domingo, novembro 23, 2014

E quem puder dar esse acompanhamento superior (parte I)

Um leitor deste blogue, o Ricardo Proença, apontou-me para este texto "Portugal é paraíso para designers de moda internacionais".
.
Antes da análise de um texto tão rico, proponho reflectir sobre uma conversa que tive esta semana numa fábrica.
.
Em tempos escrevi sobre esta relação:
"Um par de sapatos sai de uma fábrica no Brasil a custar 10€ (fase da extracção de valor).
.
O mesmo par de sapatos é vendido pela marca às lojas a 30€ (fase da captura de valor).
.
O mesmo par de sapatos é vendido ao consumidor na loja a 90€ (fase da originação de valor)."
Na fábrica falaram-me sobre a necessidade de subir em 5 euros o preço do produto que fabricam em regime de private label. Subir o preço médio em 5 euros não significa aumentar o preço para os produtos que fabricam para os clientes actuais. Significa procurar, migrar para outro segmento de clientes e fabricar outro tipo de produtos.
.
Assim, um aumento de 5 euros na fábrica é o mesmo que falar de um produto na prateleira da loja que custa mais cerca de 45 euros:
O produto que é fabricado e vendido por 45 euros mais, precisa de um tempo de produção superior, precisa de um acabamento superior, precisa de um cuidado, de uma atenção e de um mimo superior.
.
E quem puder dar esse acompanhamento superior tem uma vantagem competitiva.
.
E volto ao tema da produtividade. O eficientismo vê o aumento da produtividade como fruto do aumento do ritmo produtivo, produz-se cada vez mais quantidade em menos tempo.
.
A nossa proposta para o aumento da produtividade, na maioria das PME, passa pelo caminho oposto. Menos anorexia na passadeira de corrida e, mais tempo para produzir algo que tem um valor potencial muito superior.
.
E vamos ligar isto ao texto que o Ricardo Proença enviou.
.
Continua.

Sem comentários: