Esta manhã junto à estação de caminho de ferro de Valadares.
Ao longe ainda pensei que eram os cidadãos que estavam a portar-se mal, mas de perto percebi que os contentores já estão cheios.
Esta fotografia, tirada hoje de manhã em Vila Nova de Gaia, mostra um problema que não é apenas estético: ecopontos rodeados de cartão, embalagens e sacos cheios, resíduos com elevado potencial de reciclagem que acabam amontoados no espaço público.
Se a recolha selectiva não funciona - seja por falta de frequência, insuficiência de capacidade ou falha de coordenação entre entidades - a confiança dos cidadãos esgota-se rapidamente. Para quê separar, se depois os resíduos ficam abandonados junto ao contentor?
A gestão de resíduos urbanos não é apenas um serviço de higiene. É um teste à credibilidade das políticas ambientais e ao compromisso com as metas de reciclagem que o país assumiu perante a União Europeia. Cada ecoponto cheio demais, cada recolha em atraso é uma oportunidade perdida de recuperar materiais e de reforçar a confiança pública.
O problema que esta imagem revela não é local, é sistémico: se queremos aumentar as taxas de reciclagem, não basta apelar ao comportamento dos cidadãos. É preciso garantir que a logística da recolha acompanha o esforço de separação. Caso contrário, transformamos uma boa intenção num gesto inútil.
Faz-me lembrar um desenho do Quino.
No primeiro boneco está alguém, em frente a algo semelhante ao que havia na estação dos correios na Praça do Município no Porto há muitos anos, indeciso sobre que ranhura escolher para colocar a carta que tem nas mãos.
No segundo boneco vêmos as traseiras daquela parede com as ranhuras e verificamos que todas elas encaminham as cartas para o mesmo sítio.

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