sexta-feira, março 09, 2012

Se fecharmos os olhos, o monstro não vai desaparecer!

Um excelente vídeo onde Clay Christensen aborda dois tópicos que queria realçar:
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A disrupção, nos primeiros 60 segundos, a propósito do que escrevi na primeira anotação de "Ultrapassado e sem contraditório":
(Moi ici: É fundamental aumentar as exportações líquidas. Contudo, dado que não estamos a viver uma crise conjuntural, é também fundamental repensar o futuro da maioria das empresas, as que operam só no mercado interno. No mercado interno, com a quebra no poder de compra, o tempo está maduro para disrupções)
A procura baixou por causa da quebra no poder de compra, quebra que veio para ficar, mas a necessidade que estava por detrás da procura anterior mantém-se, em grande parte.
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Este é o tempo para repensar novas abordagens, é o tempo para usar a folha em branco e desenhar novas hipóteses de trabalho, novos modelos de negócio.
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Novos canais de distribuição, novos produtos com outros atributos... recordo-me logo da curva de valor de Kim e Mauborgne. Quando "todo" o mundo está numa curva desenfreada para acrescentar mais atributos e mais atributos... recuar e apresentar um produto diferente, destinado a um nicho que valoriza duas ou três coisas e passa bem sem o resto, desde que tal se repercuta no preço.
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O outro tópico, nos últimos 60 segundos do vídeo, é sobre a importância de uma boa teoria...
"a única forma de olhar para o futuro, onde não há dados que nos possam auxiliar, as coisas ainda não aconteceram, é ter uma teoria. Muitas vezes não pensamos nisso, mas sempre que tomamos uma decisão é com base numa teoria. Assim, quando se consegue que os gestores, através da lente de uma teoria, olhem o futuro, é possível ver o futuro." (tradução liberal da minha autoria)
É claro que não fico descansado, o futuro não está escrito e, por isso, pode sempre mudar. No entanto, ter uma teoria é uma grande ajuda, porque deixamos de trabalhar com peças de um puzzle desconhecido e temos uma referência, uma foto da imagem final. Assim, há medida que descobrimos novas peças podemos ir confirmando se pertencem à imagem que temos como referência ou não. E, quando não encaixam ficamos alerta e passamos ao modo de busca da nova imagem, que enquadre as peças anteriores e as novas peças, uma nova teoria.
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E acredito que muitas vezes falhamos como empresas porque não temos uma boa teoria... não temos uma teoria! Tratamos as peças que nos vão chegando sem uma referência.
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Outras vezes, parece que nos recusamos a ver a figura que outros nos mostram. Um pouco como as crianças, "se fechar os olhos, o monstro vai desaparecer".
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Por exemplo:
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"A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, assegurou ontem, em Angra do Heroísmo, nos Açores, que Portugal "continua a defender a manutenção das quotas do leite", apesar de reconhecer que existem poucas hipóteses de isso acontecer.
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"Sabemos que é difícil conseguir que isso vá para a frente, porque é preciso uma maioria qualificada para reverter uma decisão que foi tomada no passado", frisou, salientando que a defesa das quotas pode valer mais tarde a Portugal ganhos "na estratégia de uma adaptação suave", caso se confirme o fim deste regime.
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A ministra afirmou que, no caso de não ser possível reverter a decisão, é importante ter um capital que permita sustentar a necessidade de Portugal ter apoios específicos para ajudar a uma transição que "tem de se fazer muito com a diversificação dos produtos e dos derivados do leite".
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Assunção Cristas considerou que ainda é cedo para pensar em medidas de apoio ao fim das quotas, salientando que Portugal tem tempo até 2015 "para poder negociar e pedir apoios específicos para o sector".
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Com a minha teoria sobre o futuro do mercado do leite... o fim das quotas é quase inevitável. Quem vai ganhar com esse fim? As grandes unidades produtoras, com muitas dezenas e até mesmo centenas de cabeças. Com o fim das quotas acabam os limites ao crescimento das explorações... e aí vamos nós num negócio de escala e eficiência.
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O produtor português-tipo tem alguma chance de competir nesse mercado? Não!!!
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Agora, é o tempo de falar olhos nos olhos e começar a preparar os produtores para decidirem o seu futuro. 
  • Vender o negócio agora é melhor do que vender quando já não houver quotas?
  • Unir explorações para aumentar a produtividade (num negócio de preço faz sentido falar esta linguagem do século XX)?
  • Optar pela certificação e venda directa ao público? (se os produtores conhecessem a curvan de Simon e Dolan... se percebessem o impacte do aumento do preço de venda do leite nas suas contas, mesmo com uma redução na quantidade, no volume vendido)
Estamos a cometer o mesmo erro que cometemos com as pescas... adiamos até à última a confrontação com a mudança de paradigma. Quando o paradigma mudar, estaremos tão em cima, com tanta falta de tempo, que a opção mais atraente vai ser receber indemnizações para deixar de produzir.
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E no seu caso, tem uma teoria para o seu negócio? Tem uma referência que pode usar no dia-a-dia para testar os pressupostos em que se baseia o seu negócio?

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