"O Tribunal de Y absolveu a [empresa X], e cinco funcionários com cargos de chefia que respondiam por um crime de violação de regras de segurança, agravado pelo resultado, a morte de um trabalhador.
[Um de nós] morreu a 6 de abril de 2016, ao cair de uma altura de quatro metros, juntamente com um varandim móvel concebido para serem feitos trabalhos de soldadura e inspeção em vigas metálicas para a obra do TGV de Marrocos.
A vítima, que usava o varandim pela primeira vez, não recebeu formação e executou os trabalhos sem estar preso por um cinto de segurança ou um arnês. O varandim desprendeu-se e caiu, com o trabalhador, no pavimento da fábrica. O Ministério Público entendia que o varandim estava “indevidamente instalado e insuficientemente estabilizado“, através do uso de meros grampos que “não foram suficientes para manter o varandim fixado à viga metálica”.
O tribunal não deu como provada a razão pela qual o varandim caiu. O juiz presidente, João Pedro Cardoso, apontou mesmo fragilidades no relatório da Autoridade para as Condições de Trabalho. Também não ficou provado que os arguidos soubessem em que condições o trabalhador executava a tarefa."
E a vida continua...
É das coisas que mais me arrepia nas notícias, ouvir que alguém saiu de casa para trabalhar e morreu a trabalhar por causa de um acidente de segurança. Ainda esta semana comentava em duas empresas diferentes que muita gente não gosta de usar os equipamentos de protecção individual, desde os pescadores que acham o colete salva-vidas como algo para maricas, até aos trabalhadores das obras que dizem que está muito calor para usar um colete reflector ou um capacete de segurança. Ainda esta semana comentei a reunião que tive numa empresa há cerca de 15 anos. Dono da empresa, economista, sem parte dos dedos de uma mão, por acidente de trabalho. Funcionário da empresa da parte da contabilidade sem metade de um braço, por acidente de trabalho. Fornecedor de máquinas, dono da empresa, também sem alguns dedos de uma mão. O único com os dedos todos era eu... isto é cultural.
No entanto, ainda mais grave são as situações sublinhadas a amarelo lá em cima... e o tribunal acha que não se passou nada.
Isto não faz parangonas de jornais, mas mostra tanto do que somos como comunidade falhada. A prioridade é sermos os primeiros a apresentar planos de pedinchice em Bruxelas.
Trecho retirado do JN de hoje.
ADENDA (08h45) - A empresa em causa tinha um sistema de gestão na área da segurança certificado ... como é que a entidade certificadora terá tratado o assunto?