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sexta-feira, setembro 30, 2022

A culpa é dos outros, dos maus

E o ciclo começa a fechar-se, outra vez:

"O motor do crescimento da economia portuguesa este ano vai voltar a ser o consumo privado, que vai superar o crescimento do investimento pela primeira vez em muitos anos, e isso é “uma preocupação” para o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno."

O alinhamento continua a fazer-se para o cumprimento da profecia mais fácil de sempre:

Pena que os defensores do fim da austeridade, das reversões e do virar da página não apareçam agora a dar a cara.

Crianças, não praticam a temperança, depois culpam os outros pelo destino a que chegam. O não-fragilista prepara-se para os problemas, para o fragilista:
"chega a hora de culpar os outros pelos problemas que não souberam prever, não quiseram prever, ou que ajudaram a criar." 

Trecho retirado de "“Motor do crescimento voltou a ser o consumo privado. Isso é uma preocupação”, alerta Centeno"


 

terça-feira, abril 21, 2015

Curiosidade do dia

Li "É para “pensar à grande” que o PS quer o investimento público" e tentei concentrar-me na única coisa boa, a quarta bancarrota e a nova vinda da troika.
"João Jesus Caetano foi buscar a exploração dos “recursos do mar” como o “desígnio” em que o país podia apostar. [Moi ici: Quer dizer, os empresários não investem, e uns cromos de gabinete estão dispostos a torrar dinheiro a impostar a contribuintes futuros... fazem-me lembrar Cravinho a defender as SCUTS... ainda não se retratou]
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Mas a recuperação feita pelo sector têxtil e do calçado, através da ligação às universidades e centros de investigação, era a prova, para o economista da Universidade do Minho, de que esse era o caminho. [Moi ici: Isto é tão LOL!!! Agora os emplastros das universidades vêm, qual Mira Amaral, colar-se ao sucesso dos empresários "ignorantes"]
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 “O erro não está no investimento público feito em ciência e em educação. O erro está na insuficiência do nosso tecido empresarial em aproveitar” [Moi ici: Podem sempre nacionalizar as empresas e fuzilar os empresários. Esta gente não se enxerga?]

domingo, maio 18, 2014

terça-feira, setembro 10, 2013

20 anos de atraso

Basta-me este trecho inicial:
"Rui Cunha é mecânico de automóveis na prisão do Linhó. Esta segunda-feira, foi um dos 150 funcionários públicos que foram ao cinema São Jorge, em Lisboa, para ouvir como podem ser despedidos."
Quando entrei para o meu primeiro emprego, não estágio, em Fevereiro de 1988 na Têxtil Manuel Gonçalves (TMG) em Vila Nova de Famalicão, lembro-me de, numa conversa de cantina, um engenheiro da Manutenção me contar que o "mundo podia acabar" e, no entanto, tal não afectaria o funcionamento da TMG. A empresa era auto-suficiente, tinha todos os serviços de suporte possíveis e imaginários... sinceramente não sei se tinham mecânicos de automóveis ou, já então, recorriam a oficinas, mais especializadas e com custo efectivo mais baixo. Esse mundo já acabou há muito tempo.
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Depois, trabalhei cerca de 4 anos numa outra empresa que, para fazer face ao fim da protecção alfandegária e poder competir no mercado internacional, acabou com uma longa lista de postos de trabalho de suporte ao negócio. Lembro-me de, quando entrei, ainda terem um contínuo, o sr. Arlindo. Lembro-me de haver uma senhora na Contabilidade que estava lá para lidar com os pagamentos em dinheiro aos trabalhadores. Lembro-me de uma senhora que fazia a limpeza dos escritórios e do material de vidro do laboratório. Lembro-me que o pessoal da cantina fazia parte dos quadros. Lembro-me...
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Durante os últimos 20 anos, a iniciativa privada em todo o mundo, à conta da tecnologia e dos novos serviços, foi substituindo os senhores Arlindos por cacifos onde cada um tem a obrigação de ir buscar e entregar o seu correio físico, foi substituindo os funcionários da Contabilidade por ATMs dentro das instalações, foi trespassando os serviços para empresas especializadas e mais baratas, foi ...
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Entretanto, o que fez o Estado por cá?
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2013... faz algum sentido ter um, ou mais mecânicos a tempo inteiro ao serviço de uma cadeia? Qual é a razão de ser de uma cadeia? O que é que impede a cadeia de acordar a saída do senhor Rui Cunha e dos seus colegas e, até lhes dar 1 ou 2 anos de contrato para que continuem a prestar o serviço como prestadores independentes e, entretanto, arranjarem novos clientes?
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A troika está a impor-nos algo elementar que já deveria ter começado a ser feito à cerca de 20 anos. E não me digam que a reforma do Estado também não passa por isto.
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Trecho inicial retirado de "O olho da rua"

terça-feira, abril 10, 2012

E com outros modelos mentais

Acerca do tema dos modelos mentais e como eles influenciam a forma como interpretamos o mundo:
"What do the three exhibits in figure 6 have in common? The answer is that all are ambiguous. You almost certainly read the display on the left as A B C and the one on the right as 12 13 14, but the middle items in both displays are identical. You could just as well have read e iom prthe cve them as A 13 C or 12 B 14, but you did not. Why not? The same shape is read as a letter in a context of letters and as a number in a context of numbers. The entire context helps determine the interpretation of each element. The shape is ambiguous, but you jump to a conclusion about its identity and do not become aware of the ambiguity that was resolved."
Acho particularmente interessante aquele "and do not become aware of the ambiguity that was resolved".
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Um tema aqui abordado ao longo dos anos:

Agora, já imaginaram os modelos mentais, forjados no passado, dos políticos e macro-economistas que continuam a influenciar as decisões de hoje, quando o mundo já está noutra?
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Reparem neste título "Medidas da troika explicam a subida recente do desemprego português", o conteúdo está em sintonia com este postal recente "FMI! Não me deixem ficar mal!", mas o título... o meu modelo mental interpreta o mundo desta forma:
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Segundo o autor do título, o desemprego está elevado por causa das medidas de austeridade que a troika impôs a Portugal, segundo o autor do título, se não fosse a troika, podíamos, como comunidade, continuar a caminho do precipício, a viver acima das nossas possibilidades como comunidade.
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O meu modelo mental avisa-me, ainda não perceberam nada, espero que a troika fique por cá, por muitos anos, até que a lei da vida coloque nos lugares de decisão gente forjada noutra realidade e com outros modelos mentais.
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Trecho retirado de "Thinking, Fast and Slow" de Daniel Kahneman.

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

É só o desfibrilhador

Não concordo com o título "Maioria dos portuguesas acredita que programa da troika vai tirar Portugal da crise".
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O programa da troika, na minha opinião, apenas impede que o buraco se aprofunde.
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O programa da troika, na minha opinião, veio cortar os delírios de uma geração de Maio de 68 que, uma vez no poder, usou-o, como nenhuma outra, em seu benefício.
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Agora, não tenho ilusões, o programa da troika não nos tira da crise. O programa da troika obriga à austeridade.
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Portugal só sai da crise com o trabalho das empresas portuguesas através de um esforço de reconversão e de transformação.
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A austeridade, é o desfibrilhador que desperta as empresas que tiverem futuro, e canalizará recursos para novos projectos com futuro.

terça-feira, novembro 29, 2011

São vários tomos

Sim, vários tomos, vários compêndios, todo um estilo de vida que se resume nesta frase:
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"E não podem obrigar, por exemplo, a que só se realizem despesas só após termos dinheiro para elas."
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São 36 anos a viver sem limitações a sério...
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Também isto vai mudar.
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"Com a noção de que os “técnicos do FMI poderiam visitar outros municípios”, Maria da Luz Rosinha mostrou-se sobretudo “preocupada com alguma diferença de opinião no que diz respeito à forma como se desenvolve a execução da despesa e da receita” numa autarquia. “Eles não têm um grande conhecimento do funcionamento dos municípios, estão apenas preocupados com os défices e o endividamento. E não podem obrigar, por exemplo, a que só se realizem despesas só após termos dinheiro para elas. Isso seria uma gestão muito doméstica e sem recurso a cartão de crédito”, concluiu.

segunda-feira, novembro 21, 2011

O velho Maquiavel

Ao ler a versão inglesa de Maquiavel que diz:
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"The innovator "makes enemies of all those who derived advantage from the older order and finds but lukewarm defenders among those who stand to gain from the new one"
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Lembrei-me logo dos protestos de banqueiros e ... jornalistas (weird, jornalistas contra conferências de imprensa) contra as conferências de imprensa da troika.

quinta-feira, novembro 17, 2011

Flexibilidade ou rigidez?

"FMI diz que Portugal tem de escolher entre ser competitivo ou tornar-se pobre"
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"Troika pressiona revisão do código laboral para legalizar cortes salariais no privado"
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Não vou perder muito tempo a demonstrar onde estou em desacordo com este modelo mental, basta-me dar este exemplo num sector tradicional:
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"O desemprego no concelho de Felgueiras diminuiu cerca de 17 por cento no primeiro semestre de 2011, graças ao bom momento do calçado, revelou o Instituto de Emprego e de Formação Profissional.
Dados do organismo tutelado pelo Ministério da Economia e Emprego revelam que, em Janeiro, havia 3101 desempregados (todos os sectores de actividade) e em Junho 2577, o que se traduz ma diminuição de 524 pessoas sem emprego.
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Ao longo dos seis meses, a descida tem sido constante, graças à capacidade empregadora das empresas produtoras de calçado. Esta diminuição em 2011 dá sequência ao que ocorreu em 2010, ano em que o desemprego diminuiu 12,47 por cento.
 Em 2009, o desemprego no concelho também diminuiu, mas a um ritmo menos acelerado, 3,81 por cento.
Em dois anos e meio, foram criados no concelho 1117 postos de trabalho, o que significa uma descida de 31 por cento na taxa de desemprego.
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O desemprego recuou de forma significativa em praticamente todos os pólos de forte concentração do sector de calçadoA queda mais significativa ocorreu mesmo em Santa Maria da Feira (31%). Mas em Felgueiras (- 24%), S. João da Madeira (- 22%) e Guimarães (-15%) a queda do desemprego é também bastante significativa. Nas zonas de forte concentração da indústria de calçado vive-se, de resto, uma situação muito próxima do pleno emprego, com as empresas a sentirem necessidade de recrutarem trabalhadores nos concelhos limítrofes.
Actualmente, as ofertas de emprego do sector a nível nacional ascendem a 262. O concelho que mais vagas tem para preencher é Santa Maria da Feira (46), seguido de Oliveira de Azeméis (35) e Vila Nova de Gaia (32). Em Felgueiras, subsistem 24 ofertas de trabalho em empresas de calçado, em Guimarães 28 e em S. João da Madeira 19"
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Desde que estes cortes não sejam definidos em Lisboa, desde que fiquem ao critério de cada empresa, tudo bem. Tentem baixar os salários neste sector e é ver o carrossel de transferências de trabalhadores de umas empresas para as outras.
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Escrito isto, deixem-me escrever o que se segue:
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E quando no próximo ano uma loja perder 30% das vendas?
E quando um restaurante perder metade da clientela?
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O que é preferível:

  1. fechar
  2. despedir parte dos empregados
  3. reduzir o salário de todos
Acredito que um número interessante preferiria a opção...
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A opção 1, pois podiam ir para o fundo de desemprego
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Mas o que é preferível para a economia?
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Flexibilidade ou rigidez?
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A única condição que eu imporia seria: cada empresa é um caso.
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Trecho retirado do "Notícias APICCAPS" de Julho/Agosto deste ano.