domingo, outubro 21, 2007

Uma economia sustentável

Uma floresta sustentável é composta por árvores de diferentes espécies e em diferentes etapas da vida. A sustentabilidade a longo prazo, assenta em parte nessa diversidade. Só a diversidade traz flexibilidade, resiliência, para lidar com os imponderáveis da vida.

Uma economia sustentável tem de evidenciar o mesmo tipo de diversidade: diferentes sectores de actividade, diferentes tamanhos, diferentes propostas de valor.

Uma economia sustentável tem de evidenciar aposta contínua na melhoria, no aumento da produtividade. E aqui é que a porca torce o rabo.

Produtividade = (Valor criado) / (Custo incorrido)

Numa economia sustentável algumas empresas, para aumentar a produtividade, apostam no numerador da equação e outras no denominador.

As apostas no denominador, embora sejam de retorno mais modesto, como já aqui referimos, são mais rápidas a apresentar resultados. As apostas no numerador, são muito mais lentas, mas em contrapartida, têm um maior retorno.

Qualquer pessoa, qualquer gestor, sem conhecimento de um sector de actividade, pode propor, pode reconhecer, quer acções, quer investimentos, que se encaixam nas apostas no denominador (despedir parte da força de trabalho, optar por fornecedores mais baratos, alterar composiçãso do produto,...).

Propor acções, propor investimentos que gerem mais valor acrescentado, que contribuam para o aumento do numerador da equação, não está, normalmente, ao alcance de qualquer um. Requer conhecimento do sector, requer conhecimento das necessidades do mercado, requer rasgo e alguma capacidade de arriscar e viver no limite. E requer sobretudo tempo, planeamento, consistência, coerência.

Quando falta o tempo (nem que seja por pressão dos accionistas), quando falta o conhecimento do sector e do mercado (por exemplo, gestores de topo contratados a outros sectores de actividade pode acontecer aquilo que preocupa Mintzberg "Productivity Is Killing American Enterprise" (Harvard Business Review de Julho-Agosto de 2007):

"I fear for the future of American business—not because of U.S. trade imbalances or budget deficits but because of the productivity of its corporations. America’s highly touted productivity may be destroying its legendary enterprise and many of its powerful enterprises."

É assim, posso estar, e estou, de acordo com o discurso de Larry “The Liquidator” Garfield. Contudo, algo me diz que por vezes, esta abordagem pode por em causa, um trabalho de fundo, um investimento de longo prazo na "nata" do mercado, na proposta de valor da inovação.

Este raciocínio leva-me à conclusão que as empresas familiares, se não tiverem o problema do capital (fundamental), nem o problema da indiferença estratégica (pensar para lá do espaço de tempo que medeia o jantar do almoço), poderão competir nestas áreas que requerem um longo prazo para o retorno do investimento, mais facilmente que as cotadas em bolsa.

1 comentário:

++ Rodolfo Araújo ++ disse...

Olá, escrevi recentemente um texto sobre esse artigo do Mintzberg. Está no meu blog: http://rodolfo.typepad.com/no_posso_evitar/2008/10/a-crise-e-a-produtividade.html