Pode ler-se hoje "
Calçado português mantém estratégia de internacionalização":
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"O ano de 2012 será de dificuldades, mas a APICCAPS garante a manutenção de uma investida promocional de grande escala. O sector aposta no processo de internacionalização, com um investimento de 11 milhões de euros em promoções em mais de 30 países. A indústria do calçado portuguesa já exporta mais de 95% da sua produção, tendo conseguido garantir exportações no valor de quase 1,2 mil milhões de euros no ano, até Setembro, mais 21% face a igual período do ano passado."
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Apesar da TSU não ter baixado, apesar do euro continuar forte, apesar dos salários portugueses, apesar da legislação laboral portuguesa, apesar da diplomacia do croquete, apesar dos queixumes, apesar das parvoíces dos
líderes associativos:
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"Explorar e aproveitar todas as potencialidades do país, designadamente as geográficas (há que repensar e
rever os grandes investimentos públicos (
Moi ici: Ainda querem mais crédito sugado, drenado, roubado à iniciativa privada para apoiar o sector da construção?) no sentido de conjugar os excelentes portos marítimos que Portugal possui com a construção de vias ferroviárias, em bitola europeia, que permitam
a circulação de comboios de velocidade alta para transporte de mercadorias, (
Moi ici: Esta gente faz ideia do que é fazer circular as produções, pequenas séries, através de um meio de transporte que onde funciona, funciona a baixa velocidade, 60 a 80 km/h, e está desenhado para levar carvão, madeira, e tudo o que seja grandes quantidades em grande... Esta gente faz ideia do que representa para uma PME o custo do transporte m3/km num comboio de velocidade alta?... Esta gente provém da mesma cultura que cria estas coisas, estas aberrações. Reparem, uma coisa é falhar por não existirem dados, por estarmos na fronteira, por estarmos em "Cosmos Ingogniti" onde toda a gente sabe que "Hic esse dracones", outra coisa é falhar por não se estudar, por não se investigar, por se ser preguiçoso ou por se emprenhar pelo ouvido) aproximando Portugal do centro da Europa e dos Estados Unidos".
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Apesar de tudo o que se listou acima e de muito mais, o sector exportador vai ter um bom ano. Eu sei que repito muito esta tabela,
mas ela tem de ser muito divulgada... (BTW, a Industria do Têxtil e Vestuário depois de em 2010 ter tido o melhor ano da década, em 2011 ainda vai ser melhor... e reparem na diferença de custos de mão-de-obra)
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"Frank Leung, the owner of a Hong Kong-based women’s footwear company, has flown to places this autumn he never imagined he would visit.
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The owner of New Wing Footwear has been to Dhaka, Bangladesh, and Addis Ababa, Ethiopia, looking for alternative production bases to his factory in Dongguan in southern China. But despite searching far and wide, he has been disappointed.
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The pressure to move is clear and growing. Labour costs in China have risen 15- to 20-per-cent annually over the past couple of years, squeezing margins and creating increasingly testing times for Guangdong, the engine room of Chinese manufacturing.
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The rising costs – along with the rise in the yuan – have forced Mr. Leung to reduce head count in Dongguan from 8,000 three years ago to 3,000 today.
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The wages in Bangladesh, he reports, are about 20 to 30 per cent of those in China. Workers also work 48-hour weeks against the legislated norm of 40 hours in China.(Moi ici: Afinal o operário chinês vai trabalhar menos horas que o português... e eu que pensava, pelo que escrevem os jornalistas portugueses e os dirigentes da ATP que os operários chineses eram escravos... #ironia) The government is offering a 10-year tax holiday.
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But instead of sounding ebullient, Mr. Leung is shell-shocked. “They have crazy traffic congestion and everyone uses a generator in factories [because the power supply is erratic],” he says. “The logistics make it very hard to work efficiently”.
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A couple of weeks after his trip to Dhaka, Mr. Leung flew to Addis Ababa. Wages were even lower than those in Bangladesh but he could not find the supporting industries, such as manufacturers of shoe soles and cardboard. “Ethiopia has less congestion but it is in the middle of nowhere,” he says. India’s oppressive poverty put him off altogether after a visit to Chennai. Now Mr. Leung is uncertain whether he will move production from China after all."
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Percebem o fluxo das situações? A China deu cabo da anterior geração de estratégias que imperavam em Portugal. A evolução a funcionar... experimentar, morrer (falir), experimentar e seleccionar as alternativas mais interessantes (as que dão dinheiro), criou a nova geração de estratégias que estão a começar a dar os seus frutos nas PMEs portuguesas, não à custa do preço mais baixo mas de outras propostas de valor. Agora, é o próprio sucesso do modelo chinês que acelera a sua queda por dentro... têm de abandonar modelos mentais tornados obsoletos e avançar eles próprios na escala de valor para abastecer o próprio mercado interno, com cada vez mais poder de compra e cada vez mais exigente.
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A vida económica é isto... e isto sempre funcionou até que uns caramelos resolveram meter o Estado, com o dinheiro dos contribuintes saxões, a apoiar as empresas com melhores contactos, em vez de deixar a evolução fazer o seu serviço.