terça-feira, setembro 03, 2024

O foco certo (parte III)

"In his book The Icarus Paradox, Danny Miller, ... details how the greatest trigger for organizational failure is success. The most successful organizations start to oversimply processes; become proud, insular, and immune to feedback; and lack the motivation or resources to change. Once highly effective processes, organizations, and leaders start to fail when faced with new technologies and shifting market trends. Miller named this challenge the Icarus paradox, after the Greek god. Icarus became so enamored with the flight enabled by his wax wings that he flew too close to the sun, melting the wings and falling to his death.? Miller offers eye-opening examples of market leaders rising in the markets, becoming so enamored by their own success that they fail to take precautions and then falling swiftly down their S curves.

...

How do we know when we are at point A-the tipping point between success and failure, the point where we need to shift between what we've been doing for our past success and what we need to do for the future? When all is going well, there is no reason for us to believe that our upward trajectory will ever change. The trick, therefore, is to always believe that you are at point A, to constantly scan the horizon for the next curve, even while enjoying your current success."

O consumo de vinho a nível mundial está a cair.

A importação de vinho está a estes níveis.

E a CNA, e os produtores de vinho, com o locus de controlo no exterior, colocam no governo de turno a criação de uma solução (recordar a parte II).

Ontem estava a ver um vídeo no Youtube sobre como desentupir canetas Isograph, e num dos comentários alguém escreveu que já não usava essas canetas há muito tempo porque, entretanto, o desenho por computador passou a ser a norma.

Um velho tema neste blogue: resistir ou abraçar a mudança (versão de 2010).

Nem de propósito, este postal recente de Seth Godin, "Redefining a profession".

A importância do locus de controlo no interior, a adpatação proactiva à mudança, a associação da mudança a oportunidades. A alternativa é a estagnação e o empobrecimento.

E para terminar com a ideia de foco, outro postal recente de Seth Godin, "Write for someone" mas adpatado por mim:

It's so tempting to make wine for everyone.
But everyone isn't going to drink your wine, someone is.
Can you tell me who? Precisely?
What did they believe before they tasted your wine? What do they want, what do they fear? What has moved them to choose a wine in the past?
Name the people you're making wine for. Ignore everyone else.

Parte I e parte II.

Trecho retirado de "Both/and thinking : embracing creative tensions to solve your toughest problems" de Wendy K. Smith, Marianne W. Lewis.

segunda-feira, setembro 02, 2024

Curiosidade do dia

 

O foco certo (parte II)

Já vivo neste país há muitos anos, mas é impressionante como ainda me consigo surpreender com a mentalidade portuguesa. É sempre possível cavar mais um bocado.

Numa empresa liderada por gente com o locus de controlo no interior olha-se para o contexto interno e externo, consideram-se as necessidades e expectativas das principais partes interessadas e tomam-se decisões:
  • continuar como se tem continuado;
  • mudar de mercado;
  • mudar de clientes;
  • mudar de modelo de negócio;
  • fechar e aplicar os recursos noutra coisa.
Gente com um locus de controlo interno acredita que os resultados das suas acções dependem principalmente das suas próprias decisões, esforços e comportamentos, em vez de serem determinados por factores externos como sorte, destino ou a influência de outras pessoas. 

Gente com um locus de controlo interno tende a assumir a responsabilidade pelos seus sucessos e fracassos. Acreditam que as suas acções têm um impacte directo nos resultados. Isso motiva-as a trabalhar mais arduamente e a tomar decisões proactivas para alcançar os seus objectivos.

Gente com um locus de controlo interno sente-se confiante na sua capacidade de influenciar os acontecimentos que são a sua vida. Assumem-se como motoristas, não como passageiros. Há muitos anos, aqui no blogue, usei o termo "folhas levadas pela corrente". Não, não se comportam como folhas levadas pela corrente. Essa autoconfiança faz com que sejam mais resilientes perante os desafios, pois acreditam que podem superar obstáculos com esforço e determinação.

Gente com um locus de controlo interno define metas, planeia e toma iniciativas para alcançar o que deseja, em vez de esperar que as coisas aconteçam por si só ou por intermédio de um "papá".

Gente com um locus de controlo interno são menos propensas a se sentirem vítimas das circunstâncias e mais propensas a buscar soluções para os problemas.

Agora leio "CNA pede audiência urgente ao ministro da Agricultura sobre crise no vinho" e encontro o contrário, um hino ao locus de controlo no exterior:

A CNA pede uma audiência urgente ao ministro da Agricultura, argumentando que a situação "exige uma resposta eficaz do Ministério da Agricultura"​. Este pedido reflecte a expectativa de que uma entidade externa (o governo) tome medidas para resolver os problemas enfrentados pelos produtores, o que é um indicativo de locus de controlo externo.

Os pequenos e médios produtores estão em "situação de desespero" devido às ameaças dos grandes agentes da transformação e do comércio de não comprarem uvas. A confederação menciona que os viticultores são "forçados" a vender as uvas a preços de há 25 anos e a suportar "enormes custos de produção", sugerindo que os produtores sentem que não têm controlo sobre essas condições adversas​. O que querem que o governo faça? Obrigar os "agentes da transformação e do comércio a comprarem uvas"? Obrigar os preços a subirem? Doar dinheiro impostado aos saxões para salvar os viticultores e impedi-los de mudar de vida? O que impede os viticultores de mudarem de vida?

O artigo destaca o "crescente desequilíbrio de poder de mercado entre a produção, a transformação e o comércio", sempre em prejuízo dos pequenos e médios produtores. Este comentário aponta para a crença de que forças externas (o mercado e os seus agentes) são responsáveis pelas dificuldades enfrentadas, em vez de um foco nas possíveis acções internas que os produtores poderiam tomar para mitigar esses efeitos​.

A frase “os agricultores serão obrigados a entregar as uvas ao senhor ministro da Agricultura e ao Governo” é um exemplo de como a CNA coloca a solução do problema inteiramente nas mãos do governo, sugerindo que os agricultores não têm outras opções viáveis além de depender da intervenção governamental​.

Isto é simplesmente doentio. Dificilmente sairemos desta espiral de infantilização de produtores, jornalistas e leitores dos orgãos de comunicação social. Nem a Iniciativa Liberal se atreve a contrariar as CNA's desta vida. 

Quanto ao governo de turno, recordo o ditado: Quem se deita com crianças acorda mijado.

A falta que nos fazem mais suíços e canadianos.

BTW, o artigo começa com:
"Para os agricultores, a "dramática situação do setor" exige uma resposta eficaz do Ministério da Agricultura, não se compadecendo com "paliativos, adiamentos ou silêncios ensurdecedores"."
E paliativos e adiamentos é precisamente o que a CNA está a pedir.

domingo, setembro 01, 2024

Curiosidade do dia

 Ontem no Twitter:

Deixo aqui o link para o Decreto-Lei n.º 22 469, publicado em 11 de Abril de 1933. 



A cláusula van Hallen nas fábricas portuguesas (parte II)

“Red Rabbit” é um termo utilizado em algumas indústrias nos Estados Unidos, particularmente no contexto do controlo da qualidade e dos testes de segurança. Refere-se a um defeito ou anomalia introduzido deliberadamente, utilizado para testar a eficácia da capacidade de um sistema para detetar e responder a problemas.

O que é um “Red Rabbit”?

O principal objectivo de um teste Red Rabbit é avaliar o desempenho e a fiabilidade dos sistemas de inspecção, detecção ou segurança. Ao introduzir um defeito conhecido, a organização pode avaliar se o sistema consegue identificar e tratar corretamente o problema, garantindo que o sistema funcionará adequadamente em situações do mundo real.

Os testes Red Rabbit são normalmente utilizados em indústrias onde a segurança e a qualidade são críticas, como a indústria transformadora, aeroespacial, energia nuclear e farmacêutica. Por exemplo, na produção, uma peça defeituosa pode ser colocada intencionalmente numa linha de produção para verificar se o sistema de controlo da qualidade a sinaliza como defeituosa.

O “Red Rabbit” (o defeito conhecido) é introduzido no sistema e a resposta do sistema é monitorizada. O teste é considerado bem-sucedido se o sistema detectar o defeito como pretendido. Se o sistema não conseguir detectar o defeito, isso indica uma potencial fraqueza no processo de detecção que tem de ser resolvida.

Nunca tinha ouvido falar no termo Red Rabbit. No entanto, agora percebo que já o tinha sugerido na parte I.

"Entrega-se uma nota de 5 euros a quem a vier reclamar com base nesta ficha técnica!"

sábado, agosto 31, 2024

Curiosidade do dia

Enquanto o leilão eleitoral, utilizado por governo e oposição para competir pelo eleitorado, prossegue e se intensifica, a criação de riqueza decorre desta forma (títulos do ECO na última semana):

  • Dispensados 14 fornecedores de leite da marca Pingo Doce. (27.08)
  • Empresas insolventes sobem mais de 9% no primeiro semestre (26.08)
  • Aceleração da economia da Zona Euro adiada para o quarto trimestre (26.08)
  • Empresas portuguesas não deviam tanto à banca desde novembro de 2016 (23.08)
  • Endividamento da economia sobe 15,6 mil milhões de euros no primeiro semestre (23.08)
  • Mais de seis mil trabalhadores foram despedidos em julho em Portugal (23.08)
  • Número de trabalhadores em lay-off mais do que triplica em julho (20.08)
  • Atividade económica desacelera em junho e clima económico diminuiu em julho (20.08)
  • Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte IV)

    No final da parte III volto a insistir num conjunto de teclas que rotulo de  importantes e que costumo referir aqui no blogue sempre que falo em aumentar a produtividade do país:

    Entretanto, encontrei essas mesmas teclas no FT de 29.08.2024 no artigo "Japan must slay its start-up zombies".

    Sempre que penseo em empresas zombies penso num velho esquema que desenhei em 2008:
    Quando se baixa o peço do dinheiro (juros baixos, apoios e subsídios) reduz-se a exigência de rentabilidade, reduz-se o risco, reduz-se a taxa de mortalidade das empresas, mesmo quando não ganham dinheiro, ou seja ficam zombies.

    Se as empresas zombies não morrem, recursos escassos ficam agarrados a projectos condenados a rentabilidades medíocres. No agregado, é o país que não vê crescimento da produtividade. O crescimento da produtividade de um país precisa de "turbulência". Ou seja empresas morrem e libertam recursos para novas empresas.

    "In a courageous bit of cross-platform marketing, the chief executive of Japanese investment bank Nomura has begun appearing in adverts for the country's most aggressive online job-seeking platform, Bizreach.

    ...

    But the message underlying the adverts is unmistakable: corporate metabolism has resumed in Japan after a long dormancy. A system that once inefficiently hoarded human resources is now watching those self-deploy elsewhere. ...

    After decades of resource misallocation, risk-aversion and stagnancy, Japan's job market looks more liquid. Critically, it feels like an environment where start-ups can aspire to recruiting the nation's best people, say managers at venture capital funds.

    All this provides a strong tailwind for the Japanese government, which has invested a great deal of hope and funding into transforming the country's once anaemic start-up scene. It is, on one viewing, a grasp for panacea.

    The ambitions are charged with the faith that start-ups can drive GDP growth and productivity, rescue the country from a long-term innovative tailspin and channel its talent in the right — or at least less wrong - direction. It has a belated, even desperate feel to it, but start-ups now seem to be Japan's core industrial policy.

    ...

    Under heavy government pressure, Japan's three biggest banks have begun offering start-ups loans backed against current and future cash flow, breaking their entrepreneurialism crushing habit of only lending against hard collateral such as the property of a would-be start-up founder.

    ...

    Looming over this success is a coming moment when, if it wants the private sector to come in as a big investor in its start-up market, Japan must confront what it means to have a working capitalist metabolism. [Moi ici: E Portugal também, sabem o que é que isto significa? Deixem as empresas morrer!!!] After decades of holding the cost of money as low as it can go, the country has shown a high tolerance for zombies and a low tolerance for carnage. If private money is to flow, that won't work this time.

    A start-up-driven economy, [Moi ici: O Japão precisa de fazer a transição dolorosa para abandonar 40 anos de estagnação e aposta em start-ups. É o mesmo que Portugal precisa de fazer, mas como a Irlanda, como se ilustra na parte II, acredito que será mais rápido com investimento directo estrangeiro. Mas o ponto principal é que o Japão já percebeu que não é com as empresas actuais que dará o salto. Algo que é bem ilustrado pela figura dos "Flying Geese"] with lots of private investment, only works if participants and overseers accept that failure is as necessary a function of this metabolism as success. Investment in start-ups is driven by a promise of extraordinary returns, but that promise can only be kept if everyone is tested against a pressing threat of demise. For too long, Japan's deflationary economy and ultra-low interest rates meant that low profitability survival was a valid corporate option: that would never - and did neverbring in the VCs and risk capital.

    But Japan is now normalising, and there is a real sense that things are going to break.[Moi ici: Conseguem imaginar como seria ver isto em Portugal? Conseguem imaginar como o discurso do "Ajudem-me, sou um coitadinho, sou uma vítima de uns maus" começava a acabar em prol de um pouco português "keep a stiff upper lip" mas pragmático equacionar se a situação é estrutural ou conjuntural]  The problem with an industrial policy, for all the good intentions, is that it draws legitimacy from the pledge of long-term nurture. Japan will soon see if it has a taste for state-backed destruction."

    Imaginem uma conversa destas em Portugal... imaginem dizer ao filho de cinco anos:

    "- A actuação do vosso ano na Festa de Natal do jardim-escola foi uma valente porcaria!"

    Parte I, Parte II, Parte III e Parte IV.

    sexta-feira, agosto 30, 2024

    Curiosidade do dia

     Ontem, enquanto esperava na fila da bilheteira da CP na estação de Valadares, reparava nas paredes a descascar por causa da humidade e da falta de manutenção, falta de restauração, falta de cuidado.

    Recordar a Suíça e a praia da Madalena

    No país das contas certas, com 90% do orçamento dedicado a salários e pensões não dá para mais, mas ao menos podia haver alguém que se importasse, que não ficasse só por picar o cartão, que levantasse a cabeça e pensasse.

    É pedir muito...

    Um anónimo da província acha estranho

    No Jornal de Negócios do passado dia 20 de Agosto li o artigo "Calçado português vai dar "show" na Polónia e faz mira ao Médio Oriente":
    "Depois da Hungria e da Coreia do Sul, lança mais uma ofensiva em busca de novas oportunidades de negócio em mercados pouco tradicionais, tendo marcado para outubro um "Portuguese Shoes Showcase" na cidade polaca de Cracóvia. Seguir-se-ão os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita.
    ...
    Para a APICCAPS, a procura de novos mercados é uma prioridade num período conjunturalmente muito complexo, que exige das nossas empresas uma atitude comercial mais agressiva."

    De acordo com "O Calçado no Mundo - Panorama Estatístico 2023" o preço médio de um par de sapatos:

    • Exportado por Portugal - 27,99 USD
    • Importado pela Hungria - 11,50 USD
    • Importado pela Coreia do Sul - 15,62 USD
    • Importado pela Polónia - 15,60 USD
    • Importado pelos Emirados Árabes Unidos - 6,91 USD
    • Importado pela Arábia Saudita - 5,04 USD
    Vamos ao histórico:
    • Junho de 2024 - Sem palavras ... (comparar os preços de importação acima com o poster do postal)
    "Já a Universidade Católica do Porto através do seu Centro de Estudos, no âmbito do Plano Estratégico Cluster do Calçado 2030 alerta que "o esforço de promoção internacional, seja ao nível da indústria, seja ao nível individual, carece de foco geográfico"."

    "Para não concorrer pelo preço baixo, as fábricas portuguesas terão de assegurar encomendas de gama alta, moda e luxo, ou gamas específicas como o calçado técnico. Para isso, é fundamental ter capacidade de resposta a grandes encomendas. [Moi ici: Aqui o anónimo ignorante tem uma perspectiva oposta - Mais pequenas, preços muito mais altos, ligação directa aos consumidores.] O que, por sua vez, obriga a repensar a forma como se trabalha.

    Luís Onofre, presidente da Apicapps, já o disse, na recente entrevista ao PÚBLICO: muita gente vai ter de se mentalizar de que é preciso fazer menos coisas, mas melhores. O que se pode traduzir em menos segmento médio em que o preço baixo é o factor crítico, e apostar em fazer mais para os segmentos mais exigentes."

    Um anónimo da província acha estranho. 

    quinta-feira, agosto 29, 2024

    Curiosidade do dia


    "Common Knowledge is what everyone knows that everyone knows.

    Common knowledge is why coronations and executions are held in public – not so a crowd can see the new king or the hanged man, but so a crowd can see a crowd seeing the new king or the hanged man.
    ...
    Common knowledge is ... why the Romanian government fell in 1989 after a televised protest in Palace Square, ... Common knowledge is also why the 2024 Biden/Harris campaign has collapsed.
    ...
    The dynamics of common knowledge formation are called the common knowledge game. Like all games it has rules. Like all games it has an equilibrium, which is a ten-dollar word that means it has a stopping point. 
    ...
    it didn’t matter that everyone in Hollywood knew that Harvey Weinstein was a rapist. No one’s behavior changed. No one shunned the guy. No actor turned down a role. No politician turned down a donation. His wife didn’t leave him, and his business partners just upped the D&O insurance and paid out settlements. They all knew, and I’m sure they cared a little and shook their heads in a tsk-tsk sort of way, but they didn’t care enough to change their transactional relationships with Harvey Weinstein. Because that’s the thing about private information, no matter how widespread. Even if everyone in the world believes a certain piece of private information, no one will alter their behavior. Behavior changes ONLY when we believe that everyone else believes the information. THAT’S what changes behavior.

    Just like with the Emperor’s New Clothes. Everyone in the crowd possesses the same private information — the Emperor is walking around as naked as a jaybird. But no one’s behavior changes just because the private information is so widespread and so public. Nor does behavior change just because a couple of people whisper their doubts to each other. No, the only thing that changes behavior is when the little girl (what game theory would call a Missionary) [Moi ici: Na minha ingenuidade ainda espero que a Iniciativa Liberal um dia desista de ser o maior partido português e se foque na mudança do país] announces the Emperor’s nakedness SO loudly that the entire crowd believes that everyone else in the crowd heard the news. That’s when behavior changes."

    Na sua essência, common knowledge não é apenas informação partilhada; é informação que toda a gente sabe, toda a gente sabe que toda a gente sabe, e esta cadeia de conhecimento é infinita. Este nível profundo de consciência mútua é crucial na coordenação de acções e expectativas nos grupos sociais. 

    Este balde de água fria agora está a começar a abrir os olhos a mais alguns.

    Trechos retirados de "Joe Biden and the Common Knowledge Game"

    Azeite e bacalhau - sonhos de produtividade

    Weird stuff.

    Já ouviram falar de águas ruças?

    As águas que sobram depois de prensadas as azeitonas durante o processo de produção de azeite são chamadas de águas ruças. Essas águas contêm resíduos da polpa de azeitona, polifenóis, e outros subprodutos do processo de extracção do azeite.

    Quando penso em águas ruças penso em poluição dos cursos de água (excesso de matéria orgânica e de temperatura). As águas ruças são um resíduo (BTW, estranho como é que os resíduos sólidos da produção de azeite são um problema para tratar e os líquidos não dão origem a problemas nos media).

    As águas ruças podem-se beber? Sempre li que não, que são perigosas.

    Muito estranho que o jornal Guardian trouxesse recentemente este artigo "'Nonna Caterina was right': olive oil wastewater heralded as new superfood":
    "Scientists are now turning their attention, however, to the murky, brown and previously discarded by-product of its production – olive mill wastewater (OMW) – and have discovered it may be an even more powerful superfood.

    OMW is left over after olives have been ground and their oil separated – a watery residue squeezed out from the remaining mulch.

    It was previously considered a bit of a nuisance as, if not properly managed, it can contaminate surrounding soil and water, but now it is being commended for its protective and anti-inflammatory potential.

    After hearing reports of olive farmers who had taken to drinking it for health reasons, researchers became intrigued and started investigating the waste product.
    ...
    Fattoria La Vialla, a family-run farm in Tuscany, sells OMW to customers in the UK. It comes in tiny “shot” jars and you can select sweetened or unsweetened."

     Weird!

    Faria mais sentido dar-lhes o mesmo destino que as escamas do bacalhau islandês. Imaginem o salto de produtividade.

    quarta-feira, agosto 28, 2024

    Curiosidade do dia

    Schadenfreude 

    "Sindicato diz que polícias estão "escandalizados" depois de terem visto os seus recibos de vencimento já com os aumentos no suplemento de risco. Descontos levam 50%, garante.

    ...

    “De um recibo de vencimento total de cerca de 400 euros, em média, os polícias estão a receber entre 200 e 250 euros, mediante a sua antiguidade e posição hierárquica. Ou seja, sensivelmente cerca de 50% do que está a ser pago está a ser novamente devolvido ao Governo por via de impostos“, critica o dirigente sindical, mencionando também casos de polícias que deveriam receber um suplemento de 200 euros e o valor final acaba por rondar os 100 euros. Além destes descontos, assegura, os recibos indicam que há outros por processar, incluindo os 3,5% para os subsistemas de Saúde das forças de segurança."

    E depois, quem é que pagava os salários aos polícias, aos professores, aos militares, aos ...? 

    ""Descontentamento" e "revolta" entre os polícias: metade do suplemento de risco vai para impostos, denuncia sindicato"

    Os vendedores tentam sempre aumentar os preços. Só o mercado livre restringe a sua capacidade de o fazer.

    Li no WSJ do passado dia 20 de Agosto o artigo "'Greedflation' Is High-Priced Baloney"

    "Since year-over-year inflation cooled to 2.9% in July from its 2022 peak of 9.1%, a search has begun for the culprit of the original inflation boost. Some politicians blame what they call "greedflation" or corporate "price gouging." The truth is that government economic intervention was the problem, and free-market policies are the only remedy.

    If greedy businesspeople were responsible for price increases, then slowing inflation would mean they are becoming less greedy. But while producers often think they can set prices, they rarely can. It isn't because they aren't greedy they always try to change prices. It's because they can charge only what the market will bear. It takes two opposing sides to make a deal, and consumers always look for a bargain. If the buyer won't buy, the producer must lower the price or forgo the sale.

    ...

    As Milton Friedman taught us, "inflation is always and everywhere a monetary phenomenon, in the sense that it is and can be produced only by a more rapid increase in the quantity of money than in output." Schemes like capping grocery prices have never controlled inflation. Vice President Kamala Harris should heed the lesson of President Richard Nixon's falled wage and price controls in 1971. Such measures create shortages and fuel ever more inflation by disrupting the pricing signals that match supply with demand. Only free markets, along with good fiscal and monetary policies, will provide us with the products we want while taming inflation."

    Os vendedores tentam sempre aumentar os preços. Só o mercado livre restringe a sua capacidade de o fazer.

    terça-feira, agosto 27, 2024

    Curiosidade do dia

    No último ano tem crescido em mim a convicção de que alguém vai arranjar uma guerra para poder fazer um reset económico, social, político, demográfico, ...

    No tempo em que havia guerras que punham em causa a sobrevivência dos estados, elas funcionavam como um mecanismo de limpeza dos excessos acumulados. Sem elas eles têm-se acumulado e o "amelismo" nas decisões políticas cresce sem limites. Anteu perdeu o contacto com Gaia.

    Lembro-me do tempo em que a o Muro de Berlim ou a ETA impunham respeito e obrigavam a um mínimo de competência, um mínimo de wokismo.

    É triste, é deprimente ver o principal suporte deste protectorado chamado Portugal a decair com a irracionalidade, o amadorismo e sei lá que mais.

    Vi este tweet e não acreditei, fui à procura de fontes.

  • "Completely gaga" - Solar plan of Habeck authority outrages economy (onde encontram estes tipos?)
  • Robert Habeck under fire: "Completely gaga"Economy warns of "devastating" green electricity plan 
  • Imigrantes: efeitos positivos e negativos (parte II)

    No Domingo passado publiquei aqui no blogue a parte I sem intenção de publicar uma parte II.

    Entretanto, durante a caminhada matinal de Segunda-feira ouvi ""Society Is A Ponzi Scheme" - Warning On Population Collapse & Hopeless Generation". Ao minuto 16 Eric Weinstein cita um artigo que terá escrito. Fui à procura de tal artigo. Fácil de encontrar, "Migration for the benefit of all" (escrito em 2001).

    Em "2.2.2 Long-term native shortages" encontro:

    "wage depression in targeted occupations can set up a positive feedback loop. [Moi ici: Aquilo a que chamei de crowding-out dos trabalhadores locais na parte I] As more migrants are targeted on a particular field which is failing in its bid to attract native workers, wages will increasingly fall short of competitive offerings, causing an acceleration of native flight towards non-targeted fields. This curious cycle is sometimes seen as a 'native worker shortage', though the term seems particularly Ill suited to describe a problem of employers which is ultimately self-inflicted. What may in fact begin as a simple temporary "spot shortage' of trained native workers, can in fact be made considerably more permanent by the attempting a quick fix from migrant labor.

    Any program which imports migrants into a sector whose employers are complaining of insufficient trained natives, can be expected to exacerbate (rather than alleviate) its native shortage. Rather than raising incentives to entice new workers to seek training to fill the empty slots, visas are likely to be used to avoid the needed market response. Even if visa fees are put towards training programs to bring more natives to enter the sector, the existing native workers may respond by fleeing the sector even more quickly, leading to a potential exacerbation of the spot shortage."


    Parte I - "Imigrantes: efeitos positivos e negativos"

    segunda-feira, agosto 26, 2024

    Curiosidade do dia


    Como não recordar:

    Onde começa a inovação?

    Recentemente recebi via e-mail da Strategyzer um artigo intitulado "Does innovation always start with customer needs?" de Tendayi Viki e com o seguinte começo:

    "This is the age old push versus pull question. Should innovation be driven by advances in technology (e.g. AI) or by market insights (e.g. aging population)? A lot of innovation models tend to describe innovation as a linear process that starts with understanding customer needs. 

    In the early days of my career, I was quite rigid in my thinking about this question. I used to get into endless debates with innovation teams as I tried to push them towards focusing on customer needs first.  

    But over time, I learned that innovation is not a paint by numbers process. Inspiration does not come in a neat linear package. Sometimes, technological advancements that are not driven by a clear customer need can spur innovation. My experience has taught me that innovation can start anywhere."

    Como Alexander Osterwalder, fundador da Strategyzer, é suíço lembrei-me logo de Feyrabend e o seu "anything goes", o que me levou a este postal de 2015 "Para reflexão, sobre a criação de mercados". 

    Como explico nesse postal, para uma PME sem capital e em dificuldades o ponto de partida é o da effectuation, Começar de onde se está, começar com o que se tem à mão. Não perder a ligação à terra, como o mitológico Anteu.

    Tendayi Viki escreve:

    "If you have identified the problem, find the solution.

    If you have a solution in mind, identify your customer's problem."

    "If you have identified the problem, find the solution" - Eu PME, posso não ter capital para desenvolver a solução que nunca experimentei, posso estar a subestimar a complexidade da coisa. No entanto, estou a focar-me na inovação que interessa, estou a criar valor e diferenciação, posso atrair investidores(?).

    "If you have a solution in mind, identify your customer's problem," - Eu PME fico desalinhado do mercado actual que conheço (pode passar por mudar de clientes, de mercados, de modelo de negócio), posso mesmo assim não conseguir taxas de adopção interessantes. No entanto, estou a diversificar e expandir o mercado, a aproveitar activos existentes e a tornar a empresa mais resiliente.

    domingo, agosto 25, 2024

    Curiosidade do dia

     Fascinou-me desde as primeiras versões que vi no Twitter

    Imigrantes: efeitos positivos e negativos

    Esta foto foi publicada no Twitter com o seguinte texto a acompanhá-la:
    "Multiplicai isto por praticamente todos os setores da economia portuguesa, qual é a vossa solução racistas e xenófobos do c*?"

    Ou seja, quem considerar que isto é pernicioso para a economia tem logo garantido um rótulo.

    Quando um sector económico mantém os custos laborais baixos ao empregar imigrantes, podem ocorrer vários efeitos positivos e vários efeitos negativos. Vamos a eles:

    Efeitos positivos

    Maior competitividade: A redução dos custos laborais pode tornar o sector mais competitivo, tanto a nível nacional como internacional, ao permitir que as empresas ofereçam preços mais baixos ou margens de lucro mais elevadas. Este é o tema do Uganda. No entanto, como os trabalhadores são estrangeiros e estão dispostos a dormir num apartamento com outros 19, não há manifestações.

    Crescimento económico: O sector pode crescer mais rapidamente devido à redução de custos, levando ao aumento da produção, à expansão e, possivelmente, à criação de empregos adicionais.

    Estabilidade de preços: Os consumidores poderão beneficiar de preços estáveis ​​ou mais baixos para os bens e serviços produzidos pelo sector, devido à redução dos custos de produção.

    Flexibilidade na oferta de mão-de-obra: Os trabalhadores imigrantes podem fornecer a oferta de mão-de-obra necessária, especialmente nos sectores onde os trabalhadores locais não estão dispostos a trabalhar por um baixo salário, garantindo que o sector se mantém operacional e produtivo. BTW, aposto que isto, com o tempo, gera um crowding-out dos trabalhadores locais porque o custo de vida continua a subir, mas os empregadores não têm pressão para aumentar os salários.

    Agora vamos aos negativos:

    Efeitos negativos

    Supressão salarial: A dependência da mão-de-obra imigrante de baixo custo pode suprimir os salários não só dos imigrantes, mas também dos trabalhadores locais, conduzindo potencialmente à desigualdade de rendimentos e à tensão social.

    Dependência do trabalho imigrante: O sector pode tornar-se excessivamente dependente dos trabalhadores imigrantes, tornando-o vulnerável a alterações na política de imigração ou nas condições económicas que possam perturbar a oferta de trabalho.

    Lacuna de competências: Se o sector depender demasiado de mão-de-obra de baixo custo, poderá haver menos incentivo para investir na automatização, na inovação ou na melhoria das competências da mão-de-obra, limitando potencialmente os ganhos de produtividade a longo prazo.

    Tensões sociais e culturais: Um grande afluxo de trabalhadores imigrantes pode, por vezes, levar a tensões sociais e culturais nas comunidades locais, especialmente se a integração não for bem gerida.

    Pessoalmente, como considero o desafio do aumento da produtividade fundamental para o futuro do país preocupam-me estas "bofetadas" que reduzem a pressão evolutiva para subir na escala de valor:
    Sou do tempo em que a esquerda queria uma sociedade com salários altos e que quem não os pudesse pagar deviar fechar... Se Belmiro fosse vivo seria um grande defensor da mão de obra das paletes de imigrantes.

    BTW, assim como os poluidores têm de pagar também os empregadores deveriam internalizar certos custos.



    sábado, agosto 24, 2024

    Curiosidade do dia


    Um título extraordinário... qual o mindset de quem o escreveu?  

    Como se definem objectivos (parte IV)

    Há muitos anos fui a uma entrevista de emprego numa fábrica de pneus. A caminho da sala onde teria a reunião passei pela produção. Não sei a que propósito alguém me contou que se os pneus tivessem defeitos reparáveis à saída do molde os operários teriam de fazer horas extra para os reparar. Eu, jovem inexperiente, achei a coisa absurda por poder ser um incentivo para produzir defeitos, ou para os evitar.

    Entretanto, descobri esta página cheia de exemplos deliciosos, "Perverse incentive". O primeiro é o Cobra Effect:
    "The term cobra effect was coined by economist Horst Siebert based on an anecdotal occurrence in India during British rule. The British government, concerned about the number of venomous cobras in Delhi, offered a bounty for every dead cobra. Initially, this was a successful strategy; large numbers of snakes were killed for the reward. Eventually, however, people began to breed cobras for the income. When the government became aware of this, the reward program was scrapped. When cobra breeders set their snakes free, the wild cobra population further increased."

    E o último:

    "In his autobiography, Mark Twain says that his wife, Olivia Langdon Clemens, had a similar experience:

    Once in Hartford the flies were so numerous for a time, and so troublesome, that Mrs. Clemens conceived the idea of paying George a bounty on all the flies he might kill. The children saw an opportunity here for the acquisition of sudden wealth. ... Any Government could have told her that the best way to increase wolves in America, rabbits in Australia, and snakes in India, is to pay a bounty on their scalps. Then every patriot goes to raising them." 

    sexta-feira, agosto 23, 2024

    Curiosidade do dia


    "Whatever happened to polar bears? They used to be all climate campaigners could talk about, but now they’re essentially absent from headlines. Over the past 20 years, climate activists have elevated various stories of climate catastrophe, then quietly dropped them without apology when the opposing evidence becomes overwhelming. The only constant is the scare tactics.

    Protesters used to dress up as polar bears. Al Gore’s 2006 film, “An Inconvenient Truth,” depicted a sad cartoon polar bear floating away to its death.

    ...

    Then in the 2010s, campaigners stopped talking about them. After years of misrepresentation, it finally became impossible to ignore the mountain of evidence showing that the global polar-bear population has increased substantially. Whatever negative effect climate change had was swamped by the reduction in hunting of polar bears. The population has risen from around 12,000 in the 1960s to about 26,000.

    ...

    The same thing has happened with activists’ outcry about Australia’s Great Barrier Reef. For years, they shouted that the reef was being killed off by rising sea temperatures. 

    ...

    The latest official statistics show a completely different picture. For the past three years the Great Barrier Reef has had more coral cover than at any point since records began in 1986, with 2024 setting a new record. This good news gets a fraction of the coverage that the panicked predictions did.

    More recently, green campaigners were warning that small Pacific islands would drown as sea levels rose. In 2019 United Nations Secretary-General António Guterres flew all the way to Tuvalu, in the South Pacific, for a Time magazine cover shot. Wearing a suit, he stood up to his thighs in the water behind the headline “Our Sinking Planet.” The accompanying article warned the island—and others like it—would be struck “off the map entirely” by rising sea levels.

    About a month ago, the New York Times finally shared what it called “surprising” climate news: Almost all atoll islands are stable or increasing in size. [Moi ici: BTW,  vi isto hoje no Twitter]

    ...

    Today, killer heat waves are the new climate horror story. [Moi ici: Esta esteve há dias na moda em Portugal] In July President Biden claimed “extreme heat is the No. 1 weather-related killer in the United States.”

    He is wrong by a factor of 25. While extreme heat kills nearly 6,000 Americans each year, cold kills 152,000, of which 12,000 die from extreme cold. Even including deaths from moderate heat, the toll comes to less than 10,000. Despite rising temperatures, age-standardized extreme-heat deaths have actually declined in the U.S. by almost 10% a decade and globally by even more, largely because the world is growing more prosperous." 

    Entretanto, hoje no Twitter apanhei um artigo do Observador, "Encontros entre ursos polares e humanos são cada vez mais frequentes". O artigo começa com uma certeza:

    "As alterações climáticas estão a levar a encontros mais frequentes entre ursos polares e humanos."

    Se a população triplica tem de aumentar os seus territórios de caça, com ou sem alterações climáticas. 

    Recordar Políticos e o ambiente.

    Trechos retirados do artigo de Bjorn Lomborg, "Polar Bears, Dead Coral and Other Climate Fictions" publicado no WSJ no dia 31.07.


    Wokismo e produtividade

    Sempre que desconfiarem dos escritos de um académico nos jornais, lembrem-se da "Raygun":


    E se isso não chegar lembrem-se deste video:
    Quem é Alejandro Inurrieta? Um doutorado em Economia.

    Aproveito para recordar Helena Garrido acerca da pós-verdade em "Vivemos no tempo da pós-verdade"
    "Não importam os factos, pouco interessa o que é verdade, acredita-se, quase por fé, naquilo que se deseja que seja verdade. É o sentimento que conta, tal como nos mercados. Não é mentira, mas também não é verdade mas é aquilo que queremos que seja a realidade,
    ...
    Na era dos factos, basta verificar com estatísticas, frases ou relatos para se fazer ou desfazer uma declaração. Nesta nova era é mais importante quem diz, a que “tribo” pertence e especialmente, num mundo de imagem, a forma como se afirma."

    No passado dia 19 o jornal Público trazia o artigo "Semana de quatro dias: lições sobre produtividade" assinado por um dos coordenadores do estudo sobre a semana de quatro dias.

    Comecemos pela foto usada para ilustrar o artigo: uma operária a costurar uns panos numa fábrica. Interessante! Será propositado? Se lerem o postal "Vivemos no tempo da pós-verdade" pensem em:

    "Algumas das empresas que participaram no estudo só aplicaram a semana dos 4 dias a parte dos trabalhadores (presumo que os deltas e epsilones ficaram de fora)"

    Se forem ler o estudo encontram:

    "and four companies with more than 80 employees are taking part. Of these four companies, two opted for partial implementation with around 30 employees." [Moi ici: Presumo que só a aplicaram ao pessoal fora do chão de fábrica]

    ...

    "In some companies, like a physiotherapy clinic and a social centre, shortening the working week was more difficult in some roles and would require an initial financial investment in hiring more workers, so they decided to start with roles that would allow the work to be reorganised without the need to hire additional staff. [Moi ici: Nunca aparece nestes artigos de jornal]"

    Voltemos ao artigo publicado no passado dia 19 de Agosto:

    "A maioria das empresas traduz as melhorias organizacionais e tecnológicas em aumentos de produtividade baseados na redução das horas trabalhadas conseguida através de um corte no número de trabalhadores, mantendo o serviço prestado. Frequentemente, a consequência é um plano de consolidação acompanhado de rescisões com os trabalhadores. Neste contexto, compreende-se que eles possam transformar-se numa força de bloqueio. [Moi ici: Isto cheira-me a conversa dos "patrões". Malandros não querem trabalhar para não perder o posto de trabalho]

    No caso da semana de quatro dias, o aumento da produtividade também não decorre diretamente de um aumento do valor de vendas, mas da diminuição das horas trabalhadas. [Moi ici: Chegamos ao tema, quem diria, do uso pouco edificante dos objectivos]. Aumenta-se o indicador da produtividade (euro por horas trabalhadas) mas não se cria mais riqueza. Weird!!! Conseguem imaginar onde isto nos leva? Qual é a minha equação para a produtividade? Valor criado sobre o custo necessário para criar o valor, se as vendas se mantêm, se não há mais output e se os salários se mantêm os custos mantêm-se, então a produtividade continua na mesma.] No entanto, essa diminuição é feita, não despedindo trabalhadores, mas reduzindo as horas por trabalhador, o que explica o seu empenho na melhoria da produtividade."

    ...

    A elite empresarial portuguesa - as grandes empresas e as associações empresariais - não se deve esconder atrás deste facto para continuar a ignorar o tema, como fez nos últimos dois anos [Moi ici: É procurar no estudo o tipo de empresas que participaram, a sua dimensão e o universo de trabalhadores incluído em cada uma delas]. A semana de quatro dias é uma prática de gestão legitima capaz de aumentar a produtividade, [Moi ici: falso] e cuja generalização já está em curso em todo o mundo [Moi ici: falso]. 

    ...

    [Moi ici: Interessante esta ameaçazinha caviar] Resta saber se vão pôr de lado o seu preconceito, manifestar maior abertura e tomar a iniciativa de a estudar, discutir e experimentar. Se não o quiserem fazer, mantendo a sua posição intransigente, estarão a demonstrar que não podemos contar com eles para conduzir este movimento e, então sim, estarão a dar um argumento válido para os que querem impor a semana de quatro dias por legislação."

    Quando vos falarem de estudos de semanas de 4 dias pensem sempre em:

    • Âmbito: Qual o tipo de organizações incluídas no estudo? Qual a representatividade da amostra, particularmente em relação aos sectores e aos cargos dos funcionários envolvidos? Isto levanta questões sobre a generalização dos resultados, especialmente para indústrias como a manufatura ou os serviços, que têm exigências operacionais constantes.
    • Impacte na qualidade dos serviços: A redução de 5 horas no SNS não foi lição suficiente? Qual a viabilidade de uma semana de trabalho de quatro dias em sectores como a fabricação de calçado, serviços de transporte ou retalho, onde a redução das horas operacionais poderia levar a uma diminuição da produção, a horários comerciais mais curtos e, em última análise, à insatisfação dos clientes. 
    • Aumento dos custos operacionais: Aumento dos custos operacionais para as empresas que precisariam de contratar pessoal adicional ou pagar mais por horas extraordinárias para manter os níveis actuais de produção ou de serviço. 

    quinta-feira, agosto 22, 2024

    Curiosidade do dia

    Mão amiga mandou-me esta folha retirada da revista Popular Mechanics:

    Como o mundo económico pode mudar em 60 anos.


    Fixado na guerra anterior

    No WSJ de ontem li "U.S. Companies Shift From China to Avoid Tariffs":
    "Until a few years ago, Chinese factories supplied the world with Sharpie retractable pens and Oster blenders.
    No more.
    Consumer giant Newell Brands now makes those products, and more, at its own plants in the U.S. and Mexico. Many of its other products are made in factories in Vietnam, Indonesia and Thailand.
    Chris Peterson, Newell's chief executive, said the company's shift reduces its dependence on China at a time when both the Democratic and Republican parties "are getting more protectionist in terms of trade policy."
    Tariffs are becoming an entrenched tool tying together geopolitics and trade, and they are playing a bigger role in long-term manufacturing and sourcing decisions. Nowhere are they hitting harder than in China, where importers and exporters are navigating an increasingly complicated regime of levies on goods ranging from semiconductors to mattresses.
    ...
    Retail-industry trade groups and some executives warn some items can't be produced anywhere else in the world and that escalating tariffs will simply raise consumer prices and fuel inflation. Analysts at Goldman Sachs estimate that every percentage-point increase in the overall U.S. tariff rate would increase core consumer prices by just over 0.1%.
    "The problem is the best place to make shoes is China," said Ronnie Robinson, chief supply chain officer at Designer Brands, parent company of footwear retailer DSW.
    Robinson said for every dollar the government adds in tariffs, consumers pay an extra $2 to $4 at the checkout. "The reality is that you and 1 are paying for the tariffs as part of the ticket price when you go into the store and buy," he said.
    Robinson said Designer Brands sources about 70% of its footwear from China, down from 90% several years ago. He said the company aims to reduce its reliance further to about 50%, but China will remain the company's largest single source of shoes.
    Peterson said just 15% of Newell's goods rely on products made in China today, down from more than 30% several years ago. He expects that by the end of next year the share will fall below 10%."

     E fiquei a pensar em certas desculpas que se dão.

    Por exemplo, no JN do passado dia 19 de Agosto, "Concorrência chinesa ameaça indústria nacional". Senti-me a recuar 20 anos atrás:

    "As indústrias do têxtil e do calçado atravessam um mau momento. Nos primeiros seis meses do ano houve um aumento das insolvências, com estes dois setores a destacarem-se pela negativa. Taxas de juro em alta, inflação, dificuldade de adquirir matérias-primas e a concorrência que classificam como "desleal" das empresas chinesas estão entre as causas apontadas pelos empresários para o mau momento. Mas, pela primeira vez, algumas das empresas que trabalham mais para o mercado nacional do que para exportação estão a resistir melhor à crise."

    So weird!

    Números sobre o calçado e o ITV:

    • A percentagem de insolvências decretadas aumentou 9,3%, para 1054, relativamente ao período homólogo;
    • O têxtil e moda com mais 110 falências decretadas (mais 178%), 
    • A confecção de vestuário exterior com mais 31 (um aumento de 78%); e
    •  O fabrico de calçado com mais 587 (um crescimento de 414%).
    "“O têxtil até cresceu em número de clientes, o problema é que eles fazem encomendas mais pequenas”, refere Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal e da Euratex - Confederação Têxtil Europeia." 
    Reparem na caldeirada de desculpas:
    • Encomendas mais pequenas (lembram-se deste discurso aqui classificado como estranho, acerca do calçado?).
    • Estamos a viver um período com duas guerras, uma na Europa e outra às portas.
    • Taxas de juro em alta e a inflação.
    • “A União Europeia (UE) baixou as suas importações em 17% e Portugal teve uma diminuição de vendas de 5%. Ou seja, nós até aumentamos a nossa quota de mercado” - Atentem neste ponto, aumentamos a quota de mercado.
    • 4 anos depois, ainda a tentar a carta da pandemia "as empresas de vestuário e moda “durante a pandemia tiveram de se endividar para evitar despedimentos e manter a paz social”."
    • "a “concorrência desleal” das empresas chinesas é outro problema que a UE tem de atacar, “sob pena de acabar com todo o setor industrial europeu”" - mas então não estão a ganhar quota de mercado?
    Como mostrar que isto não passa de desculpas? Tratando-se do sector económico nacional com produtividade mediana mais baixa, não consegue ter produtividade para o nível de custos que agora tem. Como é que a França e a Alemanha perderam as suas empresas têxteis? O fenómeno dos Flying Geese

    quarta-feira, agosto 21, 2024

    Curiosidade do dia

    Despedir trabalhadores antigos para contratar trabalhadores mais baratos oriundos das paletes de imigrantes?


     Gráfico retirado daqui.

    Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte III)

    A pergunta do final da parte I foi: "Como se altera a composição relativa dos sectores económicos?" 

    A esta pergunta alguns vão responder com outra pergunta: Por que é preciso alterar a composição relativa dos sectores económicos?

    Neste blogue ninguém deseja o mal de ninguém, todos fazem falta até que o mercado diga que chegou a hora de morrerem porque não mudaram, ou porque chegaram ao limite da mudança permitida. Recordo que há muitos anos que olho para a economia como uma continuação da biologia. Se os crocodilos encontraram um nicho também algumas empresas em sectores tradicionais o conseguirão fazer. No entanto, um nicho é um nicho.

    Vamos considerar um cenário onde não se altera a composição relativa dos sectores económicos. 
    Como pode aumentar a produtividade do país? Este é o campo dos "Carlos consultor":


    Os consultores podem ajudar a conseguir melhorias intrasectoriais. É o mundo da melhoria da eficiência, melhoria da inovação e consequente melhoria de preços.

    Os consultores podem também ajudar a conseguir melhorias por mudança de sector. Por exemplo:
    Por exemplo, uma empresa do sector têxtil conseguir migrar para o fabrico de têxteis técnicos para a indústria aeronáutica ou automóvel. Só que isto tem de ser feito em larga escala para o agregado se mexer.

    Esta melhoria da produtividade nunca será capaz de trazer o salto para nos tirar dos 66% da média europeia.

    E quando se considera um cenário onde se altera a composição relativa dos sectores económicos? Ou seja, quando se mexe a sério no agregado?

    Aqui entra o ponto de vista do Carlos cidadão. Os empresários portugueses fazem o melhor que podem e sabem, mas para alterarem a composição relativa dos sectores económicos teriam de ter muito mais capital e, sobretudo mais know-how (reparem como todos os investimentos industriais da Sonae na Europa deram para o torto, por exemplo). Algumas vozes recomendam a fusão e concentração das empresas porque as empresas maiores têm produtividades superior às empresas pequenas no mesmo sector de actividade. Só que estas vozes não sabem é que o mercado que uma empresa de calçado com 200 trabalhadores tem de servir não é o mesmo mercado, com a mesma proposta de valor que quatro empresas de calçado com 65 trabalhadores servem. Se as juntarem elas não vão conseguir servir nem os antigos nem os novos, por falta de know-how e, muitas vezes, por hardware inadequado.

    OK. Onde se arranja know-how e capital em quantidade? Com investimento directo estrangeiro.

    Por que é que investimento directo estrangeiro escolheria Portugal? Ver a coluna "Corporate Tax Rank" no "2023 International Tax Competitiveness Index Rankings". Por isso, escrevi: Não são elas que precisam de Portugal, Portugal é que precisa delas. Por isso, acho incrível que os números da parte II e esta necessidade de alterar a composição relativa dos sectores económicos não entre nesta conversa Descida do IRC é injusta (tanto o PS como o PSD são desesperantes, um porque está contra e o outro porque não sabe defender a necessidade da descida, refugiando-se na necessidade das empresas existente acumularem capital. Sim, isso é verdade, mas a verdadeira razão é muito mais importante, copiar a atractividade irlandesa). Por isso, escrevo há anos sobre os mastins dos Baskerville. Na estória de Sherlock Holmes os mastins não ladraram e isso era significativo. Neste tema, o significativo são as empresas que não estão presentes na economia portuguesa, as presentes fazem o melhor que sabem com os resultados que temos.

    Quando foi o último grande salto da produtividade portuguesa? Quando milhares de alentejanos abandonaram a agricultura e foram trabalhar na cintura industrial de Lisboa. Recordar Reinert:
    "As was so obvious to American economists around 1820, a nation - just as a person - still cannot break such vicious circles without changing professions."
    Este tipo de salto pode ser conseguido com investimento directo estrangeiro. Mas não é com apoios para suportar negócios que vivem de apoios. Não, é criar as condições e deixar quem sabe criar riqueza vir.

    Acerca da produtividade um dos primeiros choques que tive, porque ia contra o mainstream, foi-me dado por um finlandês, Maliranta, que escreveu sobre a experiência finlandesa. Com ele aprendi algo deste género: "É amplamente aceite que a reestruturação das empresas aumentou a produtividade ao deslocar trabalhadores pouco qualificados e criar empregos para os altamente qualificados. Contudo, isso é falso. Na sua essência, a destruição criativa significa que as fábricas de baixa produtividade são substituídas por fábricas de elevada produtividade ." Por favor, volte a trás e releia esta última afirmação. O salto de produtividade não é dado por trabalhadores com mais formação (recordar a caridadezinha ou a azelhice ao estilo de AOC de um presidente da câmara de Guimarães), mas por outro tipo de empresas.

    Outra afirmação que guardo há anos sobre o tema:
    "Systems don’t learn because people learn individually –that’s the myth of modernity. Systems learn at the collective level by the mechanism of selection: by eliminating those elements that reduce the fitness of the whole, provided these have skin in the game."
    Por isso, escrevo aqui há anos sobre a necessidade de deixar as empresas morrerem e ter cuidado com os apoios que se dão:
    "By and large, the inability to distinguish the A and B groups rendered these grants socially counter-productive. The funds flowed selectively into the least viable part of the industry, preventing change, and subsidized competition with the A-group, so slowing its growth."
    Às vezes penso que se não fossem os apoios da UE a economia portuguesa estaria mais desenvolvida, porque muitos desses apoios são para apoiar as empresas que passam mal. O apoio funciona como uma botija de oxigénio para um zombie.

    Por fim recordo os Flying Geese uma ilustração clara do que é preciso para conseguir a tal alteração da composição relativa dos sectores económicos:
    BTW, para conseguir a tal alteração da composição relativa dos sectores económicos tem de haver uma transição mais ou menos dolorosa

    Como não há esta injecção de capital e know-how, os incumbentes vão recorrendo a truques para se manterem.

    terça-feira, agosto 20, 2024

    Curiosidade do dia

    No jornal The Times de ontem:
    "Senior executives who hired the three big strategic consulting firms of McKinsey, Boston Consulting Group and Bain often say they are no help, according to a study commissioned by a rival firm.
    A survey of 702 executive staff and project managers found that of those who worked with the three biggest consultancies in corporate transformation projects, 84 per cent felt they "were no help at all". Only 13 per cent said they were more help than hindrance. Three per cent said they had a negative effect.
    ...
    "What you have is big consultancy armies with briefcases. They walk into organisations and confidently try to get them to fit into a predesigned transformation strategy mould. But what organisations need is a solution that works in their context.""

    Faz-me lembrar a estória do Big Data. 

    Em Portugal, a conversa de café é a norma (parte II)

    Pergunte-se, por que é que nunca lhe mostraram estes números?

    Quando escrevi a parte I a minha ideia era escrever uma parte II que respondesse à pergunta "Como se altera a composição relativa dos sectores económicos?" e numa parte III mergulhar nos números. Agora, mudei de ideias. Responderei à pergunta numa parte III e vou dedicar esta parte II aos números.

    Pense na quantidade de pessoas que falam e escrevem sobre produtividade. Pense nas dezenas de anos e milhares de conversas em que o tema da produtividade é discutido. Recorde as teorias mais estapafúrdias que aparecem nos media, um exemplo cómico, outro exemplo cómico de 2007 é o da saudade. E recorde os professores de Economia a pedirem estudos, "Formação e salários: não podemos nivelar por baixo", quando basta procurar os números. Não resisti...

    Vamos lá aos números a frio sem mais demoras.

    Na parte I apresentamos esta comparação:

    Alguma vez foram procurar números ao sítio da instituição irlandesa que trata das estatísticas, Central Statistics Office (CSO)? Vamos a esta publicação em particular, "Productivity in Ireland Quarter 3 2023". Nela vão encontrar algo que referimos inicialmente aqui no blogue em 2020, no dia em que nasceu o primeiro campeonato do Amorim, no dia em que chamei a atenção para a falta de informação e conhecimento de Alexandre Relvas sobre este tema em particular. 

    No referido site encontramos que a produtividade na Irlanda, por hora trabalhada, no terceiro trimestre de 2023 foi de 103,9 €/h. Reparem neste gráfico:
    Três linhas?!!!

    Reparem como a prática do CSO é a de apresentar três números em simultâneo:
    • para a economia no seu total - 103,9 €/h
    • para o sector doméstico - 54,4 €/h
    • para o sector estrangeiro, agarrem-se à cadeira - 405,9 €/h
    Perguntam vocês: o que é isto de sector doméstico e de sector estrangeiro?

    Sector Doméstico: Inclui empresas que são de propriedade maioritariamente irlandesa e que operam principalmente para o mercado interno. Essas empresas têm menos vínculos com as supply-chain globais e são mais representativas da economia local.

    Sector Estrangeiro: Compreende as empresas que são de propriedade estrangeira, muitas vezes multinacionais, que operam na Irlanda. Estas empresas estão fortemente integradas nas supply-chain globais e utilizam a Irlanda como uma base para produção e exportação para outros mercados.

    No final do artigo abram a "Table 1.1: Labour Productivity by Sector (Euro per Hour)", vejam a produtividade de "Manufacturing sectors dominated by foreign-owned multinational enterprises" (503,6 €/h) e comparem com "Manufacturing sectors dominated by domestic and other enterprises" (88,4 €/h) há aqui um efeito de spillover (recordo que a produtividade por hora trabalhada na Alemanha em 2022 foi de 63 €/h).

    Pergunte-se, por que é que nunca lhe mostraram estes números?

    Vou repetir-me na parte III, mas conseguem agora relacionar: 
    • a lição irlandesa;
    • os mastins dos Baskerville, os que "não ladram" porque não estão presentes;
    • "a descida do IRC é injusta" - tão dolorosa é a posição do PS como a do PSD. Um porque não a quer, o outro porque não a sabe explicar;
    • Portugal precisa mais delas do que elas de Portugal;
    • Flying Geese;
    • deixem as empresas morrer;
    • Maliranta e Taleb; e
    • falta a parte dolorosa da transição.

    segunda-feira, agosto 19, 2024

    Curiosidade do dia

    Recordo de Junho passado a propósito das palavras da ministra da Saúde:

    Agora leio "Cinco auditorias expõem falhas na gestão da escala de férias dos médicos em 2022. O que está a falhar agora nas urgências?":

    "Muitas unidades aceitam que médicos concentrem férias no verão, receando que deixem o SNS. Urgências ressentem-se e Ordem revê mínimos das equipas. 

    ...

    Em Almada, o Hospital Garcia de Orta foi acusado pela IGAS de “total passividade” por não ter resolvido o problema que surgiu em junho de 2022, quando um elevado número de especialistas estavam de férias em simultâneo, gozando férias que constavam de um mapa que ainda nem sequer tinha sido formalmente aprovado.

    ...

    e, pior do que isso: pelo menos oito profissionais foram colocados em turnos em dias em que se encontravam de férias já aprovadas.

    Todo este caldo levou a uma semana de caos nas urgências. A IGAS argumentou ainda (tal como fez noutros hospitais) que o hospital podia ter recorrido a mecanismos do Código de Trabalho para, unilateralmente, mudar as férias dos profissionais e impedir que a urgência tivesse de fechar. Mas o hospital considerou que tinha de ser “sensível ao ambiente de desmotivação e descontentamento verificado naquele serviço (…) procurando amenizar esse ambiente e evitar a saída de mais profissionais”. Recorrer a esses mecanismos legais iria gerar mais descontentamento, concluiu o hospital."