Mostrar mensagens com a etiqueta christensen. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta christensen. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, janeiro 30, 2013

Aumentar o "producer surplus", o caminho menos percorrido (parte III)

Continuado daqui parte I e parte II (originalmente esta estava para ser a segunda parte)
.
Enqunato desenhava a parte I, o @Pauloperes chamou-me a atenção para um artigo sobre a mensagem de Clayton Christensen em Davos "Q&A: Why U.S. Companies Fail to Innovate".
.
Sublinho estas passagens:
""In the auto industry, Mercedes and BMW (Moi ici: Repare, a escola alemã) are integrated. They make almost everything they use. In contrast, Chrysler outsources everything. (Moi ici: Repare, a escola americana) When an innovation emerges, it’s very hard for Chrysler to respond to the opportunity, because they can do it only when a group of independently operated suppliers agrees on a common course of action. Also, most American companies look at profitability in terms of the return on capital invested, (Moi ici: Afirmação 1) which prioritizes short-term investing and outsourcing. Mercedes measures profitability by dollars per car. (Moi ici: Afirmação 2)
...
American executives say they are imprisoned by the way equity analysts measure profitability, and that discourages integration and long-term thinking. Measuring profitability in terms of the return on capital invested was the right thing to do from the 1930s to 1960s, when capital was scarce. But now capital is abundant, and it doesn’t make sense to measure profitability that way. If the cost of capital is zero, investments that don’t pay off for five years look the same as those that pay off sooner. So there’s less risk in investing for the long-term." (Moi ici: Afirmação 3)
Concordo com a afirmação 2 e desconfio da afirmação 3.
.
Vamos à afirmação 3 primeiro.
.
Para quem trabalha Clayton? Quem são os seus clientes? Quem o contrata?
.
Empresas grandes, corporações, multinacionais. Estas empresas com sede nos Estados Unidos, pelo que tenho lido, estão sentadas em cima de muito dinheiro que é seu, não precisam de dinheiro emprestado. Para estas empresas talvez a afirmação 3 seja aplicável.
.
Antes da crise do euro, os governos portugueses, de todas as cores partidárias, eram adeptos da afirmação 3. Assim, endividaram-se massivamente, para financiar grandes investimentos públicos em infraestruturas e, com isso maquilharem os números do desemprego e do PIB. Agora, essas obras estão feitas, têm de ser pagas e não geram retorno para as pagar. Pois, o custo do capital era quase zero...
.
As PMEs não estão sentadas em cima de capital e, para elas, o crédito é escasso e caro. Daí que antes da crise do euro já tivesse previsto o que iria acontecer com este esquema:
Se o capital ia ficar mais caro, as empresas teriam de apostar em estratégias mais arriscadas, com grau de pureza mais elevado, para poderem pensar em rentabilidades mais altas. (postais de 2008 aqui e aqui)
.
Vamos à afirmação 2.
.
Aqui eu acho que Christensen acerta em cheio com jackpot e tudo!!!
.
Quando dou o exemplo do sucesso do calçado português neste texto de 2010 gosto de confrontar os retratos que os dois conjuntos de gráficos compõem.
.
O primeiro conjunto leva a pensar num cenário de desgraça:
Menos empresas, menos trabalhadores, menos produção em quantidade, menos produtividade (medida em nº de pares produzidos por trabalhador). Este cenário poria qualquer gestor da escola americana em pânico, menos produção, menos volume, custos unitários mais altos... a solução seria fechar e deslocalizar a produção para outras paragens mais baratas.
.
O segundo conjunto, leva-nos à afirmação 2 de Christensen:
A quantidade produzida baixa mas... a facturação sobe!
A quantidade produzida por trabalhador baixa mas a facturação por trabalhador aumenta!
A quantidade produzida baixa mas o preço de cada par aumenta! (Resultados de 2012)
.
Aumenta o valor reconhecido pelo cliente em cada par produzido!
.
E essa é a receita alemã!!!
.
Os economistas e políticos estão sempre a dizer que Portugal, para ser competitivo, tem de baixar os seus Custos Unitários do Trabalho (CUT), o que para eles quer dizer, os salários reais têm de baixar! E dão como exemplo o gráfico dos CUT da Alemanha, passando implicitamente a mensagem de que os salários alemães não subiram na última década.
.
Assim, o actual governo português, como outros o fizeram, ou pelo menos pensaram (com a velha guerra do gato vs rato) no passado, anda nesse campeonato da redução dos custos salariais, através do corte de feriados e do corte da remuneração do trabalho extraordinário, entre outras coisas. Recordar o irónico postal recente "Agora imaginem..."
.
O que estes economistas e políticos não vêem, ou não querem ver é a formula de cálculo dos custos unitários (além de que nem reparam que estão a comparar velocidades de evolução e não valores absolutos). Com a fórmula 1, por exemplo:
Se os meus custos do trabalho (numerador) subirem, por causa dos salários, por exemplo, os CUT podem, ainda assim, baixar, se aumentar o valor do que se produz (denominador)
.
Baixar os CUT administrativamente, via salários, aponta para uma race-to-the-bottom e não obriga as empresas a trabalharem e a melhorarem, é a mesma treta do tempo do escudo (moeda portuguesa antes do euro), os empresários queriam sempre desvalorizações para poderem ser mais competitivos nas exportações sem qualquer esforço interno.
.
Daí que esta conversa de alemão "Christian Dreger: Estratégia de Portugal para reduzir custos do trabalho não é a melhor" não seja entendida em Portugal. No entanto, esta outra do mesmo senhor, "Portugal exporta para mercados com menor potencial de mercado e deveria direccionar as exportações para a tecnologia de ponta, acrescentou." seja perigosa porque os macacos não voam.
.
Voltando a Christensen e à afirmação 1, não creio que o problema seja da forma como se mede a rentabilidade. Essas empresas grandes, essas multinacionais estão cotadas na bolsa e, por isso, não têm tempo para ter paciência estratégica (aqui e aqui).
.
Apostar na afirmação 2 implica paciência estratégica:
"On the other side, we have a CFO, who has been given the mandate to cut down on cuts. This is fair enough in tough times, but the problem is that the CFO and his alliance do not really know much about innovation. They cut too deep. They lose their patience. No wonder. You get immediate results by cutting costs and – if successful – you have to wait 3-7 years to see the results of innovation. If you don’t know how innovation works, this becomes a no-brainer."
Continua.

quinta-feira, dezembro 27, 2012

Emprego e internet

Interessante ter lido, no mesmo dia, várias perspectivas sobre o mesmo tema:

Onde no final se pode ler:
"Every wave of innovation raises a concern that higher productivity will simply mean fewer jobs. In today’s context of high unemployment, this concern is especially acute. As in the past, technological innovation will make some jobs redundant. But it will create new ones and, if the impact on global growth is as strong as we believe, it will certainly create more jobs overall. But the education system will need to ensure that the supply of skills matches the evolving demand."

Onde se pode ler:
"Ah, you ask, but what about the people? Very good question. Smart machines may make higher GDP possible, but also reduce the demand for people — including smart people. So we could be looking at a society that grows ever richer, but in which all the gains in wealth accrue to whoever owns the robots."
A minha leitura dos acontecimentos futuros ajusta-se mais à primeira versão. Quando olho para trás e procuro prever o que é que a internet das coisas, a internet industrial, vai fazer ao emprego, pressinto facilmente a destruição líquida de emprego.
.
Depois, penso na multidão de oportunidades que a internet industrial pode criar, e pressinto facilmente a criação de empregos novos. Ainda ontem, numa PME, vi uma nova máquina a ser finalizada, e toquei nuns clássicos sensores de temperatura... e pensei no Twine.
.
Há cerca de um mês li um artigo de Clayton Christensen que ajuda a desenvolver melhor o tema. Muitas vezes, quando se fala em inovação, dá-se especial relevo à capacidade das novas tecnologias contribuírem para o aumento da eficiência e, isso destrói emprego líquido. Contudo, Christensen propõe que olhemos para outros tipos de inovação que acabam por criar emprego líquido.
.
Por fim, estamos a falar de emprego como o conhecemos desde a Revolução Industrial, a minha metáfora sobre o futuro, Mongo, não se restringe a esse tipo de emprego. Será que os criadores que vendem na Etsy têm um emprego clássico? Como classificar os números do emprego numa economia DIY ou CIY?

sexta-feira, novembro 30, 2012

Os que aprendem a trabalhar para nichos

O último postal foi sobre as empresas que não mudaram de estratégia "E mudar de estratégia? E mudar modelo de negóco?"
.
Entretanto, há bocado li "Lojas tradicionais: A crise mora ao lado":
"Numa altura em que as lojas tradicionais do centro de Lisboa têm fechado portas, a TSF procurou a exceção à regra e encontrou casas centenárias na baixa-chiado onde a crise mora ao lado."
Luvaria, chapelaria, barbearia e, reparem nesta preciosidade:
"João Gilberto, brasileiro que trabalha a fazer sapatos numa pequena loja na baixa"
O mundo mudou, a massa foi atrás e reforçou, e acentuou, a mudança. Contudo, existe sempre um grupo, necessariamente mais pequeno, um nicho, que não vai atrás da disrupção.
.
O texto de Clayton Christensen sobre a disrupção, na HBR deste Dezembro, em particular os trechos referidos aqui, julgo que ajudam a perceber estes exemplos.
.
Há uma minoria de clientes que quer continuar a ser servido por estes fornecedores, porque os centros comerciais não têm o que procuram, até pode parecer que têm, numa abordagem superficial, mas não. O que estas lojas fizeram, imagino, foi continuarem fiéis a uma missão, a um propósito, foi continuarem concentradas nos seus clientes-alvo, em vez de enveredarem pela tentativa vã de ir atrás de clientes "overserved". Aprenderam a viver para um nicho de connaiseurs.
"«As luvarias estão a desaparecer em todo o mundo. O ritual da preparação e do calçar a luva tem-se mantido aqui inalterável. Nós cumprimos com a tradição»"
Reparem nas fotos sobre o interior das lojas...
.
Denotam obsolescência ou antes orgulho na sua tradição?
.
Depois, o choque entre a norma e o que oferecem, começa a atrair outros tipos de clientes: os turistas em busca de uma experiência.
.
Podiam ter incluído mais exemplos, como o da Conserveira de Lisboa.

quarta-feira, novembro 28, 2012

Farmácias e a reacção à disrupção

Esta manhã, o último ou penúltimo, anúncio na Rádio Renascença antes do noticiário das 9 horas, foi esquisito, nunca o tinha ouvido.
.
Uma voz feminina dizia que tinha que cuidar do cabelo e pedia um champô. Uma voz masculina respondia e, depois, perguntava se queria mais alguma coisa. Então, a voz feminina, com toda a naturalidade dizia, "Sim, também queria um xarope para a tosse". Nesta altura, fiquei a pensar "O que é isto!?!?" Por fim, o narrador descortinava que se tratava de um anúncio das farmácias portuguesas.
.
As farmácias também estão a ver o seu modelo de negócio a tornar-se obsoleto, quer via alterações legislativas, quer via Wells (eu que só vejo canais por cabo ontem senti-me bombardeado com anúncios sucessivos) e companhia. Sim, também estão a ser vítimas de uma disrupção.
.
Será que faz sentido pôr as farmácias portuguesas, com os custos de estrutura que têm, a tentar recuperar os clientes "overserved"? Será que a farmácia pode competir com o salão de cabeleireiro em termos de conselhos capilares? Será que vão ter algum sucesso a lutar para que os medicamentos sejam mais caros, a pagar pelo Estado ou pelas pessoas?
.
Vale a pena ler o artigo de Clayton Christensen na HBR de Dezembro deste ano, "Surviving disruption", alguns recortes:
"decades of training have taught executives to focus not on the value they provide for their customers but on proxies for it - high-level profit and revenue data. If an innovator is causing a company losses, it’s deemed threatening. If not, it’s often dismissed. And overestimating a threat can be as costly as ignoring it: Managers struggle to keep customers who are unlikely to be lost to disruption in the same way they would compete with traditional rivals - by dropping prices or offering comparable product features. (Moi ici: Oferecer conselhos capilares, a sério?!?!?! E os farmacêuticos revêem-se nessa evolução?This sort of response both fails to identify the intrinsic advantage of the disrupter and ignores advantages that the legacy business could viably defend
...
Once you understand what jobs customers most commonly hire you to do, (Moi ici: Quais eram os trabalhos que as pessoas procuravam resolver com as farmácias? Nem todos procuravam a mesma coisa. De certeza que hoje, há trabalhos que outros realizam melhor que as farmácias, há trabalhos que as farmácias continuam a realizar melhor e, há trabalhos que as farmácias não fazem mas podiam realizar melhor que outros, com vantagem para elas, para as pessoas que as procurassem e para os contribuintes. Por que é que as farmácias não doiram essa pílula e tentam conquistar as pessoas, os contribuintes e o poder para esses novos trabalhos? Basta recordar as doenças crónicas: hipertensão, diabetes, obesidade, ... ) it becomes much easier to begin evaluating how important the advantages and disadvantages of a disrupter’s extendable core are to your business. (Moi ici: Quando um negócio começa a reagir à actuação de um disruptor tenta recuperar os clientes perdidos, aqueles que, na realidade, estão definitivamente perdidos para os diruptores. Dessa forma, acabam por alienar os que ainda estavam dispostos a alinhar com o incumbente porque vão atrás dos "overserved")
...
To better serve those customers, traditional grocery retailers should focus on outcompeting convenience stores with lower prices and better quality (particularly of perishables) and outcompeting farmers’ markets—perhaps with greater selection or by enticing farmers to sell produce inside their stores. They should be thinking hard about their physical advantages - (Moi ici: Com quem se pode fazer a diferença? "What jobs customers most commonly hire you to do?" Como se pode fazer batota? Como se pode ampliar a vantagem que temos com um certo tipo de clientes?) considering how store layouts might help or hinder the shopper who is trying to gather ingredients for dinner.
...
Their leaders should expect increasing competition from online upstarts for the highly profitable branded items that currently fill so many supermarket aisles. They would do well to plan for a world in which those revenues are in some large part lost to them forever. Accepting the existence of a new competitive paradigm is never easy. It often forces us to acknowledge an inevitable loss of business. It may require us to develop disruptions that cannibalize our existing businesses. Failing to come to terms with these realities does us no service."
Pensem nisso, faz muito mais sentido pedir conselhos capilares no cabeleireiro e usar a farmácia para outro tipo de serviços.

segunda-feira, novembro 26, 2012

Disrupção, disrupção, disrupção

Comecei o último Sábado com a leitura destes dois artigos:

E fiquei com a palavra disrupção na mente, mal sabia o que vinha a seguir.
.
"can Best Buy make it? In other words, how can Best Buy, or any other bricks-and-mortar consumer electronics retailer, successfully compete with Amazon, whose goal, says CEO Jeff Bezos, "is to work hard and charge less"? If you sell devices near break-even,
...
Many observers point out that Best Buy is, in effect, a showroom for Amazon. People can examine a product, ask questions of the salesperson and, without even leaving the store, whip out their cell phones and find lower prices for the same product. It will be delivered the next day and in many cases they will not pay sale taxes. That is an offer that is almost impossible for Best Buy to beat, especially given the higher expense structure of a bricks-and-mortar retailer.
...
One path Best Buy already selected is to provide service. The Geek Squad installs complex electronics in your home and repairs or modifies computer and home entertainment systems. They have become so complex that this is a high-demand consumer service with which online retailers cannot compete.
...
Another possible path to success is to charge for consumer advice. I understand that this is a somewhat radical suggestion, but it is worth trying.
...
Best Buy says it is investing in a more knowledgeable and professional sales force. Why not try an experiment: tell customers the fee for sales assistance in selecting the right product is, say, $25, but that fee will be applied to the purchase price if they buy from the store."
E a palavra disrupção voltou a entranhar-se na minha mente. (BTW, já esta manhã encontro "Norte-americanos batem recorde de compras online na "black friday"")
.
O mundo, os consumidores, tudo muda, por isso, também as empresas têm de se reinventar.
.
Depois, li "Where You'll Buy Pants in the Future":
"I am the type of person legacy retailers should be vying to protect; the shopper dying for the in-store experience. For shoppers like me, a new ecosystem would need to emerge for me to switch to the disruptive platform — providing legacy retailers an opportunity to get ahead of the curve. Unfortunately for the bricks and mortar retailers that have failed to act, it appears online retailers are now investing in building that ecosystem.
...
All I needed to de-stress my buying experience was a showroom partner — much in the same way that Best Buy has effectively become the showroom partner for Amazon's consumer electronics business."
E percebi como as marcas on-line, mais novas, menos presas ao passado, estão a agir mais depressa para expandir a sua base inicial de clientes, a fase seguinte da expansão disruptiva.
.
Depois, segui para a leitura de "Surviving Disruption"... escrevo aqui no blogue, muitas e muitas vezes, que as empresas têm de fazer batota e "carregar" naquilo onde conseguem fazer a diferença, para a salientar, para a tornar mais visível, para a tornar mais valiosa. Pois bem:
"Identifying what jobs people need done and how they could be done more easily, conveniently, or affordably is what enables a disrupter to imagine how to improve its product to appeal to more and more of your customers. If you can determine how effective or ineffective the disrupter is likely to be at doing the jobs you currently do, you can identify the most vulnerable segments of your core businessand your most sustainable advantages. When a disruptive business offers a significant advantage and no disadvantages in doing the same job you do, disruption will be swift and complete (think online music versus CDs). But when the advantages of a disrupter’s extendable core are ill suited to doing that job and its disadvantages are considerable, disruption will be slower and incomplete."

terça-feira, novembro 06, 2012

Sobre a paranóia da eficiência e do eficientismo


Um excelente artigo de Clayton Christensen, "A Capitalist’s Dilemma, Whoever Wins on Tuesday".
.
Para quem escreve há anos sobre a paranóia da eficiência e do eficientismo, para quem aponta para a vantagem de trabalhar para aumentar o numerador, em vez da paranóica concentração na redução do denominador, é reconfortante ler:
"So we taught our students how to magnify every dollar put into a company, to get the most revenue and profit per dollar of capital deployed. To measure the efficiency of doing this, we redefined profit not as dollars, yen or renminbi, but as ratios like RONA (return on net assets), ROCE (return on capital employed) and I.R.R. (internal rate of return).
Before these new measures, executives and investors used crude concepts like “tons of cash” to describe profitability. The new measures are fractions and give executives more options: They can innovate to add to the numerator of the RONA ratio, but they can also drive down the denominator by driving assets off the balance sheet — through outsourcing. Both routes drive up RONA and ROCE.
Similarly, I.R.R. gives investors more options. It goes up when the time horizon is short. So instead of investing in empowering innovations that pay off in five to eight years, investors can find higher internal rates of return by investing exclusively in quick wins in sustaining and efficiency innovations.
In a way, this mirrors the microeconomic paradox explored in my book “The Innovator’s Dilemma,” which shows how successful companies can fail by making the “right” decisions in the wrong situations. America today is in a macroeconomic paradox that we might call the capitalist’s dilemma. Executives, investors and analysts are doing what is right, from their perspective and according to what they’ve been taught."
Vale a pena ler o artigo, e recordar o que escrevemos aqui acerca da eficiência versus a eficácia:
"Executives and investors might finance three types of innovations with their capital. I’ll call the first type “empowering” innovations. These transform complicated and costly products available to a few into simpler, cheaper products available to the many.
...
Empowering innovations create jobs, because they require more and more people who can build, distribute, sell and service these products. Empowering investments also use capital — to expand capacity and to finance receivables and inventory.
.
The second type are “sustaining” innovations. These replace old products with new models. For example, the Toyota Prius hybrid is a marvelous product. But it’s not as if every time Toyota sells a Prius, the same customer also buys a Camry. There is a zero-sum aspect to sustaining innovations: They replace yesterday’s products with today’s products and create few jobs. They keep our economy vibrant — and, in dollars, they account for the most innovation. But they have a neutral effect on economic activity and on capital.
.
The third type are “efficiency” innovations. These reduce the cost of making and distributing existing products and services. Examples are minimills in steel and Geico in online insurance underwriting. Taken together in an industry, such innovations almost always reduce the net number of jobs, because they streamline processes. But they also preserve many of the remaining jobs — because without them entire companies and industries would disappear in competition against companies abroad that have innovated more efficiently." 
E para completar, recomendo a interpretação de Steve Denning sobre o artigo de Christensen em "Capitalism, After The Election"

domingo, outubro 21, 2012

Quem é a audiência? (parte I)

A propósito de "Em crise, os jornalistas devem pensar no negócio", se olharmos para um jornal como mais um tipo de empresa que está a passar dificuldades, qual o primeiro desafio, qual a primeira pedra para uma estratégia acerca de um futuro sustentável?
.
Basta atentar neste título, ou este, ou este, ou mesmo este.
.
Sim, essa é a primeira pergunta, sempre. Por isso, faz todo o sentido a reflexão:
.
"Always Consider The Audience First 
...
a better way of thinking about the business you're in is through the lens of a theory that we call jobs-to-be-done. The basic idea is that people don't go around looking for products to buy. Instead, they take life as it comes and when they encounter a problem, they look for a solution - and at that point, they'll hire a product or service. The key insight from thinking about your business this way is that it is the job, and not the customer or the product, that should be the fundamental unit of analysis. This applies to news as much as it does to any other service.
...
What is the job audiences want done?
What kinds of employees and structure does the company need so it can fulfill that job-to-be-done?
What is the best way to deliver that information to audiences?
One way to figure out what jobs the audience wants to be done is to look at what successful competitors have accomplished and then ask what people were trying to do when they hired the competitor.
...
Successful companies understand the jobs that arise in people's lives and develop products that do the jobs perfectly. And if a company does this, customers will instinctively "pull" the product into their lives whenever that job arises.
The jobs are consistent - it's the products that change What's very interesting about the jobs that consumers want done is that they are consistent over time. As industries are disrupted, different products emerge that are better able to complete the job - but the job stays the same.
...
it's critical to avoid falling into the trap of believing that you can charge for content just because it costs money to produce. (Moi ici: Trabalho não é valor para o cliente. Trabalho é custo! Valor é uma percepção que resulta de uma experiência, ou série de experiências) Instead, the content must be so compelling that users will pay for it. This requires targeting the right jobs.
.
Once managers establish what jobs consumers want done, a series of new questions arises for managers: How can they improve their existing products so they perform the job better than any other competitor? What existing products are no longer competitively viable in serving customers' jobs-to-be-done and should be cut? And finally: What new products could be introduced that address a different job-to-be-done for their audience—or perhaps a new audience altogether?"
.
Tirando o Jornal de Negócios (que compro mais por tributo do que por outra coisa) já quase não compro jornais. A rádio e a internet dão-me quase o mesmo que os jornais, ou que aquilo que realmente encontro com valor para mim num jornal. Por exemplo, recentemente, encontrei esta notícia sobre um tema que me interessa, a economia a sério das PMEs num texto publicado numa rádio local e tive oportunidade de a comparar com um texto do Público...
.
Quando vou ao quiosque onde durante anos comprei os semanários ao Sábado não vejo crise na oferta. Reparem bem na explosão de publicações em papel que ocorreu nos últimos anos.
Muitas delas são é muito focalizadas.
Muitas delas são é dirigidas a um público muito específico.
E sim, se calhar algumas delas não vão sobreviver ao próximo ano.
.
Algo que acho fascinante é a resposta do sector dos media à crise dos jornais. Como baixa a procura, baixa a receita. Como baixa a receita, cortam nos custos. Assim, têm jornais cada vez mais generalistas, mais superficiais, mais cheios de erros, mais cheios de opinião. Resultado, à baixa da procura por causa dos que encontram a alternativa na internet, soma-se a baixa da procura por causa dos que se recusam a comprar baixa qualidade.
Se calhar, a alternativa passaria por publicações mais caras, mais pequenas, mais específicas.
.
O meu conselho para as PMEs que produzem bens transaccionáveis é: não tentem competir com a China nos custos.
O meu conselho para os jornais será: não tentem competir com a Internet (China) nos custos.

BTW, ontem ao jantar o meu filho mais novo, ao relatar um episódio de sexta-feira, mencionou os pedidos insistentes de uma colega ao pai para lhe comprar a revista Bravo.
.
Trechos retirados de "Breaking News Mastering the art of disruptive innovation in journalism" de Clayton M. Christensen, David Skok, e James Allworth

quinta-feira, abril 19, 2012

A inovação disruptiva nos mercados "overserved" (parte V)

.
Interessante, muito interessante "Apple's Business Model Vulnerability, Exposed by a French Upstart":
"Free is a classic example of “disruptive innovation,” a term coined by my mentor Clayton Christensen. The company is offering unlimited domestic calls and texts, free calls to many international countries, 3 GB of data per month, and no contract commitment — all for $25 a month. In exchange for this exceptionally good deal, subscribers give up some of the benefits associated with traditional mobile carriers."
Voltando à figura da relação entre importância e satisfação:
Considerando o texto de Anthony Ulwick em "What Customer Want":
"Almost as important as knowing where the market is underserved is knowing where it is overserved. Jobs and outcomes that are unimportant or already satisfied represent little opportunity for improvement and consequently should not receive any resource allocation.
In most markets, it is not uncommon to find a number of outcomes that are overserved—and companies that are nevertheless continuing to allocate them development resources. We say that an outcome is overserved when its satisfaction rating is higher than its importance rating. When a company discovers these overserved outcomes, it should consider the following three avenues for possible action: First, if the company is currently focusing on these overserved outcomes, those efforts should be halted. Making additional improvements in areas that are already overserved is simply a waste of resources and is likely to add cost without adding additional value.

Second, if cost reduction is an important consideration in the market, then costs can be reduced by taking out costly function in areas that are overserved. For example, if a five-dollar feature can be redesigned so that it satisfies an outcome 80 percent as well as it does currently but for half the cost, then the company may want to make this trade-off. Third, if many overserved outcomes are discovered in a market, then the company should consider the possibility of engaging in disruptive innovation. This would mean taking out cost along multiple dimensions and creating a lower-cost business model that existing competitors would be unable to match. The concept of a low-end disruptive innovation, as described in The Innovator’s Solution, is only possible when the customer population, or a segment of that population, is overserved."

sexta-feira, março 09, 2012

Se fecharmos os olhos, o monstro não vai desaparecer!

Um excelente vídeo onde Clay Christensen aborda dois tópicos que queria realçar:
.
A disrupção, nos primeiros 60 segundos, a propósito do que escrevi na primeira anotação de "Ultrapassado e sem contraditório":
(Moi ici: É fundamental aumentar as exportações líquidas. Contudo, dado que não estamos a viver uma crise conjuntural, é também fundamental repensar o futuro da maioria das empresas, as que operam só no mercado interno. No mercado interno, com a quebra no poder de compra, o tempo está maduro para disrupções)
A procura baixou por causa da quebra no poder de compra, quebra que veio para ficar, mas a necessidade que estava por detrás da procura anterior mantém-se, em grande parte.
.
Este é o tempo para repensar novas abordagens, é o tempo para usar a folha em branco e desenhar novas hipóteses de trabalho, novos modelos de negócio.
.
Novos canais de distribuição, novos produtos com outros atributos... recordo-me logo da curva de valor de Kim e Mauborgne. Quando "todo" o mundo está numa curva desenfreada para acrescentar mais atributos e mais atributos... recuar e apresentar um produto diferente, destinado a um nicho que valoriza duas ou três coisas e passa bem sem o resto, desde que tal se repercuta no preço.
.
O outro tópico, nos últimos 60 segundos do vídeo, é sobre a importância de uma boa teoria...
"a única forma de olhar para o futuro, onde não há dados que nos possam auxiliar, as coisas ainda não aconteceram, é ter uma teoria. Muitas vezes não pensamos nisso, mas sempre que tomamos uma decisão é com base numa teoria. Assim, quando se consegue que os gestores, através da lente de uma teoria, olhem o futuro, é possível ver o futuro." (tradução liberal da minha autoria)
É claro que não fico descansado, o futuro não está escrito e, por isso, pode sempre mudar. No entanto, ter uma teoria é uma grande ajuda, porque deixamos de trabalhar com peças de um puzzle desconhecido e temos uma referência, uma foto da imagem final. Assim, há medida que descobrimos novas peças podemos ir confirmando se pertencem à imagem que temos como referência ou não. E, quando não encaixam ficamos alerta e passamos ao modo de busca da nova imagem, que enquadre as peças anteriores e as novas peças, uma nova teoria.
.
E acredito que muitas vezes falhamos como empresas porque não temos uma boa teoria... não temos uma teoria! Tratamos as peças que nos vão chegando sem uma referência.
.
Outras vezes, parece que nos recusamos a ver a figura que outros nos mostram. Um pouco como as crianças, "se fechar os olhos, o monstro vai desaparecer".
.
Por exemplo:
.
"A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, assegurou ontem, em Angra do Heroísmo, nos Açores, que Portugal "continua a defender a manutenção das quotas do leite", apesar de reconhecer que existem poucas hipóteses de isso acontecer.
.
"Sabemos que é difícil conseguir que isso vá para a frente, porque é preciso uma maioria qualificada para reverter uma decisão que foi tomada no passado", frisou, salientando que a defesa das quotas pode valer mais tarde a Portugal ganhos "na estratégia de uma adaptação suave", caso se confirme o fim deste regime.
...
A ministra afirmou que, no caso de não ser possível reverter a decisão, é importante ter um capital que permita sustentar a necessidade de Portugal ter apoios específicos para ajudar a uma transição que "tem de se fazer muito com a diversificação dos produtos e dos derivados do leite".
.
Assunção Cristas considerou que ainda é cedo para pensar em medidas de apoio ao fim das quotas, salientando que Portugal tem tempo até 2015 "para poder negociar e pedir apoios específicos para o sector".
.
Com a minha teoria sobre o futuro do mercado do leite... o fim das quotas é quase inevitável. Quem vai ganhar com esse fim? As grandes unidades produtoras, com muitas dezenas e até mesmo centenas de cabeças. Com o fim das quotas acabam os limites ao crescimento das explorações... e aí vamos nós num negócio de escala e eficiência.
.
O produtor português-tipo tem alguma chance de competir nesse mercado? Não!!!
.
Agora, é o tempo de falar olhos nos olhos e começar a preparar os produtores para decidirem o seu futuro. 
  • Vender o negócio agora é melhor do que vender quando já não houver quotas?
  • Unir explorações para aumentar a produtividade (num negócio de preço faz sentido falar esta linguagem do século XX)?
  • Optar pela certificação e venda directa ao público? (se os produtores conhecessem a curvan de Simon e Dolan... se percebessem o impacte do aumento do preço de venda do leite nas suas contas, mesmo com uma redução na quantidade, no volume vendido)
Estamos a cometer o mesmo erro que cometemos com as pescas... adiamos até à última a confrontação com a mudança de paradigma. Quando o paradigma mudar, estaremos tão em cima, com tanta falta de tempo, que a opção mais atraente vai ser receber indemnizações para deixar de produzir.
.
E no seu caso, tem uma teoria para o seu negócio? Tem uma referência que pode usar no dia-a-dia para testar os pressupostos em que se baseia o seu negócio?

terça-feira, novembro 29, 2011

O desafio do valor

Steve Denning em duas reflexões chama a atenção para o desafio do valor.

Acerca daquilo a que chamo hollowing ou a radioclubização das empresas. 
.
"Christensen retells the story of how Dell progressively lopped off low-value segments of its PC operation to the Taiwan-based firm ASUSTek — the motherboard, the assembly of the computer, the management of the supply chain and finally the design of the computer. In each case Dell accepted the proposal because in each case its profitability improved: its costs declined and its revenues stayed the same. At the end of the process, however, Dell was little more than a brand, while ASUSTeK can—and does—now offer a cheaper, better computer to Best Buy at lower cost.
.
Christensen also describes the impact of foreign outsourcing on many other companies, including the steel companies, the automakers, the oil companies, the pharmaceuticals, and now even software development. These firms are steadily becoming primarily marketing agencies and brands: they are lopping off the expertise that is needed to make anything anymore.
...
We now live in the age of customer capitalism. Making money and corporate survival now depend not merely on pushing products at customers but rather on delighting them so that they want to keep on buying. To prosper, firms must have knowledge workers who are continuously innovating and delivering a steady supply of new value to customers and delivering it sooner.
.
Focusing everyone in the organization on delivering additional value to customers is what gives a firm resilience."
"There is an arresting moment in Walter Isaacson’s biography of Steve Jobs in which Jobs speaks at length about his philosophy of business. He’s at the end of his life and is summing things up. His mission, he says, was plain: to “build an enduring company where people were motivated to make great products.” Then he turned to the rise and fall of various businesses. He has a theory about “why decline happens” at great companies: “The company does a great job, innovates and becomes a monopoly or close to it in some field, and then the quality of the product becomes less important. The company starts valuing the great salesman, because they’re the ones who can move the needle on revenues.” So salesmen are put in charge, and product engineers and designers feel demoted: Their efforts are no longer at the white-hot center of the company’s daily life. They “turn off.” IBM and Xerox, Jobs said, faltered in precisely this way. The salesmen who led the companies were smart and eloquent, but “they didn’t know anything about the product.” In the end this can doom a great company, because what consumers want is good products."
...
"This isn’t quite the whole story. It’s not just the salesmen. It’s also the accountants and the money men who search the firm high and low to find new and ingenious ways to cut costs or even eliminate paying taxes. The activities of these people further dispirit the creators, the product engineers and designers, and also crimp the firm’s ability to add value to its customers."

quarta-feira, novembro 23, 2011

Adapt: Why Success Always Starts with Failure

Comecei esta semana a ouvir, durante o jogging, um livro muito interessante que recomendo:
.
"Adapt: Why Success Always Starts with Failure" de Tim Harford
.
Ainda só vou no 3º capítulo mas julgo que já posso resumir a intenção do autor na seguinte frase:
.
O livro descreve a doença do modelo soviético que contaminou as sociedades ocidentais. A crença num governo central poderoso, a crença nas grandes empresas, a crença nos grandes projectos, a crença nas obras de regime.
.
A solução passa por pequenas experiências, passa por seguir a estratégia da biologia, variação e selecção em pequena escala. Realizar testes que podem correr mal sem pôr em causa o sistema.
.
Sobre o livro encontrei os seguintes comentários:
Não posso deixar de pensar que os problemas da Saúde e da Justiça resultam desse gigantismo, dessa sovietização do pensamento... 
.
A biologia dá-nos sempre a lição da divergência, da cladística, ... por isso, acredito que o futuro não é uma mega-farmácia ao estilo do Continente, mas a especialização... por isso, sorri ao ler esta intervenção de Christensen sobre a Saúde:
.
“If we simplify the problem, we simplify the development of solutions,”
...
Every time the number of pathways is doubled, the cost of overhead increases by 30 percent because of the complexity of intersecting pathways. The average hospital has 110 different pathways, he said. Typically hospitals’ overhead is 85 percent of the total cost of business and only 15 percent goes to caregivers working to help patients.

Christensen exemplified Shouldice Hospital, located outside Toronto, which specializes in hernia repair. Shouldice’s overhead is $1,600 compared with $6,030 at a general hospital; the cost of supplies and labor is $700 versus $970; and the total cost for length of stay is $2,300 versus $7,000. New England Baptist Hospital in Boston is following a similar path by specializing in orthopedics. The facility can perform a hip replacement at 45 percent of a general hospital’s cost.

Christensen wrapped up his talk by reiterating the need for simplicity. “If we simplify the problem, then simple solutions will emerge. “
.
BTW, ao ler este título "Na informatização da Justiça, Portugal é comparado com os países do primeiro mundo" lembrei-me logo do que ando a ouvir...
.
Qual a finalidade, qual a razão de ser da Justiça?
Tudo na Justiça devia contribuir para o cumprimento da finalidade...
Quais os resultados da Justiça?
.
Mas os políticos podem vangloriar-se "comparado com os países do primeiro mundo"...
.
.
.
Pois, equívocos (parte I e parte II)

sábado, outubro 29, 2011

Abertura para a transição

Recordar o velho exemplo de Christensen com os batidos de leite: contratar um produto para realizar um trabalho na vida do cliente (experiência de uso).
.
E se a vida do cliente muda, no seu trabalho, na sua casa, nos seus tempos livres, ... o nosso produto/serviço, pode ficar obsoleto, mesmo que o cliente esteja satisfeito connosco... ele deixou de ter necessidade de realizar o trabalho que o nosso produto/serviço proporcionava. E nos tempos que correm, tempos de migração acelerada de valor, tempos de re-ajuste das placas tectónicas para uma nova economia, há que estar alerta para fazer a transição.
.
Relacionar com:
.
"Um dos temas que discutimos neste Encontro Apigraf, para o qual convidámos vários especialistas, esteve relacionado com um novo modelo de negócio para o setor. Segundo os dados de que dispomos, no ano 2020 apenas 50% do volume de negócio das gráficas estará associado à impressão. Por isso, as empresas têm que abrir horizontes e incorporar no seu negócio outras atividades, nomeadamente apresentando soluções integradas de produtos, criatividade, impressão, páginas web e outras."
.
E com um pensamento que muitas vezes refiro aqui: um produto, ou um serviço, é cada vez um pretexto para o mais importante - criar, nutrir e desenvolver uma relação com uma comunidade de entidades, com um ecossistema que trabalha para a co-criação de valor.
.
Contudo, este não é o caminho mais percorrido. A CP está no negócio dos comboios, não devia estar no negócio dos serviços de transporte? (e recuamos a 1960 e ao "A miopia do Marketing" de T. Levitt)
.
Recorte retirado de "Apigraf aposta na criação de marca forte com capacidade de influência"
.

quarta-feira, setembro 21, 2011

Não deixar que o instalado limite o novo?

Ainda ontem, numa reunião, um empresário queixava-se que as pessoas na empresa não davam igual atenção às duas propostas de valor da empresa.
.
Disse-lhe que não era fácil para as mesmas pessoas, na mesma empresa, tentarem vender duas propostas de valor em extremos: uma baseada no preço mais baixo e outra baseada no produto tecnologicamente superior.
.
Este é um desafio comum nas empresas e o meu mestre para estes assuntos ainda é Wickham Skinner, o autor de "The Focused Factory" e do conceito de "plant-within-plant".
.
Hoje encontro uma série de artigos relacionados com o tema:

sexta-feira, setembro 02, 2011

To much efficiency will kill you

O desafio é mais "americano" do que português no sentido em que normalmente as PMEs trabalham para nichos (e muitas vezes o seu problema é não o fazerem) e o problema em causa acontecer sobretudo às empresas grandes precisamente por causa da dispersão.
.
O tema já aqui foi referido no blogue várias vezes, no entanto, nunca é de mais reforçar que isto dos negócios é muito mais do que aplicar a racionalidade básica que se aprende na escola.
.
Reflexões pessoais interessantes sobre uma apresentação recente de Clayton Christensen "When Being Rational Kills Your Business"... e recordar a história dos nabateus (To much efficiency will kill you - cantariam os Queen).
.
Recordar:

sexta-feira, julho 01, 2011

Uma oportunidade para as "boutiques" de consultoria (parte II)

"God never said that finance and strategy are fundamentally different functions, yet the business schools decided to teach strategy and teach finance. This gets implemented in companies where strategy is the responsibility of this group, and finance this group. And a lot of the things that make sense financially make no sense strategically."
...
"One of the biggest inhibitors is how a business or a group defines itself. Get the business team in a room and just talk to them. Who are you? What makes you successful? Why do you have a right to win in your marketplace? Just get down to the basics of how they define themselves. When it comes out, it's clear what their limiter is."
.
Trechos retirados de "The Innovator's solution"

Continua.

quinta-feira, junho 30, 2011

Falácias populistas *

"I don't have my finger on the pulse of corruption in China, but I think most people on the ground would say that as China was emerging from communism it was a very regulated society and therefore it was very corrupt.




But as they have deregulated the economy, there just aren't as many opportunities for people to be corrupt. China has become a more efficiently lubricated capitalist economy."

...

"Well, shutting borders will help a few wealthy people preserve their wealth. But there's no evidence that I know that shows shutting down borders helps your economy grow. Look at what happened with India during the first three decades after their independence, where they essentially wanted to keep imports out so that they could develop their internal industries. None of those industries became engines for economic growth. They were all inefficient and served India very poorly. It wasn't until things opened up that the local economies prospered. History is pretty strong on that question."
.
As ideias de "desvalorização fiscal", saída do euro para "desvalorizar moeda" não resultam, nem na Índia, nem no Reino Unido como recorda o Anti-comuna.
.

Trechos retirados de "Clayton Christensen: 'China's Growth Will Force an Innovation Competition with the West'"

* Classification made by Anti-comuna in the hyperlinked text.

domingo, junho 01, 2008

Os gestores do futuro estão a ser forjados hoje

Durante a leitura do livro "The Innovator's Solution", de Christensen e Raynor, deparei com uma teoria muito interessante sobre os recursos humanos.
.
Volta e meia deparo-me com empresas e com situações que parecem corroborar essa teoria. E quando somos tentados a seguir a onda fácil de criticar os "empresários", penso duas vezes nesta teoria.
.
A teoria é a da "escola da experiência" da autoria de Morgan McCall.
.
De acordo com esta teoria os gestores são mais feitos do que gerados. Feitos, moldados pela experiência, temperados pelas situações que viveram.
.
Assim, os gestores terão tanto mais probabilidades de sucesso, ao lidar com os problemas com que se vão debater num desafio futuro, quanto mais tenham lidado com problemas semelhantes no passado, quanto mais tenham frequentado uma escola da experiência que os tenha posto em contacto com as disciplinas, com os circuitos, com os desafios relevantes.
.
Se esta teoria tiver uma aderência à realidade, então, estamos agora a forjar, nestes tempos de crise e de transição, a massa crítica de futuros gestores que estará mais preparada para o mundo económico de amanhã.
.
Não estamos a falar de algo que se aprenda na escola...
.
"Experiences that create lasting change are rarely the product of routine daily fare or of minor turns in an otherwise straight road. The experiences that changed executives were hairpin curves or stomach-turning drops that forced them to look at themselves and their context through a different lens. Transformational experiences almost always forced people to face something different from what they had faced before. In a real sense, the challenge lay in what they weren't already good at, not in what they had already mastered. The harder the test, the deeper the eventual learning, even though for a time afterward, the full significance of the experience might be unclear.
.
Experiences that have a strong personal impact are almost always loaded with adversity. Because people often prefer to avoid adversity, many of the most developmental experiences happened as a result of fate rather than volition; still others were more or less forced on people by a boss or the organization. Of the experiences entered into wilingly, even eagerly, executives sometimes had to admit in retrospect that they hadn't realized what they ere getting into - they might not have done it had they known, although having survived it, the experience was invaluable.
.
Experiences that teach are like that."
.
Trecho retirado de "High Flyers - Developing the Next Generation of Leaders" de Morgan McCall.

sábado, fevereiro 09, 2008

Mind-mapping e divagações farmacêuticas

No último mês ando a pôr em prática uma ideia que me surgiu, na sequência do curso de “Criatividade e Inteligência Emocional” que frequentei. Para dar asas, e fomentar a minha criatividade, adoptei uma prática que, em teoria, a facilita e desenvolve: passei a usar, no dia-a-dia, um caderno A4 branco (adeus ditadura do quadriculado); passei a usar o caderno na posição horizontal; e passei a usar várias canetas coloridas em simultâneo.

Não quero outra coisa, é muito mais fácil recuperar ideias, é muito mais fácil espraiar os conteúdos, e esteticamente é mais bonito.

Mesmo em reuniões a coisa funciona:
Hoje de tarde, recolhi várias folhas A3 brancas e comecei a usar a técnica de “mind-mapping”, para registar e encadear uma série de factos sobre a indústria farmacêutica mundial.
A meio da leitura dos vários relatórios da IBM sobre o sector farmacêutico, o mapa mostrava-me algo que não batia certo.

A figura que se segue é um excerto do mapa global que equaciona o problema:As pequenas e médias empresas estão a conquistar quota de mercado e rentabilidade.
As grandes empresas, com os seus biliões de USD investidos na investigação, têm visto a sua performance baixar ao longo dos últimos anos.
Mesmo nos produtos patenteados, a quota de mercado das pequenas e médias empresas tem crescido e bem!

A minha mente começou logo à procura de modelos mentais capazes de explicar o sucedido.
Gostei deste que se segue:

Clayton Christensen e Michael Raynor no seu livro “The Innovator’s Solution – Creating and Sustaining Successful Growth” (um fantástico livro que aconselho, IMHO) apresentam a ferramenta que se segue:
O eixo vertical (ordenadas) esquerdo mede o grau em que os processos existentes – os padrões de interacção, comunicação, coordenação, e tomada de decisão actualmente usados na organização – são os ajustados `para executar eficazmente as novas tarefas (associadas ao aproveitamento de um produto inovador). Se o ajuste é bom, os processos actuais podem ser utilizados. Se não, novos processos e novos tipos de equipas serão necessários.

O eixo horizontal (abcissas) inferior pede aos gestores que avaliem se os valores da organização actual se ajustam bem ou não, para tomar decisões quanto à alocação de recursos. Se o ajuste é mau, então os valores mainstream da organização actual atribuirão baixa prioridade ao novo projecto; ou seja, o projecto é potencialmente disruptivo, incompatível face ao modelo de negócio actual.

O eixo horizontal superior ilustra o nível adequado de autonomia necessário a uma unidade organizacional que tente explorar a inovação. Para inovações disruptivas, montar uma organização autónoma para desenvolver e comercializar o novo negócio é essencial para o seu sucesso.

Os relatórios defendem que o futuro inovador da actividade farmacêutica passa por “Promovendo produtos cada vez mais direccionados”.

O que é que se passa com as grandes empresas?

Têm crescido sobretudo à custa de se comprarem umas às outras (“Fusões e aquisições”) e de concentrarem as suas unidades produtivas num esforço de aumento da eficiência para conseguir uma redução dos custos (“Um elevado controlo dos custos”)

“Produtos cada vez mais direccionados” têm mercados-alvo cada vez mais recortados, mercados com dimensão atraente para as pequenas e médias empresas, mas completamente anti-económicos para as gigantes.

Assim, como escrevem Christensen e Raynor:

“The reason an organization cannot disrupt itself is that successful organizations can only proritize innovations that promise improved profit margins to their cost structure”

Daí que:

“Great opportunities can be missed and millions of dollars wasted when managers have high-potential ideas but place them in an organizational context that is not suited to the task”

A minha intuição, o modelo mental que escolhi, é um que coloca os “produtos direccionados” no quadrante superior esquerdo (na posição C).
Ou seja, em vez de mega-unidades viradas para a produção em massa, e que arrastam atrás de si uns custos de estrutura respeitáveis, precisavam de unidades mais pequenas e flexíveis. A sua estrutura só as faz convergir para os famosos "blockbusters", os únicos capazes de pagarem os fabulosos "overheads", daí que desprezem possibilidades com mercados potenciais mais limitados.

Será que este raciocínio tem pernas para andar? Será que explica bem o que se passa? Ou há algo que me escapa?