domingo, setembro 21, 2025

O poder do pensamento positivo



Mão amiga mandou-me um artigo interessante “You’re Only as Old as You Think” publicado pelo que parece ser uma revista chamada BBC Science Focus.

O artigo de David Robson, "You're Only as Old as You Think", explora como as nossas atitudes em relação ao envelhecimento podem influenciar não apenas o bem-estar psicológico, mas também a saúde física e até a longevidade. 

Baseado em várias décadas de investigação científica, o artigo mostra que crenças positivas sobre envelhecer podem prolongar a vida em até 7,5 anos, enquanto visões negativas podem acelerar doenças, declínio cognitivo e perda de autonomia. 
"Levy has found that people’s cortisol levels [Moi ici: Já escrevi e escrevi sobre o perigo do cortisol gerado pelo comentáriado] rise by roughly 40 per cent from their 50th to 80th birthdays if they have negative attitudes to ageing.
...
Someone with a rosier view of ageing lived for around 7.5 more years than those who were more pessimistic."
O autor argumenta que o idadismo deve ser tratado como qualquer outra forma de preconceito e que uma mudança cultural é necessária para promover envelhecimento saudável e inclusivo.
"Your attitude towards ageing can reduce the toll time takes on your brain and body. It’s a statement that sounds ridiculous, but the science backs it up.
...
Extraordinary claims require extraordinary evidence, though, and few are as extraordinary as this. But many scientists from across the world are coming to the same conclusion: your mindset can shape your biology."

sábado, setembro 20, 2025

Curiosidade do dia


Há dias li no JdN, "Crise em França "pode ter um impacto positivo na economia portuguesa"".

Confesso que achei o título estranho. O argumento é que, mesmo com os riscos associados, Portugal está numa boa posição para captar investimento francês, tanto no investimento directo estrangeiro como na expansão de empresas francesas já presentes no país.

A alternativa ao turismo canceroso


Há dias escrevi aqui sobre o desenvolvimento canceroso do turismo.

Qual a alternativa? A mesma que para os outros sectores de actividade, subir na escala de valor.

Nunca me esqueço deste exemplo, "inGamba", ou do meu sonho, nunca realizado, com o casamento entre o birdwatching e a posta mirandesa (na Gabriela).

Recentemente, 17.09, encontrei no FT um artigo que fez recordar isto tudo e mais, "Goodwood earns its place in the global luxury experience race".

O artigo descreve como o Goodwood Revival, um evento automóvel de três dias em West Sussex, Inglaterra, se consolidou como um dos principais encontros de carros clássicos e experiências de luxo no mundo. 

A partir da visão empreendedora de Charles Gordon Lennox, 11.º duque de Richmond, Goodwood transformou-se num polo de entretenimento global, com corridas, festivais de velocidade, música e moda, atraindo mais de 100 mil visitantes internacionais por ano e gerando receitas significativas. A ambição do duque é posicionar Goodwood como a “leading luxury experience brand”, mas o desafio é equilibrar expansão global com a preservação da autenticidade do lugar.

“The 70-year-old duke’s ambition meets his sense of caution, based on duty to hand over the estate in good shape to his heir Charlie March.” [Moi ici: A fazer lembrar os espalhadores de bosta de Estarreja]
O texto sobre Goodwood mostra um exemplo de gestão consciente das externalidades do turismo e do entretenimento de luxo. O duque percebe que há limites para crescer sem destruir a autenticidade do lugar, e opta por um equilíbrio entre espetáculo, comunidade e sustentabilidade.

O caminho não é mais volume, mas mais valor — como inGamba, ou no exemplo do birdwatching e da posta mirandesa.

O que me leva a 2006 e à "experience economy" de Pine & Gilmore.


O valor acrescentado já não está em vender um produto ou um serviço, mas em criar experiências memoráveis, autênticas, que envolvem emocionalmente o cliente.

Por exemplo, o Goodwood Revival não é apenas um evento automóvel: é uma imersão cultural e sensorial onde os visitantes “entram num filme”.
“The amazing thing is, they all feel they are part of it, they are in the movie.”
A alternativa ao turismo de volume é investir em nichos de experiência premium, que além de criarem mais valor económico, reduzem os efeitos perversos das externalidades.



sexta-feira, setembro 19, 2025

Curiosidade do dia

Sinal dos tempos: "China ultrapassa Alemanha no ranking da inovação. Portugal mantém 31.° lugar"

A Suíça continua a liderar o Global Innovation Index (GII), seguida pela Suécia e pelos Estados Unidos. A China entrou pela primeira vez no top 10 do ranking e ultrapassou a Alemanha. Portugal mantém-se no 31.º lugar entre 139 economias analisadas pela World Intellectual Property Organization (WIPO). 

O artigo menciona que, embora Portugal esteja estável na posição, há sinais de travagem no investimento em Investigação & Desenvolvimento (I&D).

Interessante, há dias li:

"O país é também um dos países que oferece mais incentivos fiscais às empresas, nomeadamente pequenas e médias empresas, para investigação e desenvolvimento (I&D), de acordo com o relatório, ao lado de França e da Polónia."

De sublinhar a evolução da China, bom para quebrar estereótipos.

Perguntas sem resposta

Encontrei a política da qualidade que se segue na internet. É de uma empresa certificada.

"A XXXXX está empenhada em disponibilizar produtos e serviços aos seus clientes, que não se restrinjam à satisfação das necessidades, mas superem as expectativas, enquadrados por uma rápida evolução tecnológica, exigências de mercado cada vez maiores e uma elevada competitividade.

Todos os requisitos legais, regulamentares e a melhoria contínua da eficácia do Sistema de Gestão de Qualidade são assegurados de acordo com a norma NP EN ISO 9001:2015.

Desta forma, destacamos alguns dos princípios da nossa Política da Qualidade:

• Existir uma interação permanente com o cliente e partes interessadas, de forma a antecipar e adequar as suas necessidades e expectativas mas também conhecer a sua opinião sobre a qualidade dos produtos e serviços fornecidos;

Assegurar junto dos nossos parceiros de negócio, relações de benefício mútuo no sentido de proporcionar um crescimento conjunto;

Existirem mecanismos de gestão adequados para garantir o funcionamento de um Sistema de Gestão de Qualidade e a sua contínua melhoria; e procurar sempre novas soluções que possibilitem reforçar a empresa, tanto ao nível organizacional como pessoal, com vista a cumprir os objetivos estratégicos traçados;

• Promover junto dos colaboradores a motivação e participação ativa nos processos, estímulo da capacidade de iniciativa, trabalho em equipa, responsabilização pelo fazer bem, a formação profissional e a elevada competência técnica e humana;

• Fomentar o desenvolvimento de atividades que permitam concretizar a política da qualidade e melhorar continuamente a eficácia do Sistema de Gestão de Qualidade."

Pergunto com sinceridade:

  • Cumpre os requisitos da ISO 9001:2015?
  • Qual a orientação estratégica desta organização?
  • Quais as escolhas difíceis que esta organização faz para servir os seus clientes?

Políticas que são "Mais vale ser risco e com saúde do que pobre e doentio" são o que há mais neste mundo, chamo-lhes políticas-catequese.

A origem da palavra decidir é elucidativa.

quinta-feira, setembro 18, 2025

Curiosidade do dia

Esta semana no LinkedIn encontrei esta lista:


E fiquei-me logo pela primeira afirmação da lista:

"Um líder torna os problemas visíveis!"

E lembrei-me do ilusionista-mor, do mestre em esconder problemas: o ex-primeiro-ministro António Costa.

Como é que o sistema político português e europeu o premiou? Vocês sabem. Os portugueses até lhe deram uma maioria absoluta. Podem limpar as mãos à parede.

Os líderes a sério tornam os problemas visíveis.

Os alemães, por estes dias, estão constantemente a falar do problema da sustentabilidade das pensões e reformas. Interessante, o tema por cá não existe, os gurus acham que as paletes de imigrantes com salários baixos vão pagar as reformas e pensões da geração do Maio de 68, as que se seguem não interessam, são uma minoria eleitoral. Mas interessante mesmo porque li há anos:

"O Eurostat publicou ontem um relatório que faz soar o alarme. Por este andar, em 2050 nenhum outro país da União Europeia (UE) terá uma população tão envelhecida como Portugal. Um dos maiores desafios é segurá-la no mercado de trabalho."

Hoje no The Times, "Reform welfare state or face ruin, Germany warned."

O artigo descreve a crise iminente do sistema de pensões alemão. 

O governo enfrenta uma despesa pública insustentável, já acima dos 400 mil milhões de euros por ano, que ameaça crescer muito mais na próxima década. As previsões indicam que em 2030 haverá apenas um trabalhador ativo por cada pensionista, o que pressiona o sistema. 

Economistas e políticos discutem medidas dolorosas: mais impostos, idade de reforma mais elevada, cortes nas prestações. O debate é intenso e urgente, com propostas como um "imposto de solidariedade boomer" ou a imposição de obrigações de serviço social aos reformados mais saudáveis. 

"profound and urgent need for reform to ensure that the country could afford its pensions.

...

They include a 'boomer solidarity tax' under which the richest 20 per cent of baby boomer households would pay an additional levy... [Moi ici: Por cá apoplexias em 3, 2, 1...

An obligatory spell of caring for the elderly, minding small children or similar work immediately after retirement would, Fratzscher suggested, be a 'small step to bring a bit more balance back to the solidarity in our society!"

Desconfio que nós por cá, em vez de projectar o futuro, preferimos confiar que “a Europa há de mandar uns fundos” para tapar os buracos. Em Portugal seria suicídio político falar em aumentar a idade da reforma ou cortar pensões. O mais fácil é fingir que o problema não existe. Em resumo: Portugal não discute porque prefere manter o mito da “sustentabilidade assegurada até 2060” que se escreve em relatórios oficiais, e assim todos dormem descansados — até ao dia em que a realidade, como sempre, bater à porta.


Não são elas que precisam de Portugal, é Portugal que precisa delas (Parte VII)



No FT da passada terça-feira, este artigo "N Ireland tech boosted by hard-drive investment."

O artigo descreve o investimento da Seagate em Londonderry, Irlanda do Norte, num projecto de I&D de 5 anos avaliado em £150 milhões, destinado a desenvolver discos rígidos com capacidade até 100 terabytes. Este investimento coloca a região no mapa global da inovação tecnológica, ao mesmo tempo que beneficia da posição única da Irlanda do Norte no pós-Brexit, com acesso tanto ao mercado britânico como ao europeu. O texto destaca ainda o papel do investimento directo estrangeiro (IDE), em particular de empresas norte-americanas, como motor de inovação e crescimento, e a oportunidade de reforçar sectores de alto valor acrescentado.

Não encontrei uma única referência no artigo à palavra "produtividade". No entanto, o texto, todo ele, é sobre o aumento da produtividade. E ainda por cima, da forma mais impactante, através da subida na escala de valor, ou seja, através do numerador da equação da produtividade. 

O investimento em tecnologia de ponta, como discos de 100 terabytes, não se traduz apenas em mais produção, mas em produção com maior intensidade tecnológica e maior valor acrescentado por unidade de trabalho.

A Irlanda do Norte deixa de ser apenas fornecedora de componentes básicos para posicionar-se na fronteira tecnológica mundial (storage de última geração, cibersegurança, defesa, aeroespacial). Isto é precisamente o salto de escala de valor que costumo sublinhar — sair da competição pelo preço para competir pela sofisticação e pela inovação.

O artigo mostra como o IDE é decisivo para criar massa crítica tecnológica, atrair talento e integrar a região em cadeias globais de valor.


quarta-feira, setembro 17, 2025

ISO 9001:2015 vs. ISO DIS 9001:2025 - Main differences

 🚀 Novo artigo publicadoISO 9001:2015 vs. ISO DIS 9001:2025 — Principais Diferenças

Para quem trabalha com Sistemas de Gestão da Qualidade, este artigo pode ser útil. Destaco as diferenças mais relevantes que se esperam na próxima revisão da ISO 9001, comparando a versão de 2015 com a actual Draft International Standard (DIS):

✅ Maior ênfase na liderança, cultura, ética e comportamento organizacional
✅ Gestão de riscos e oportunidades mais robusta — não apenas determinar, mas também avaliar (embora praticamente todas as empresas já fizessem a avaliação)
✅ Requisitos alargados sobre sensibilização, conhecimento organizacional e comunicação com clientes

⚠️ Naturalmente, até à fase FDIS estas diferenças ainda podem evoluir. Não é preciso agir de imediato — mas analisar o que aí vem não fará mal nenhum e só poderá deixar alguém melhor preparado.


Curiosidade do dia

Retirado do FT do passado dia 15 de Setembro:


Conversar sobre os temas, qualquer tema, suportado em números, faz toda a diferença. Tudo o resto é conversa de café.




Portugal e Panasonic - as semelhanças


Ontem no FT um exemplo ao vivo e a cores do que escrevíamos sobre o Red Queen Effect na economia em "Panasonic nears a turning point in its reinvention race"

Por um lado, os rivais transformaram-se mas a Panasonic ficou para trás:
"Rivals Hitachi, Sony and NEC have been rewarded for executing painful transformations, each surging six times in value over a decade, while Toshiba was sold in 2023 for $15bn to Japan Industrial Partners. In contrast, the market value of Panasonic has languished for the past 10 years at about ¥3.75tn ($25bn)."

Falta visão e estratégia clara:

"We’ve talked with them but they don’t make any decisions. They’re siloed,” said a private equity executive in Japan. “We don’t have a clear picture of how that company will transform itself. It’s drifting."

Ontem à hora do almoço fui buscar uns livros entregues num ponto de recolha, enquanto regressava a pé ao escritório, folheei um deles e li um subcapítulo "Your best thinking five years ago is your baggage today." Encaixa bem com:

"Yet the legacy of successes in the 1980s and founder Konosuke Matsushita’s ingrained ‘water tap’ philosophy — to make products as abundant as water to capture a large share of the market — has made it hard for the company to evolve. Ogawa added: ‘Making that mindset shift is extremely difficult.’

...

Atul Goyal, analyst at Jefferies, said Panasonic's "real transformation begins when they decide what businesses they're good at" and prioritise allocating capital to areas of high-tech manufacturing competence.

One big decision shaping Panasonic's future will be the extent to which it offloads or halts the low-margin consumer electronics that made it a household name. Panasonic was attempting a "China cost, China speed and Japanese quality" revival, said Ogawa. [Moi ici: Como cá se faz com a importação de paletes de mão de obra barata e se adia a subida na escala de valor]

Neil Newman, head of strategy at Astris Advisory, has no doubt that Panasonic can push into new areas such as AI but he said the issue was "they always bring their baggage with them". [Moi ici: Vêem a ligação ao subcapítulo do livro. Weird!!! Não há coincidências, todos os acasos são significativos]

"Either they risk everything on a real restructuring and get rid of the consumer electronics," said Newman. "Or they just don't... and never set the world alight but risk gradual decline towards vulnerability and obscurity." [Moi ici: Conseguem a ver a ligação à "DVD leadership team", tão clara que até dói fisicamente]

terça-feira, setembro 16, 2025

Curiosidade do dia



Faz hoje uma semana o jornal Público trazia um texto de opinião que merece reflexão, "Vamos discutir as externalidades do turismo nas autárquicas?", de Pedro Norton.
"É preciso ser muito míope para não perceber que está a crescer na nossa sociedade, nas nossas cidades, um sentimento larvar contra o turismo, os turistas e os agentes (privados, mas também públicos) que o promovem.
E não é preciso ser muito inteligente para perceber que esse sentimento cedo ou tarde, tal como aconteceu noutras paragens, vai acabar por se transformar em ação social e por consequência desta em ação política. Não sei se essa explosão súbita do descontentamento se dará já nestas autárquicas, mas sei que é uma questão de tempo.
...
Infelizmente para os próprios, os agentes do setor parecem caminhar sonâmbulos.
Ou muito me engano ou vão arrepender-se mais cedo do que imaginam de não estarem a liderar esta agenda. O descontentamento existe e está aí para quem queira estar minimamente atento. Em muitos outros temas, as forças políticas extremistas já deram mais do que prova da sua capacidade de cavalgar frustrações, irritações e anseios com soluções ilusórias e contraproducentes. O setor do turismo não ficará imune para sempre a essa tentação.
Como em qualquer outro setor da economia, a autorregulação é quase sempre uma resposta melhor e mais inteligente (porque gerida por quem conhece os problemas a fundo) do que a regulação exógena, sobretudo quando pensada à pressa e para resolver problemas que se acumularam por miopia ou desleixo ao ponto da insustentabilidade.
Talvez esteja na altura de alguém acordar."

Come on, Pedro Norton acha que o o agente típico do setor do turismo é como os espalhadores de bosta de Estarreja. Think again.

Penso que muitos serão como os gafanhotos da Big Agro: quando deixar de dar "deitam abaixo o pau do circo e levam a tenda para outro lado, como gafanhotos."

O aviso de Pedro Norton não deixa de ser um convite à lucidez: ou o sector desperta e lidera o caminho, com medidas próprias e inteligentes, ou arrisca-se a ser surpreendido por uma regulação externa e reactiva, que virá num clima de conflito e ressentimento.

A questão central não é se o debate vai acontecer, mas quem o vai conduzir. E se os agentes do turismo continuarem a “caminhar sonâmbulos”, dificilmente escaparão às consequências.

Um OVNI

No livro "Through the Looking-Glass, and What Alice Found There" Lewis Carroll, no Capítulo 2 - "The Garden of Live Flowers",  Alice encontra a Rainha Vermelha (Red Queen).

  • A Rainha pega na mão de Alice e começam a correr lado a lado.
  • Depois de correrem intensamente, Alice percebe que continuam no mesmo lugar.
  • É aí que a Rainha explica a famosa ideia: "Now, here, you see, it takes all the running you can do, to keep in the same place. If you want to get somewhere else, you must run at least twice as fast as that!"

Na biologia, o biólogo Leigh Van Valen (1973) usou a metáfora para formular a Red Queen Hypothesis:

  • As espécies precisam de evoluir continuamente, não para ganhar vantagem, mas simplesmente para sobreviver num ambiente em que todas as outras também evoluem.
  • Exemplo clássico: a corrida evolutiva entre predadores e presas (a gazela corre mais depressa para escapar, o leão precisa correr mais depressa para caçar).

Na economia a "corrida da Red Queen" tornou-se uma metáfora para situações em que o esforço é constante, mas o ganho líquido é nulo — porque todos estão a mover-se ao mesmo tempo.

  • Concorrência internacional: países investem continuamente em inovação só para não perderem quota de mercado.
  • Empresas em mercados maduros: precisam de melhorar produtividade, reduzir custos e lançar novos produtos só para manter a posição.
  • Trabalhadores: têm de se qualificar continuamente apenas para não ficarem para trás.

É uma descrição viva daquilo a que chamamos "correr para ficar no mesmo sítio".

Estão a ver onde isto nos leva ... podia escrever sobre os produtores de uva no Douro, mas vou fixar-me no sector automóvel e no têxtil e calçado.

Primeiro o sector automóvel, em Março passado citei aqui num postal:

"São diferenças "impossíveis de cobrir por via do aumento da produtividade" [Moi ici: Aqui produtividade como aumento de eficiência, como redução de custos, como redução do denominador da produtividade. O que se segue é um exemplo ao vivo e a cores daquilo a que chamo há muito tempo o jogo do gato e do rato.], assume a administração, depois de comparar o salário bruto médio mensal nas suas fábricas nestes países e a respetiva evolução desde 2019. Em Ovar, o valor passou de €808 para €1303, enquanto a Roménia apresenta valores de €464 em 2019 e de €821 em 2025. Na Bulgária, o salário subiu de €361 para €583, em Marrocos saltou dos €284 para os €362, e na Tunísia aumentou dos €163 para os €284. No Egito, onde só há dados do atual exercício, o valor é de €136.""

No Domingo à noite no LinkedIn mão amiga tinha-me enviado isto:


O que é isto senão outro exemplo ao vivo e a cores da teoria dos Flying Geese:

O país A deixa de ser competitivo (e aqui uso a palavra competitividade com toda propriedade) e o grosso da produção [escrever aqui ou têxtil, ou calçado, ou automóvel, ou ...] passa para o país B porque é mais barato. Mas o país A, ao evoluir na horizontal, da esquerda para a direita, ganha produtividade. E produtividade à custa do numerador e não do denominador, ou seja, ganhos muito superiores que ultrapassam as migalhas da melhoria da eficiência, como aprendi com Marn e Rosiello.

Começou na Alemanha (A), passou para Portugal (B) e está a passar para Marrocos et al (C). Recordar os relatos em primeira mão de Abril passado. Só não acontece mais depressa por causa do, peço desculpa pela palavra que vou usar, mas é para impressionar com a caricatura, suborno que os governos, com benesses fiscais e fundos comunitários, fazem para que a Autoeuropa atrase a decisão de sair. 

Passemos ao calçado e têxtil.

Ontem na capa do JN, "Calçado e têxtil despedem mil trabalhadores numa semana"

BTW, o calçado tem tudo a ganhar em afastar-se da colagem que lhe querem fazer ao têxtil. O têxtil é muito Caím, o problema nunca é dele, é sempre dos outros, dos chineses, dos paquistaneses, dos trabalhadores, dos políticos, em suma dos maus.

BTW, com um título destes "Calçado e têxtil despedem mil trabalhadores numa semana" como conseguem seduzir jovens atentos para o sector? Lembram-se do que escrevi aqui a propósito de:

"A industria é forte, mas precisamos de começar pela educação e formação. E fundamental tornar este setor atrativo para as camadas mais jovens...

"Portugal tem um problema crónico de recursos humanos. A pirâmide etária está invertida e sem jovens a renovação torna-se difícil."

"O grande problema é não conseguir que os funcionários atuais, cada vez mais próximos da reforma, tenham seguidores na empresa, porque os admitidos não estão disponíveis para aprender o ofício."

Também podemos recuar a Novembro de 2016 e a "É verdade, não é impunemente que se diz mal".

Não tenho analisado aqui os números mensais das exportações, mas tive curiosidade em ver como vão as exportações do têxtil e do calçado (primeiros sete meses de 2025 versus primeiros sete meses de 2024) e fiquei admirado. As exportações em 2025 são cerca de 99,8% das de 2024. Ou seja, não foi o mercado externo que colapsou. O problema estará nas margens: os custos sobem (energia, matérias-primas, salários), mas as empresas não conseguem aumentar preços. Resultado: o sistema implode por dentro.

Recordar de Fevereiro passado:

"Portugal exportou 68 milhões de pares de calçado para 170 países em 2024, um crescimento de 3,9% em volume, mas uma quebra de 5,4% em valor face a 2023, para 1.724 milhões de euros, segundo o INE."

Recordar de Abril passado, "Competitivos, mas frágeis: o custo invisível de competir sem diferenciação"

Um OVNI, foi o que chamei a um candidato autárquico que conheço pessoalmente e que vi na RTP com um discurso diferente de todos os outros candidatos.

Conhece mais alguém que fale de produtividade como aqui neste blogue? Pois, outro OVNI... só ganho inimigos.

segunda-feira, setembro 15, 2025

Curiosidade do dia


 Esta manhã junto à estação de caminho de ferro de Valadares. 

Ao longe ainda pensei que eram os cidadãos que estavam a portar-se mal, mas de perto percebi que os contentores já estão cheios.

Esta fotografia, tirada hoje de manhã em Vila Nova de Gaia, mostra um problema que não é apenas estético: ecopontos rodeados de cartão, embalagens e sacos cheios, resíduos com elevado potencial de reciclagem que acabam amontoados no espaço público.

Se a recolha selectiva não funciona - seja por falta de frequência, insuficiência de capacidade ou falha de coordenação entre entidades - a confiança dos cidadãos esgota-se rapidamente. Para quê separar, se depois os resíduos ficam abandonados junto ao contentor?

A gestão de resíduos urbanos não é apenas um serviço de higiene. É um teste à credibilidade das políticas ambientais e ao compromisso com as metas de reciclagem que o país assumiu perante a União Europeia. Cada ecoponto cheio demais, cada recolha em atraso é uma oportunidade perdida de recuperar materiais e de reforçar a confiança pública.

O problema que esta imagem revela não é local, é sistémico: se queremos aumentar as taxas de reciclagem, não basta apelar ao comportamento dos cidadãos. É preciso garantir que a logística da recolha acompanha o esforço de separação. Caso contrário, transformamos uma boa intenção num gesto inútil.

Faz-me lembrar um desenho do Quino.

No primeiro boneco está alguém, em frente a algo semelhante ao que havia na estação dos correios na Praça do Município no Porto há muitos anos, indeciso sobre que ranhura escolher para colocar a carta que tem nas mãos.

No segundo boneco vêmos as traseiras daquela parede com as ranhuras e verificamos que todas elas encaminham as cartas para o mesmo sítio.


Cuidado com esta gente à frente de empresas (parte II)




Mais um podcast com Rory Sunderland a merecer vários sublinhados.


Logo por volta do minuto 11 Rory atira-se ao eficientismo.

Há alguns anos escrevi aqui no blog em "apostar noutro mindset" que os bancos estavam a fugir da interacção com os clientes.

Fechavam balcões, automatizavam processos, transferiam para o cliente tarefas que antes eram feitas pela própria instituição. Tudo em nome da eficiência.

Mas cada visita, cada contacto, é uma oportunidade de interacção e de co-criação. Quando essa oportunidade é eliminada, perde-se valor.

Rory Sutherland, no podcast do IEA, leva esta ideia ainda mais longe ao falar sobre call centers. Para muitas empresas, o call center é apenas um custo a cortar ou automatizar. Mas, como ele sublinha, isso é um erro estratégico.
“It should be possible for someone working in a call center to earn six figures quite easily.”
Porque um bom atendimento não é apenas “resolver chamadas rapidamente”: é prolongar a relação, aumentar a confiança, reduzir a desistência, criar valor vitalício no cliente.

James Dyson dizia-o de forma simples: receber uma chamada de um cliente é uma honra, não um custo.
O paralelo é claro: bancos a fecharem agências, empresas a desvalorizarem os seus call centers. Todas correm atrás do “cheaper” e do “cost”. Mas o valor verdadeiro nasce noutro lado: na experiência humana, no serviço que surpreende, na relação que se reforça a cada interacção.

Apostar noutro mindset é recusar ver a relação com o cliente como um problema de custos — e começar a vê-la como o lugar onde o valor é descoberto e multiplicado.

A lógica do efficiency first leva a decisões míopes que destroem valor. O valor real nasce da experiência, da interação, da confiança criada no contacto humano.

domingo, setembro 14, 2025

Curiosidade do dia


A minha mãe tem o bom costume de fazer uma breve oração para agradecer a refeição que vai ter. No passado mês de Agosto fiz-lhe um reparo. Durante a oração ela foca os "velhinhos" necessitados, e eu disse-lhe que hoje em dia os verdadeiros necessitados são os "jovens"

Recordo isto por causa de um artigo do FT do passado Sábado, "France and Britain are in thrall to pensioners." O artigo começa com este gráfico:

Os pensionistas franceses têm agora rendimentos médios mais elevados do que a população em idade activa.
"What do Theresa May and Andy Burnham have in common with Michel Barnier, François Bayrou and Emmanuel Macron? All five were admirably honest with the public about the trade-offs inherent in financing an ageing society, and all five were duly punished for their candour by the public, the press, opposition politicians or all three.
The past two decades of French and British politics are a graveyard of proposals to slow the upward ratchet of spending on growing elderly populations.
...
Not only do French pensioners get larger cheques from the government than their counterparts anywhere else in the west, they start getting them several years earlier. The result is a situation in which over-65s now have higher average incomes than the working age population - unique both internationally and in France's own history. Even the rumour of threats to this arrangement is met with mass public outrage and opposition from left and right. 
...
In a particularly stunning statistic highlighted by French political analyst François Valentin, pensions play such an outsized role in the country's public finances that they accounted for one-sixth of the ministry of defence budget last year, and without them France would not meet Nato's 2 per cent target for military spending. [Moi ici: Isto tem o seu lado caricato]
...
Voters often accuse politicians of fiscal sleight of hand, but here they are complicit in presuming ever larger pension cheques can be conjured like rabbits from a hat. At some point, both groups must confront mathematical reality."
Têm curiosidade sobre Portugal?
Os reformados e pensionistas entre os 65 e os 75 anos ganham 102,6% do que ganham os trabalhadores activos.

Nesta publicação, "Pensions at a Glance 2023," este outro gráfico com a mesma conclusão:

Conclusão:

Anichar, ao vivo e a cores


Qual o preço médio de um par de sapatos produzidos em Portugal?

Qual o preço médio de um par de sapatos produzidos em Inglaterra? 

Espera! Ainda produzem sapatos em Inglaterra? Sim, assim como na Alemanha. Só que os sapatos produzidos em Inglaterra por ingleses são em pequena quantidade, quando comparados com a produção portuguesa, são para nichos e são vendidos a um preço muito alto.

O FT de ontem publicou um artigo, "Bring back the leather dress shoe" que trazia a foto de um par de sapatos vendidos a £540 o par.

O artigo defende o regresso do sapato clássico de couro com sola Goodyear-welted, em contraposição ao domínio dos ténis/sapatilhas. O autor descreve como marcas britânicas tradicionais continuam a produzir calçado artesanal e duradouro, sublinhando a qualidade, a reparabilidade e o conforto superior destes sapatos face aos ténis/sapatilhas descartáveis. São também apresentados argumentos de sustentabilidade, com destaque para a possibilidade de recauchutar e reutilizar sapatos de couro durante anos, evitando desperdício. O texto sugere que, apesar da moda actual dos ténis/sapatilhas, há sinais de regresso aos sapatos de qualidade, tanto por razões estéticas como ambientais e de saúde.

O meu ponto é a necessidade de subir na escala de valor:
Por exemplo, de acordo com o 2019 World Footwear Yearbook, a produção anual de sapatos de cada país era:
  • Portugal . 80 milhões de pares
  • Reino Unido - 5 milhoes de pares
O modelo inglês de trabalhar para nichos de elevado valor acrescentado tem outra fonte de rendimento, para além da produção:
""We make around 100,000 pairs of Goodyear welted shoes at our factory every year," says James Fox, head of marketing and ecommerce at Crockett & Jones. "Currently, we get between 8,000 and 10,000 pairs of shoes back for repair from our customers annually."
...
"Just under half the people who buy from us send shoes back for refurbishment," says Little. "They do it five or six times. Then we have a range called Back on the Road where we take battered shoes that might be 20 years old, patch them up and add a new sole. When we've got 100 pairs, we have an online sale. They sell out within the hour.""

sábado, setembro 13, 2025

Curiosidade do dia


Este postal também podia ser chamado "Deformação profissional"

O meu sogro, que conheço há mais de 40 anos, pertence a e apoia com trabalho voluntário um grupo da Conferência de São Vicente de Paula (CSVP). Ao longo dos anos ouvi-o, algumas vezes, a referir-se à elevada idade dos membros da conferência a que pertencia.

Ontem estive à conversa com alguns elementos de uma outra conferência. Partilharam comigo a dificuldade que enfrentam: têm muito poucos membros e não conseguem atrair novos voluntários. 
Falámos também sobre como o Estado, as câmaras e as juntas de freguesia hoje oferecem muito mais apoios sociais do que há cinquenta anos. 

Já em casa, fiquei a pensar nisto em termos estratégicos. A CSVP perdeu parte da sua atractividade porque o contexto mudou. E lembrei-me da WeightWatchers: depois do Ozempic, quem precisa de uma WeightWatchers? A diferença é que a WeightWatchers já percebeu essa mudança e está a repensar-se — li recentemente que se vão focar, por exemplo, na menopausa (Weight Watchers Attempts Comeback With Menopause Treatments and Steamy Ads).

A questão de fundo é esta: quando o contexto muda radicalmente, o que faz a diferença é a capacidade de redefinir o problema que se resolve. Quem não o fizer arrisca-se a perder relevância; quem o fizer pode encontrar novos caminhos para continuar a cumprir a sua missão.

A CSVP nasceu num contexto em que o Estado e os municípios tinham pouca capacidade de apoio social. A caridade organizada fazia uma diferença vital.
A WeightWatchers surgiu num mundo em que perder peso dependia sobretudo de dieta e disciplina em grupo. Era uma resposta inovadora e acessível.

Entretanto, o contexto externo muda.
Hoje, o Estado, autarquias e IPSS ocupam muito espaço na ajuda social. A "proposta de valor" da CSVP perdeu centralidade - as necessidades continuam, mas são respondidas por outros.
Com o Ozempic e outros fármacos, a "proposta de valor" da WeightWatchers (acompanhar dietas e controlar calorias) deixou de ser a única solução.

Quando o contexto muda e uma organização insiste no mesmo modelo, a consequência é óbvia: perda de membros, perda de impacte, perda de relevância. O que une os dois casos é o risco de ficar preso a uma definição estreita do problema que resolvem.

Como é que a WeightWatchers reagiu?
Eles perceberam que o seu valor não é "controlar calorias", mas sim acompanhar pessoas em fases de transição de saúde e vida. Daí o reposicionamento: menopausa, bem-estar global, saúde mental. Ou seja, mudaram a definição do problema que resolvem.

E a CSVP? A pergunta estratégica para a CSVP não é como voltar a ter mais membros para fazer o que fazíamos há 50 anos, mas sim:
  • Que problemas sociais existem hoje que o Estado não consegue resolver bem?
  • Que papel único podemos assumir que faça sentido neste novo contexto?
Por exemplo:
  • Acompanhamento de proximidade (solidão, sentido de pertença) - algo que apoios financeiros não resolvem.
  • Resposta rápida e flexível a situações onde a burocracia estatal é lenta.
  • Criação de comunidades de cuidado mútuo, não apenas de prestação de apoios.
Enfim, reflexões de um outsider que não tem certezas, mas gosta no seu trabalho de pôr outros a pensar numa alternativa ... "a shift of mind," daí a palavra metanoia.

Daí o símbolo que acompanha as minhas propostas:
Aquele circulo laranja tem o mesmo tamanho à direita e à esquerda. É preciso fazer um esforço para perceber que há mais do que aquilo que vemos... daí o velho:
What you see is all there is.
[The eyes cannot see what the mind does not know.
We only see what our mind allows us to see.
The eye sees only what the mind is prepared to comprehend.] 
What the mind is prepared to comprehend is all there is.
A mente tem de ser trabalhada, exercitada para podermos ver o futuro, o que ainda não está lá.

Música para os meus ouvidos e os outros

No JdN da passada terça-feira encontrei "Quinta da Alorna olha para a hotelaria para puxar pelo vinho."

Ao longo dos anos tenho aqui criticado, vezes sem conta, a obsessão do sector do vinho pelo crescimento em volume. Chamei-lhe crescimento canceroso (2018), denunciei a ilusão de que a média que engana muito (2018), avisei contra a corrida para o fundo (race to the bottom) quando o orgulho nacional era reduzir tudo a good value for money.

O problema está identificado: Portugal exporta vinhos bons, mas baratos, por isso somos pobres. A tal “boa compra” que nos enche de vaidade, mas que nos condena à irrelevância nos mercados onde o prestígio e o valor acrescentado decidem quem conta e quem não conta. Produzir muito e barato nunca deu reputação a ninguém.

Por isso, é refrescante ver a notícia recente sobre a Quinta da Alorna. Ao contrário de tantos outros, não cedeu à tentação do volume. A meta não é inundar o mercado com mais garrafas. A meta é subir na escala de valor: crescer em qualidade, em diferenciação, em posicionamento. Como disse o diretor-geral Pedro Lufinha, “o volume de vendas deixou de ser uma variável em termos de prémios de gestores”. Eis música para os meus ouvidos.

O resultado já se vê: vendem praticamente o mesmo número de garrafas que em 2021, mas com um peso muito maior de vinhos de categorias superiores. Ou seja, mais receita, mais margem, mais prestígio – sem precisar de despejar milhões de litros adicionais no mercado. Exactamente o caminho que tantas vezes defendi: aumentar preços, subir na escala de valor, deixar de correr atrás de métricas de vaidade que só enganam.

Claro que nem tudo é vinho. O artigo chama a atenção para o milho como incógnita que pode comprometer as contas. E aqui volta o velho problema: o milho é uma commodity sem marca, sem história, sem diferenciação. O seu preço é ditado em bolsas internacionais e o produtor é sempre o elo mais fraco. Não posso deixar de perguntar: por que não substituir esse milho por culturas de maior valor acrescentado, mais alinhadas com a filosofia de diferenciação que já adoptaram no vinho?

No entanto, o essencial é isto: a Quinta da Alorna percebeu que o futuro não está em ser campeã do litro barato, mas em ser reconhecida pela qualidade e pela experiência. Nisso, está a dar um exemplo que merecia ser seguido por muito mais gente no sector. Porque, como escrevi há anos, “um país bag in box, de produtores mal pagos, será sempre um país sem futuro”. Mas um país de produtores que ousam subir na escala de valor pode finalmente aspirar a mais do que sobreviver: pode aspirar a ser respeitado.


"Os 544,65 milhões de euros em vinho de Portugal enviados para o estrangeiro nos primeiros sete meses deste ano ficaram 0,5% abaixo do registo homólogo. Até se compraram mais litros (+2,7%), mas a um valor médio inferior. Caiu de 2,73 para 2,65 euros no espaço de um ano (-3,16%), com a "forte redução do preço médio nos EUA a contribuir decisivamente para a descida do preço médio global das exportações portuguesas de vinho", enquadra Falcão.
Até 2030, a meta fixada pela ViniPortugal passa por alcançar 1,2 mil milhões de euros em exportações e aumentar o preço médio para 3.19 euros por litro. O líder da organização diz ao ECO que mantém esses objetivos, embora "naturalmente [esteja] a rever e a ajustar a estratégia de promoção para dar resposta aos novos desafios e circunstâncias de mercado"."  

sexta-feira, setembro 12, 2025

Curiosidade do dia


No The Times de hoje "More pensioners coming out of retirement to combat loneliness":
"Gone is the era of counting down the days until you turn 65 and can enjoy a quiet retirement in the pub or on the golf course.
A growing cohort of people are instead working well into their seventies and eighties, a report by Bupa has found, driven by a desire to stave off dementia and loneliness in old age.
One in four over-55s believe working past retirement age will help them to live longer and workplaces are being encouraged to do more to retain these older staff.
...
A survey of 8,000 adults found that half of over-55s believed working past retirement age would help to keep their brains active and one in four believed it could help them to live longer.
Some 13 per cent of over-50s have already returned to work after retirement and one in five said they would consider doing so. These people report a stronger sense of purpose and improved mental and physical health. John Shipton, 94, works three mornings a week on the checkouts at Waitrose's Exeter branch. He retired from full-time work as a maintenance controller at 65 but applied for his job at Waitrose at the age of 80.
Shipton told The Times that the "pleasure of working" kept him going, adding: "Interactions with other people are so important in your life. It stops you going completely bananas.""

Eu que nunca pensei em reformar-me e me sinto um marciano ao lado de tanta gente com menos de 60 anos que aspira, que sonha com a reforma, agradeço a solidariedade destes ingleses. 

Não são elas que precisam de Portugal, é Portugal que precisa delas (Parte VI)



O Financial Times de ontem trazia o artigo "Fresh blow to Labour growth drive as Merck pulls plug on Elbn research site":
"US drugmaker Merck has scrapped a £1bn London research centre and will lay off more than 100 scientific staff, as the industry accuses ministers of making the UK uncompetitive and paying too little for medicines.
Merck, known as MSD in Europe, told the Financial Times that it would move the research activity to existing sites, mainly in the US, where the Trump administration is pressuring pharmaceutical companies to invest more.
"Simply put, the UK is not internationally competitive," the group said. The move to scrap the research centre in King's Cross - which was already under construction and set to open in 2027 - and lay off 125 scientists and support staff is a blow to Sir Keir Starmer's government."

Em postais anteriores, por exemplo, na série "Não são elas que precisam de Portugal, Portugal é que precisa delas" tenho insistido: Portugal não sobe na escala de valor com as empresas que já cá estão (produzimos 22€/hora). Sobe se conseguir atrair aquelas que ainda não estão, as que operam com níveis de produtividade próximos dos 400 €/hora, como aconteceu na Irlanda.

Para que essas empresas escolham Portugal, é preciso criar condições claras: talento, infra-estruturas, estabilidade institucional… e também um enquadramento fiscal atractivo. O IRC não pode ser visto como uma prenda às empresas locais, como discuti em "A descida do IRC é injusta". O IRC é uma alavanca estratégica para que multinacionais com alta produtividade decidam instalar aqui os seus centros de decisão, fábricas, laboratórios ou hubs de desenvolvimento.