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sábado, novembro 09, 2019

Salário mínimo, produtividade, motivação/malandragem e desemprego (parte II)

Parte I.

Como referi no final da parte I vou comentar a segunda parte do último "Think Tank" dedicado ao tema da produtividade (a partir do minuto 33).

A conversa começa com Jorge Marrão a dar um exemplo que não é nenhuma mentira, mas é tipo: com a verdade me enganas. A maioria das empresas em Portugal já não está aí.

Jorge Marrão conta que há anos foi à China e, esteve num hotel que pertence a uma cadeia de hotéis que também está em Portugal. Uma mesa para almoçar era servida por 5 funcionários na China e por 1 funcionário em Portugal. Claro que a produtividade em Portugal era muito superior à chinesa. Admitindo que o numerador era o mesmo nos dois países, o valor ganho com a venda do serviço de almoço, e que o denominador era mais pequeno em Portugal do que na China porque só se pagava um salário e não cinco, admitindo que o salário chinês não fosse demasiado baixo. Jorge Marrão explica que na China eram 5 funcionários porque tinham pouca formação.

Ao minuto 36'37'' Jorge Marrão volta a enganar-nos com a verdade (e atenção eu gosto de o ouvir e comungo de muitas das suas ideias, embora ele sofra um pouco da doença anglo-saxã, a mesma da tríade) - aumentar a produtividade traz um problema para a sociedade porque mais produtividade requer menos gente.

Qual é o problema deste argumento de Jorge Marrão? É o famoso, aqui no blogue, argumento dos engenheiros, quem o usa assume uma constante, algo que não pode mexer, algo em que nem pensa mexer, o numerador, assume que o que se faz é constante. Assim, a única opção que há é mexer no que é variável, ou seja, no denominador. Por exemplo, no número de trabalhadores necessários para produzir a mesma quantidade de output. Esta abordagem não está errada. No entanto, condena-nos a melhorias da produtividade de caca. Por causa do gráfico de Marn e Rosiello:


E por causa dos low hanging fruits já terem sido todos colhidos.

Acham que é assim que colmatamos este gap brutal com o resto da Europa?
(a amarelo Portugal, a laranja a UE28, a verde a zona euro)

Ao minuto 39' entra Joaquim Aguiar e não podia entrar melhor:
"Mais produtividade não é menos custos nem mais esforço."
A meio do minuto 40' Joaquim Aguiar desvia-se do essencial para dar o exemplo da Autoeuropa em Palmela. Diz Joaquim Aguiar, algo que não é novidade, a unidade da Autoeuropa é unidade mais produtiva de todo o grupo VW. Porque é que digo que Joaquim Aguiar se desvia do essencial? Começou por fazer-nos intuir que ia abordar o numerador da equação da produtividade com aquela afirmação que citei e sublinhei, mas depois dá um exemplo da vantagem do denominador. Basta recuar a 2010 neste blogue para ler em "As anedotas":
"Conseguem encontrar fábricas gémeas, fábricas que fabriquem os mesmos produtos em Portugal e na Alemanha?
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Há uma que salta logo à vista, a AutoEuropa.
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No caso da AutoEuropa, aposta que a produtividade portuguesa é, ou semelhante, ou superior às fábricas congéneres da VW na Alemanha (para modelos com a mesma gama de preço).
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Agora conseguem comparar a produtividade da AutoEuropa com a produtividade de uma unidade que produz a marca Porsche ou a marca Ferrari?
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Na Ferrari e na Porsche especulo que fabricam menos carros por trabalhador que na AutoEuropa e, no entanto, têm uma produtividade muito superior...
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Excluindo a indústria automóvel conseguem encontrar outro sector onde fábricas "gémeas" compitam ombro a ombro em Portugal e na Alemanha?
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Não me recordo... a fazer exactamente o mesmo? Duvido!!!"
Se o numerador estiver bloqueado, a unidade com menores custos é mais produtiva, com as mesmas regras de gestão.

Mas as empresas não estão prisioneiras do denominador. Podem fazer o que os livros de Economia e Gestão nunca falam: mudar de numerador, mudar de output, subir na escala de valor, race to the top em vez de race to the bottom.

Ao minuto 43'40 Jorge Marrão lança um tema que ele não desenvolve no sentido que eu vou sublinhar aqui. Diz ele e bem: Associado ao tema do aumento da produtividade, vem o tema do aumento do salário. Gente com um salário superior, ganha apetência para outro tipo de consumo, o que, segundo ele, cria emprego para os que foram desempregados pelo aumento da produtividade.

O que é que nesta frase de Jorge Marrão me salta à vista?
  • Mais produtividade -> mais salário
  • Mais salário -> procura por coisas novas
Agora especulo:
  1. Se o aumento da produtividade for natural, o aumento da procura por coisas novas será natural, e a comunidade responderá a essa procura crescente com as suas próprias soluções;
  2. Se o aumento da produtividade for forçado, o aumento da procura por coisas novas será mais rápido do que a capacidade da comunidade responder a essa procura crescente, o que fará disparar o desiquilibrio da balanço externa e ... problemas mais cedo ou mais tarde
BTW, reconheço que o argumento de Jorge Marrão acerca do aumento do salário implicar mais procura por coisas novas pode estar um pouco estragado, porque hoje temos os empréstimos bancários generalizados que põem NINJAS a comprar tudo e mais alguma coisa, sem eles próprios criarem a riqueza adequada.

Ao minuto 45'40'' Jorge Marrão volta a encarreirar no lado bom da Força ao associar produtividade a mais receita por trabalhador:
"Não tem a ver com esforço, tem a ver com o que é que aquelas pessoas, naquele posto de trabalho conseguiram capturar de receita, de criação de riqueza"
E então vem o seu momento alto neste programa:
"Ou modificam um bocadinho a forma de trabalhar [Moi ici: actuar sobre o denominador da equação] em que é necessário menos recursos ou aumentam a receita"[Moi ici: Importante, distinguir o numerador, do denominador. Pena que não refira o gráfico de Marn e Rosiello para perceber o quanto o impacte da melhoria do numerador é superior ao da melhoria no denominador]
Logo a seguir Jorge Marrão dá um exemplo concreto. E com exemplos concretos as coisas percebem-se muito melhor (recordo logo o meu parceiro das conversas oxigenadoras a contar a argumentação do filho para explicar o sucesso do PAN: é o nome, só coisas concretas - pessoas, animais natureza).

Vamos imaginar que há 3 empresas num sector e que cada uma tem um terço de quota de mercado:
A empresa A tem uma produtividade de 100.
A empresa B tem uma produtividade de 50.
A empresa C tem uma produtividade de 10.

A produtividade do sector é de 53,3.

Voltemos agora às palavras de Jorge Marrão, adaptadas por mim:
"Se nós eliminarmos a empresa mais improdutiva, a produtividade do sector sobe muitíssimo"
 A produtividade do sector sobe para 75, um salto de mais de 40%

Qual a vantagem de eliminar a empresa menos produtiva? Palavras de Jorge Marrão:
"O salário da empresa menos produtiva no sector serve de referência a todas as empresas do sector, para estabelecer o salário do sector"[Moi ici: Não sei se isto se continuará a verificar numa economia com falta de mão de obra]
Este exemplo final de Jorge Marrão é a aplicação das ideias de Maliranta e de Nassim Taleb que nunca me canso de repetir. Por isso, escrevo aqui há anos: "Deixem as empresas morrer!"

Qual o problema da argumentação de Jorge Marrão? É uma argumentação que faz sentido, mas que é proposta por alguém que não vai sofrer as consequências directas da sua aplicação, sem skin-in-the-game. Reparem na diferença:
  • Eu - Deixem as empresas morrer
  • Jorge Marrão e muitos outros neste último ano - Temos de eliminar as empresas 
E Nassim Taleb aqui serve-me de farol:
Don’t take advice from those who are not at risk” for the consequences of their advice"
Quais as consequências da abordagem TEMOS DE ELIMINAR AS EMPRESAS MAIS IMPRODUTIVAS!
  • Desemprego de pessoas concretas;
  • Como o encerramento não é natural, mas induzido artificialmente, não há criação natural de unidades novas a ritmo suficiente para absorver os desempregados. Daí este remate no final deste postal:
"Por cá, politicamente a prioridade é a distribuição. Ao menos, podiam facilitar as condições para que capital estrangeiro investisse no país."
Recordo "Produtividade e socialismo (Parte II)"
"Dá para ficar a pensar muito seriamente na incapacidade das transferências inter-sectoriais gerarem uma massa crítica relevante para o país. A alternativa poderia passar por investimento directo estrangeiro para promover transferências inter e intra-sectoriais com a entrada de novos players.
Só que o campeonato nessa liga não é para amadores:"

BTW, Jorge Marrão desmistifica algo que já critiquei aqui várias vezes, a crença de que subidas fantásticas na produtividade são incompatíveis com trabalhadores com poucas qualificações escolares. Jorge Marrão dá o exemplo das empresas alemãs em Portugal (Bosh?): Basta um pouco de formação básica. O meu clássico: sexta-feira deixa de ser costureira numa fábrica de T-shirts e segunda-feira começa a trabalhar como costureira numa unidade de confecção de air-bags. Imaginem o salto brutal na produtividade daquela pessoa. O velho tema da caridadezinha (2014, 2008)

Para registo recordo Janeiro de 2019 e Agosto de 2009.

Claro que os "espertos" riem-se de nós todos.

quinta-feira, setembro 16, 2010

"We are not cost cutters"

"Mas agora deixou-me curioso, como é que você vê a utilização do modelo católico para trabalho no denominador??? ou esquecemos o denominador??"
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Ontem, por causa de uma brochura sobre estratégia que me encomendaram, escrevi um capítulo com este guião:
  • Mudar porquê? (Basicamente a ideia foi "sem o chefe nada feito, só o chefe nada feito" Precisamos de uma comunidade e de uma comunhão de interpretações para encetar uma mudança);
  • A atracção do presente; e
  • É preciso uma equipa.
Sobre a atracção do presente escrevi algo como:
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O presente atrai tudo. O presente é o urgente que tudo suga, tudo rouba. O presente impõe-se e nós reagimos. O presente está à vista é agora. 
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O futuro não se vê, o futuro é depois, o futuro é importante mas não é urgente. Por isso fica adiado. Lidar com o futuro, implica um grande esforço, implica ser proactivo, implica ser disciplinado.
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Na minha leitura da realidade um gestor é, devia ser, um jongleur, lida, ou devia lidar, em simultâneo com:
  • a empresa de hoje;
  • a empresa do futuro desejado (a referência);
  • a empresa em transformação (os projectos de mudança);
  • o retorno da informação (sobre os resultados e sobre a execução)
Escusado será dizer que a maioria dos gestores é monotarefa e tem uma atenção concentrada, sendo-lhe muito difícil ter uma atenção dispersa.
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O denominador da equação da produtividade é como o presente, tem uma força atractora medonha que tudo absorve: as atenções, os recursos, as motivações, as preocupações.
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Hermann Simon, um dos gurus que ilumina a minha cruzada de "optimista ingénuo", escreveu o livro "Hidden Champions of the Twenty-First Century Success Strategies of Unknown World Market Leaders" onde se pode ler e ver no Capítulo VII:
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"What are the hidden champions’ competitive advantages?"
Esta radiografia é eloquente!!!!!!!!!!!!!!!! Qual o factor competitivo menos relevante?
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De que trata o denominador?
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"Large corporations are the subject of close and constant scrutiny by academic researchers, analysts, shareholders, and journalists. Hidden champions, on the other hand, remain a virtually unexplored source of knowledge. Scattered across the globe, thousands of these highly successful companies are concealed behind a curtain of inconspicuousness, invisibility and, in some cases, deliberate secrecy. This applies to the products these companies make, how they beat the competition or—even more difficult to research—how they are managed internally. Even their names are known to only a handful of experts, consultants, journalists, and researchers.
This secretiveness contrasts starkly with the dominant positions the hidden champions enjoy in their markets. Many of them have global market shares of over 50%, and some even hold shares in their relevant markets of 70%–90%. On average, they are more than twice the size of their strongest competitors. Only a few large multinationals achieve comparable market positions. Far from lagging behind in the globalization process, the hidden champions are the vanguard of globalization."
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Mas então é para desprezar o denominador?
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Claro que o custo não deve ser descurado, mas não é o mais importante. As empresas de que falo olham para o custo/preço não como um order winner mas como um order qualifier.
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Já aqui contei como descobri que mesmo para uma empresa que aposta na inovação, os custos devem ser tidos em conta... o problema é o balanço. É um atractor poderoso.
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Hermann Simon num outro livro "Manage for Profit not for Market Share" escreve:
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"We are not cost cutters."

quarta-feira, setembro 16, 2015

Acerca do Evangelho do Valor

Há alturas em que até um anónimo engenheiro de província sente inveja de quem vive em outros continentes e tem a arte e o engenho de conseguir transmitir a sua mensagem.
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Neste blogue tento chegar com a minha mensagem e as minhas reflexões um pouco mais longe. Contudo, ás vezes interrogo-me e martirizo-me por não ser melhor comunicador.
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Vejam bem este exemplo. Em Julho de 2006, há quase 10 anos, escrevi neste blogue um postal intitulado "Redução dos salários em Portugal". 
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Na minha forma desajeitada de engenheiro pragmático e pouco convencional procurei rebater um texto e uma abordagem que ainda hoje tem muitos partidários. O que é que eu propunha?
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Propunha que os decisores olhassem para a equação da produtividade:

E pensassem de uma forma diferente da tradicional:
"O grande desafio é o de aumentar a produtividade, o que o FMI e outros sugerem, é baixar o valor do denominador da equação.
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Uma actuação tendo em vista o médio/longo prazo tem de actuar no numerador, na capacidade, na quantidade de valor criado.
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Assim, em vez de andar às voltas em torno do denominador, porque não apostar no aumento do numerador?"
Em Outubro desse mesmo ano voltei à carga com "Ainda a produtividade" onde expus as minhas ideias com mais pormenor.
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De lá para cá tenho voltado ao tema da produtividade, do numerador versus o denominador, ao jogo do rato e do gato (salários e produtividade), ao tema da eficiência e eficientismo. Depois, com o meu mau carácter habitual, criei o termo "tríade" para designar o grupo de paineleiros, académicos e políticos, gente com amplo acesso aos media mas que continua a seguir as fórmulas que aprendeu quando tinha 20 anos e o mundo era o Normalistão do século XX.
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Não tem conta o número de conversas e discussões em que já entrei nas redes sociais para tentar explicar, mostrar, demonstrar que o numerador é muito mais importante que o denominador. Confesso que já tive alguns casos de sucesso, sobretudo quando lhes falo do Evangelho do Valor. Contudo, a minha mensagem continua a ser uma espécie de ruído imperceptível.
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Ontem de manhã muito cedo, em São João da Madeira, enquanto corria para fugir da chuva, ia ouvindo uma versão audio deste artigo "What Economists Get Wrong About Measuring Productivity" e, incrédulo, murmurei:
- Parece que leu o blogue!
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Por isso, convido-os a ler o artigo de Roger Martin, de 14 de Setembro último. Está lá tudo! Tudo o que pregamos aqui e nas PME há mais de 10 anos!!!
"As I read all the productivity analyses and commentary, including the recent one on these pages by the clever folks at the OECD, I am struck that in trying to understand productivity, economists exclusively look at only one half of the productivity equation — literally not figuratively. That impedes their ability to understand what is really going on with productivity in the modern economy.
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Most people instinctively think of productivity as a quotient:
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So far, so reasonable, but when figuring out how to improve productivity, researchers almost always focus on the direct determinants of the denominator — they think about how to use technology, training, re-engineering of work processes, and automation in order to reduce the number of labor hours required to produce a given product or service.
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The numerator is entirely ignored as if the value of the output was fixed and immutable. However, as any student of strategy knows very well, the dollar value-added that a firm generates is directly proportional to what it can charge in the marketplace for its products or services. And that price is, in turn, highly sensitive to the competitive dynamics of the firm’s industry and the strategic decisions it makes. Given the basic dynamics of a quotient, changes to the numerator are equally important to results as changes to the denominator.[Moi ici: Aqui, sou mais radical do que Roger Martin e estribado em Rosiello, Marn, Simon e Dolan ouso escrever que o efeito do numerador é muito mais importante que o denominador]
Roger Martin vai ainda mais longe e vem corroborar o que aqui defendo há anos e anos, o problema não foi o euro, o problema foi o choque chinês. A tríade, como se pode ler aqui "Inside the Fight Over Productivity and Wages" continua a ignorar a variável China nas discussões da produtividade.


domingo, dezembro 20, 2009

Cuidado com os números, as estatísticas retratam fantasmas que não existem.

Primeiro este título "Productivity rises as workers do more with less".
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O artigo tenta explicar como a manipulação do denominador da equação da produtividade, ou seja, com o recurso ao corte de salários e aos despedimentos, foi possível assistir a um salto de 8,1% na produtividade norte-americana.
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"admits that all his workers are hustling like never before -- he said he's squeezing as much as 20% more work out of some of them. But he said that their willingness to step up in a crisis mitigated the need for deeper job cuts."
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Acreditam mesmo que os cortes no denominador são responsáveis por um aumento da produtividade em 8,1%? Como é possível acreditar e veicular esta treta?!?!?!
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Com o corte no denominador é claro que a produtividade aumenta. Mas quanto teria de ser o corte para se reflectir num aumento de 8,1%? Tendo até em consideração que o numerador (facturação) de muitas empresas ou se manteve ou se reduziu. (Não esquecer estes números: um, dois e três. E esta história, para perceber a alavancagem que a redução de custos consegue produzir)
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Imaginem um universo com duas fábricas: uma, a A, factura 1 milhão de euros e tem custos na ordem de 0,5 milhão de euros, outra, a B, produz produtos sujeitos a muita concorrência e, factura 1 milhão de euros e tem custos na ordem de 0,8 milhão de euros. Para efeitos estatísticos podemos dizer que nesse universo de duas empresas custos de 1,3 milhão de euros geram 2 milhões de euros de facturação. O rácio Facturação(numerador)/Custos(denominador) = 1,54.
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Agora imaginem que a fábrica B, sujeita a mais concorrência, fecha. Kaput, Terminated.
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Voltemos à estatística desse universo: custos 1 milhão, facturação 2 milhões. Rácio = 2.
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A produtividade aumentou 29,9%!!!!!
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E a economia melhorou... e o nível de vida das pessoas melhorou... (aumentou a produtividade nesse universo)

domingo, junho 11, 2023

A evolução da produtividade (parte IV)

Parte IIIParte II e Parte I.

Em Acerca do Evangelho do Valor uso esta equação:

A maioria das empresas trabalha para reduzir os custos, trabalha o denominador. Uma minoria valoriza acima de tudo o trabalhar o numerador. 

Quem mete todas as fichas no denominador acaba quase sempre na chamada race to the bottom (ver parte III):

No último livro de Seth Godin, "The Song of Significance: A New Manifesto for Teams" pode ler-se:
"The truth is simple: Widget production [Moi ici: Trabalhar o denominador] is fairly straightforward to measure and increase. But those metrics (and methods) don't work for human interactions, insight, or innovation. [Moi ici: Trabalhar o numerador]
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When we consider the four kinds of work, we can lay them out in a two-by two grid with stakes and trust as the two axes.
High-stakes, low-trust work is the work assigned by the industrialist. [Moi ici: Trabalhar o denominador até mais não, solução para lidar com commodities] This is meeting spec. Test and measure. Surveillance. Traditional management lives in this quadrant. This is how you successfully run a fast-food franchise. Every customer is important, and every output needs to be identical.
Low-stakes, low-trust work is similar, except it's easily outsourced. This isn't work your organization needs to take seriously or personally.
...
The next quadrant is for work that is low stakes but high trust. This is the work of culture creation, of community, of people we care about showing up each day to contribute a bit to the whole. The work is consistent, but it's human, not industrial. The shifts caused by pandemic disruptions, outsourcing, work from home, and AI have disrupted this quadrant.
And the final quadrant, the most important one, is the work with high stakes and high trust. This is significant work, important work, work on the edge. This is the work that creates human value as we connect with and respect the individuals who create it.
It doesn't pay to industrialize this work or to create it under duress. Because then it becomes industrialized and once again joins the race to the bottom.
...
This is a race you don't want to run. Because you might win. Or worse, come in second.
This is the industrialist's race, the race of productivity. [Moi ici: Não esquecer esta frase "the race of productivity", voltaremos a ela numa próxima parte. Recordar Reinert e o Uganda. Por que não associamos produtividade a high trust? Talvez por causa da doença dos engenheiros] This is the challenge of more for less, of mass-market quality at scale.
The race to the bottom also offers low prices, average quality, and plenty of room for excuses about our lack of humanity and a focus on the short term. The race to the bottom is filled with shortcuts and with competitors who are willing to sacrifice integrity for a slight edge.
At first, heading to the bottom is thrilling, because a small head start feels like an extraordinary boon. The sales and profits quickly arrive.
But inevitably, when a competitor shows up, it becomes a race. And to win that race, all the elements that attracted you to the work quickly disappear."

Continua.

domingo, outubro 21, 2007

Uma economia sustentável

Uma floresta sustentável é composta por árvores de diferentes espécies e em diferentes etapas da vida. A sustentabilidade a longo prazo, assenta em parte nessa diversidade. Só a diversidade traz flexibilidade, resiliência, para lidar com os imponderáveis da vida.

Uma economia sustentável tem de evidenciar o mesmo tipo de diversidade: diferentes sectores de actividade, diferentes tamanhos, diferentes propostas de valor.

Uma economia sustentável tem de evidenciar aposta contínua na melhoria, no aumento da produtividade. E aqui é que a porca torce o rabo.

Produtividade = (Valor criado) / (Custo incorrido)

Numa economia sustentável algumas empresas, para aumentar a produtividade, apostam no numerador da equação e outras no denominador.

As apostas no denominador, embora sejam de retorno mais modesto, como já aqui referimos, são mais rápidas a apresentar resultados. As apostas no numerador, são muito mais lentas, mas em contrapartida, têm um maior retorno.

Qualquer pessoa, qualquer gestor, sem conhecimento de um sector de actividade, pode propor, pode reconhecer, quer acções, quer investimentos, que se encaixam nas apostas no denominador (despedir parte da força de trabalho, optar por fornecedores mais baratos, alterar composiçãso do produto,...).

Propor acções, propor investimentos que gerem mais valor acrescentado, que contribuam para o aumento do numerador da equação, não está, normalmente, ao alcance de qualquer um. Requer conhecimento do sector, requer conhecimento das necessidades do mercado, requer rasgo e alguma capacidade de arriscar e viver no limite. E requer sobretudo tempo, planeamento, consistência, coerência.

Quando falta o tempo (nem que seja por pressão dos accionistas), quando falta o conhecimento do sector e do mercado (por exemplo, gestores de topo contratados a outros sectores de actividade pode acontecer aquilo que preocupa Mintzberg "Productivity Is Killing American Enterprise" (Harvard Business Review de Julho-Agosto de 2007):

"I fear for the future of American business—not because of U.S. trade imbalances or budget deficits but because of the productivity of its corporations. America’s highly touted productivity may be destroying its legendary enterprise and many of its powerful enterprises."

É assim, posso estar, e estou, de acordo com o discurso de Larry “The Liquidator” Garfield. Contudo, algo me diz que por vezes, esta abordagem pode por em causa, um trabalho de fundo, um investimento de longo prazo na "nata" do mercado, na proposta de valor da inovação.

Este raciocínio leva-me à conclusão que as empresas familiares, se não tiverem o problema do capital (fundamental), nem o problema da indiferença estratégica (pensar para lá do espaço de tempo que medeia o jantar do almoço), poderão competir nestas áreas que requerem um longo prazo para o retorno do investimento, mais facilmente que as cotadas em bolsa.

segunda-feira, abril 13, 2015

A propósito da produtividade

Ainda na sequência do texto de Teixeira dos Santos:
"Herdamos do passado um setor produtivo subcapitalizado e com baixa produtividade que apostou numa competitividade assente em atividades trabalho-intensivas, de mão de obra barata e pouco qualificada."
Como se pode aumentar a produtividade?
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A produtividade é medida por um rácio.
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Por isso, tem um numerador e um denominador. Por isso, a produtividade pode ser aumentada ou fazendo o numerador crescer, ou fazendo o denominador encolher. Com a Revolução Industrial, com o século XX, com o mercado de massas, ninguém pensava em mudar a oferta, apenas em ser mais eficiente a produzir o que já se produzia. Assim, sempre que se fala em aumentar a produtividade, pensa-se logo no denominador e parte-se do princípio que o numerador permanece constante.
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Como aqui no blogue somos fanáticos pelo crescimento da produtividade à custa do crescimento do numerador, aqui fica esta figura:

quarta-feira, junho 29, 2016

O trabalho dos gestores

No relatório do FMI, "From Crisis to Convergence Charting a Course for Portugal", pode ler-se algo que escrevemos aqui há muito tempo:
"A worker’s productivity depends not only on the worker’s own skills or human capital but also on the skills or human capital of coworkers and managers.
...
there may be complementarities between lower-skilled workers and managers; that is, the productivity of a lower-skilled worker may be higher when paired with effective managers."
A produtividade pode aumentar mexendo no numerador e/ou no denominador:
O trabalhador tem uma pequena contribuição via denominador, os gestores contribuem quer via numerador (potencial enorme para influenciar a produtividade sem ser pela guerra do gato e do rato), quer via denominador.
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Quando leio:
"Se às matérias têxteis juntarmos o calçado (9% do total em 2015), os móveis (6,2%), os produtos de cortiça (4,1%) e mesmo as bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres (3,1%), temos um conjunto de produtos ditos tradicionais que em 2015 motivaram 41,8% das exportações das empresas com sede na Região Norte."
Trecho retirado de "Relatório Trimestral Norte Conjuntura" relativo ao 1º trimestre de 2016.

Fico a pensar no muito que os nossos gestores ainda têm de fazer sobretudo a nível dos intangíveis, trabalhando as complementaridades, trabalhando as histórias, mais do que os factos.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Como assegurar a sustentabilidade desta comunidade?



A página 21 do DN de ontem, traz um artigo assinado por João Paulo Madeira e intitulado “Economia continua sem competitividade”.

Algumas notas que retirámos da leitura do artigo são:

1. “A competitividade da economia portuguesa não dá sinais de melhoria”
2. “O estudo da AIP compara Portugal a outros países europeus a nível de factores de competitividade, como custos de trabalho, preços de energia, fiscalidade…”
3. “Para o presidente da AIP, Rocha de Matos, é necessário, por um lado, que o Governo continue com a “vontade” reformista já demonstrada com os programas de reforma e modernização da administração pública”
4. “Para o presidente da AIP, Rocha de Matos, é necessário…” “Por outro, políticas sectoriais que requalifiquem os sectores tradicionais da economia e gerem investimento em tendências de mercado emergentes”


O mesmo DN de ontem, num artigo assinado por Sérgio Aníbal e intitulado “Regresso da competitividade pode demorar até sete anos” refere um estudo publicado recentemente pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Apresentamos de seguida, uma síntese gráfica possível dos resultados publicados pelo FMI:
Pormenor da figura aqui

Os círculos a verde ilustram as consequências macro-económicas do sistema identificado: desequilíbrio da balança de pagamentos e aumento do défice.

Os círculos a vermelho ilustram, na nossa opinião, algumas das causas-raiz, causas que geram o sistema retratado.

O esquema pode ler-se da seguinte forma:

Porque as empresas se concentram na competição pelo preço (denominador deste postal), em vez de competirem pelo valor (o numerador do referido postal), e porque os factores de produção são mais caros em Portugal do que com os países com os quais concorremos, e porque os salários nominais têm crescido mais do que nos países com que concorremos, as empresas portuguesas perdem competitividade.

Porque as empresas perdem competitividade: fecham; vendem menos; ou reduzem o emprego.

Porque as empresas fecham; vendem menos; ou reduzem o emprego. Baixam as receitas fiscais e aumentam as transferências sociais (subsidio de desemprego).

Porque as receitas fiscais baixam, as transferências sociais sobem, e a despesa pública aumenta, há que aumentar os impostos e reduzir benefícios sociais.

Como o aumento dos impostos é insuficiente, o défice aumenta.

Com o aumento dos impostos, aumenta ainda mais o denominador da equação da produtividade, as empresas ficam ainda mais asfixiadas e o ciclo repete-se.

A figura que se segue, chama a atenção para os referidos ciclos:
A nota 3 do primeiro artigo referido acima pretende partir estes dois ciclos.
Há semanas ouvi, e fixei, o comentário do Dr. César das Neves sobre a última reunião do Compromisso Portugal, algo como: “disseram o que é que os outros (o Governo) precisam de fazer, nada disseram sobre o que é que eles próprios precisam de fazer”. Aplicando o mesmo comentário a este caso, podemos perguntar: “E o que é que a AIP pretende fazer para eliminar a causa-raiz “Concentrámo-nos no mercado do preço, damos prioridade ao denominador?”

Não creio que caiba ao Governo, a qualquer governo, estudar os mercados e fazer opções: quanto aos clientes-alvo a privilegiar; quanto aos novos produtos e serviços a desenvolver; quanto aos produtos velhos a abater; quanto aos mercados a trabalhar; quanto…” Dá para lembrar o que Sartre dizia sobre a condição de ser um humano livre, da responsabilidade de tomar decisões e de, ao contrário dos escravos, não poder culpar ninguém se alguma coisa correr mal.

Sinceramente não entendo a nota 4, os chamados sectores tradicionais só podem requalificar-se se forem desenvolvidas vantagens competitivas que nos retirem do mercado do preço e nos permitam criar nichos temporariamente inexpugnáveis, isso cabe às empresas, não aos governos. E não cabe a um Grande Planeador tomar essas decisões, têm de ser os decisores das empresas individuais a fazê-lo. O que, na minha modesta opinião, a AIP deveria fazer era, criar a cultura, criar o frenesim, despertar as mentes, chocar os associados, para que estes tomem o futuro nas mãos e construam-no, não fiquem à espera que ele chegue.

As empresas que apostam no numerador procuram no seu íntimo a sua vantagem competitiva, o que as diferencia, o que as separa da manada. Os trabalhos, de desenvolvimento de balanced scorecards em empresas com fins lucrativos, que mais aprecio são aqueles em que as empresas optam por uma proposta de valor assente na diferenciação pela inovação, ou pelo serviço.
Nesses casos, o preço não entra, o preço está fora das preocupações, procuramos ser como Aníbal na batalha de Canas, a agilidade, a rapidez, a diferença contra o monótono e arrogante poder das legiões romanas (antes de Cipião).

domingo, fevereiro 06, 2022

Fico dividido

Ontem no Jornal de Notícias li este artigo "Falta de maioria já não desculpa: indústria exige reformas a Costa" e fiquei dividido

Primeiro, os sublinhados que fiz:

"Governo não tem desculpa para adiar reformas estruturais. Querem também rapidez e eficácia no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e no Portugal 2030. [Moi ici: Nota 1]

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o país reúne agora condições para encetar as reformas estruturais de que precisa e que os empresários diariamente e justamente reclamam." [Moi ici: O país precisa de reformas estruturais para ser atractivo para o investimento directo estrangeiro. Os empresários nacionais fariam melhor em concentrarem-se no que podem fazer por eles próprios para subirem na escala de valor. Subir na escala de valor é um trabalho interno. Boleias do exterior normalmente traduzem-se em descontos no preço final, quando o que precisamos é de subir os preços]

Considera "urgente uma estratégia clara e integrada, com medidas concretas para recuperar a atividade económica, melhorar a competitividade e relançar e reorientar o investimento". [Moi ici: Fico triste com esta mentalidade, com este locus de controlo no exterior. A competitividade para ser melhorada precisa de um empurrão do governo? Precisa de orientações exteriores. Come on!!! E volto a Erik Reinert e à diferença entre trabalhar o numerador ou o denominador. Todo o discurso dos representantes dos empresários assenta em aumentar a competitividade com base na redução do denominador, ou seja, à custa da redução dos custos de contexto]

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Entre várias outras medidas, diz ser "absolutamente crucial" apoiar "a recapitalização das empresas e a requalificação dos ativos" chama a atenção para o envelhecimento da população e para a "rigidez laboral". [Moi ici: De que requalificação dos activos estarão a falar? Não consigo imaginar os representantes dos empresários alemães, nos anos 70 a protestarem com o governo federal ou estadual, porque não conseguiam arranjar pessoal para os sectores tradicionais?]

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As indústrias de base florestal estão disponíveis para colaborar e continuar a aumentar as exportações. Não  acabem com a nossa floresta" , apelou. [Moi ici: palavras de Vitor Poças, presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal]

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"A carga fiscal sobre as nossas empresas penaliza substancialmente a competitividade externa" [Moi ici: Primeiro, a competitividade em função do denominador. Segundo, falar em carga fiscal como penalizadora da competitividade externa quando o sector vive um tempo de muito, muito, muito trabalho... não abona em favor do opinador] e também "os custos de contexto, a nivel da energia, fiscalidade ou justiça, são altamente penalizadores" [Moi ici: Só conversa sobre custos...] [Moi ici: palavras de Paulo Gonçalves, director de comunicação da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Sucedâneos

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E o PS "vai certamente reforçar as medidas já delineadas para a recuperação economica", desde logo no PRR e no PT 2030, que "serão um motor de arranque para as empresas" "Os setores do textil e do vestuário precisam desta alavanca para se reposicionarem no mercado internacional"", [Moi ici: Ver Nota 1] [Moi ici: palavras de César Araujo, presidente da Associação Nacional das Industrias de Vestuário e Confecção]

Nota 1: À atenção dos empresários que põem esperança no exterior, percebam a mensagem desta figura:

Por que fico dividido? Por um lado esta conversa em que o aumento da produtividade é associado à redução de custos,  e depende do trabalho dos governos de turno. 

Por outro lado, imposto é roubo.

Por que é que os representantes empresariais olham para os governos como super heróis capazes de fazerem o trabalho que só cada empresário pode fazer, subir na escala de valor?

Back to Cavaco...



sexta-feira, junho 25, 2010

O jogo do gato e do rato (parte IV)

Um autêntico "The Itchy & Scratchy Show"
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Continuado daqui: parte I; parte II e parte III
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Voltemos à equação da produtividade:
Vamos, por momentos, admitir que não se pode mexer no numerador, na criação de valor. Assim, só há uma forma de aumentar a produtividade: reduzindo os custos.
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Em que custos podemos mexer?
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Ou nos custos fixos ou nos custos variáveis.
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Podemos também tentar aumentar o volume de produção.
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OK!
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Se reduzirmos os custos fixos em 1% que retorno é que obtemos a nível de lucro operacional? Um aumento de 2,3%!
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Se reduzirmos os custos variáveis em 1% que retorno é que obtemos a nível de lucro operacional? Um aumento de 7,8%!

Se aumentarmos o volume produzido que retorno é que obtemos a nível de lucro operacional? Um aumento de 3,3%!
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Valores retirados daqui.
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Comparemos estes ganhos de produtividade com aquele trecho de Daniel Gros:
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“But improvements in productivity are easily overwhelmed by changes in wages. While productivity growth usually is measured in fractions of a percentage point, wage increases have been much larger.”
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Há um artigo de James March que aborda o jogo, o equilíbrio, que as empresas têm de fazer entre a ‘exploration’ e a ‘exploitation’. Uma empresa que só trabalha no denominador da equação da produtividade só confia na ‘exploitation’ (arrisca-se a que mais tarde ou mais cedo alguém mexa no seu queijo!).
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Admitamos, então, que uma empresa num ano consegue, à custa do trabalho no denominador, aumentar a sua produtividade em 2,6%.
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O que vai acontecer?
Admitamos que metade dos ganhos de produtividade vai para aumento de salários. Como os salários são um custo fixo, entram como um aumento dos custos na equação da produtividade.
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Logo, um aumento dos salários contribui para a redução da competitividade (argumento do ministro e de Daniel Gros e esta é a essência do jogo do gato e do rato da produtividade conseguida à custa do denominador.
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Como é que os custos unitários de trabalho na Alemanha baixaram 20%? Como foi possível conseguir esse diferencial?
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Será que os alemães em massa viram os seus salários cortados sem mais nem menos?
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Continua.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Ainda a produtividade

Ainda acerca da produtividade, algumas réplicas do postal de 13 de Outubro.

Se considerarmos que a produtividade mede o valor económico de bens e serviços, ela é o resultado do “preço” de um produto ou serviço, menos todos os “custos” (utilidades, materiais, mão-de-obra, etc…) em que se incorre no esforço produtivo.

Se considerarmos a produtividade como um indicador de desempenho, que mede o quão eficientemente uma organização converte os seus recursos nos produtos e serviços desejados, podemos expressá-la e quantificá-la como um rácio:


Quando se fala da necessidade de aumentar a produtividade, praticamente toda a gente olha para a equação como:Ou seja, a produtividade aumenta, quando aumenta a eficiência, quando, para uma mesma quantidade de produto produzido, desperdiçamos menos, reduzimos o tempo de ciclo, aumentamos a taxa de conversão,…

È claro que a produtividade aumenta com o aumento da eficiência, ponto.
No entanto, face à mudança de paradigma que temos de viver na nossa sociedade produtiva, para subirmos, como país, na escala de valor, para nos aproximarmos de outros níveis de vida e fugirmos da concorrência asiática, as melhorias no denominador nunca conseguirão alavancar saltos com as escalas de grandeza necessárias.

Pessoalmente faz-me muita espécie o esquecimento do numerador naquele rácio acima:

O potencial de aumento da produtividade é muitíssimo maior, ilimitado mesmo, se nos concentrarmos no numerador...

Esta evolução do pensamento, provocou uma carambola na minha mente e recordou-me um artigo que li na Harvard Business Review durante a primeira metade dos anos 90, vou procurá-lo…

Cá está, “Managing Price, Gaining Profit” de Michael V. Marn & Robert L. Rosiello, em Setembro-Outubro de 1992. A Exhibit 1 é eloquente:

O aumento de 1% no preço de venda, contribui muito mais do que qualquer outra actuação no denominador. É claro que a subida dos preços não é feita por estalo dos dedos, porque em simultâneo a figura 5 deste postal está a actuar e a desvalorizar o que é copiado e deixou de ser novidade. Será que uma empresa como a Renova apostou na alta tecnologia, ou no preço-baixo, quando colocou no mercado papel higiénico de cor preta? Não terá antes apostado no numerador? Não basta produzir, isso é o mais fácil, nos tempos que correm. Os pratos da balança viraram em favor de quem escolhe.
Perante os desafios que temos, como país, pela frente, os saltos de produtividade necessários, só serão possíveis se conseguirmos aumentar o valor do que produzimos. Como é que se aumenta o valor do que se produz? O artigo dá uma ajuda: “If a product delivers more benefit to customers, then the company can usually charge a higher price versus its competition. The trick is to understand just what factors of the product and service package customers perceive as important, how a company and its competitors stack up against those factors, and how much customers are willing to pay for superiority in those factors.”

Aumentar o valor produzido não tem nada a ver com os governos, nem com a legislação laboral, tem a ver com a adopção de uma estratégia, assente não no preço, mas na diferenciação (mentira, até tem. Quando uma empresa se encontra presa ao passado, com uma estrutura pesada, ultrapassada, grande (o negócio da diferenciação exige flexibilidade e centra-se nas pequenas séries, não no volume de vendas) e a legislação laboral dificulta a mudança. Quando a fiscalização não anda no terreno e não actua, permitindo que gato seja vendido por lebre. Quando, ... ).

Volto a chamar a atenção para dois postais, um de 20 de Maio deste ano, e outro de 25 de Maio deste ano. Só assim se pode compreender o suporte da decisão das empresas japonesas como a Canon.
Se considerarmos que um trabalhador japonês médio ganha 2.6 vezes mais do que um trabalhador médio de Singapura, e que este ganha 3 vezes mais do que um trabalhador médio malaio, a gestão da Canon concluiu que, apesar de um trabalhador japonês médio custar cerca de 8 vezes mais do que um trabalhador médio malaio, compensava fazer a mudança, a re-localização das unidades fabris da Malásia, de volta para o Japão, porque a aposta é no numerador, não no denominador. Pensemos bem no significado desta decisão, e depois comparemos este universo de gestores com estes, e estes.

quarta-feira, janeiro 25, 2023

Mais do que a redução do custo.

"A Purchase Is Always Based on Value and Never on Price! 

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What I mean is that if a consumer perceives that they must give more than they get from a transaction, they will stop buying. Ergo, if the price is higher than the utility of the product, there will not be any exchange. In other words, the utility describes whether the value is positive. To obtain sales, one must therefore either increase the value or reduce the cost to sell the product.

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Perceived value is the consumer’s overall assessment of the utility of a product based on the perception of what is received (benefits) and what is given (costs). This means that value is individual and personal. It is a compromise based on what you get versus what you give.

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Price is defined as what one sacrifices (money, time, risk) to acquire a product. Price in this context is more than the money you pay for a product."

Aumentar o valor decorre de trabalhar o numerador e/ou de trabalhar o denominador. 

Há anos que escrevo aqui sobre a importância e impacte de aumentar o valor (produtividade) através do numerador, embora a acção mais comum das empresas se foque no denominador com a redução dos custos, para poder reduzir o preço. Aproveito para salientar que ao nível do denominador também se pode trabalhar o tempo e o risco.

Trechos retirados de "Pricing" de Ragnhild Silkoset.

sexta-feira, maio 05, 2017

Produtividade: Magnitograd ficou lá para trás no século XX

Estou de acordo com Camilo Lourenço em muito coisa. No entanto, quando ele fala de produtividade parece que falamos de coisas diferentes.

Quando Camilo Lourenço fala de produtividade, concentra-se no denominador, é a receita do século XX: mais produtividade = mais eficiência. Por isso, foi presa fácil de Marchionne na Polónia.

Por aqui, já em 2006, por exemplo em "Redução dos salários em Portugal" escrevíamos:
"Uma actuação tendo em vista o médio/longo prazo tem de actuar no numerador, na capacidade, na quantidade de valor criado.
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Assim, em vez de andar às voltas em torno do denominador, porque não apostar no aumento do numerador?"
Uma ideia que só agora começa a entrar no mainstream:
"Instead of focusing on continuously managing the denominator by cutting headcount, executives should identify ways to boost the numerator, and increase output." 
Só quando se descobre a vantagem do numerador sobre o denominador é que se percebe o quanto o século XX e os seus gigantes de Metropolis ou de Magnitograd ficam lá para trás e Mongo é o futuro.

segunda-feira, maio 03, 2021

Os académicos não percebem nem metade do que acabei de escrever!

Nos últimos dias vi várias referências no Twitter ao tema da baixa produtividade portuguesa. Esta manhã vi que até Paulo Portas terá falado do tema no seu comentário semanal:

Não esqueçam, a produtividade é um rácio. Um rácio de alavancagem. Quanta riqueza consigo criar a partir da que tenho de consumir?

Quando olharem para a produtividade de um país não se esqueçam que ela resulta de dois mundos: 

  • sector privado; e
  • sector público.
Como se calcula a produtividade no sector público? Como não há mercado para avaliar o resultado da sua produção assume-se que a produtividade é neutra, as entradas são iguais às saídas. A sério! Assim, quanto maior a taxa de trabalhadores na administração pública mais baixa é a produtividade. Não acredita? Já tratamos disto em 2010.

Como é que o sector privado olha para a produtividade? Claro que o sector privado não é homogéneo, mas a maioria, diria mesmo a larga maioria, olha para a produtividade à la século XX. O jogo do gato e do rato que o ex-ministro Teixeira dos Santos queria evitar. Recordar 2010 e "O jogo do gato e do rato (parte I)" (Reparem, Teixeira dos Santos era professor universitário, passou a ministro e tinha este modelo mental herdado do século XX, herdado do Normalistão). 

Qual o erro desta abordagem? Não sei se é um erro, mas é de certeza uma lacuna importante. Aquilo a que chamei de pensamento à engenheiro neste postal de 2009, "Actualizem o documento por favor".

Eu comecei por dizer que a produtividade é um rácio. Vejamos:
Qual é o erro da mentalidade do século XX?
Assumir que as saídas são um dado do problema e trabalhar a única variável, as entradas. Isso faz com que o desafio de aumentar a produtividade se transforme num desafio de eficiência: Aumentar a produtividade é produzir o mesmo com menos.

Aqui entra o truque alemão. Pensem nas saídas como uma outra variável. Assim, aumentar a produtividade passa por aumentar o numerador ou manter ou diminuir o denominador.

Alguns vão dizer: as empresas não podem ser como os governos, que aumentam impostos sem contrapartidas. Se as empresas aumentarem os preços os clientes vão para a concorrência.

Sim, se as empresas aumentarem os preços os clientes vão para a concorrência. A menos que aumentem os preços porque dão mais valor em contrapartida!!! Sim, a menos que produzam um produto ou serviço melhor, mais adequado.

Sim, muita gente tem de aprender as contas de Marn e Rosiello que eu descobri em 1992 e demorei quase 15 anos a perceber!!! Recuo a 2015 e a "E o burro era eu!":

Quando só se trabalha o denominador, 1% de melhoria nos custos fixos permite uma melhoria na margem operacional de 2,3%.

Quando se sobe na escala de valor e se oferece algo mais atractivo, com maior WTP, um aumento de 1% no preço tem um impacte tremendo nas contas, na produtividade, na alavancagem!!!

Podemos obrigar os legítimos proprietários das empresas em Portugal a aumentarem a produtividade por esta via? E eles sabem? E eles acreditam?

Só resta um caminho DEIXEM AS EMPRESAS MORRER! Aprendam com Maliranta e Nassim Taleb!!!

E precisamos de ter mais empresas em sectores com maior valor acrescentado. Lembrem-se, os macacos não voam! Um empresário têxtil com muita vontade não monta um negócio de têxteis de alto valor acrescentado do pé para a mão, sem know-how, sem conhecimento do mercado, sem ... para dar saltos no tempo temos de importar esse know-how. Sim, a receita irlandesa. Fazer em grande a mesma coisa que se fez com a AutoEuropa. Não pensem que o aumenta da produtividade irlandesa foi feito à custa de empresários irlandeses. Estudem os números primeiro, porra!

A produtividade não cresce porque fazemos bem ou melhor as coisas (isso são "peaners"), a produtividade cresce a sério é quando fazemos bem o que deve ser feito. E o que deve ser feito é radicalmente diferente do que estamos a fazer. Recordar "A caminho da Sildávia, portanto"

Vejam o que acontece à produtividade de um sector quando morre a empresa menos produtiva!

Os académicos não percebem nem metade do que acabei de escrever!


sexta-feira, outubro 19, 2012

Por que é que?

A propósito de "Produtividade ainda é o maior problema em Portugal":
""A produtividade é o problema base" do País, garante José Gonzaga Rosa, na Conferência Portugal - Desafios para 2013 que ontem se realizou em Lisboa. "Produzimos a um custo de 19 euros por hora, o que equivale a 57% da média europeia", acrescenta."
É sempre a mesma coisa... outro exemplo:
"o aumento deve-se ao facto de o ritmo de aumento do desemprego estar a ser superior ao ritmo de quebra no PIB. "Ou seja, estamos a fazer um bocado menos, mas ainda com menos pessoas""
Olhem para a fórmula da produtividade:

A primeira citação preocupa-se com o denominador, com os custos.
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A segunda citação justifica o aumento da produtividade da seguinte forma: o valor gerado baixou, mas os custos baixaram ainda mais.
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Por que é que num mundo em mudança acelerada as conferências económicas continuam a pensar à moda antiga? Por que é que só pensam no denominador? Por que é que partem do princípio que se mantém a "qualidade" do que se produz? Essa é a via, a médio prazo, da redução dos salários e do emprego.
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Por que é que nunca abordam a perspectiva do aumento da produtividade via aumento do valor? Não necessariamente por causa de um aumento da frequência de produção, mas por causa da subida na escala do valor.


sexta-feira, abril 15, 2011

Não esquecer: o emprego é um investimento não um fim

"Dominique Strauss-Kahn says joblessness is the biggest threat to global recovery"
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Há bocado, numa entrevista na Antena 1, Strauss-Kahn era muito mais enfático sobre a concentração na redução do desemprego.
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O que esta gente esquece, ou nunca reflectiu, é que o emprego não é um fim, não é um objectivo de per si para os criadores de emprego.
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Numa economia saudável, um criador de emprego vê o emprego não como um fim mas como um investimento:

  • vou contratar alguém;
  • esse alguém vai produzir algo;
  • esse algo vai seduzir e cativar um cliente;
  • esse cliente vai pagar;
  • do pagamento: uma parte é para pagar os custos do passado, outra é para pagar os custos do futuro (investigação, presença em feiras, marketing), e outra é a recompensa pelo risco e trabalho, o lucro.
Se as perspectivas de lucrar são fracas, se o mainstream só conhece o denominador para reforçar a competitividade, a concentração da atenção dos investidores é no corte dos custos...
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Strauss-Kahn se está realmente interessado em baixar o desemprego e não na sua candidatura à presidência francesa, tinha uma forma de combater o desemprego...
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Promover as ideias de Marn e Rosiello, promover as lições da recuperação finlandesa, promover as lições do paradoxo de um país de moeda forte como a Alemanha ser o maior exportador mundial, promover as lições da superioridade do numerador sobre o denominador.
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Ainda ontem, a combinar uma encomenda que fiz a uma empresa de design disse-lhes: "Quanto mais a gestão se afasta da arte, mais se enterra!!!"

segunda-feira, agosto 29, 2016

"respond by becoming a shell of their former selves"

Competir pelo preço, tentar seduzir clientes oferecendo o preço mais baixo, é uma opção estratégica legítima e honesta. Contudo, não é para quem quer, é para quem pode.
"Of course, you have competition. But the big companies that are winning the price war aren't winning because they've eliminated customer service and common sense. They're winning because of significant advances in scale and process, advances that aren't available to you.
Organizations panic in the face of the floor falling out from under their price foundation, and they often respond by becoming a shell of their former selves. [Moi ici: Aquilo a que chamo de "hollowing" ou radioclubização, usando exactamente essa terminologia de carcaça oca] Once you decide to become a cheap commodity, all of the choices you made to be a non-commodity fall victim to your pursuit of cheap.
Cheap is the last refuge for the marketer who can't figure out how to be better.
The alternative is to choose to be worth it, remarkable, reliable, a good neighbor, a worthy citizen, leading edge, comfortable, trusted, funny, easy, cutting edge or just about anything except, "the cheapest at any cost.""
Há duas alternativas, aumentar o denominador ou reduzir o denominador. Não se pode é ser PME e querer estar nos dois campeonatos em simultâneo:
Trecho retirado de "In pursuit of cheap"

terça-feira, maio 31, 2016

Caem na esparrela e não percebem

Se aparecesse uma afirmação de Belmiro de Azevedo ou de Américo Amorim a defender que a produtividade podia aumentar 300 milhões se os trabalhadores se empenhassem mais o que escreveriam os comentadores do DN?
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Até "espumavam"!
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No entanto, a coisa é dita por um estudo (aura de ciência, logo recuamos a pré-Heisenberg e associamos ciência a Lei, a Certeza!
"se todos os profissionais portugueses fossem felizes a produtividade seria superior em 300 milhões de euros." 
Pois eu digo: TRETA!
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Volto ao Evangelho do Valor e à equação:

O artigo "Produtividade sobe 300 milhões com mais felicidade" está ao nível do modelo mental da Sonae, o modelo mental do século XX. Como se aumenta a produtividade? Reduzindo o denominador! Ou com trabalhadores mais felizes ou mais controlados, ou mais rápidos, ou menos malandros!
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Eu digo: TRETA!
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O aumento da produtividade que este país precisa não é conseguido olhando para o denominador, (isso é "peaners")é conseguido abraçando o desafio de aumentar o valor, concentrando a atenção no numerador.

terça-feira, setembro 06, 2016

Acerca da produtividade

"If traditional competition means innovating according to parametric criteria of performance (quicker, cheaper, smaller, safer) - that is, improving the object within its given identity in many sectors [Moi ici: Não alterar a identidade, significa apostar no denominador, apostar na redução do custo unitário] - the very identity of the object has become uncertain. [Moi ici: Alterar a identidade, significa apostar no numerador, apostar no aumento do preço unitário] It is constantly changing as a result of the on-going pressure of progressive technologies, with the new set of social values, new regulations, and new low-cost competitors."
Outra forma de abordar o tema do numerador versus o denominador referido recentemente em "Augusto Mateus bem". Mais longínqua, esta reflexão de Christensen em "Sobre a paranóia da eficiência e do eficientismo".

Trecho retirado de "The Innovation Factory" de Gilles Garel e Elmar Mock.