they conclude that, in the long run, given perfect markets, all economic profits get competed away, so profits only arise in the short/medium term and/or in imperfect markets. In which case the profit reflects a return grounded in some market inefficiency or monopoly that might arise through government action, information asymmetries, or innovation.
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pure profit could only arise from engaging uncertainty with imaginative practice, leading to what some call the “uncertainty theory of profit.” [Moi ici: Comparar este parágrafo com a essência na base do texto do Público referido na Parte I desta série]
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Perfect markets that have equilibrated allow no uncertainty—or profit. Innovations engage and´resolve previous uncertainties—in which event innovations generate pure profit.
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The “uncertainty theory of profit” is pretty vacuous if the relevant uncertainty cannot be defined. Strategizing in pursuit of profit therefore begins with analyzing the relevant uncertainties and goes on to analyzing engaging them, thereby going beyond merely asserting, as Knight does, uncertainty’s central place in profit-making. Profit arises from the creative ways strategists engage selected uncertainties and manage the resulting practice.
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uncertainties arise only from the different ways in which we humans know. Neither firms nor situations are uncertain, the term is a reflection of how people feel about what they know." [Moi ici: Comparar este parágrafo com a essência na base do texto do Público referido na Parte I desta série e com a frase feita de que o governo deve definir uma estratégia para o país. Recordar os marcadores "Grande Planeador" e "Grande Geometra"]
Há dias o amigo Paulo Peres, no Twitter, escreveu, citando Max De Pree:
"A primeira responsabilidade de um líder é definir a realidade. A última é dizer obrigado." 
Depois, concordamos que a frase ficaria melhor com:
"A primeira responsabilidade de um líder é definir uma realidade. A última é dizer obrigado."
Precisamente por esta última citação: "Neither firms nor situations are uncertain, the term is a reflection of how people feel about what they know"
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Trechos retirados de "Business Strategy - Managing Uncertainty, Opportunity, and Enterprise" de  J.-C. Spender.

segunda-feira, novembro 24, 2014

Curiosidade do dia

"Até outubro, a IGNIOS registou 29.705 constituições de negócios, o que dá uma média de 97,7 empresas criadas a cada dia destes dez meses.
Estão assim a nascer 5,2 empresas por cada uma que fecha, não sendo, no entanto, especificado o número de novas empresas criadas em substituição de anteriores em falência.
Os dados mostram que no bolo de empresas criadas, outubro foi um mês recorde e fundamental para a constituição de novos negócios."
Com a ressalva dos problemas do CITIUS:
"Os números hoje divulgados hoje pela IGNIOS, mostram que entre janeiro e outubro deste ano, fecharam 5698 empresas. O número ainda é muito elevado, mas está já 15,6% abaixo do registado nos mesmos dez meses de 2013 - 6748."

Deve ser o impacte da queda do BES.
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Recordar "Decoupling!!! YES!!!"
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Trechos retirados de "Número de insolvências cai 15,6% até outubro"

Ainda está neste campeonato?

Mais um texto interessante de Seth Godin:
"In a competitive market, if you do the work to lower your price by 10%, your market share grows.
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If you dig in deep, analyze, reengineer and make thoughtful changes, you can lower your price another 10%. This leads to an even bigger jump in market share.
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The third time (or maybe the fourth, or even before then), you only achieve a 10% savings by cutting safety, or quality, or reliability. You cut corners, certainly.
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The last 10% costs your workers the chance to make a decent living, it costs your suppliers the opportunity to treat their people with dignity, and it costs you your reputation.
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The last 10% isn't worth it.
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We're not going to remember how cheap you were. We're going to remember that you let us down."
E na sua empresa, como é? Ainda está neste campeonato?
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Trecho retirado de "The tragedy of the last 10%"

Diferenciação e distribuição, um tema intemporal

Muitas vezes, aqui no blogue, escrevo sobre o século XX como o século da produção em massa e da normalização.
"The idea of scale, though, isn’t something unique to the 21st century; in fact, it was the key driver of the 20th, and it all started with Henry Ford and the assembly line."
Em "Differentiation and Value Capture in the Internet Age" discute-se a "internet age" mas na verdade o tema é intemporal. Recordo os frangos Purdue vs a distribuição grande, por exemplo.
No lado esquerdo estão os que se diferenciam, no lado direito estão os donos das prateleiras, das plataformas, dos agregadores.
"To use the strategic term, [Moi ici: Os do lado esquerdo da figura] they are differentiated, and differentiated people – or products – can charge far more than their marginal cost.
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Taylor Swift is not some sort of Luddite futilely standing against the forces of modernity; rather, she is a highly differentiated content creator capturing the immense value she is creating instead of ceding it to an aggregator that treats every piece of content the same."
Claro, o campeonato que aqui pregamos:
"The thing about Internet scale is it doesn’t just have to mean you strive to serve the most possible people at the lowest possible price; individuals and focused publications or companies can go the other way and charge relatively high prices but with far better products or services than were possible previously." 

E quem puder dar esse acompanhamento superior (parte II)

Parte I.
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Agora, depois do preâmbulo da parte I, vamos ao texto recomendado pelo Ricardo Proença, "Portugal é paraíso para designers de moda internacionais".
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Trata-se de um texto muito rico e que, de certa forma, resume um dos desafios estratégicos que lanço às PME, para fugir do rolo compressor de quem vive de vender minutos, trabalhando para o segmento mais baixo.
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Com base no texto é possível identificar um conjunto de actores que podem fazer parte de um ecossistema associado às confecções que trabalham para pequenas encomendas de marcas pequenas:
Os agentes estão de fora pois não estão nem preparados nem interessados em trabalhar estas quantidades.
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Uma leitura do texto permitiu seleccionar o conjunto de 30 frases e palavras que se seguem:
Vamos usar o canvas de Osterwalder, para organizar as frases e palavras e ver como se conjugam para reforçar um modelo de negócio para as confecções que trabalham para marcas novas, marcas pequenas e designers independentes:
Continuemos, com o "desenho" dos clientes-alvo:
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Quem são os clientes-alvo?
- jovens designers, pequenas boutiques e criadores independentes. Têm marcas próprias novas ou ainda pequenas.
Onde vivem?
- europeus, sobretudo ingleses e franceses. A proximidade permite visitas rápidas ás fábricas, podem chegar pela manhã a Pedras Rubras e sair no mesmo dia à noite com amostras debaixo do braço.
O que procuram?
- sonham crescer, ganhar notoriedade, vender.
O que exigem?
- exigem alta qualidade, precisam de pequenas quantidades, produzidas com a flexibilidade de mudar e alterar encomendas rapidamente em função das reacções do mercado;
- dão muita atenção à qualidade e querem visitar a produção;
- querem acompanhar e esperam acompanhamento;
- valorizam cada modelo da colecção;
- têm preocupações sociais, por vontade própria ou por respeito aos valores dos consumidores finais das suas criações;
- têm receio de ver a marca manchada com acusações de dumping social ou de uso de químicos perigosos ou proibidos.
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Na parte III, vamos desenhar a proposta de valor que uma empresa de confecção pode oferecer, para seduzir estes clientes-alvo.

"volume is vanity profit is sanity"

Quando se formula uma estratégia, é fundamental perseverar na sua execução.
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Durante a viagem do hoje para o futuro desejado surgem:
  • as dúvidas sobre se a estratégia é a adequada;
  • as tentações, outras oportunidades, não alinhadas com a estratégia e que desviam a atenção;
  • as dificuldades levantadas por factores não previstos ou, com uma intensidade superior à esperada.
Por isso, tantas estratégias acabam por definhar e morrer.
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Este artigo "Paul Symington. O luso-britânico que fez o melhor vinho do Mundo" é muito interessante para quem tem memória e arquivo.
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Se regressarmos a Outubro de 2011, "Reflexões e perplexidades", encontramos um Paul Symington que parece derrotado, que parece encurralado pelo destino e condenado a escoar pela distribuição grande. Também podem acompanhar os comentários que fazíamos na altura e a janela de oportunidade que indicávamos: subir na escala de valor, seduzir os consumidores, é afinal a única forma de ganhar força perante as cadeias grandes da distribuição.
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Depois, avancemos para Janeiro de 2013, "Working to raise prices (parte V + 4)" e o discurso de Paul Symington é completamente diferente, parece que já não se sente encurralado, que tem uma estratégia na qual confia:
"Sucesso Futuro Exige Menos Volume e Reforço das Categorias Especiais"
E comentei na altura:
"Menos volume: menos aposta na quantidade, menos aposta no preço mais baixo, menos submissão na cadeia da procura, menos "trabalhar para o granel".
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Reforço das Categorias Especiais: maior aposta na diferenciação e requinte, maior aposta na subida na escala de valor."
Já em Janeiro deste ano, "O bom exemplo do Vinho do Porto", alguns resultados:
"Em 2013, a quota dos vinhos “premium” nas exportações superou, em valor, os 40%, representando o melhor ano de sempre nas categorias especiais, vendidas a um preço mais elevado." 
Como escrevia em Outubro de 2011, os consumidores precisam de ser educados, precisam de ser seduzidos, o que é que se tem de fazer?
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Pensar a nível de ecossistema!!! 
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Em vários projectos com medicamentos, trabalhámos os prescritores.
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Em vários projectos com materiais de construção, trabalhámos os prescritores.
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Em projectos com calçado técnico, trabalhámos os influenciadores e os prescritores.
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Quem influencia os consumidores dispostos a pagar por um bom vinho?
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Qual o papel dos resultados nestes concursos de revistas como a "Wine Spectator"? Qual o impacte nos coleccionadores? Qual o impacte nos compradores para as garrafeiras? Qual o impacte nos que desenham as cartas de vinhos dos restaurantes de Paris, Hong Kong, Londres, Nova Iorque, ... ?
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O que nos relata o artigo referido inicialmente?
"O Douro tem o melhor e o terceiro melhor vinho do planeta. A Renascença falou com o líder da família Symington, Paul, que tornou isto possível.
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O meu primo Charles fez este vinho e só fizemos seis mil caixas – uma produção muitíssimo pequena. Correu tudo na perfeição em 2011 e achamos que temos um belo vinho. Quem me dera ter um pouco mais porque está tudo vendido. Com este prémio toda a gente o quer e nós não temos.
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Da próxima vez que houver um “vintage”, e isso só ocorre duas ou três vezes por década, vamos ser mais procurados por coleccionadores e compradores.
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As empresas estão a reconhecer que o futuro é não vender mais volume, mas menos e com margens melhores. [Moi ici: Um dos lemas deste blogue] Não podemos fazer um vinho barato no Douro. Aí é que está o nosso futuro."

domingo, novembro 23, 2014

Curiosidade do dia

Estes dias de chuva miúda e de humidade são bons para ver anfíbios.
Este tritão da figura, apanhei-o a atravessar uma estrada alcatroada. A primeira reacção foi de alegria por ver um adulto vivo e de boa saúde, a segunda foi a de não reprimir um sorriso, estes bichos são tão desajeitados a caminhar num terreno plano.

Acerca da estratégia

"engaging in strategic planning isn’t the same as having a strategy (in fact, an organization can have a well-written strategic plan, but no real strategy).  Strategy is much more about choices than it is a plan."
Estratégia é o caminho que nos leva do hoje para o futuro desejado. Contudo, estratégia é também e, primeiro, escolher qual é o futuro desejável possível, tendo em conta o nosso ADN e o contexto e constrangimentos enfrentados.
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Trecho retirado de "Why Managers Don’t Understand Strategy, Part 1: The Tyranny of the Strategic Plan"

E quem puder dar esse acompanhamento superior (parte I)

Um leitor deste blogue, o Ricardo Proença, apontou-me para este texto "Portugal é paraíso para designers de moda internacionais".
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Antes da análise de um texto tão rico, proponho reflectir sobre uma conversa que tive esta semana numa fábrica.
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Em tempos escrevi sobre esta relação:
"Um par de sapatos sai de uma fábrica no Brasil a custar 10€ (fase da extracção de valor).
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O mesmo par de sapatos é vendido pela marca às lojas a 30€ (fase da captura de valor).
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O mesmo par de sapatos é vendido ao consumidor na loja a 90€ (fase da originação de valor)."
Na fábrica falaram-me sobre a necessidade de subir em 5 euros o preço do produto que fabricam em regime de private label. Subir o preço médio em 5 euros não significa aumentar o preço para os produtos que fabricam para os clientes actuais. Significa procurar, migrar para outro segmento de clientes e fabricar outro tipo de produtos.
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Assim, um aumento de 5 euros na fábrica é o mesmo que falar de um produto na prateleira da loja que custa mais cerca de 45 euros:
O produto que é fabricado e vendido por 45 euros mais, precisa de um tempo de produção superior, precisa de um acabamento superior, precisa de um cuidado, de uma atenção e de um mimo superior.
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E quem puder dar esse acompanhamento superior tem uma vantagem competitiva.
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E volto ao tema da produtividade. O eficientismo vê o aumento da produtividade como fruto do aumento do ritmo produtivo, produz-se cada vez mais quantidade em menos tempo.
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A nossa proposta para o aumento da produtividade, na maioria das PME, passa pelo caminho oposto. Menos anorexia na passadeira de corrida e, mais tempo para produzir algo que tem um valor potencial muito superior.
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E vamos ligar isto ao texto que o Ricardo Proença enviou.
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Continua.

O monstro é imparável

Agora que anda por aí mais um choradinho dos "construtores de mundos perfeitos": é preciso uniformizar a fiscalidade das empresas em todo o espaço da UE.
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Alguns até defendem, em simultâneo, a existência de fiscalidade mais baixa para as empresas que se estabelecerem no interior... e não percebem a relação.
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Entretanto, o monstro cá do burgo continua na sua voracidade imparável.
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Segundo o relatório  "Paying Taxes 2015" da consultora PwC a média para a UE e EFTA é:

Nós por cá, país da periferia, país com poucos habitantes e baixo poder de compra, temos:

Conclusão, se uniformizarem a fiscalidade para as empresas na UE, a fiscalidade para as pessoas em Portugal ainda teria de crescer muito mais para compensar o alimento para o monstro, já que é inconstitucional reduzir a despesa do estadinho.
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No primeiro texto, encontro:
"O presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal considera o valor elevado, tendo em conta a rentabilidade das empresas."
Este senhor, 9 em cada 10 vezes que aparece nos jornais é para pedir apoios, subsídios e benesses. A outra vez é para protestar contra a fiscalidade. Duh! De onde é que ele pensa que o dinheiro que ele pediu, para as outras nove, vem? Um verdadeiro jogador amador de bilhar.

sábado, novembro 22, 2014

Curiosidade do dia

Primeiro ao longe, durante a caminhada da manhã, pareciam-me... mas eram tão grandes para ser:
Resolvi aproximar-me... pelo caminho sobre a terra fofa ainda tive oportunidade de ver pegadas do que me pareceu um javali, mas devo estar enganado. Quando cheguei, para meu espanto confirmei o que era:
Três conjuntos de cogumelos gigantes. Nunca vi nada assim.

Para terem uma ideia da dimensão dos cogumelos, na figura seguinte pode-se comparar a dimensão da minha sapatilha tamanho 42 com aquele conjunto de 4 cogumelos da figura acima:

A fórmula para um mundo perfeito

"Then the economists, many on the left but some on the right, in quick succession 1880 to the present - at the same time that trade-tested betterment was driving real wages up and up and up - commenced worrying about, to name a few of the grounds for pessimisms they discerned concerning ”capitalism”: greed, alienation, racial impurity, workers’ lack of bargaining strength, women working, workers’ bad taste in consumption, immigration of lesser breeds, monopoly, unemployment, business cycles, increasing returns, externalities, under-consumption, monopolistic competition, separation of ownership from control, lack of planning, post-War stagnation, investment spillovers, unbalanced growth, dual labor markets, capital insufficiency, peasant irrationality, capital-market imperfections, public choice, missing markets, informational asymmetry, third-world exploitation, advertising, regulatory capture, free riding, low-level traps, middle-level traps, path dependency, lack of competitiveness, consumerism, consumption externalities, irrationality, hyperbolic discounting, too big to fail, environmental degradation, underpaying of care, overpayment of CEOs, slower growth, and more.
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One can line up the later items in the list, and some of the earlier ones revived à la Piketty or Krugman, with particular Nobel Memorial Prizes in Economic Science. I will not name here the men (all men, in sharp contrast to the method of Elinor Ostrom, Nobel 2009), but can reveal their formula: first, discover or rediscover a necessary condition for perfect competition or a perfect world (in Piketty’s case, for example, a more perfect equality of income). Then assert without evidence (here Piketty does a great deal better than the usual practice) but with suitable mathematical ornamentation (thus Jean Tirole, Nobel 2014) that the condition might be imperfectly realized or the world might not develop in a perfect way. Then conclude with a flourish (here however Piketty falls in with the usual low scientific standard) that “capitalism” is doomed unless experts intervene with a sweet use of the monopoly of violence in government to implement anti-trust against malefactors of great wealth or subsidies to diminishing-returns industries or foreign aid to perfectly honest governments or money for obviously infant industries or the nudging of sadly childlike consumers or, Piketty says, a tax on inequality-causing capital worldwide.
A feature of this odd history of fault-finding and the proposed statist corrections, is that seldom does the economic thinker feel it necessary to offer evidence that his (mostly “his”) proposed state intervention will work as it is supposed to, and almost never does he feel it necessary to offer evidence that the imperfectly attained necessary condition for perfection before intervention is large enough to have reduced much the performance of the economy in aggregate.
...
The economists didn’t say how to attain the knowledge to do it, or how much their non-quantitative advice would actually help an imperfect government to get closer to the perfect society."

Trecho retirado de "Measured, Unmeasured, Mismeasured, and Unjustified Pessimism: A Review Essay of Thomas Piketty’s Capital in the Twentieth Century" de Deirdre Nansen McCloskey.

Shift happens! (parte IV)

Parte I, parte II e parte III.
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Em "Business Strategy - Managing Uncertainty, Opportunity, and Enterprise" de  J.-C. Spender encontro esta figura:
A figura lista 4 paradigmas acerca de como se aborda a estratégia. A abordagem escolhida pelos autores do texto do Público, referido na parte I desta série, e tão disseminada na nossa sociedade, é o paradigma A.
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Segundo o paradigma A, o foco é a empresa e a realidade é objectiva.
"The Paradigm A implication is that the strategist must construct a logical theory of how to achieve the goal chosen—and articulate it into a plan. It assumes reasonable people will follow along willy-nilly because of what has been scientifically proven.
...
Ultimately a well-constructed plan is a theory about how selected resources and their relationships must lead to the goal sought. The emphasis is on completeness and logicality and there is no distinction between theory/plan and strategy."
Por isso, ouve-se, tantas e tantas vezes a afirmação, para mim "infantil":
"É preciso que o governo defina uma estratégia para o país!"
Como se a realidade fosse objectiva e igual para todos...
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O paradigma B evolui um pouco:
"Paradigm B is more realistic because it seems to bring “real people” back in.
...
presumes flexible and imaginative people are needed to provide creative inputs—for understanding is invariably incomplete and may not be rigorously logical. But it does not identify them or make them central to the analysis. OK, we discover our data is incorrect and our predictions do not turn out as expected. Likewise we are often ignorant of some of the necessary facts about the entities and their relationships until after we have acted. We get surprised. Then we muddle through.
...
Paradigm B does not hang on rigorous plans; just plans that are as-good-as-practicably-possible. It allows gaps, to be addressed later by competent and imaginative people. Many things will not be taken into consideration and the hope is that it will all work out well in the end. It is muddling through. Successful business people are those who make “good calls” in such situations, successfully judging which facts to take into account and which to ignore, and who guess well when there are no facts to be found."
A mudança do paradigma A para o paradigma B é pressionada pela falta de conhecimento objectivo completo. A realidade é tramada! O que é verdade hoje, amanhã é mentira! O que tomamos por Juno, afinal não passava de uma nuvem. As lacunas no conhecimento têm de ser preenchidas pelo julgamento do estratega com base na sua experiência. Assim, em vez do plano perfeito, aspira-se ao plano tão bom quanto possível.
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Quanto ao paradigma C:
"Paradigm C moves away from the scientific methods as normally defined. It does not assume our socioeconomic world is comprised of objective facts about things and logical causal relations between them. Rather the strategist’s universe consists of ideas that lead people to do things, especially to produce and consume.
...
In Paradigm C the strategy’s core is a production/consumption idea, the entrepreneur’s idea.
...
In Paradigm C tangible things, especially “resources,” matter strategically because they “carry” or “fasten” our expectations and desires.
...
Paradigms C and B both spin on strategic judgment. But in Paradigm C the judgment needed is not about what is missing from what is known or knowable about a real situation
...
Judgment is no longer subordinated to the logical plan. Rather the reverse. The strategy hinges on what people might be persuaded to think, how their expectations might be changed, and so induced to behave in a new way imagined by the entrepreneur."
E chegamos ao paradigma D:
"This is like Paradigm C in that it presumes the strategist’s world is made up of malleable people with changeable expectations rather than an unchangeable reality. But it goes beyond Paradigm C towards the logical limit that embraces the changeability of the entrepreneur her/himself in addition to the changeability of her/his world. Paradigms A, B, and C presume a stable entrepreneur with a chosen goal. In Paradigm A this goal drives the plan; in Paradigm B the plan + some judgments. In Paradigm C it is translated into an apparatus to persuade some other people to behave in a way that subordinates them to the entrepreneur’s goal." 
O que o paradigma A não prevê, não contempla é a surpresa, seja ela positiva ou negativa.
"Strategic work precipitates activity that goes beyond the possibilities theorized. Seeking surprise is part of the way we are, our restlessness and desire to inquire into and change (improve) the human condition. We are strategic animals and strive to learn more."

e, catorze meses depois de Setembro de 2013

Evolução do número de desempregados inscritos nos Centros de Emprego entre Janeiro de 2011 e Outubro de 2014:

Basicamente regressamos ao nível de Dezembro de 2011.
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A evolução homóloga do desemprego e a evolução mensal de desemprego entre Janeiro de 2011 e Outubro de 2014: