terça-feira, setembro 16, 2025

Curiosidade do dia



Faz hoje uma semana o jornal Público trazia um texto de opinião que merece reflexão, "Vamos discutir as externalidades do turismo nas autárquicas?", de Pedro Norton.
"É preciso ser muito míope para não perceber que está a crescer na nossa sociedade, nas nossas cidades, um sentimento larvar contra o turismo, os turistas e os agentes (privados, mas também públicos) que o promovem.
E não é preciso ser muito inteligente para perceber que esse sentimento cedo ou tarde, tal como aconteceu noutras paragens, vai acabar por se transformar em ação social e por consequência desta em ação política. Não sei se essa explosão súbita do descontentamento se dará já nestas autárquicas, mas sei que é uma questão de tempo.
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Infelizmente para os próprios, os agentes do setor parecem caminhar sonâmbulos.
Ou muito me engano ou vão arrepender-se mais cedo do que imaginam de não estarem a liderar esta agenda. O descontentamento existe e está aí para quem queira estar minimamente atento. Em muitos outros temas, as forças políticas extremistas já deram mais do que prova da sua capacidade de cavalgar frustrações, irritações e anseios com soluções ilusórias e contraproducentes. O setor do turismo não ficará imune para sempre a essa tentação.
Como em qualquer outro setor da economia, a autorregulação é quase sempre uma resposta melhor e mais inteligente (porque gerida por quem conhece os problemas a fundo) do que a regulação exógena, sobretudo quando pensada à pressa e para resolver problemas que se acumularam por miopia ou desleixo ao ponto da insustentabilidade.
Talvez esteja na altura de alguém acordar."

Come on, Pedro Norton acha que o o agente típico do setor do turismo é como os espalhadores de bosta de Estarreja. Think again.

Penso que muitos serão como os gafanhotos da Big Agro: quando deixar de dar "deitam abaixo o pau do circo e levam a tenda para outro lado, como gafanhotos."

O aviso de Pedro Norton não deixa de ser um convite à lucidez: ou o sector desperta e lidera o caminho, com medidas próprias e inteligentes, ou arrisca-se a ser surpreendido por uma regulação externa e reactiva, que virá num clima de conflito e ressentimento.

A questão central não é se o debate vai acontecer, mas quem o vai conduzir. E se os agentes do turismo continuarem a “caminhar sonâmbulos”, dificilmente escaparão às consequências.

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