O Jornal de Negócios de ontem relata a queda no IDE em Portugal, "
Investimento externo é dos que mais peso têm no PIB na OCDE":
"Os dados divulgados pelo BdP mostram ainda que o país perdeu 400 milhões de euros em investimento direto estrangeiro nos primeiros seis meses deste ano."
Cuidado com as justificações que põem paninhos quentes:
"Tal ficou a dever-se, em grande parte, a uma alteração metodológica nas estatísticas. É a primeira vez que se verifica uma queda desde 2013."
De seguida comparo afirmações dos meus textos com trexos do JdN:
Nos meus textos sublinho o "salto irlandês", onde o sector estrangeiro atinge produtividades acima dos 400 €/hora. O JdN, ao relatar que o IDE em Portugal está a cair, confirma a minha preocupação: sem captação de multinacionais de alto valor acrescentado, a produtividade portuguesa não se afasta da mediocridade.
Nos meus artigos mostro que na Irlanda, mesmo com dualidade (empresas estrangeiras muito produtivas vs. domésticas menos produtivas), há efeito de spillover. Se o JdN destaca a fuga ou retracção do IDE, isto implica também perda de potenciais efeitos de aprendizagem e inovação para empresas portuguesas.
No texto "
Em Portugal, a conversa de café é a norma (Parte II)" denuncio que se fala muito de produtividade sem olhar para números. O JdN fornece precisamente os números de queda no IDE — que deviam estar no centro da discussão. "Enquanto se discute produtividade em abstrato, a realidade é que o país perdeu X% do investimento estrangeiro em 2024, o que compromete ganhos de produtividade futuros."
Em "
Não são elas que precisam de Portugal" sublinho que Portugal é menos atractivo que a França no ranking fiscal. Se o JdN mostra quebra no IDE, posso ligar: não basta formação ou apoios estatais, é preciso políticas que tornem o país competitivo para decisores globais. Ou seja "Baixar o IRC pode não ser suficiente, mas é certamente necessário" = "a queda no IDE é também reflexo da falta de atratividade fiscal e regulatória."
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