Mostrar mensagens com a etiqueta exemplo dos pares. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta exemplo dos pares. Mostrar todas as mensagens

domingo, janeiro 03, 2021

A via imprudente (parte II)

Parte I.

O que é que a via imprudente me ensinou? Uma realidade bem diferente, algo mais nesta linha:

"The companies don't know what they're going to face. They don't know how the technology will work out. They don't know who the other players are going to be in this business.  They don't know what the reception is going to be for this new technology. They don't know what the regulations are going to be, the legalities, the shipping arrangements. And yet they are in a position where they have to ante up maybe hundreds of millions of dollars just to sit at this casino table and play. Now, and economist all say that's not a question of probabilities. It's a situation where the firms face what economist call fundamental uncertainty.

About these matters there is no scientific basis on which to form any calculable probability whatever. We simply do not know. Of course our firms know plenty, but if they want to define a real optimization problem or calculate probabilities, they simply do not know.

There's a syllogism here. If a situation is subject to some high degree of fundamental uncertainty, the problem it poses is not well defined - you can't express it in clear logical terms. If the problem is not well defined, rationality is not well defined - there can't be a logical solution to a problem that is not logically defined. There is then no optimal solution, no optimal set of strategies, for agents and players - optimality is not well defined. [Moi ici: O que é o óptimo? E o óptimo é universal? O que é que os que líderam uma empresa pretendem atingir? E querem todo atingir o mesmo? Acreditar que existe um óptimo universal é ingenuidade. Acreditar que a gestão é uma ciência como a física newtoniana é ingenuidade perigosa. Acreditar que a verdade de hoje continua a ser verdade amanhã é ingenuidade doentia] So if you simply don't know what you're facing, rationality isn't well defined and optimal behavior isn't well defined. So where an economic situation contain significant fundamental uncertainty, if we are rigorous it can't be credibly reduced to a rational, deductive economic model. And where rational, deductive behavior is not well defined, any outcome is likely to be temporary and not in equilibrium.

In the face of real fundamental and certainty the standard approach gets stalled.

in not-well defined situations, in various ways people try to make sense: they experiment, they explore, they adjust, they readjust, but not just in terms of having some wondrous mathematical model of the situation and updating a parameter. They form a hypothesis, maybe they have multiple hypotheses or ideas about the situation they are in, and they put more belief in the ones that work overtime and throw out hypotheses that don’t.

We could look at problems that were not well defined, whether there’s fundamental uncertainty, problems where there is no equilibrium, and we could unleash agents that could explore, take up hypotheses, throw them out, and generate new ones and get smart.

In general in a difficult or novel economic situation, there's no optimal solution. Agents are coping, exploring, adjusting, experimenting, whatever. But that very behavior changes the outcome and then they have to change again. It's a bit like surfing, where you don't know where the waves will go next and you're adjusting and readjusting to stay in the green water."


Como neste artigo, "This Japanese Shop Is 1,020 Years Old. It Knows a Bit About Surviving Crises.":
"Like many businesses in Japan, her family’s shop, Ichiwa, takes the long view — albeit longer than most. By putting tradition and stability over profit and growth, Ichiwa has weathered wars, plagues, natural disasters, and the rise and fall of empires.
...
Such enterprises may be less dynamic than those in other countries. But their resilience offers lessons for businesses
...
If you look at the economics textbooks, enterprises are supposed to be maximizing profits, scaling up their size, market share and growth rate. But these companies’ operating principles are completely different,”"

A vida económica é como a vida das pessoas, uma amálgama de entidades económicas com "vontades" diferentes, capacidades diferentes, visões diferentes, sujeitas a contextos diferentes e em constante mutação. Não existe um padrão universal, não existe um cristal que se contemple, tudo é líquido.

Quando se pensa que os empresários devem ser obrigados a ter um curso para poderem abrir uma empresa julgo que se navega nas águas da abordagem standard, julga-se que existe uma resposta lógica e racional, julga-se que existe uma receita. Quando na verdade o que existe é "Agents are coping, exploring, adjusting, experimenting, whatever." Por isso, em 2015 escrevi "Do concreto para o abstracto e não o contrário".

Mas seria negativo terem tal curso? 
Primeiro, qual seria o objectivo de tal curso?
Segundo, qual seria o programa de tal curso?
Terceiro, quem teria a experiência para ministrar tal curso? 

A terceira pergunta gera-me tanto cinismo... imagino um recém licenciado em História, ou Direito, que depois de um curso de 90 horas dado por uma associação empresarial, está pronto para ministrar o curso. Ou preferem o curso dado por um académico, um doutorado sem skin-in-the game, alguém capaz de recitar fórmulas? Vi tantos durante o tempo da troika!

O melhor para mim ainda é o exemplo dos pares.

Há dias ao começar a ler "Seeing what others don’t : the remarkable ways we gain insights" de Gary Klein encontrei a estória de Alison Gopnik.
"Developmental psychologists had believed that children didn’t develop
the ability to take another perspective until they were about seven years
old. Gopnik thought decentering—taking another person’s perspective
happened much earlier."
Pessoalmente lembro-me deste tipo de pensamento me perturbar quando tinha 5 anos ou menos. Sei que tinha essa idade porque lembro de os ter numa casa onde vivi até essa idade. Quem eram os outros? Existiam como eu? Tinham pensamentos como eu? 

O que a via imprudente me fez foi perceber que aquela pergunta feita aos 5 anos deve continuar a ser feita quando somos adultos: a escola que nos procurou uniformizar ao longo de tantos anos, esconde a realidade. Somos todos diferentes, mas a um nível que raramente percebemos.

SOMOS MESMO TODOS DIFERENTES!!!

Há dias escrevia aqui:
"O meu amarelo é diferente do vosso amarelo, o meu céu é diferente do vosso céu, o meu normal é diferente do vosso normal."
Interessante, o título que dei a este postal em 2007, "Ainda a propósito de quem crê na solução mágica única.". 

Tenho de acabar, era capaz de continuar eternamente nisto. Mas ainda tenho de agradecer ao meu professor de Filosofia do 11º ano, Guedes Miranda, por ter dado aulas de filosofia, por não ter dado aulas de história da filosofia, e sobretudo por não ter gozado com os filósofos antigos. Agora, gostaria de aprender mais sobre George Berkeley com ele.

segunda-feira, agosto 26, 2019

Aprender com os outros (parte II)

A fazer umas arrumações verifiquei que me esqueci de registar aqui no blogue dois texto do caderno de Economia do Expresso de 15 de Junho último. Dois textos que têm a mesma função do último postal sobre a Canada Goose: aprender com os outros a subir na escala de valor (volto a 2009 e ao exemplo dos pares).

O primeiro texto intitula-se "Sorema - Voar com um tapete pelo mundo":
"É um cenário bem diferente do que os irmãos relvas encontraram em 2000. Na altura, quando chegaram à direcção da empresa, a produção vivia do mercado doméstico e das marcas dos clientes.
"Percebemos que não iríamos sobreviver assim, por isso apostamos na subida da cadeia de valor", refere agora Ricardo. Nasceu, então, a Sorema Bath Fashion, uma colecção mais voltada para o segmento moda, de gama média. Seguiu-se a insígnia premium Graccioza, já com 50 espaços dedicados em lojas do El Corte Inglés, em Espanha, a diversificação da oferta para as toalhas, roupões, linha de praia, acessórios, coordenados e cortinas de casa de banho.
E o trabalho continuou com produtos mais tecnológicos, o que significa tapetes mais fofos, toalhas mais absorventes, mais densas, com tratamento antibacteriano resistente a lavagens.
...
Hoje, tem quatro designers, exporta 90 por cento do que faz para mercados europeus e América, sem esquecer a ásia, do Japão à Coreia do Sul e Singapura. Vende toalhas de rosto a €100, faz tapetes para iates e hotéis de luxo com fingimento especial e garantia de resistência da cor ao sol, ao cloro das piscinas, ao sal da água do mar."
O segundo exemplo intitula-se "Gierlings Velpor - Investir para andar sobre rodas":
"Na verdade, esta empresa fundada em1808. já habituada a exportar 90 por cento do que produz, começou por se dedicar aos tecidos ligeiros para vestuário. Reorganizou-se para trabalhar na área da decoração mais tarde, quando o mercado da moda se tornou "complexo e passou a ser controlado por grandes cadeias que definem o preço".
"Nós queremos definir as nossas margens e, por isso, tivemos de nos voltar para os tecidos mais técnicos e os veludos decorativos" resumeo presidente executivo desta empresa que tem uma quota de exportação de 90 por cento, em mercados europeus, do Reino Unido à Alemanha e a Espanha,  asiáticos e americanos. A Gierlings Retinir chegou, assim, à Ópera de Nova Iorque, a hotéis e teatros ern diferentes geografias, e acredita que os seus veludos são a solução ideal para um palco. Porquê? Constantino Silva responde: "Por ser tridimensional, o veludo não permite que a luz do interior passe para o exterior e tem propriedades acústicas. Até pode ser certificado com a garantia de que não há reflexão do som."" 

sábado, setembro 12, 2015

Outra vez o exemplo dos pares

Ao longo dos anos tenho escrito aqui no blogue o que penso sobre a importância do exemplo dos pares:

Esta semana tive mais uma comprovação desta crença.
.
Empresário de PME bem sucedida (cresce a pelo menos 15% ao ano nos últimos 3 anos, sem actividade comercial deliberada), foi visitar empresa do mesmo ramo no estrangeiro, cerca de 12 vezes maior em número de funcionários e muito mais ainda a nível de facturação, para ver máquina que pretende comprar a funcionar. 
.
A visita foi o equivalente a uma sessão intensa de exemplo dos pares. 
.
Ideias para melhorias e alterações desde os cartões de apresentação até aos relatórios que acompanham o produto, passando por uma sala de exposição do melhor que se consegue fazer e para que clientes.

segunda-feira, maio 12, 2014

O Diógenes dentro de mim

"Centro de Engenharia Biológica da UMinho quer aumentar o impacto da investigação na economia da Região Norte" parece ser um desígnio meritório. É, seguramente, um desígnio meritório.
"O Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho vai debater o impacto da especialização inteligente da Região Norte e a transferência de valor para a economia.
...
[Moi ici: Estas coisas despertam o Diógenes dentro de mim, sempre à espera de poder apresentar a perspectiva mais cínica da vida] Esta iniciativa surge numa altura em que, no âmbito da iniciativa Norte 2020 (correspondente ao novo ciclo de apoios comunitários 2014-2020), se promove, junto dos atores regionais, [Moi ici: Como não recordar o "confesso que às vezes não sei se as empresas recorrem por iniciativa própria, com o recurso a fundos comunitários, ou se são as entidades de tecnologia e investigação que aliciam as PMEs a entrarem em projectos, com o argumento de que não pagarão nada, de que tudo será pago por projectos financiados"] um "crescimento inteligente, inclusivo e sustentável". O evento reunirá vários profissionais das áreas de biotecnologia e bioengenharia [Moi ici: A oferta reúne-se. Mais interessante seria desafiar a potencial procura a falar das suas aspirações, dos seus quereres e necessidades. Mais interessante seria pôr procura de projectos anteriores, empresários, a relatar os resultados positivos dos seus projectos conjuntos, seria o exemplo dos pares] para discutir o impacto da investigação na economia e clarificar a importância das tecnologias de futuro para a sociedade.
...
O CEB conta atualmente com mais de 350 investigadores, de cerca de 30 diferentes nacionalidades, [Moi ici: Tanto investigador... precisam de ser pagos. Não será esse o propósito destes projectos? Arranjar financiamento que justifique o pagamento da estrutura?] e tem uma forte presença na indústria portuguesa e internacional, mantendo parcerias com instituições como MIT- Portugal, a Universidade de Harvard e a Universidade de Cambridge. Nos últimos 5 anos, o CEB publicou mais de mil artigos em revistas internacionais certificadas." [Moi ici: E quantos milhares de euros os parceiros de projectos já ganharam em vendas ou pouparam em custos? Os empresários não querem saber dos papers. Bastaria pedir os números dada a "forte presença na indústria portuguesa e internacional"]
 Isto faz-me lembrar os monumentos à treta. O dinheiro gasta-se e, no entanto, os resultados que se obtêm são folclore.
.
Pena que a tal "transferência de valor para a economia não seja contabilizada em euros de retorno.

segunda-feira, julho 01, 2013

A partilha de experiências entre os pares

"No seu entender quais são, de uma forma genérica, os principais atributos e os principais defeitos dos gestores/empresários portugueses?.
O tecido empresarial português, na sua maioria, é constituído por micro e PME, o que me parece que demonstra bem o espírito empreendedor, e até a criatividade, que existe em Portugal. Os empresários portugueses são trabalhadores e capazes de fazer grandes sacrifícios pessoais pelas suas Companhias. A meu ver, no entanto, beneficiariam se se fechassem menos, se comunicassem mais entre si, se partilhassem experiências e melhores práticas. Isto permitiria não apenas o encurtamento de curvas de aprendizagem como também a agilização da defesa da iniciativa privada em Portugal."

  • "Em vez de se concentrarem em sacar subsídios e apoios do QREN para os seus associados, as organizações empresariais deviam apostar na recolha e divulgação destas histórias... não por consultores, não por funcionários, não por universitários, não por políticos, mas por pares." (Dezembro 2007)
  • "O melhor exemplo é o dos pares!" (Maio 2012) 
Trecho retirado daqui.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Como dizia Mao

A primeira vez neste blogue foi aqui "Correlações, calçado e o exemplo dos pares" em Dezembro de 2007. O tema do exemplo dos pares, na altura escrevi:
.
"Em vez de se concentrarem em sacar subsídios e apoios do QREN para os seus associados, as organizações empresariais deviam apostar na recolha e divulgação destas histórias... não por consultores, não por funcionários, não por universitários, não por políticos, mas por pares. É claro que na sombra, nos bastidores os "especialistas" podiam recolher e trabalhar as histórias, mas deixar o palco para os empresários e gestores, para que contassem aos seus pares a sua história, os resultados que estão a ter, as dificuldades que sentiram e sentem, como as ultrapassaram.
Podem dizer que é lirismo da minha parte. Eu que acredito na concorrência, e de que maneira, também acredito que concorrentes podem partilhar experiências... afinal de contas não era isso que Porter também nos propunha com a história dos "clusters"?! (Não, não estou a falar dos cereais dos meus filhos :) )."
.
Em Março de 2008 voltei ao tema com "Não é preciso ser doutor para criar empresas com futuro" onde recodei as palavras do Kotter:
.
"“The single most important message in this book is very simple. People change what they do less because they are given analysis that shifts their thinking than because they are shown a truth that influences their feelings.”"
.
Mas o apelo ao exemplo dos pares é algo de recorrente neste blogue (basta usar o marcador 'pares' ). Pois bem, ontem à noite tive a oportunidade de participar num encontro desse tipo!!!
.
Um clube de empresários que se juntou e convidou pares para falarem sobre um tema, para contarem as suas experiências, uma espécie de tertúlia. Gente que contou o que correu bem e o que não funcionou, gente com conhecimento em primeira mão, gente que deixou dúvidas e questões por resolver e responder.
.
E como dizia alguém que encerrou a reunião, o país está pendurado nas empresas, nos empresários que criam riqueza.
.
E é mesmo...
.
Como dizia Mao que mil encontros deste tipo possam florescer pelo país, longe de Lisboa, longe do Estado-Estratega, longe dos lóbis, ...

segunda-feira, julho 13, 2009

E a criação de valor?

A propósito de "AEP lança curso para empresários sem licenciatura" onde se pode ler "Vão ser abordados temas como a conjuntura económica e os negócios, a gestão internacional e a competitividade, a estratégia de marketing e o posicionamento, o investimento e o financiamento empresarial, a gestão de operações e qualidade e, finalmente, gestão e motivação dos recursos humanos."
.
E a criação de valor? E a originação de valor? E a aposta no numerador da produtividade? E a necessidade de ser alemão?
.
Não esquecer o que é que a AEP entende por aumento da produtividade.
.
E se em vez de recorrerem a "... professores da Escola de Gestão Empresarial, criada através de uma parceria entre a Universidade Católica, a AEP e a Universidade de Aveiro." que só lidam com o lado racional do cortex cerebral, que não têm casos amorosos com clientes/fornecedores/produtos/serviços e aplicam as técnicas pedagógicas válidas para crianças e jovens não independentes economicamente, recorressem aos pares, que contam histórias que ressoam no lado límbico-emocional do cérebro, aplicam a andragogia e têm a vantagem do exemplo do "been there done that"?
.
Pessoalmente acho que exemplos como o da Inarbel eram muito mais adequados.
.
Convém não esquecer o que é que Daniel Bessa escrevia em 2005 sobre o futuro do calçado em Portugal... conhecem algum macroeconomista que tenha "erecções psicológicas" por causa de um negócio com potencial? Como? Se só visualizam manobras lineares de Lanchester.

domingo, maio 17, 2009

Testemunhas - Precisam-se!!!

Hoje, ouvi um pároco na sua homília dominical proferir a seguinte afirmação:
.
"O mundo precisa mais de testemunhas do que de mestres e doutores."
.
Ao que eu respondi: Amén!!!
.
Pessoalmente, como consultor, diria:
.
"O mundo precisa mais de testemunhas do que de mestres, doutores e consultores."
.
Esta afirmação vem na linha do que defendo aqui neste espaço, a promoção do exemplo dos pares, pelos pares e para os pares.