sábado, janeiro 23, 2021

Há erros e erros

 Em "Seeing What Others Don't" Gary Klein inicia o livro a partir desta equação:

De certa forma isto corresponde ao que March chamou de exploitation e exploration.

Naquilo que é a parte em que as empresas fazem exploitation procuram reduzir, procuram evitar erros. Aqui, um erro é um "crime".

Naquilo que é a parte em que as empresas fazem exploration cometer um erro é a coisa mais natural. Aqui, não cometer erros é um "crime".

Voltemos aos mapas de SWardley:

Na fase "Wonder" temos a exploration, temos o trial and error.
Na fase "War" temos a exploitation, temos a actuação típica de competir com uma commodity, uma fase em que não se podem cometer erros, em que se procura obececadamente o aumento da eficiência.

Feita esta introdução mergulhemos no artigo "A desculpabilização sistemática do erro" de Luís Todo Bom:
"Os portugueses desenvolveram um conjunto de provérbios e afirmações de desculpabilização do erro, que utilizam com enorme frequência: “Errar é humano”; “Só não erra quem não faz nada”; “ Não vale a pena matutar no erro, temos é de olhar para a frente”.

Após a desculpabilização, segue-se, normalmente um auto de fé: “Sei que errei, mas não voltarei a errar.”

Claro que volta a errar, justifica-se com um diferente enquadramento em que o erro ocorreu, repete as afirmações iniciais, e prossegue, com absoluta impunidade e a indiferença do resto dos cidadãos.

Nunca se ouvem afirmações do tipo: “Quem estuda não erra”; “A repetição dos mesmos erros é inadmissível”."
O autor começa o artigo a dizer mal dos portugueses porque vivem impunemente com o erro. Está-se a referir aos erros cometidos no "trial and error" associado à inovação? Não, está a referir-se aos erros que cometemos no dia-a-dia naquilo que está estabelecido. E sim, concordo com o autor. Num país pequeno, e dominado por meia dúzia de famílias, fazer com que o erro tivesse consequências seria demasiado perigoso para a estabilidade das elites. Por isso, há anos que escrevo aqui sobre os amadores a jogar bilhar que não estudam até ao fim as consequências do que propõem.

Só que depois desta introdução o autor muda a agulha para a inovação, para a exploration:
"Quando ensino “gestão da inovação” aos meus alunos, explico-lhes que uma das características das empresas inovadoras reside numa cultura de tolerância ao erro, aplicando a expressão correcta, “só não erra quem não experimenta novas abordagens”."

Verdade! 

"Podia esperar-se que, com esta benevolência para o erro, Portugal fosse um país profundamente inovador no seu aparelho produtivo.

Infelizmente, não é o que se verifica, já que o país tem a sua economia concentrada em sectores industriais tradicionais, pouco inovadores, e em serviços de comércio, turismo e restauração de baixo valor acrescentado.

Esta indiferença nacional perante o erro e a ausência de processos estruturados de aprendizagem, a partir dos erros cometidos, é dramática em termos da construção duma cultura de responsabilidade e de utilização intensiva de conhecimento, ingredientes essenciais para o desenvolvimento do país."

Aqui começo a achar o racional do autor um pouco confuso...

Na fase "Wonder" precisamos de cometer erros para ter insights, para descobrir o novo. No entanto, à medida que a bem-sucedida experiência na garagem cresce, e começa a escalar, cometer erros começa a ser cada menos tolerado, para se poder competir. É o que escrevi há dias como sendo "Fugir do ordenado e arrumado". Julgo que o autor não devia induzir-nos no erro de nos fazer confluir os dois tipos de erro como se fossem a mesma coisa.

Já na metade final do mesmo livro Gary Klein apresenta esta tabela, aplicável à fase "War":


Tudo coisas que nós portugueses não gostamos de fazer. Por isso, a inovação que criamos normalmente não cresce. E se não cresce não é por causa dos erros que se cometem na fase "Wonder", é por causa da tolerância para com os erros nas fases seguintes.

Ainda ontem numa empresa desesperava com a dificuldade que as pessoas sentem em assumir a densificação (Ah! Normann e Ramirez!!! O que aprendi convosco). 

BTW, talvez fosse bom clarificar o que se entende por inovação. Ou seja, organizem-se:

sexta-feira, janeiro 22, 2021

"The pandemic accelerated this trend"

 Como era no passado:

"New York-based publicist Juliette Levy’s early days in beauty PR revolved around drumming up press for two big product launches per year. Over the course of six months or more, she would work with brands to map out a marketing plan, typically centred around an event with a guest list featuring editors, socialites, celebrities and, in more recent years, bloggers and influencers."

Como foi 2020:

"Times have changed. More brands rely on a constant stream of new products, rather than a handful of big launches, to drive sales. The pace is set by direct-to-consumer brands that come out with new items whenever they want. Customers expect monthly (or close to) launches from brands like ColourPop and Morphe or The Ordinary and The Inkey List, which rely on a new ingredient serum or palette to perennially drum up buzz."

Pois:

"The pandemic accelerated this trend" 

Recuemos a 2011:

"Há anos ouvi no CITEVE, numa conferência que não consigo recordar, alguém dizer que o sector têxtil devia aspirar a 52 épocas por ano em vez das tradicionais duas. Com 52 épocas por ano não haveria hipótese de recurso à Ásia." 

Trechos retirados de "Beauty’s Never-Ending Product Launch Cycle




quarta-feira, janeiro 20, 2021

"working to please the pleasable is a lot more likely to pay off"

 Na senda dos meus postais sobre Bieber, ou sobre um negócio ter inimigos, ou não ter 100% de clientes satisfeitos, este texto de Seth Godin, "Pleasing the unpleasable" que o meu amigo Paulo me mandou:

"There are bosses, customers and partners who will never be happy.

And sometimes, despite the futility, we work to please them anyway.

Because that can be a compass. It can help us do the work that will satisfy others (or ourselves).

It can also be a trap, an endless treadmill of disappointment that leads nowhere in particular.

We should be clear about which one we’re on. Because working to please the pleasable is a lot more likely to pay off."

terça-feira, janeiro 19, 2021

Curiosidade do dia

Teletrabalho ou desemprego para o povo.

Donos disto tudo:

Fugir do ordenado e arrumado

 Em Março de 2010 escrevi acerca do modo de ser português nos negócios:

"os portugueses são bons a abrir fronteiras, a desbastar novas terras, a ir à frente, a explorar (na linguagem de March, os portugueses são bons na exploration e fracos na exploitation. Embora, também possa dizer que os incumbentes confiam demasiado na exploitation e pouco na exploration) por isso, há cada vez mais empresas a exportar para Angola, não por causa do I&D mas por causa da língua comum, mas por causa do gerente que pôs a mochila às costas e foi à luta.)"

Em Novembro de 2018 relacionei o modo de ser português com a fase dos pioneiros nos mapas de SWardley:

Antes de avançar, juntemos mais um modelo a esta sucessão, Roger Martin e o seu funil do conhecimento, Fevereiro de 2010:

Os negócios evoluem do pioneirismo, ou seja, do mistério, para os algoritmos, para a automatização, para a comoditização, para a escala ou volume, para a organização, para a eficiência, para a régua e esquadro. 

Os que não podem competir pela eficiência, voltam à exploração dos pioneiros em busca de uma nova alternativa.

Ontem, na minha caminhada matinal entre as 7h00 e as 8h00, mais um capítulo de  "Seeing What Others Don't" de Gary Klein, e mais uns trechos a juntarem-se para justificar o que faz a diferença entre os pioneiros e os outros. 

Quem está na fase do algoritmo, ou "Town Planners" segue um conjunto de linhas de orientação:

"Guideline 1: The system should help Boone do his job better.

...

The goal of helping people perform their jobs better makes sense only if they have well-defined and stable jobs. It doesn’t apply to people whose jobs may shift as a result of insights. ... The system we design to help people do their current jobs may lock them into the original job concept and reduce the chance for insights. ... People sometimes find it easier to stick with the original job description to avoid the hassle of making changes.

Guideline 2: The system should clearly display critical cues.

 

This guideline isn’t much better. When we identify critical cues in advance, we’ll likely miss those that unexpectedly becomes relevant after we have an insight. ... Many computer aids rely on getting information into and out of databases, and these databases are organized so that the users can navigate them without getting lost. However, the original database structure is likely to become obsolete as knowledge workers gain more insights and revise their thinking. When that happens, the original database structure becomes cumbersome and may

...

Guideline 3: The system should filter out irrelevant data.

This guideline is actually harmful.

...

The recommendation to filter out irrelevant data sounds good as long as we know in advance which data are relevant. It screens out the happy accidents and unexpected cues that often spark insights.

...

The desire to filter out irrelevant data, guideline 3, is understandable. Most of us feel we are drowning in data, so we’re grateful for any help we can get. Unfortunately, this guideline is responsible for creating Internet filter bubbles.

...

Guideline 4: The system should help people monitor progress toward their goals.

This guideline also creates problems. Such monitoring will help us stay on schedule. But progress monitoring can get in our way if, after we start a project, we have insights about how to restructure the tasks. Even worse, what happens if we have insights about how we should revise our goals? Once we give up the original goals, all our progress markers become obsolete. A tool that monitors progress toward the original goals would have pestered the riders for conducting an inefficient search strategy.

...

Each of the four design principles listed at the beginning of this chapter depends on order and structure, whereas insights are disorderly. [Moi ici: Qual o estilo típico da mentalidade portuguesa?] To change the way decision aids and information technologies are designed, developers would have to pay less attention to how the work was done in the past and more attention to giving decision makers room to discover—giving them more freedom to modify their tasks."

Como o português típico não planeia, não se organiza, ou fá-lo de forma básica, também está mais liberto das amarras das linhas de orientação do modelo anterior. Assim, mais facilmente foge do modelo actual e começa a busca de alternativas. 

segunda-feira, janeiro 18, 2021

Para reflexão

 



Figuras retiradas daqui.


Formas de pensar

"People differ in how well they tolerate contradictions and ambiguity, and this personality style likely affects their success at gaining insights. People also differ in how ready they are to entertain ideas that they don’t think are true and in how much they enjoy imagining alternative universes.

Some people become impatient with speculation. They see the playful exploration of ideas as a sign of immaturity. They want closure, and they roll their eyes when a member of the group starts going off on tangents. They are concrete thinkers who just want to work with the facts, not with flights of fancy. This concrete reasoning style wouldn’t leave people very open to insights."

Trecho retirado de  "Seeing What Others Don't" 

domingo, janeiro 17, 2021

Contexto da moda

"El Covid-19 se come un 26% de las ventas del comercio de moda en 2020":

"[Moi ici: Números para os Estados Unidos] La moda fue el sector que peor evolucionó en el último año, seguida de cerca por los bares y restaurantes. [Moi ici: Não tinha essa percepção] La facturación del conjunto del retail se incrementó un 0,6% gracias a la alimentación.

...

La moda cierra un año para olvidar. En Estados Unidos, donde nunca llegó a decretarse un confinamiento a escala nacional, las tiendas especializadas en ropa y complementos redujeron su facturación un 26,4% en 2020, según el avance publicado hoy por el US Census Bureau.

En su conjunto, el retail y los servicios de alimentación incrementaron su facturación un 0,6% en el último año, gracias al empujón de las tiendas de alimentación, que crecieron un 11,5%, y a las de materiales de construcción y jardinería, con un incremento del 14%.

...

También se dispararon a doble dígito las ventas en los que el US Census Bureau denomina nonstore retailers, es decir, distribuidores que venden por catálogo o a través de Internet. Este tipo de comercios se incrementaron un 22,1%, hasta 971.554 millones de euros.

Sólo en diciembre, las ventas de moda se hundieron un 16% respecto al mismo mes del año anterior, mientras otros comercios como los de materiales de construcción se dispararon a doble dígito."

sábado, janeiro 16, 2021

O que gera lockdowns?

Dados de 15 de Janeiro de 2021 às 15h00 relativos às mortes por covid:

Segue-se um trecho retirado de: "How to grow from here?":

"What are the main risks for economies in 2021? Over the coming months, it will become clearer which companies will still be viable and can adapt in post-pandemic markets once government support dries up and new regulations take effect. At least in some sectors, customer preferences will shift.  

For economic recovery, everyone is counting on vaccines. But for this to work, the roll-out would have to be fast and smooth, a sufficient number of people need to agree to be vaccinated, and the vaccination has to be effective against new strains. This is not a given. For trading companies, this will embed significant risks. Divergence in vaccine roll-out across countries will affect supply chains.

Control Risks, a London based Consultancy, list on the top of its risk map for 2021 a fragmented exit from lockdown. There will be countries that easily absorb the vaccine and return it back to normality, while others face an obstacle course over the availability of the vaccines, as well as effective distribution and public uptake."

O que gera lockdowns? 

Qual o racional por trás da decisão política de um estabelecer um lockdown?

sexta-feira, janeiro 15, 2021

Acerca da inovação (parte III)

Parte I e parte II.

Gary Klein continua por uma via interessante. Lista uma série de erros óbvios que cometemos, aquilo a que no dia a dia apelidamos de estupidezes. Chegar a casa e perceber que se deixou a chave da porta no escritório, por exemplo:

"Examples of stupidity put actual insights into perspective. They suggest that we often engage in the insight strategies even for everyday activities that don’t count as insights. We continually make connections, look for implications, spot inconsistencies, and challenge weak assumptions. When we’re on automatic pilot, and the connections and contradictions are obvious, we don’t give ourselves credit for noticing them. 

We do give ourselves discredit for missing them. When we fail to make obvious connections, when we miss obvious anomalies and inconsistencies, when we get hung up on assumptions that are clearly wrong, we are guilty of stupidity. Perhaps each insight pathway in the Triple Path Model could be treated as a continuum from stupidity to insight, with normal alertness in between. Stupidity and insight would then be two bookends―the two poles of each continuum.

...

Eventually, I arrived at four reasons that we might miss the chance to have an insight: flawed beliefs, lack of experience, a passive stance, and a concrete reasoning style."

Mas cuidado com as generalizações. Por exemplo, acerca dos "Flawed Beliefs":
"These examples present a clear lesson: people gripped by a flawed theory can ignore, explain away, or distort evidence that could lead to insights. Therefore, we may be tempted to conclude that people should trust data, not their theories. We don’t want people to fixate on their theories. Except that we don’t want people to fixate on data either.
...
There’s no simple guidance here. Holding on to a flawed theory can be a mistake, but so can trusting flawed data. Tenaciously clinging to a belief despite contrary evidence can be a mistake, but so can prematurely discarding a belief at the first encounter with contrary evidence. All we can conclude is that we’re likely to miss the insight if we rely on a flawed belief, either in a theory or in data, and we make it worse if we’re pigheaded and fixate on that belief. As the saying goes, “It ain’t what you don’t know that gets you in trouble. It’s what you know for sure that just ain’t so.”

The more central the belief is to our thinking, the harder it is to give up. These core beliefs anchor our understanding. We use them to make sense of events, to inquire, and to arrive at judgments about other ideas. And so we are much more likely to explain away any anomalies rather than revise our beliefs in the face of them."


 

quinta-feira, janeiro 14, 2021

Zombies, confinamento e vida eterna

Num livro de ficção científica publicado em 1972 já se explicava o confinamento:

"an evil wizard called Cob, who had ‘an unmeasured desire for life’. He reduces the inhabitants of Earthsea to zombies by offering them eternal life."

 Trecho retirado de "It’s not Jung’s, it’s mine"

Acerca da inovação (parte II)

Volto ao esquema da parte I.

Contradiction - Find an inconsistency
Por que é que a Canon fechou a última linha de montagem na Malásia em 2005? Por que retornaram a produção para o Japão? 

Connection - Coincidence - Spot an implication
Por que é que a empresa de calçado X em Felgueiras em 2006 gaba-se de não ser uma arca de N

Creative desperation - Escape an impasse
Os académicos e os supostos jornalistas económicos previram o fim do mundo das PMEs tugas, mas vejo sintomas de sucesso em cada vez mais empresas em 2008.

Depois do rolo compressor de mais um lockdown que empresas vão sobreviver? Em que estado estarão? Qual o impacte das moratórias bancárias quando começarem a rebentar? Até onde irá a loucura extractiva de um modelo de sociedade insustentável?

Não tenho receitas, não existes receitas, cada caso é um caso. Comece a olhar para o mundo à sua volta para perceber como poderá iniciar uma nova vida. Aqui, ou num outro lado.





quarta-feira, janeiro 13, 2021

Acerca da inovação

 O tempo não abunda, mas quando encontramos um livro de Gary Klein temos de o ler, ainda que não tenha a ver com a minha actividade profissional. 

Assim, há já algum tempo que ando a ler "Seeing What Others Don't", sobre como surgem as inovações na vida do dia a dia:.

Ontem, na minha caminhada matinal, entre as 7h00 e as 7h30, li uns trechos muito interessantes que podem ser aplicados à inovação nas empresas.

"So now I had distinguished two different paths to insight.

  • They spring from different motivations—wanting to escape from a bad situation versus wanting to rethink conventional wisdom.
  • They have different triggers—searching for a flawed assumption versus encountering an inconsistency.
  • They rely on different activities—replacing the flawed assumption versus building on the weak assumption that leads to the inconsistency.

    They also have some similarities. These insights are disruptive in that they don’t let us retain our comfortable beliefs. Instead, we have to modify the core beliefs that anchor our understanding. We abandon some beliefs/ anchors and revise others. The two paths also lead to the same kinds of outcomes. We change what we understand. In addition, we sometimes change our ideas about the actions we can take, the way we see situations, how we feel about things, and what we desire.

    The diagram of a Triple Path Model of insight tries to capture these features. It is a Triple Path Model because the remaining strategies, connections, coincidences, and curiosities are combined in the third path, which is shown as the middle column.
    The connection path is different from the desperation path or the contradiction path. We’re not attacking or building on weak anchors. When we make connections or notice coincidences or curiosities, we add a new anchor to our beliefs and then work out the implications. Usually, the new anchor comes from a new piece of information we receive."

    Quantos riscos e oportunidades reais consegue determinar?

    Muitas empresas, ao implementarem um sistema de gestão da qualidade, pedem a um consultor para lhes listar um conjunto de factores externos relativos ao seu contexto. Infelizmente, muitas nunca mergulham numa reflexão sobre quais são, o que representam e como devem ser utilizados. 

    Ao ler a introdução a este artigo "The Current State of Substrates in 2021":

    "The value, demand and dependency for soilless substrates (growing media) has never been greater. NEVER. Last year brought unprecedented challenges as well as many opportunities to the horticulture industry worldwide. These challenges and opportunities set the stage for what should be a very interesting 2021 for all sectors of the industry. Factors affecting the current and future status of soilless substrates include the COVID-19 pandemic, political trade wars, extreme weather patterns and climate change, existing and proposed environmental regulations, and product and consumer trends."

    Quantos riscos e oportunidades reais consegue determinar para a sua empresa, com base em cada um dos factores sublinhados?

     

    terça-feira, janeiro 12, 2021

    Preparado para a stickiness?

     "Specifically, the shift to online retail is real, and much of it will stick. In the United States, the penetration of e-commerce was forecast in 2019 to reach 24 percent by 2024; by July 2020, it had hit 33 percent of total retail sales. Eric Lamarre and Kate Smaje, “Accelerating digital capabilities to recover from the COVID-19 crisis,” July 21, 2020. To put it another way, the first half of 2020 saw an increase in e-commerce equivalent to that of the previous ten years. Arun Arora, Hamza Khan, Sajal Kohli, and Caroline Tufft, “DTC e-commerce: How consumer brands can get it right,” November 2020. In Latin America, where the payments and delivery infrastructure isn’t as strong, e-commerce use doubled from 5 to 10 percent. In Europe, overall digital adoption is almost universal (95 percent), compared with 81 percent at the start of the pandemic. In normal times, getting to that level would have taken two to three years. Strikingly, the biggest increases came in countries that had previously been relatively cautious about shopping online. Germany, Romania, and Switzerland, for example, had the three lowest online-penetration rates prior to the COVID-19 crisis; since then, usage increased 28, 25, and 18 percentage points, respectively—more than in any other markets."

    Fonte.

    Dado o efeito de stickiness, quem experimentou venceu a barreira da ansiedade e do hábito. Como será o efeito de histerese nas vendas online?

    "A questão de saber se haverá um efeito de histerese é muito interessante. Este é o nome de um fenómeno na Física em que um impulso temporário tem um efeito permanente."

    Fonte

    Total Value Ownership (parte II)

     Em Novembro de 2019 no postal "Total Value Ownership" escrevi:

    "Numa relação B2B clássica os vendedores estão habituados a negociar com base no preço. O preço é o que está à vista. A SKF usa a noção de Total Cost Ownership. Desde que o cliente compra o rolamento até que se desfaz dele no final do ciclo de vida, quais são os custos que o cliente vai ter?"

    A SKF é um exemplo clássico do uso do ciclo de vida para fugir ao preço unicamente no acto da compra. Recordo, por exemplo:

    Actualmente a apoiar uma empresa de calçado a implementar um sistema de gestão ambiental de acordo com a ISO 14001:2015, encontrei mais um exemplo em que a abordagem da SKF, poderia ser utilizada por alguns fornecedores para melhorarem o ritmo de introdução de novos produtos.

    A empresa consome colas e solventes no processo de fabrico. 
    Existe uma legislação que estipula um valor de consumo de compostos orgânicos voláteis por par. 
    As empresas que ultrapassam esse valor legal devem desenvolver medidas para reduzir tal consumo.

    A empresa está a estudar a possibilidade de transitar para colas de base aquosa e está a fazer estas comparações:


    Por que é que os fabricantes de colas de base aquosa não usam estas equações e outras para preparar informação que ajude os potenciais clientes a fazerem a transição?


    segunda-feira, janeiro 11, 2021

    O retorno da inovação

    Interessante coincidência. No último mês ter escrito:

    Para agora ouvir o velho conhecido deste blogue, Geoffrey Moore:


    Já agora, voltar a outro velho conhecido deste blogue Jean Claude Larreche:
    E a este novato aqui no blogue:




    domingo, janeiro 10, 2021

    Onde está o seu locus de controlo?

    Gosto dos decisores com o locus de controlo no interior, quando o mundo muda não culpam o mundo, mudam eles no que fazem ou no que pensam.


    Os estúdios de cinema estão a virar-se para os ecrãs pequenos, a maioria dos donos das cadeias de cinema protestam e querem ser protegidos de um futuro que não os inclua (sim, ainda deviamos estar todos a pagar o salário dos fabricantes de velas de iluminação do século XIX)

    Alguns recuam, olham para a nova paisagem e posicionam-se de um outra forma:
    "Streaming services are devaluing movies as appointment viewing, but there’s already evidence that theaters can succeed by making the experience more, well, special. Late in 2019, Austin-based Alamo Drafthouse offered extremely popular “rowdy” showings of the panned Cats, encouraging audiences to shout and laugh at the terrifying, gyrating computer-generated felines on screen. It also delivers restaurant-quality food and dozens of craft beers straight to patrons’ seats.

    Alamo Drafthouse has also discovered that customers want to privately rent entire theaters during the pandemic, a service that makes up 50% of its top-line revenue today. (Cinemark says it has sold more than 100,000 private watch parties, generating at least $10 million in revenue.) That service may also be easier to book in the future. “I’ve never considered at-home streaming our competitor,” says Tim League, founder of Alamo Drafthouse. “We are an out-of-home experience. We’re competing against restaurants, bars, and clubs.”"

    Chega-se ao fim e apetece fazer o exercício de "Oceano Azul" ou o de Horwath - Em que é que vocês são bons?

    Em tempos de experimentação de novos posicionamentos ou ofertas, porque nem sempre a nova oportunidade é clara, é importante ter em conta os velhos estóicos:

    "pivoting market shapers should keep one foot on the ground"

    Melhor ainda, o mito do filho de Gaia, Anteu.

    Trecho retirado de "Streaming Isn’t Killing Movie Theaters. It's Making Them Better"

    sábado, janeiro 09, 2021

    Uma fábula (parte I)

    Um grupo de humanos ignorantes olham para o palco e vêem um espaço em branco convidativo para uma caminhada. Podem ser ignorantes, mas umas explosões anteriores revelaram que afinal o caminho tinha perigos escondidos. Então, esse grupo contrata alguém com alguma experiência em caminhadas semelhantes para descobrir as minas escondidas no caminho.

    Vamos roubar o olhar aos deuses para ver a realidade com outros olhos. Afinal o caminhado está semeado de minas.  

    A pessoa experiente começa a esquadrinhar o caminho para detectar e eliminar as minas semeadas no caminho. Descobre-as, desarmadilha-as e torna o caminho até aí seguro:

    Há uma sensação de progresso à medida que se avança. Podemos não saber o que temos pela frente, mas o caminho desbravado até aquele momento é seguro, a rectaguarda está protegida.




    Só que ...
    Alguém, depois, vem semear novas minas de forma aleatória e não cartografadas. 

    Assim, o experiente anda entretido a libertar caminho à frente e, quando menos se espera, rebenta uma mina numa zona que supostamente já estava livre.

    WTF!!!

    O que se passa? Onde é que isto acontece?

    Bastidores e palco. Guerra e vírus

    Há dias escrevi esta "Curiosidade do dia" para salientar o trabalho de desmame e de empoderamento que qualquer abordagem liberal pressuporá. Um ideologia liberal ao chegar ao poder de um país socialista como Portugal não pode, de um dia para o outro, "libertar" o país sem um trabalho gradual de desmame e de empoderadamento.

    Contudo, não abracem logo a ideia simplista de que ao dar-se um pouco de liberdade ao povo este não a sabe usar. Já se interrogaram sobre como funciona este país socialista?

    O governo toma a decisão A. O tempo passa e a situação piora e conclui-se que afinal a decisão A não foi eficaz e avança-se para a decisão C ou D.

    Quem observa o palco concorda com a cabeça e diz: 

    - Não havia alternativa, a medida A falhou.

    Quem está nos bastidores sabe que a medida A nunca chegou a sair do papel:

    Quem está nos bastidores sabe que a medida A foi mal implementada por causa de erros básicos:
    Soa tudo a um teatro de sombras, nevoeiros, espelhos para esconder a incompetência, ganhar pontos políticos, ganhar pontos entre os pares académicos ou corporativos.

    Não sei se ao longo destes 16 anos aqui no blogue já o escrevi ou não, mas quem me conhece sabe que costumo dizer que as sociedades actuais vivem um tempo novo: não existem guerras que façam o reset do contrato social e isso está a minar as sociedades. O contexto evolui, as sociedades evoluem, por isso muitos pressupostos que eram úteis ou viáveis no passado, passam a ser perigosos, venenosos ou inviáveis, mas como fazem parte do contrato social, dos direitos adquiridos, não são mexidos. 

    No tempo das guerras havia um sobressalto que punha em causa a sobrevivência da sociedade de forma clara e inequívoca. Por isso, era permitido um reset durante e depois. Hoje não há guerras. 
    Não havendo guerras, vão-se acumulando esses depósitos de toxinas. 
    Não havendo guerras, os Iagos e Grimas deste mundo chegam ao poder e acelera-se a criação e deposição de toxinas.

    Interessante, enquanto existiu a ETA a Espanha desenvolveu-se mais do que Portugal. Acabou a ETA e os Sanchez e os Iglesias chegam ao poder e Espanha começa a cair ainda mais do que Portugal.

    Será que o Covid-19 pode fazer o papel da guerrra na promoção da limpeza da sociedade? Duvido, terá de durar muito mais, ir até 2022 ou 2023. O que se passa nos bastidores não transparece para o palco, assim, todos os falhanços dos Iagos e Grimas são facilmente atirados para a responsabilidade do povo bronco, e esse, educado a ser dependente, condicionado a pensar que o governo é que sabe, faz juz ao adjectivo e aumenta a confiança nos Iagos e Grimas.

    Atenção, eu não sou partidário de guerras. No antigo regime, o meu dia na escola primária começava de pé ao lado da carteira (nome que dávamos à secretária) individual a rezar o Pai-Nosso e a pedir a Deus para não ir para a guerra (as imagens das guerras do Ultramar, Israel e Vietname passavam todos os dias no telejornal). Quem me conhece sabe o como tiro o chapéu a Trump por ser o primeiro presidente americano em milhares de anos a não começar uma guerra.

    sexta-feira, janeiro 08, 2021

    "does not imply desperation"

    Na sequência de:

    "a pivot is a substantive change to one or more of your business model facets, be it your product, your customer segment, your channel, pricing logic, resources, activities, or partners. But note that pivoting market shapers should keep one foot on the ground, true to the origins of the metaphor in basketball. In other words, apply your learnings from past success and failure to the new area. Note, too, that pivoting does not imply desperation. It can be a clever leadership tool to discover growth opportunities.

    At its best, pivoting is a systematic, hypothesis-driven process of experimentation (hence overlap with another of our Es), to drive and evaluate market opportunities. You translate your market vision into falsifiable business model hypotheses, test the hypotheses using minimum viable set-ups, then decide whether to persevere with the existing model, or pivot by changing some elements.

    Pivots continue after the start-up phase. Many a successful company have pivoted both in their start-up phase and over longer periods."

    Trecho retirado dSMASH: Using Market Shaping to Design New Strategies for Innovation, Value Creation, and Growth de Kaj Storbacka e Suvi Nenonen.  

    quinta-feira, janeiro 07, 2021

    Curiosidade do dia

    Volta e meia concluo que os maiores inimigos do liberalismo são os liberais. Por exemplo em 2018 escrevi aqui:
    "BTW, muitas vezes acho que os liberais são os maiores inimigos do liberalismo porque falam de querer amanhã o que só poderá ser obtido ao fim de um processo. Imagino o que aconteceria ao fim de pouco tempo se acabasse a escola pública como a conhecemos, independente da procura e dependente de um centro mais preocupado em vómito, política e custo."

    Em 2020 escrevi:

    "Costumo dizer que os maiores inimigos do liberalismo são alguns liberais, pedem coisas que não só são impossíveis no imediato como metem medo aos não liberais, e o que devia ser um processo evolutivo acaba por nunca acontecer. Também posso dizer que os maiores inimigos da descida dos impostos são os argumentos usados pelos defensores das descidas de impostos." 

    Hoje ao ouvir Camilo Lourenço, lembrei-me de Tocqueville em "De La Démocratie En Amérique" acerca da diferença de educação entre as jovens americanas e as francesas:

    O que esperar de um povo educado, condicionado, "trabalhado" para que não pense por si. Nunca me esqueço deste exemplo:


    Nem deste outro:

    Um povo mantido e educado como criança não pode ser livre.

    Para que este povo possa ser livre tem de ser progressivamente desmamado, empoderado e responsabilizado.

    "Stop improvising"

     "Most organizations can cope with straightforward bad news, and so can most people. We absorb the shock, and move on. But what happens when we don’t know how bad the news actually is?

    When it comes to crises, the news companies must deliver is often potential bad news. 

    ...

    Communicating about uncertainty — what people call ‘risk communications’ in practice — has become one of the most important challenges faced by anyone who needs to convey or consume information.

    ...

    The inherent challenge for risk communicators is people’s natural desire for certainty and closure.

    ...

    To start to repair the trust deficit will require a significant retrofit of existing communications practices. Here are three places to start.

    Stop improvising. Firms will never be able to reduce uncertainty to zero, but they can commit to engaging with customers around uncertainty in systematic, predictable ways.

    ...

    Change the metric for success, and measure results. Avoiding negative press should not be the primary objective for firms that are faced with communicating uncertainty. In the short term, the primary goal should be to equip customers with the information they need to interpret uncertainty and act to manage their risk. In the long term, the goal should be to increase levels of ambient trust and to reduce risks where possible. Communicators need to demonstrate that what they are doing is working, by creating yardsticks that rigorously measure the effectiveness of communications against both these short and long term goals. ... Design for risk communications from the beginning. Consider what it would mean if every product were built from the start with the need to communicate uncertainty about how it will perform when released into the wild — that is, “risk communication by design.” 

    ...

    People are naturally inclined to prefer certainty and closure, but in a world where both are in short supply, trust deficits aren’t an inevitable fact of nature. We’re optimistic that organizations can do better collectively by making disciplined use of the existing science."

    Trechos retirados de "The Art of Communicating Risk" 

    terça-feira, janeiro 05, 2021

    Diferentes tipos de inovação

     E volto aos "Swardley maps" pegando num exemplo que ele usa muitas vezes:

    Energia eléctrica, uma chaleira e água permite ter água quente.
    Água quente, chá e uma chávena permite ter uma chaávena de chá bem quente.

    De acordo com o exemplo concreto acima, a energia e a água são consideradas commodities.

    Agora voltemos à Tintex e a mais um artigo que recentemente encontrei na internet, "Expresso destaca a têxtil que se rendeu ao colorau" de onde sublinho:
    "Cogumelos, menta, tomilho e colorau são produtos culinários sobejamente conhecidos, mas são também vegetais cujos extratos são usados pela Tintex para a produção de corantes naturais usados no tingimento das suas peças. Em reportagem no jornal Expresso, o CEO da empresa, o engenheiro químico Mário Jorge Silva, explica o porquê de a empresa ter o seu ADN alicerçado na inovação e na sustentabilidade.
    .
    Com um investimento anual de cerca de um milhão de euros em investigação & desenvolvimento, a Tintex explora várias frentes inovadoras – que, para além da utilização de extratos vegetais no tingimento (projeto apropriadamente chamado ‘Picasso’), já permitiu à empresa reduzir o consumo de água em mais de 25% (quer chegar aos 50%) e assegurar 25% do consumo de energia através de painéis solares."

    No postal anterior sobre a Tintex pode ler-se:

    "colocou a inovação e a sustentabilidade no ADN da empresa para fintar a concorrência, certo de que este era “o grande trunfo e o passaporte para o futuro” da fileira.

    ...

    receita assente “na diferenciação e criação de valor, não na guerra de preços”.

    Interessante e enganador (sem dolo) usar o termo inovação indistintamente quer para os sublinhados a vermelho, quer para os sublinhados a vermelho e com fundo amarelo no extracto acima. 

    A inovação nos corantes naturais contribui para a vantagem competitiva da empresa, é um must have. A inovação na água e na electricidade melhora a margem, mas não contribui para a vantagem competitiva de uma empresa que não compete na guerra de preços.

    Recordar daqui:

    "Simon Wardley refere o uso da palavra inovação em diferentes fases evolutivas de um negócio ou de um modelo de negócio. A inovação na fase Genesis, na fase "wonder", não tem nada a ver com a inovação na fase Commodity, nas fase "war""

    O problema é quando a inovação da fase "war" rouba recursos (tempo, atenção, pessoas, dinheiro) à inovação da fase "wonder" quando se compete na fase "wonder". 

    Desta vez vai ser diferente vou chamá-lo: reformas estruturais

    "The surge in imports and the binge of wasteful investments were the almost inevitable consequences of the financial inflows coming into the crisis countries from the surplus countries, particularly Germany. The spending booms had nothing to do with cultural traits, the weather, or differences between Catholics and Protestants. As Germany’s own experience in the 1870s demonstrates, windfalls of cheap money produce the same responses everywhere. Soaring real estate valuations and rising stock prices made people feel richer and encouraged them to spend more out of current income. At the same time, banks flush with funding from abroad needed to increase their lending—and did so by lowering standards."

    Desta vez vai ser diferente vou chamá-lo: reformas estruturais.

    Recordar isto, isto e ainda isto.

    Trechos retirados de “Trade Wars Are Class Wars” de Matthew C. Klein. 

    Calçado - Fazer a transição

    Em "Rust never sleeps" (Agosto de 2020) usei esta figura:

    Em "A fase "wonder"" (Dezembro de 2020) usei esta figura:
    E escrevi:
    "As empresas de calçado têm de fugir da fase "war" e avançar para a fase "wonder"... "wonder" é magia, é surpresa, é ... arte!!!

    Ainda esta semana numa empresa alinhavam-se mentes em torno da relevância dos nichos para o futuro da organização."

    Avançar, que neste contexto no mapa de Swardley quer dizer recuar para a esquerda, tal como na primeira figura acima.

    Em "Longe do mainstream" (Setembro de 2020)  voltei a citar algo que escrevi em Fevereiro deste ano acerca do sector do calçado português:

    "Vamos entrar numa Fase 4

    O número de empresas vai voltar a diminuir

    A quantidade de pares produzidos vai voltar a diminuir

    O número de trabalhadores vai voltar a diminuir

    O preço médio por par vai novamente dar um salto importante"

    Tenho escrito aqui ao longo dos anos acerca da nichização. A nichização a longo prazo imporá a especialização das empresas que servem cada nicho. O meu velho "Tu não és meu irmão de sangue!"(Setembro de 2014), porque as tribos têm uma paixão assimétrica.

    O caderno de Economia do semanário Expresso da passada semana trazia o artigo "Uma têxtil rendida ao colorau" com uma entrevista a Mário Jorge Silva CEO da empresa Tintex:

    "colocou a inovação e a sustentabilidade no ADN da empresa para fintar a concorrência, certo de que este era “o grande trunfo e o passaporte para o futuro” da fileira.

    “Apostámos na sustentabilidade logo em 1989, muito antes de esta ser uma palavra da moda”,

    ...

    aceitou o desafio lançado por alguns clientes e deixou a têxtil onde trabalhava para lançar o novo projeto cheio de “grandes esperanças” na sua receita assente “na diferenciação e criação de valor, não na guerra de preços”.

    ...

    A procura de uma oportunidade para se diferenciar num mundo onde o verde ainda não estava na moda

    ...

    Hoje, desdobra-se em vários projetos de investigação e desenvolvimento (I&D), em parceria com empresas têxteis e de outros sectores de atividade, centros tecnológicos e universidades. [Moi ici: Trabalhar o ecossistema. Parceiros e fontes de know-how teórico]

    ...

    Outra frente de trabalho prioritária é a área médica,

    ...

    E noutra linha de ação no segmento dos têxteis técnicos e da alta performance promete mais uma solução inovadora para ajudar a recuperação do atleta depois do esforço, lendo indicadores e dando até 13 possibilidades de tratamento em simultâneo.

    ...

    No currículo, apresenta incursões no tingimento da fibra de milho biodegradável e em métodos de tingimento mais sustentáveis e reutilização de materiais, a par de uma série de certificações que garantem reconhecimento mundial na área dos têxteis sustentáveis porque “as pessoas têm de acreditar no que oferecemos”. [Moi ici: Trabalhar o ecossistema. Influenciadores que trazem credibilidade]

    “As novas gerações valorizam saber o que compram por isso faz sentido criar nos têxteis uma cultura idêntica à que existe à volta do vinho e dos terroirs"[Moi ici: Muito interessante este conceito. Poderá ser relacionado com Mongo?]

    Este artigo pode ilustrar uma estratégia baseada na inovação e concretizada a servir um conjunto de nichos: sustentabilidade; área médica; desporto de alto rendimento. 

    Uma crítica que muitos empresários me fazem é a de que os nichos são pequenos, não lhes sustentam a estrutura das empresas. 

    1º - Recordar o que prevejo para a Fase 4 - Empresas mais pequenas.

    2º - Quando um nicho ainda está na fase "wonder" ainda permite que seja servido por um especialista, não por um super-especialista. Assim, talvez trabalhar para 2 ou 3 nichos ajude a fazer a transição.

    segunda-feira, janeiro 04, 2021

    Uma iniciativa interessante


     Uma iniciativa interessante, "A Canadian ‘Buy Local’ Effort Fights Amazon on Its Own Turf":

    "A website called Not Amazon was created to drive sales to more than 4,000 independent stores in four cities. The initiative aims to keep expanding.

    ...

    Inspired to build a more comprehensive list, Ms. Haberstroh promptly created an Instagram post, tagging independent businesses and shopkeepers across Toronto. Included was a new website, Not-Amazon.ca — a URL that she had bought for $2.99.

    Introduced as a local list to help keep small businesses alive, Not Amazon was created “so you don’t have to give any money to Amazon this year!” the post read.

    What began as a Google spreadsheet with more than 160 businesses collated initially from Ms. Haberstroh’s memory and research became a directory of hundreds that have a website and a high-quality photo and offer nationwide shipping, curbside pickup or delivery.

    So far, the website has garnered more than half a million page views and grown to include 4,000 businesses across Toronto, Calgary, Halifax and Vancouver. The site is now submission-based, and thousands of businesses are awaiting Ms. Haberstroh’s approval."

    Uncertainty versus ambiguity

    "The biggest challenge to businesses right now isn’t uncertainty, but ambiguity — a condition in which the future is unclear, the past is no help, and we don’t even know what we don’t know. There is no predicting when the pandemic will end, nor what ‘business as usual’ will look like when it does."

    Trecho retirado de "Charting a Path Forward Without A Map" publicado na revista Rotman Management Winter 2021

    domingo, janeiro 03, 2021

    Estatística e pequenas populações

    Neste sítio pode ver-se:


    O concelho de Montemor-o-Novo tem uma incidência cumulativa de 652 infectado por cada 100 000 habitantes. Ou seja, o concelho de Montemor-o-Novo a 28.12.2020 tinha cerca de 114 infectados nos últimos 14 dias, isto partindo do princípio que a população do concelho de Montemor-o-Novo ronda os 17 437 habitantes.

    Imagino todas as restrições à liberdade dos habitantes do concelho de Montemor-o-Novo por causa deste valor da incidência cumulativa.


    O concelho de Montemor-o-Novo automaticamente salta para um valor da incidência cumulativa de 962.

    A pergunta que resta é: Que coboiadas se fazem nesse lar?

    A sério: acho estranho ninguém referir a sensibilidade das pequenas populações a estes eventos. 




    A via imprudente (parte II)

    Parte I.

    O que é que a via imprudente me ensinou? Uma realidade bem diferente, algo mais nesta linha:

    "The companies don't know what they're going to face. They don't know how the technology will work out. They don't know who the other players are going to be in this business.  They don't know what the reception is going to be for this new technology. They don't know what the regulations are going to be, the legalities, the shipping arrangements. And yet they are in a position where they have to ante up maybe hundreds of millions of dollars just to sit at this casino table and play. Now, and economist all say that's not a question of probabilities. It's a situation where the firms face what economist call fundamental uncertainty.

    About these matters there is no scientific basis on which to form any calculable probability whatever. We simply do not know. Of course our firms know plenty, but if they want to define a real optimization problem or calculate probabilities, they simply do not know.

    There's a syllogism here. If a situation is subject to some high degree of fundamental uncertainty, the problem it poses is not well defined - you can't express it in clear logical terms. If the problem is not well defined, rationality is not well defined - there can't be a logical solution to a problem that is not logically defined. There is then no optimal solution, no optimal set of strategies, for agents and players - optimality is not well defined. [Moi ici: O que é o óptimo? E o óptimo é universal? O que é que os que líderam uma empresa pretendem atingir? E querem todo atingir o mesmo? Acreditar que existe um óptimo universal é ingenuidade. Acreditar que a gestão é uma ciência como a física newtoniana é ingenuidade perigosa. Acreditar que a verdade de hoje continua a ser verdade amanhã é ingenuidade doentia] So if you simply don't know what you're facing, rationality isn't well defined and optimal behavior isn't well defined. So where an economic situation contain significant fundamental uncertainty, if we are rigorous it can't be credibly reduced to a rational, deductive economic model. And where rational, deductive behavior is not well defined, any outcome is likely to be temporary and not in equilibrium.

    In the face of real fundamental and certainty the standard approach gets stalled.

    in not-well defined situations, in various ways people try to make sense: they experiment, they explore, they adjust, they readjust, but not just in terms of having some wondrous mathematical model of the situation and updating a parameter. They form a hypothesis, maybe they have multiple hypotheses or ideas about the situation they are in, and they put more belief in the ones that work overtime and throw out hypotheses that don’t.

    We could look at problems that were not well defined, whether there’s fundamental uncertainty, problems where there is no equilibrium, and we could unleash agents that could explore, take up hypotheses, throw them out, and generate new ones and get smart.

    In general in a difficult or novel economic situation, there's no optimal solution. Agents are coping, exploring, adjusting, experimenting, whatever. But that very behavior changes the outcome and then they have to change again. It's a bit like surfing, where you don't know where the waves will go next and you're adjusting and readjusting to stay in the green water."


    Como neste artigo, "This Japanese Shop Is 1,020 Years Old. It Knows a Bit About Surviving Crises.":
    "Like many businesses in Japan, her family’s shop, Ichiwa, takes the long view — albeit longer than most. By putting tradition and stability over profit and growth, Ichiwa has weathered wars, plagues, natural disasters, and the rise and fall of empires.
    ...
    Such enterprises may be less dynamic than those in other countries. But their resilience offers lessons for businesses
    ...
    If you look at the economics textbooks, enterprises are supposed to be maximizing profits, scaling up their size, market share and growth rate. But these companies’ operating principles are completely different,”"

    A vida económica é como a vida das pessoas, uma amálgama de entidades económicas com "vontades" diferentes, capacidades diferentes, visões diferentes, sujeitas a contextos diferentes e em constante mutação. Não existe um padrão universal, não existe um cristal que se contemple, tudo é líquido.

    Quando se pensa que os empresários devem ser obrigados a ter um curso para poderem abrir uma empresa julgo que se navega nas águas da abordagem standard, julga-se que existe uma resposta lógica e racional, julga-se que existe uma receita. Quando na verdade o que existe é "Agents are coping, exploring, adjusting, experimenting, whatever." Por isso, em 2015 escrevi "Do concreto para o abstracto e não o contrário".

    Mas seria negativo terem tal curso? 
    Primeiro, qual seria o objectivo de tal curso?
    Segundo, qual seria o programa de tal curso?
    Terceiro, quem teria a experiência para ministrar tal curso? 

    A terceira pergunta gera-me tanto cinismo... imagino um recém licenciado em História, ou Direito, que depois de um curso de 90 horas dado por uma associação empresarial, está pronto para ministrar o curso. Ou preferem o curso dado por um académico, um doutorado sem skin-in-the game, alguém capaz de recitar fórmulas? Vi tantos durante o tempo da troika!

    O melhor para mim ainda é o exemplo dos pares.

    Há dias ao começar a ler "Seeing what others don’t : the remarkable ways we gain insights" de Gary Klein encontrei a estória de Alison Gopnik.
    "Developmental psychologists had believed that children didn’t develop
    the ability to take another perspective until they were about seven years
    old. Gopnik thought decentering—taking another person’s perspective
    happened much earlier."
    Pessoalmente lembro-me deste tipo de pensamento me perturbar quando tinha 5 anos ou menos. Sei que tinha essa idade porque lembro de os ter numa casa onde vivi até essa idade. Quem eram os outros? Existiam como eu? Tinham pensamentos como eu? 

    O que a via imprudente me fez foi perceber que aquela pergunta feita aos 5 anos deve continuar a ser feita quando somos adultos: a escola que nos procurou uniformizar ao longo de tantos anos, esconde a realidade. Somos todos diferentes, mas a um nível que raramente percebemos.

    SOMOS MESMO TODOS DIFERENTES!!!

    Há dias escrevia aqui:
    "O meu amarelo é diferente do vosso amarelo, o meu céu é diferente do vosso céu, o meu normal é diferente do vosso normal."
    Interessante, o título que dei a este postal em 2007, "Ainda a propósito de quem crê na solução mágica única.". 

    Tenho de acabar, era capaz de continuar eternamente nisto. Mas ainda tenho de agradecer ao meu professor de Filosofia do 11º ano, Guedes Miranda, por ter dado aulas de filosofia, por não ter dado aulas de história da filosofia, e sobretudo por não ter gozado com os filósofos antigos. Agora, gostaria de aprender mais sobre George Berkeley com ele.

    sábado, janeiro 02, 2021

    A via imprudente (parte I)

    Ontem o amigo JPS chamou-me a atenção para este texto, "O ano do "Great Reset"". O texto merece mais do que um comentário. Por exemplo, a referência ao que há muitos anos aqui no blog chamo de "jogadores amadores de bilhar" (por exemplo aqui, ou a estória do leite e do karma, ou aqui):

    "temos aquele que é provavelmente o maior drama contemporâneo: o total desprezo por relações de causalidade. A ausência de causalidade e de prova da mesma não são um impedimento para a adopção de medidas radicais, muito menos para cimentar a crença nas afirmações mais extraordinárias."

    Outro comentário acerca do texto acima é o que diz respeito ao livro de Susie Scott, "The Social Life of Nothing: Silence, Invisibility and Emptiness in Tales of Lost Experience":

    "O que Susie Scott nos diz, é que tudo aquilo que não ocorreu e tudo aquilo que nunca ocorrerá, têm tanto poder sobre nós como tudo aquilo que ocorreu e tudo aquilo que ocorrerá. A nossa vida é determinada não só pelas opções que tomámos, mas também pelas opções que não tomámos; não só por aquilo que sabemos, mas também por aquilo que ignoramos. No seu trabalho, Susie Scott fornece exemplos da vida quotidiana, como a carreira que não escolhemos, quando, findo o ensino secundário, optámos pelo prudente e não pelo que realmente queríamos estudar/”fazer na vida”. Estas “coisas” que não fizemos, mas poderíamos ter feito, têm imenso poder sobre nós: nós somos aquilo que decidimos ser, mas também aquilo que decidimos não ser. O facto de ignorarmos como “teria sido”, caso tivéssemos feito diferentes opções, tem o potencial de assombrar aquilo que de facto somos e sabemos."[Moi ici: Na minha vida, quando chegou a altura optei pelo imprudente, optei pelo risco, optei por uma vida que me tem dado muita realização profissional, uma vida que me levou a crescer e a ver o mundo como nunca poderia ter visto se ficasse pela segurança. O que por vezes me atormenta é o custo que isso trouxe para a minha família em termos de comodidade. Se tivesse optado pela pílula azul teria um ordenado seguro, garantido ... e muito mais alto. Porque a via imprudente obriga a uma travessia do deserto, uma espécie de teste de iniciação]

    As opções que fiz na vida permitiram-me construir uma certa forma de ver e perceber o mundo.

    Ontem, continuei a minha leitura de "Complexity Economics: Proceedings of the Santa Fe Institute's 2019 Fall Symposium". A certa altura deparo-me com um texto:

    "The economy is an enormous collection of arrangement and institutions and technologies and human actions, buying and selling and investing and exploring and strategizing. It's a huge hive of activity, where the individual behavior of agents - banks, consumers, producers, government departments - leads to aggregate outcomes.

    It's worth looking more formally at how this equilibrium fitness works in modern economics. You take some situation in economics, whatever it might be; it could be the theory of asset pricing, or of insurance markets, or international trade. You define this as a logical problem. You assume each category of agents - they might be consumers, or investors, or firms - has identical agents. They are all the same, and they know that everyone else is identical to them, and they all face the same problem. Further, you assume the problem is well-defined, and agents are infinitely rational,  so they can optimize given the constraints of the problem and arrive at the best outcome for themselves knowing others are behaving the same way."


     Fechei o livro e pensei nas palavras de Susie Scott. Pensei que se tivesse seguido a via prudente talvez a minha visão do mundo não andasse muito longe desta. A via imprudente ensinou-me o quão errada está esta abordagem. Depois, arrepiei-me. Talvez a maioria dos decisores políticos do país partilhe desta abordagem.

    Continua.

    sexta-feira, janeiro 01, 2021

    Tempo de levantar a cabeça

     Estive para abrir um ano com um texto sobre "economia e incerteza", por causa da incerteza económica que nos aguarda em 2021. No entanto, há minutos no Twitter vi um tweet que me tocou. Embora não partilhe na íntegra da linguagem utilizada pelo autor, apesar de eu criticar os media pelo seu activismo e parcialidade, opto por reproduzi-lo na íntegra. O seu a seu dono. E curvo-me perante o autor pela selecção da figura do ano e da foto:

    A foto é profunda:


    Jornais económicos tugas escolhem como figura do ano pessoas do circo mediático. Um até escolhe Ana Gomes 😲😲😲

    Pois eu secundo a opção do @cryptolobopt e prefiro nomear como figura de 2020 o empresário português anónimo, sem ligações ao poder, sem acesso às carpetes e biombos do poder, sem amigalhaços que lhe arranjem uma encomenda. Quantos terão perdido a esperança, quantos estarão a sentir-se derrotados, quantos não dormem à noite, quantos esperam que caia a encomenda que lhes vai dar mais um mês de vida, quantos arregaçaram as mangas para uma última investida.

    A minha solidariedade para eles:

    • para os que ficaram pelo caminho - que possam na zona de desconforto onde se encontram descobrir uma nova esperança;
    • para os que ainda lutam - que possam fazer a remontada;
    • para os que tiveram um ano mau - que possam ter um ano melhor;
    • para os que tiveram um bom ano, sem depender de amigalhaços e esquemas - que tenham um 2021 ainda melhor. A economia não é um jogo de soma nula.