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quinta-feira, agosto 22, 2024

Fixado na guerra anterior

No WSJ de ontem li "U.S. Companies Shift From China to Avoid Tariffs":
"Until a few years ago, Chinese factories supplied the world with Sharpie retractable pens and Oster blenders.
No more.
Consumer giant Newell Brands now makes those products, and more, at its own plants in the U.S. and Mexico. Many of its other products are made in factories in Vietnam, Indonesia and Thailand.
Chris Peterson, Newell's chief executive, said the company's shift reduces its dependence on China at a time when both the Democratic and Republican parties "are getting more protectionist in terms of trade policy."
Tariffs are becoming an entrenched tool tying together geopolitics and trade, and they are playing a bigger role in long-term manufacturing and sourcing decisions. Nowhere are they hitting harder than in China, where importers and exporters are navigating an increasingly complicated regime of levies on goods ranging from semiconductors to mattresses.
...
Retail-industry trade groups and some executives warn some items can't be produced anywhere else in the world and that escalating tariffs will simply raise consumer prices and fuel inflation. Analysts at Goldman Sachs estimate that every percentage-point increase in the overall U.S. tariff rate would increase core consumer prices by just over 0.1%.
"The problem is the best place to make shoes is China," said Ronnie Robinson, chief supply chain officer at Designer Brands, parent company of footwear retailer DSW.
Robinson said for every dollar the government adds in tariffs, consumers pay an extra $2 to $4 at the checkout. "The reality is that you and 1 are paying for the tariffs as part of the ticket price when you go into the store and buy," he said.
Robinson said Designer Brands sources about 70% of its footwear from China, down from 90% several years ago. He said the company aims to reduce its reliance further to about 50%, but China will remain the company's largest single source of shoes.
Peterson said just 15% of Newell's goods rely on products made in China today, down from more than 30% several years ago. He expects that by the end of next year the share will fall below 10%."

 E fiquei a pensar em certas desculpas que se dão.

Por exemplo, no JN do passado dia 19 de Agosto, "Concorrência chinesa ameaça indústria nacional". Senti-me a recuar 20 anos atrás:

"As indústrias do têxtil e do calçado atravessam um mau momento. Nos primeiros seis meses do ano houve um aumento das insolvências, com estes dois setores a destacarem-se pela negativa. Taxas de juro em alta, inflação, dificuldade de adquirir matérias-primas e a concorrência que classificam como "desleal" das empresas chinesas estão entre as causas apontadas pelos empresários para o mau momento. Mas, pela primeira vez, algumas das empresas que trabalham mais para o mercado nacional do que para exportação estão a resistir melhor à crise."

So weird!

Números sobre o calçado e o ITV:

  • A percentagem de insolvências decretadas aumentou 9,3%, para 1054, relativamente ao período homólogo;
  • O têxtil e moda com mais 110 falências decretadas (mais 178%), 
  • A confecção de vestuário exterior com mais 31 (um aumento de 78%); e
  •  O fabrico de calçado com mais 587 (um crescimento de 414%).
"“O têxtil até cresceu em número de clientes, o problema é que eles fazem encomendas mais pequenas”, refere Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal e da Euratex - Confederação Têxtil Europeia." 
Reparem na caldeirada de desculpas:
  • Encomendas mais pequenas (lembram-se deste discurso aqui classificado como estranho, acerca do calçado?).
  • Estamos a viver um período com duas guerras, uma na Europa e outra às portas.
  • Taxas de juro em alta e a inflação.
  • “A União Europeia (UE) baixou as suas importações em 17% e Portugal teve uma diminuição de vendas de 5%. Ou seja, nós até aumentamos a nossa quota de mercado” - Atentem neste ponto, aumentamos a quota de mercado.
  • 4 anos depois, ainda a tentar a carta da pandemia "as empresas de vestuário e moda “durante a pandemia tiveram de se endividar para evitar despedimentos e manter a paz social”."
  • "a “concorrência desleal” das empresas chinesas é outro problema que a UE tem de atacar, “sob pena de acabar com todo o setor industrial europeu”" - mas então não estão a ganhar quota de mercado?
Como mostrar que isto não passa de desculpas? Tratando-se do sector económico nacional com produtividade mediana mais baixa, não consegue ter produtividade para o nível de custos que agora tem. Como é que a França e a Alemanha perderam as suas empresas têxteis? O fenómeno dos Flying Geese