Há dias o JdN publicou o artigo "O crescimento nos extremos da cadeia do valor". Confesso que a mensagem me surpreendeu:
"As cadeias de valor mudaram radicalmente com a abertura ao comércio da China e de outros países em vias de desenvolvimento, a existência de tecnologia de informação e a modernização da logística. Com esta transformação, o valor concentrou-se nos extremos da cadeia de valor. O design, o branding, a concepção dos produtos que o consumidor quer comprar e, depois a distribuição, as vendas a retalho, onde é preciso convencer o consumidor a comprar os produtos. [Moi ici: Este trecho está muito mal metido, uma concepção obsoleta. Em vez de produzir produtos que têm de ser impingidos, que têm de ser empurrados, produzir produtos que são puxados pelos clientes, que são co-criados com eles] A produção, que ficou no meio, perdeu o seu atractivo.Depois, o artigo termina com:
...
Por isso, para capturar um maior valor nestas cadeias as empresas têm de se especializar nas fases com maior capacidade de diferenciação e externalizar as restantes. "Tipicamente,as actividades que agregam mais valor são as que se encontram a montante da cadeia de valor (como inovação. desenvolvimento de produto e design) ou a jusante (como, por exemplo, o marketing, a gestão da marca e o controlo dos canais de distribuição)"
"Os caiaques Nelo deviam ser uma bandeira da indústria portuguesa, pois qualquer canoísta quer ter um caiaque Nelo"Ou seja, o artigo termina com um exemplo baseado na produção nacional.
.
Pessoalmente, prefiro que se mantenha a produção por cá e se suba na escala de valor, como o têm feito os sectores tradicionais, incorporando os "extremos da cadeia" junto da produção. Realmente a produção tem menos valor se a oferta for básica, for madura, for standard, for ... obsoleta e baratucha. Contudo, quando fazemos uso da flexibilidade, da proximidade, das pequenas séries, da rapidez, da autenticidade, é fundamental ter a produção por perto.
.
O importante é não generalizar receitas, por exemplo, no mobiliário vemos o casamento de empresas que dominam os extremos com empresas que produzem, e a combinação parece resultar. No calçado vemos cada vez mais empresas que dominam a produção, a dar o salto, com marca própria, para ocuparem também os extremos ao seu ritmo, sem pôr em causa o private-label.