quarta-feira, julho 10, 2024

O foco certo

Na passada Segunda-feira publiquei este postal "Não é só por cá. (parte IV)" onde volto a apresentar as minhas ideias para uma agricultura com futuro, demonstrando a irrazoabilidade de querer bons resultados com a continuação da postura actual. A certa altura recordo um postal de 2010 acerca de um canadiano: façam como o canadiano (2021) recordem a agricultura com futuro (2010).  A mensagem é: Em vez de procurarem mercado para escoar os produtos, procurem mercados que valorizem algo que possam oferecer de forma distinta. Comecem pelo fim, comecem pelo outcome, não pelo output.

Ontem, no jornal The Times apanhei esta foto.

Com esta legenda: 

"Hot property Lee McKendrick, the Wasabi Company's farm manager, grows the plants, a staple of Japanese cuisine, in Dorset and Hampshire. The company sells its produce for £200 a kilo and also has to import from Japan to meet demand"

Agora, ao olhar para o verde desta foto recordo alguém que em tempos me contactou por causa da produção hidropónica de alface.

Olhemos para a equação da produtividade:

E para a foto da Herdmar:


O foco no denominador, na redução de custos, traz retornos marginais. O foco no numerador, no preço que conseguimos por m2, por kg, por dm3, por unidade, por minuto, por ... é o foco certo. Que produtos posso produzir com concorrência baixa e bom preço?

Depois, é começar a pensar no próximo ciclo enquanto o actual dá porque outros virão copiar e com custos mais baixos.

terça-feira, julho 09, 2024

Curiosidade do dia


Recordar desde 2007 a martirizada Ribeira dos Milagres. Interessante como ninguém é apanhado, nunca.

“Descida do IRC é injusta”

Atentem bem nesta mensagem:

Acham que a descida do IRC é para facilitar a vida às empresas portuguesas?

Por que precisamos de investimento directo estrangeiro?

Por que é que empresas estrangeiras viriam para Portugal?

Focar a discussão nas empresas existentes com a produtividade existente é não ver o filme. O foco é nas que não estão cá, os mastins dos Baskerville. Recordar como estes tempos são estranhos.

BTW, pergunta sincera: qual é a relação entre 40% das empresas não pagarem IRC com a descida ser injusta? Só vejo uma justificação para este racional: pensar que esta descida é uma benesse para as empresas existentes, e as que têm lucro não precisam de ser ajudadas, quem precisa de ajudas são as outras.

Não! As que não têm lucro, muito provavelente deviam fechar. O mercado está a dizer-lhes para mudarem de modelo de negócio, para mudarem de vida. Apoios a estas empresas às vezes funcionam, mas a maior parte das vezes são usados para artificialmente mantê-las vivas. Desperdício de recursos escassos. No entanto, o mais importante é saltar fora do jogo de soma nula e pensar nas empresas que virão, não nas que já existem.

BTW, lembrem-se que o Público, a Visão e o DN têm prejuízo e não fecham.

Será que a credibilidade se compra numa prateleira?

Há algum tempo, talvez no final de Junho passado, encontrei na revista MoneyWeek o artigo "Sweet deal for Tate & Lyle?".

A Tate & Lyle, sujeita a um cada vez maior escrutínio sobre os alimentos ultraprocessados, como os iogurtes aromatizados e os snacks doces, com investigações que os ligam cada vez mais a doenças como o cancro e a diabetes tipo 2,  resolveu ir ao bolso, tirar a carteira e comprar um fabricante de ingredientes para produtos alimentares saudáveis.

"Tate & Lyle hopes the deal will ensure the combined entity can supply "producers looking to make food which is healthier but still tasty enough to fly off the shelves"."

O que me deixou a pensar no tema: Será que a credibilidade se compra numa prateleira? 


segunda-feira, julho 08, 2024

Curiosidade do dia

 

Não é só por cá. (parte IV)

Parte I, parte II e parte III.

Afinal vamos ter mais partes. Vejamos agora um exemplo ao vivo e a cores da metáfora que aqui costumo usar (por exemplo aqui e aqui)

Volto à metáfora:

"Alguém diz ao filho com 5 anos?

- A actuação do vosso ano na Festa de Natal do jardim-escola foi uma valente porcaria!"

A actuação foi uma valente porcaria, mas os pais fazem um sorriso amarelo e batem palmas (As crianças não são burras, mas não foram ensaiadas, nenhum adulto investiu a sério em ensaiar o espectáculo). 

No Sábado passado li "Montenegro quer inverter problema geracional do setor agrícola nacional" e automaticamente pensei: Olha! Um exemplo ao vivo e a cores da metáfora.

Associações de agricultores fazem o seu número no espectáculo e o papá-primeiro-ministro em vez de chamar a atenção para a realidade, resolve bater palmas e, qual Tony Robbins, fazer um discurso motivacional.

Vamos lá sublinhar alguns tópicos:

"O primeiro-ministro afirmou hoje que é fundamental o país inverter o problema geracional do setor agrícola, considerando que tal é uma ameaça para a soberania alimentar nacional."

Os pais querem o melhor para os seus filhos. Os filhos querem perspectivas de vida. O que levará os filhos dos agricultores/produtores de leite a quererem continuar no sector com toda a informação negativa que vêem com os seus olhos na vida dos seus pais, e ouvem nos media? Recordo que não é impunemente que se diz mal.

Onde é que no cálculo dos custos entra o valor da soberania nacional? Produtores são tótós se forem nessa canção de embalar. Consumidores, distribuidores e governos não pagam nada extra pela soberania nacional. Soberania em quê? Trigo? Leite? Brincamos?! Os agricultores não podem esperar ganhar a vida a serem macro-salvadores do mundo. Não é essa a sua função, não é assim que podem ser competitivos, não é assim que podem prosperar. Tal como na indústria, devem procurar o nicho, o segmento que podem servir com vantagem e servi-lo. Como costumo dizer: façam como o canadiano recordem a agricultura com futuro.

"O governante lembrou que o setor do leite representa 9% de todo o valor agrícola, envolve 1999 milhões de euros de volume de negócios e gera mais de 648 mil empregos diretos e indiretos, mas que 60% dos produtores têm mais de 55 anos e só 11% têm menos de 34."

Pena que o governante não tenha posto as cartas da verdade em cima da mesa. Produzir uma commodity num mundo cada vez mais concorrencial só é vantajoso para quem tem vantagem competitiva. Nunca esquecer a 1ª lei da teoria dos jogos: "Do not play a strictly dominated strategy". Por isso, não dá dinheiro aos produtores.

""A Agricultura e as Pescas, todo o nosso setor primário, são estratégicas para o futuro de Portugal. Gera-nos capacidade de autonomia alimentar, capacidade de independência do exterior e cria postos de trabalho. Sem uma agricultura forte, não temos capacidade de garantir a coesão territorial", apontou o primeiro-ministro."

Eehehehe! Basta estar no largo da praça de touros de Almeirim, ao principio ou fim do dia, para perceber a criação de postos de trabalho e a coesão territorial. 

""As orientações que têm sido dadas e que têm sido cumpridas é que o Ministério da Agricultura e Pescas e o Ministério do Ambiente e Energia estejam de mãos dadas. Se conseguirmos tirar esses obstáculos de burocracia, regulamentação e exigências, temos a capacidade de aumentar o valor deste setor", vincou."

Gostava de perceber qual a relação de causa-efeito entre a remoção dos obstáculos de burocracia e o aumento de valor acrescentado. A sério que gostava de perceber. Só há uma via séria para o aumento do valor acrescentado, o aumento do preço de venda. Aumentar o preço de venda de commodities é uma impossibilidade económica.

""Não podemos ter um conjunto de regras e obrigações tão restritivas, e que encarecem tanto o produto, que gera o absurdo de tirarmos rentabilidade aos nossos agricultores e, ao mesmo tempo, enchermos as prateleiras dos supermercados de produtos de outras geografias que não aplicam as mesmas exigências que cá temos na Europa", referiu."

Ehehehehe! O primeiro-ministro devia conhecer o karma associado ao sector do leite.

O discurso do primeiro-ministro Luís Montenegro, embora bem intencionado, deixa de abordar algumas questões fundamentais que afectam o sector agrícola português. Em primeiro lugar, o governante falha em reconhecer explicitamente as dificuldades inerentes à produção de commodities agrícolas num mercado altamente competitivo. Este sector enfrenta uma concorrência forte de países que possuem vantagens competitivas claras, como climas mais favoráveis, custos de produção mais baixos e economias de escala.

A aplicação do princípio dos rendimentos decrescentes na agricultura é uma realidade que não pode ser ignorada. À medida que se tenta aumentar a produção, os custos adicionais tendem a ser maiores que os benefícios obtidos, resultando em margens de lucro cada vez menores. Este fenómeno é particularmente relevante em Portugal, onde a estrutura fundiária e as pequenas propriedades dificultam a implementação de práticas agrícolas mais eficientes e competitivas.

Além disso, o primeiro-ministro não aborda adequadamente a questão das regulamentações e das exigências europeias, que muitas vezes colocam os agricultores portugueses em desvantagem em relação aos seus concorrentes de fora da União Europeia. A simplificação burocrática é mencionada, mas não é especificado como será alcançada, nem se reconhece o impacte desproporcional que essas regras têm sobre os pequenos e médios agricultores. 

Outra omissão significativa é não referir o esforço que os agricultores terão eles próprios de fazer para sair do buraco e não esperar que seja o papá-estado a salvá-los.

A sustentabilidade e a rentabilidade do sector não serão alcançadas apenas com discursos motivacionais, mas com a tomada de consciência que se calhar é preciso alterar o que se produz para se ganhar rendimento, que se calhar é preciso ser criativo e não esperar salvação milagrosa de quem não tem conhecimento e não tem o problema.

domingo, julho 07, 2024

Curiosidade do dia

 


Estratégias cancerosas de crescimento

No WSJ do passado dia 29 de Junho li "Cheaper Flights Help Spur Record Air Travel":
"More people were set to fly in the U.S. on Friday than ever before. That was also true on Sunday. And in late May.
...
Seven of the 10 busiest airtravel days in the history of the TSA happened between May 23 and June 27. Fliers reset the record again last Sunday, when just under three million passed through U.S. airports. The numbers are still climbing. More than 32 million people are projected to fly between Thursday and July 8, a 5.4% rise over last year's Independence Day holiday travel volumes, according to the TSA.
Air travel typically peaks around now, but this year's levels are unprecedented, fueled by cheaper airfares and the desire of many Americans to get away."
No mesmo WSJ mas no dia 27 de Junho tinha lido "Southwest Reduces Its Revenue Outlook":
"Southwest Airlines cut its revenue guidance for the current quarter, citing complexities in adapting to shifts in booking patterns.
The airline said Wednesday that it expects revenue per available seat mile to be down 4% to 4.5% in the June quarter. Southwest previously guided for the unit revenue measure to be down 1.5% to 3.5%.
...
Despite record numbers of passengers traveling this summer, several airlines are also facing lackluster profits. Analysts have said most carriers expanded too aggressively during the second quarter, weighing on fares, and high fuel and labor costs are eating into profit margins."
No mesmo WSJ mas no dia 25 de Junho tinha lido "Summer Travel Boom Fails to Lift Airlines":
"It is shaping up to be the busiest summer season ever in the U.S., and about as strong as 2019's in Europe, airport passenger data suggests. Yet U.S. airline stocks are down roughly 40% over five years, and European ones about 25%. And this isn't about capricious investors applying lower valuations to airlines as they rush into artificial-intelligence plays: Carriers are reporting much narrower profit margins.
Budget operators such as Southwest Airlines, Spirit Airlines and Frontier Airlines offer the most painful examples. They used to be money-printing machines, and Wall Street believed they were poised to take market share from legacy players as the industry emerged from the Covid-19 crisis. Instead, they are struggling to stay airborne.
...
European budget powerhouse Ryanair is the exception. Its decisions to extensively hedge fuel costs and limit job cuts during the pandemic have proven prescient. It has been able to capture a lion's share of Europe's "basic economy" trips, particularly in sunny spots such as Italy, where its market share has risen from 27% to above 40%.
...
Since the pandemic, the real boom has been in "premium economy"offerings with extra space and amenities that no-frills operators don't usually provide. Full-service carriers, on the other hand, have invested heavily in them. This helps explain why Atlanta-based Delta Air Lines, which refined the art of providing a premium experience, isn't doing as badly on the stock market as its peers.
So why aren't legacy airlines soaring? The catch is that the premium economy boom is partly replacing business-class travel,
...
The bigger issue, however, is that airlines forgot the lessons learned before the pandemic and have taken hot tourism demand as a signal to expand aggressively. For July, the scheduled supply of seats is running 8% and 0.4% ahead of 2019 levels in the U.S. and Europe respectively, according to Cirium Diio Mi.
Indeed, overcapacity is a bigger problem for U.S. airlines, which explains their worse performance. For example, American Airlines, which has long focused on price and range of destinations ahead of premium offerings, announced an ambitious intra-U.S. expansion in April. Its shares are down 19% this year."

Faz lembrar a notícia recente sobre as companhias de Rent-a-car em Portugal, "Rent-a-car: Preços do aluguer de carros caem até 30% por excesso de oferta".

Agora imaginem a mesma coisa nos hotéis, na restauração, ... Estratégias cancerosas de crescimento degeneram sempre nisto: muito trabalho e pouco retorno. The race to the bottom.

sábado, julho 06, 2024

Curiosidade do dia

"Cada país tem o Biden que merece." 

Escreveram várias pessoas no Twitter ontem. 

Este é o mundo da pós-verdade. As palavras de Helena Garrido são poderosas: o que conta é a fé, o sentimento, que se danem as estatísticas.

BTW, Rafa é muito mais inteligente do que a média.

"This Euro 2024 clash could have been an all-time great quarter-final, and instead a part of it was stolen

Even his absence feels like a kind of presence. The cameras continue to seek him out. The fans in the stands in their replica Manchester United tops screech a little louder, scowl a little harder. The less he does, the more important he becomes. The more he disappears into this game, the heavier it feels, like a black hole sucking everything into its vortex.

And ultimately Portugal too. The sabotage is complete. One of the most talented squads ever assembled at this level of football disappears into that self same black hole, a Vegas-era Elvis act ultimately notable only for its ability to make us gawp and keep gawping. It's too awful to watch. It's too awful not to watch. The clock ticks into its third hour, the second quarterfinal suspended like a sentence that can never end, and yet with the knowledge of exactly how it ends. Meanwhile, Gonçalo Ramos and Diogo Jota sit on the bench.

...

But at least France know how to function without their captain. Portugal, by contrast, are still wedded to theirs, the chain-wrapped anvil that will eventually bring them all down. There is little point giving him anything to chase, or playing any pass to him longer than about 20 yards. If he peels to the left wing in the 53rd minute, he won't make it back into the centre until the 55th. He misses terribly from close range. He claims another freekick from an impossible angle, and somehow manages to hit all three players in the wall.

In a way, it's hard not to feel resentful of him: resentful of the way this grand, galaxy-sized occasion is ultimately reduced to a function of one man's ego. This could have been an all-time great quarter-final, and instead a part of it was stolen: stolen ball possession, stolen attention, stolen minutes from better players who actually deserve to be there, rather than a pure anachronism trotting out simply because no one has the clout to tell him not to."

Goethe escreveu: "An old man is always a King Lear." 

A cara dos morcões perante alguém com eles no sítio.

Trechos retirados de "Portugal v France: a galactic battle lost in the black hole of one man's ego

Sem transição, sem dor, ... não vamos longe

Há anos que defendo aqui no blogue: Deixem as empresas morrer!!!

Há anos que alerto aqui no blogue para a importância da transição, ainda que seja dolorosa no curto-médio prazo para renovar o tecido empresarial em direcção a empresas com produtividade mais elevada.

Há anos que escrevo porque é que os empresários pedem paletes de mão de obra estrangeira. A mão de obra estrangeira vem funcionar como uma botija de oxigénio para empresas que já não fazem sentido para o nível de vida do país. O país fica como um museu conservador, empresarialmente reaccionário.

Mão amiga mandou-me este artigo sobre os cortes de postos de trabalho na Alemanha, "Diese Industrieunternehmen bauen Stellen ab"
  • Corte de 12000 empregos no fornecedor da indústria automóvel ZF
  • A divisão automóvel da Bosch vai cortar cerca de 1200 empregos 
  • Cortes de empregos nas empresas Bosch, Miele, Continental, Forvia, Thyssenkrupp Steel, Michelin e Meyer Burger e em alguns casos encerramentos de unidades (por exemplo a Michelin encerra duas unidades na Alemanha e a Continental outras duas)
A mesma mão amiga tinha-me enviado à tempos este outro artigo "Even key German sectors are losing ground to China".

Ao mesmo tempo, recordo um postal que nos referia os investimentos que estão a fazer a transição na Alemanha

Entretanto, ontem o FT publicava outro sinal da mudança em curso, "German business breaks postwar taboo to supply defence industry":
"A growing number of German businesses are moving into military equipment and services as they break a widespread taboo to supply the arms industry in the wake of Russia's invasion of Ukraine.
Engine maker Deutz last week saw its shares jump more than 20 per cent after it said it was looking to build tank engines alongside its civilian operations. The engineering group is among those Mittelstand manufacturing and engineering companies reconsidering or ending their ban on defence contracts.
...
Continental, one of the world's leading automotive suppliers with 200,000 employees which has announced large job cuts, recently launched a scheme to transfer hundreds of its employees to German defence contractor Rheinmetall.
Peter Sebastian Krause, an executive at Rheinmetall, said at the time that the Continental employees would bring "highly valuable" skills to the company."
Entretanto, por cá estamos concentrados em salvar o passado, ou os sectores de baixo valor acrescentado, com carne para canhão. 

 




sexta-feira, julho 05, 2024

Curiosidade do dia

 


Não é só por cá. (parte III)

Parte I e parte II.

"Everything now is just a euphemism for financial repression and austerity. That doesn't stop politicians looking for magica alternatives.

...

Britain's Institute of Fiscal Studies on Monday described parties' reluctance to admit as much on Monday as "a conspiracy of silence" arguing Labour's pledge to rule out tax hikes was a "mistake." "We wish Labour had not made those tax locks and it will be difficult [politically] to break," IFS director Paul Johnson said about the party currently leading the polls.

...

But it's not just British politicians who are refusing to face up to reality. In France, where an impending snap parliamentary election threatens to empower extremists on both sides of the political spectrum — to the cost of President Emmanuel Macron's centrist Renaissance party - there is a similar reluctance to admit there are only bad options on the table.

...

What he failed to point out is that even supposedly sensible centrists face having to do the unthinkable in the longer run.

"They have to go to financial repression because high growth as a strategy out of over-indebtedness is not going to be funded by the bond market," Russell

Napier, an influential investment advisor who authors the Solid Ground newsletter, told POLITICO. "I think it doesn't matter who you vote for, you end up with roughly the same thing. So the market's not maybe saying 'we're very sanguine about Labour [in the U.K. ]. They're just saying: 'It doesn't really matter who you vote for. We are heading toward this route.""

E também:

"A última vez que se falou de reformas, e que se tentou implementá-las, foi durante a Troika. Nos 8 anos seguintes, os três governos de Costa não só reverteram algumas das (poucas) dessas reformas, como demonizou as outras. E como o país "comprou" essa conversa, agora ninguém fala dessas medidas. 

...

É justo criticar a classe política pela inação? É. Mas não lhe podemos atribuir toda a culpa. Ela é assim porque o eleitor não quer mudança. De cada vez que se faz. uma proposta ousada para mudar a economia, a reação é o conservadorismo. Porquê? Por ignorância. Ou seja, por uma gritante falta de literacia. E enquanto isso nลo mudar, teremos politicos (e politicas) miseráveis."

Como refere Joaquim Aguiar, ganham-se eleições mas não se ganha legitimidade. 

Trechos retirados de "The dirty little secret no politician will admit: There is no way to 'go for growth'" e de "É o povo. É o povo!"

Parte III de III.

quinta-feira, julho 04, 2024

Curiosidade do dia

 "Na mesma reunião, João Soalheiro explicou aos trabalhadores qual o tratamento a ser dado aos remetentes e destinatários de e-mail, afirmando que considera inaceitável usar expressões como "boa tarde" ou "caro colega". O novo diretor entende que a forma correta de começar e-mail é com ""Exmo. Senhor Dr/Dra/Arqº" e todos os títulos necessários. A denúncia refere também que, no mesmo encontro, João Soalheiro informou os trabalhadores da intenção de abrir processos disciplinares a quem não respondesse no âmbito das suas funções a qualquer requerimento."

Simplesmente extraordinário. Onde vão buscar estes cromos?

Trecho retirado de "Ameaças, demissões e cadeiras a voar. Novo diretor do Património Cultural lançou o caos em três semanas, Governo pede averiguação"

Não é só por cá. (parte II)

Parte I.

Trechos retirados do Times do passado dia 30.06. do artigo "To survive, nations must make tough choices. Voters don't want to hear this."
"A nation is born stoic, and dies epicurean," the historian William Durant wrote in The Story of Civilization. "If war is forgotten in security and peace ... then toil and suffering are replaced by pleasure and ease; science weakens faith even while thought and comfort weaken virility and fortitude."
...
Yet even now I fear the West hasn't figured out what is going wrong and why. While pundits examine exit polls and consult focus groups, they miss the rot buried so deep in our system that it has become all but invisible. And - if you'll forgive me for being candid on a momentous weekend - it has nothing to do with hopeless leaders, Russian bots, high taxes, low taxes or being members of the wrong trading bloc. The problem is western electorates. Us.
...
Then there is the addiction to low-wage immigration and funny money (otherwise known as quantitative easing) and our abject failure - notably in Europe - to spend adequately (or wisely) on defence.
...
For when you look again, you notice a single and, in my view, unavoidable cause: an inability to make short-term sacrifices to secure a brighter future; to defer instant gratification for long-term success. We have become a civilisation that's all about "now, now, now" and "me, me, me" - the antithesis of what the West once represented.
...
My point is that success for nations, as for individuals, requires tough choices
...
When Rome was lean and driven, it built infrastructure, created a superb military and grew. A few centuries later - flabby and complacent - it wanted the blessings of success but not the costs. The empire had entered a fantasy land, where expenditure on ever more generous welfare payments and bread and circuses rose beyond the capacity of the state to afford it. So when the money ran out, the emperors debased it, reducing the silver content until the currency was worthless.
...
But the devastating, potentially terminal truth is that a critical mass of voters are not ready to hear this. They are too comfortable in the delusion of their own entitlement, pretending the problem lies with everyone else in this sense, polarisation is another symptom of the rot). And let's not pretend the problem is short election cycles or hopeless politicians, because these retailers - Starmer, Sunak, Biden, Trump, Farage - are merely regurgitating different versions of the fantasy that voters wish to hear, but never daring to tell the whole truth."
Como refere Joaquim Aguiar, ganham-se eleições mas não se ganha legitimidade. 

Parte II de III.

quarta-feira, julho 03, 2024

HISTÓRIA


 Recordar de Sábado passado.


Curiosidade do dia

Quando não percebemos o fenómeno dos Flying Geese e tentamos defender o passado em vez de abraçar a mudança.

Não é só por cá (parte I)

"Studies on the Labour manifesto. It concludes that, despite recognising both the dire state of the public services and the fiscal squeeze, Labour has no credible plans for addressing either.

It is worth quoting this devastating judgment: "The public service spending increases promised in the 'costings' table are tiny, going on trivial. The tax rises, beyond the inevitable reduced tax avoidance, even more trivial. The biggest commitment, to the much vaunted 'green prosperity plan', comes in at no more than €5bn a year, funded in part by borrowing and in part by "a windfall tax on the oil and gas giants".

"Beyond that, almost nothing in the way of definite promises on spending despite Labour diagnosing deep-seated problems across child poverty, homelessness, higher education funding, adult social care, local government finances, pensions and much more besides. Definite promises though not to do things. Not to have debt rising at the end of the forecast. Not to increase tax on working people. Not to increase rates of income tax, National Insurance, VAT or corporation tax."

This is the politics of evasion. Behind it is a theory of democratic politics: never recognise the truth. As a way to win elections, this might make sense. But, as an approach to government, it is a clear danger, since it prepares nobody for what needs to be done. As a way to treat democracy itself, it is even worse. By treating the voters as mere children, it can only guarantee ever-rising cynicism about our politics. If we cannot admit to voters the harsh realities we face, they will increasingly distrust politicians and so our democracy itself."

Como refere Joaquim Aguiar, ganham-se eleições mas não se ganha legitimidade. 

Trechos retirados de "Absence of honesty in UK election will undermine democracy"

Parte I de III.



terça-feira, julho 02, 2024

Curiosidade do dia

Há cerca de 9 anos escrevi "Para reflexão" onde especulava sobre um mundo à la Mongo onde a produção eléctrica estaria "democratizada". Nesse mundo, o papel das redes eléctricas seria menor.

Como eu estava errado. O futuro poderia ter ido por aí, mas quem ganharia com esse cenário? 

Aprendi em Outubro do ano passado que ainda no consulado de Sócrates as coisas foram canalizadas noutra direcção e o que vamos ter de fazer é um brutal investimento na rede eléctrica. Esta manhã li "Siemens Energy plans 10,000 hires for electricity grid unit, FT says"

Afinal não era exagero.

Lembro-me de descer a A4 enquanto lia "How the Rise of Chinese Textile Manufacturing in Italy Fuelled the Far Right" que comentei em dois postais. Na altura fiquei surpreendido com o que era relatado, fábricas clandestinas repletas de operários chineses em Itália a seguir práticas chinesas.

Entretanto, ontem fiquei siderado com um artigo no FT, "Milan probes into Dior suppliers' illegal labour unsettle luxury sector". Não estamos a falar de fábricas clandestinas a produzir para marcas mixirucas, estamos a falar da Dior...

"The Dior leather bag supplier Milan investigators long had their eyes on was located close to the Via del Lavoro in the suburban city of Opera - or labour street. But behind its doors they uncovered employment practices of another age.

They found evidence of illegally hired workers, forced to sleep inside the factory and work long hours, including nights and holidays, in an unsafe environment, according to a statement from the Milan prosecutor's office.

...

The development has shone a light on practices in the supply chains of the luxury sector, an area hitherto regarded as problematic more for fast fashion than producers of expensive goods.

The Milan prosecutor's action against the supplier follows two other similar actions against upmarket accessories maker Alviero Martini and a Giorgio Armani subsidiary earlier this year. Such examples could be the tip of the iceberg for the luxury fashion industry, investigation insiders warn."

Mais informação aqui.

Confesso que há anos alguém no sector do calçado contou-me umas estórias sobre isto em Itália e pensei que era exagero. Parece que não.




segunda-feira, julho 01, 2024

Curiosidade do dia

Assim que se apanha o freio nos dentes é a corrida para o fundo.

Hoje no JN:


"RENT-A-CAR Alugar um carro este verão será mais barato. Numa altura em que a inflação e o aumento da procura turística pressionam os preços dos serviços ligados à esfera da atividade, o setor do rent-a-car entrou em contraciclo. No primeiro semestre do ano, as tarifas caíram entre 10% a 30% devido ao aumento do número de veículos disponibilizados pelas empresas de aluguer de viaturas.

Ou seja, apesar de a procura continuar pujante é, ainda assim, insuficiente para responder à atual oferta do mercado. Em junho, a frota de rent-a-car disponível foi de 105 mil automóveis, mais 8% quando comparado com o mesmo mês de 2023, e, em agosto, chegará às 120 mil viaturas (+6% face ao período homólogo)."


A primeira parte de Cavaco - prós e contras

O semanário Expresso do passado dia 28 inclui um texto do ex-presidente Cavaco Silva, "Qual a probabilidade de um salto em frente do bem-estar das famílias portuguesas nos próximos 10 anos?"

O texto está dividido em duas partes. Vou focar a atenção na primeira parte.

Primeiro, aquilo em que concordo com o autor:
  • A importância da pergunta: "Qual a probabilidade de, nos próximos 10 anos, Portugal dar um importante salto em frente em matéria de bem-estar das famílias e aproximar-se dos países mais ricos da União Europeia?" (Faz-me lembrar a reunião que o jovem Erik Reinert ouviu da boca do então primeiro-mistro irlandês Charles Haughey em Julho de 1980. Comparem com o discurso dos políticos portugueses desde os socialistas da extrema direita até aos socialistas da extrema esquerda, mas o ponto era a ideia dele de aproveitar a então nascente indústria das TI para dar o salto. Discurso proferido nas TV's em Janeiro de 1980)
  • Claro que toda a gente concorda com "o crescimento da produção interna, da produtividade e da competitividade externa são condições necessárias extremamente fortes para uma evolução positiva do bem-estar das famílias portuguesas." Mas cuidado com o que se entende aqui por competitividade externa, não é sobre a competitividade das empresas - isso pode degenerar no Uganda facilmente - mas é sobre a capacidade do país atrair capital estrangeiro.
  • Outra frase com que toda a gente concorda "O aumento da produtividade é decisivo para que Portugal deixe de ser um dos países da União Europeia com mais baixo poder de compra do salário médio, o qual tem vindo a aproximar-se do salário mínimo. E necessário que a produtividade iguale, pelo menos, a média da União Europeia." A produtividade é a variável-chave.
  • Concordo com a frase que se segue, mas é fácil encontrar gente que discorde dela, sobretudo à esquerda do espectro político "A competitividade nacional na captação de investimento direto estrangeiro de qualidade depende da capacidade competitiva em matéria fiscal em relação aos concorrentes, da celeridade do sistema judicial, do nível de burocracia, da qualificação dos recursos humanos e da estabilidade política. Sem o aumento do peso do investimento estrangeiro será muito difícil a Portugal conseguir o aumento do stock de capital produtivo nos sectores dos bens e serviços transacionáveis e a produtividade, a inovação tecnológica, a integração nas cadeias globais de valor e a modernização do sistema produtivo necessários para alcançar uma melhoria significativa do bem-estar das famílias." Este tem sido um tema recorrente neste blogue ao longo dos últimos anos. Refiro só a título de exemplo "Tamanho, produtividade e a receita irlandesa" e "Não são elas que precisam de Portugal, Portugal é que precisa delas".
Agora vamos aquilo em que discordo do autor:
  • "o aumento do peso da indústria transformadora, são condições essenciais para que Portugal" - Recordo de Março passado "Era importante que olhassem para os números primeiro (parte l)"
  • "É essencial aumentar o grau de complexidade e o valor acrescentado das exportações, em particular nos sectores de veículos automóveis, máquinas e equipamentos, de modo a baixar o conteúdo de importação das exportações em 10 a 15 pontos percentuais." Aqui, em teoria estou de acordo, mas a realidade recomenda-me ter prudência. Produzir para substituir importações consumidas no país é quase sempre um erro, como relato no caso das conservas. Portugueses são pobres importam sapatos baratos. Portugueses exportam sapatos caros. É quase impossível sustentar empresas portuguesas a produzir artigos para portugueses porque os portugueses não os poderiam pagar. Mas mesmo na substituição das importações também há que ter prudência, recordo o caso das fundições e a Autoeuropa.
  • Por fim, o tema final de discordância. Vamos dar-lhe mais espaço e relevância:
"O facto de as micro e pequenas empresas predominarem em mais de 90% é uma das principais razões da baixa produtividade da nossa economia. Daí a urgência em promover concentrações e fusões de empresas, de modo a ganharem a escala que estimula a adoção de técnicas de gestão e processos tecnológicos modernos que possibilitem o aumento do valor da produção por unidade de trabalho e de capital físico. Quando na União Europeia se debate a falta de escala das grandes empresas para competirem com a China e os Estados Unidos em sectores estratégicos, em Portugal há pouca consciência de que as nossas grandes empresas são pequenas a nível europeu."
Quem acompanha este blogue sabe que me passo com esta argumentação:
  • As micro e pequenas empresas têm produtividades mais baixas? Sim, é verdade.
  • As concentrações e fusões de empresas, de modo a ganharem escala para aumentar a produtividade funcionam? Em teoria é bonito, mas na prática não funciona para o tipo de PME portuguesa. Recordo aqui o caso da Gráfica Mirandela. A ideia de que a fusão de pequenas empresas conduzirá automaticamente ao sucesso é demasiado simplista. A simples combinação de três pequenas empresas de calçado ou têxteis não garante o sucesso, pois requer um modelo de negócio diferente a trabalhar para clientes diferentes a vender produtos mais baratos. Por exemplo, o caso da Gráfica Mirandela que comprou a maior impressora rotativa do mundo, mas faliu, ilustra que ter capacidade em grande escala sem contratos adequados em grande escala é insustentável. Além de que o aumento da produtividade com base no denominador é muito mais fraquinho que o conseguido à custa do numerador. Recordar Marn e Rosiello
  • O grande erro desta argumentação é acreditar que o país pode ter produtividade mais alta se tiver fábricas de sapatos maiores, fábricas de camisas maiores e assim por diante. O grande erro desta argumentação é não perceber os Flying Geese.
Dar o salto pressupõe o aumento do peso do investimento estrangeiro por que precisamos de outro tipo de produtos, de outro tipo de sectores. Algo que custa dizer aos actores no terreno hoje.

Claro que é fácil atacar os actores no terreno. Nunca o faço porque sei que fazem o melhor que sabem e podem. O problema não é por causa deles, mas por causa dos que não estão no terreno. No entanto, deixei de ter ilusões sobre a possibilidade de ter um país mais produtivo só baseado neles.




domingo, junho 30, 2024

Curiosidade do dia

A propósito da doença anglo-saxónica e do eficientismo:

Cuidado com a miopia.

 Recentemente, num semanário li o artigo "Portugal deve captar mais uma linha de montagem automóvel". Nele, o secretário-geral da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), Adão Ferreira, defende que é necessário “atrair um novo construtor automóvel para estabelecimento de uma nova linha de montagem no país”.

"VE - A descida [Moi ici: Nas exportações homólogas de componentes automóveis] poderá ser uma tendência ou há maiores possibilidades de um aumento das exportações?

AF - As empresas enfrentam vários desafios resultantes da transição energética; transição digital; situação geopolítica/guerra comercial; alterações climáticas / desastres naturais; inflação dos custos: matérias-primas, energia, transporte; disrupções nas cadeias de abastecimento. Enfim os empresários têm de gerir a incerteza. A AFIA monitoriza sistematicamente o impacto que estes acontecimentos podem provocar na indústria automóvel, ajustando para cima ou para baixo as previsões.

...

Deveríamos promover a imagem do país no exterior com vista à captação de mais investimento estrangeiro, com particular enfoque na necessidade de atrair um novo construtor automóvel para estabelecimento de uma nova linha de montagem. Aquela teria um elevado impacto de alavancagem para toda a indústria de componentes automóveis.

...

A indústria portuguesa de componentes para automóveis tem preconizado um percurso virtuoso e de excelência, combinando a afirmação da sua competitividade com o esforço de penetração no mercado, ganhando quota de mercado, crescendo mais que a Indústria Europeia, o que teve como consequência a criação de emprego qualificado, o aumento das exportações e um conjunto de externalidades para a economia nacional, das quais destacamos o trade off com o sistema tecnológico e I&D nacional. 

...

Contudo, uma das preocupações da AFIA reside na capacidade das empresas nacionais se manterem capazes de competir com as suas congéneres, continuarem a manter a expressão nos clientes e progredirem no processo de ganhar quota de mercado nos clientes.""


A AFIA defende a atracção de uma nova linha de montagem automóvel para Portugal, visando alavancar toda a indústria de componentes automóveis. É uma posição compreensível. Contudo, para as empresas individualmente, a busca por oportunidades de maior valor acrescentado noutros sectores pode ser uma estratégia mais prudente e lucrativa a médio-longo prazo.

A teoria dos "Flying Geese" sugere que as indústrias de um país devem evoluir e diversificar-se, movendo-se para sectores de maior valor acrescentado à medida que outros países assumem as produções de menor custo. No contexto das exportações de componentes automóveis em Portugal, as empresas devem considerar:
  • Diversificação e margens: Explorar sectores com melhores margens e maior valor acrescentado, protegendo-se contra flutuações específicas do sector automóvel e o risco de deslocalização para países com custos mais baixos.
  • Evolução tecnológica: Desenvolver componentes e sistemas mais complexos para manter a competitividade e aumentar a produtividade.
  • Redução de risco e estabilidade: Diminuir a dependência de um único sector, aproveitando ciclos económicos distintos.
  • Inovação cruzada: Aplicar conhecimentos de um sector num outro, gerando inovações.
  • Novas oportunidades: Explorar sectores como tecnologia limpa, energias renováveis ou aeroespacial, que podem oferecer margens superiores e menos concorrência direta.
O conceito de "Marketing Myopia" de Levitt é particularmente relevante neste contexto. 
"So the critical question for businesses to ask — more now than ever — is not what business you are in today, but what business you should be in tomorrow." 
 As empresas não devem definir-se de forma estreita pelo produto que fabricam, mas sim pela necessidade do cliente que servem. Para as empresas de componentes automóveis, isso implica:
  • Redefinir-se como "fornecedores de soluções de mobilidade" ou "especialistas em engenharia de precisão".
  • Encontrar aplicações das suas competências noutros sectores, como o aeroespacial, as energias renováveis ou a tecnologia médica.
  • Focar na inovação e no desenvolvimento de novas capacidades aplicáveis em diversos sectores.
Esta abordagem não apenas protege contra os riscos associados à dependência excessiva do sector automóvel, mas também posiciona as empresas para um crescimento sustentável a longo prazo.

Assim, à medida que a indústria automóvel evolui, é crucial que os fabricantes de componentes portugueses se expandam para além dos mercados tradicionais. Abracem o desafio de:
  • Explorar novos sectores.
  • Focar em produtos de valor acrescentado.
  • Inovar para outros sectores.
  • Redefinir a identidade do seu negócio, deixarem de ser meros fabricantes para se tornarem fornecedores de soluções, atendendo a necessidades mais vastas de mobilidade e engenharia.

sábado, junho 29, 2024

Curiosidade do dia

 "The seasoned Mr Costa, who exudes the good-time vibes of an uncle who won't rat on teenagers sneaking a bottle of wine at a family function, is known as a capable backroom operator. He has crafted wily party coalitions at home, of the sort that might need to be replicated at the European level. He would also add a touch of diversity in a town that has shockingly little of it: his father was of Goan descent and Mr Costa is an "overseas citizen" of India.

The sole wrinkle on Mr Costa's CV is a tentacular influence-peddling scandal that forced him from the Portuguese premiership. Details of the investigation into Mr Costa and his entourage are scarce, but revolve around infrastructure construction permits that tend to go faster when the right politicians are on board. Wiretaps suggested Mr Costa would at least have been aware of what was going on; his chief of staff was found to be storing €75,800 ($81,100) in cash in his office. Mr Costa is not a formal suspect and denies all charges, but was questioned by prosecutors as recently as May. Given the turtle-speed pace of the Portuguese judiciary, the prospect of charges is unlikely to disappear soon."

Trecho retirado da revista The Economist, "Charlemagne - Can António Costa make a success of the world's hardest political gig?

He's back for one last try

 


Só o maior espectáculo Europeu. Le Tour de France!!!

Vivemos no tempo da pós-verdade

Vivemos um tempo esquisito, o tempo da pós-verdade.

Vou-me abster de usar palavras minhas e vou usar as palavras de Helena Garrido em 2016:

"Não importam os factos, pouco interessa o que é verdade, acredita-se, quase por fé, naquilo que se deseja que seja verdade. É o sentimento que conta, tal como nos mercados. Não é mentira, mas também não é verdade mas é aquilo que queremos que seja a realidade, [Moi ici: Este trecho é particularmente interessante. Por exemplo, quando só nos contam parte da estória] seja porque assim pensam os nossos amigos, a nossa tribo seja o partido ou clube de futebol, ou aqueles a quem damos maior credibilidade que não são – e esta é a grande diferença – especialistas.

Na era dos factos, basta verificar com estatísticas, frases ou relatos para se fazer ou desfazer uma declaração. Nesta nova era é mais importante quem diz, a que “tribo” pertence e especialmente, num mundo de imagem, a forma como se afirma."

Por que recordo isto? Por causas das notícias sobre a semana de 4 dias.

Por que não começam por a aplicar ao SNS? Veriam como resulta. Viram o impacte da redução das 5 horas semanais?

Recordo uma experiência de 2009 sobre a simples redução do horário das 40 para as 35h semanais. 

Por que é que estes estudos não falam da amostra de empresas? Que empresas, em que sectores, o que fazem, o que entregam?

Algumas das empresas que participaram no estudo só aplicaram a semana dos 4 dias a parte dos trabalhadores (presumo que os deltas e epsilones ficaram de fora). BTW, leu algures em algum orgão de comunicação social sobre essa particularidade? 

Imaginem empresas de fabrico de sapatos, ou serviços municipalizados de transporte, ou supermercados, menos tempo de operação dariam origem a:

  • Diminuição de produção, ou horários de funcionamento mais curtos no retalho, gerando perda de vendas e insatisfação dos clientes.
  • Horários de funcionamento mais curtos representam uma utilização mais baixa dos activos, ou seja, custos fixos mais altos para os suportar. 
  • Aumento de custos, para manter os actuais níveis de produção ou de serviço, as empresas terão de contratar pessoal adicional ou pagar mais horas extraordinárias.
  • Desafios de coordenação das mudanças para garantir as operações contínuas, particularmente verdade para os processos de fabrico que funcionam 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Dito isto, claro que há sectores onde a semana de 4 dias pode funcionar. Por favor, não a publicitem desta forma. Pessoas menos informadas, como o senhor que ocupa o cargo de presidente da república, podem achar que pode ser aplicada sem custos adicionais.

Segundo o estudo:

"In Portugal, 75 per cent of companies have made at least one organisational change. The most popular was reducing the number and duration of meetings, and defining and enforcing a set of rules. Ten companies have adopted or deepened their knowledge of some organisational software, and nine have automated or eliminated processes. To improve concentration and deep work, several companies have created 'blocks of work' throughout the day for individual work, teamwork, of for responding to emails. Many of today's business problems are related to multiple communication channels in the firm: emails, meetings, phone calls, WhatsApp, or management software, which overlap, creating frictions in the transmission of information. Some companies have created a communication guide, striving to organise and document information so that any worker can access it asynchronously without having to interrupt or involve colleagues. Other changes include: adjusting the timing of meetings with clients or suppliers, or offering time-management training to workers."

 Tudo coisas muito úteis para os deltas e epsilones. BTW, por que precisaram da experiência para fazer estas alterações? Fazem sentido para qualquer empresa.

sexta-feira, junho 28, 2024

Curiosidade do dia

Isto é tudo acerca do planeta Mongo.

"On election night, when the country tunes in to find out how Rishi Sunak's July 4 gamble has played out, ministers, MPs and pundits coming into the BBC's headquarters will be ushered in past the family show's paraphernalia. The programme's fortunes are a guide to how the institution that will do much to shape those of the parties is changing.
The latest Doctor Who premiere was the BBC's most successful drama that week — with a little over 4mn viewers. For context, when the Conservatives entered office in 2010, the show managed the same thing with 10mn viewers.
The final election debate of 2010, also on the BBC, between Gordon Brown, David Cameron and Nick Clegg, got 8.4mn viewers. The final election debate in 2019, between Boris Johnson and Jeremy Corbyn, scored just 4.4mn.
The audiences for both reflect a deeper truth: that televised set-piece events reach fewer people than ever before. The paradox is that the BBC will matter more, not less — many more voters will see a push notification from the BBC News app, which has 12.6mn users, than will watch the first debate between Rishi Sunak and Keir Starner.
One political consequence of this is a loss of control. The most harmful interview Starmer has given was on LBC, a commercial radio station. The damage was done when footage of the interview travelled widely on Meta's various platforms and on TikTok.
The days in which a political leader could watch the six o'clock and 10 o'clock news, and look at the day's papers, and get a reliable sense of how their campaign or that of their opponent was going have disappeared forever.
...
This new media landscape also means that politicians are always "on".
...
The more important consequence of all this is an inevitable reduction in a shared sense of nationhood and belonging. When Tony Blair won his third and final election victory in 2005, the ITV soap opera Coronation Street got more than 11mn viewers and the majority of people only had access to five television channels.
Whoever wins the next election will do so in a country where Coronation Street, like Doctor Who, pulls in around 4mn viewers and increasingly small numbers of people think in terms of channels - let alone live in a household with access to just five.
The only way to get 14mn viewers these days is for the country to be overcome by a pandemic, for it to win a football tournament or for a monarch to die. There is not much to what passes for our shared national story beyond the royal family, sport, the condition of the roads or the railways, the NHS and the BBC.
So it's not just that the winner of July's election will have to navigate a faster-paced and more complex media environment — it is that they will be governing a country whose tastes and shared points of reference are more fragmented than ever."

Recordo Mais um sintoma de Mongo


Quando a produtividade estagna ou baixa... (parte V)


Na parte III escrevi sobre os investimentos em fábricas de semicondutores na Europa. Entretanto, mão amiga mandou-me um e-mail com o artigo "EU predicts €100B private investment in ICs by 2030".

"This is already a long-term trend. Singapore was the top recipient of inward foreign direct investment flows in south-east Asia between 2013 and 2022, according to the latest data published by the bloc. In 2022, Singapore attracted $141bn on FDI, accounting for more than half of the region's total."

Há dias vinha o choradinho no JdN para uns apoios ao têxtil, depois virá outro para os apoios ao betão, depois para a construção de carros de bois, depois para ...

Claro que as empresas da economia do século XX já estão no terreno, representam votos, choradinho, contactos na comunicação social.

Claro que as empresas do século XXI são os tais mastins dos Baskerville, são as ausentes. 

Só temos o que merecemos.

quinta-feira, junho 27, 2024

Curiosidade do dia

Direitos adquiridos degeneram nisto:

Comoditização de uma experiência

Ontem li "How Starbucks Devalued Its Own Brand":

"Starbucks is in trouble again. In its last quarterly-earnings report, it announced disappointing results, including a 4% drop in same-store sales (11% in China, its second-biggest market). After that announcement, its stock plunged. (It is still well below its 12-month high.) And its founder and three-time CEO Howard Schultz once again fired off a missive on LinkedIn pleading with Starbucks' current leaders to rediscover and embrace the company's core purpose, its reason for existence.

Schultz's open letter, which followed another he issued in February, largely echoes the growing sentiments of many long-time customers: Going to Starbucks isn't what it used to be, and the brand itself isn't what it used to mean. The fundamental problem: Starbucks has been commoditizing itself."

Empresa tem sucesso inicial com uma proposta de valor única. Depois, a doença anglo-saxónica entra em jogo e começa a espiral que a atrai para a eficiência pura e dura e a magia inicial desaparece. Não esquecer o velho banco e a lição dos nabateus.

Como é que a Starbucks se comoditizou:

  • Ao dar prioridade à eficiência operacional e ao aumento do volume de vendas, a Starbucks começou a parecer-se mais com um serviço genérico de café do que com um lugar único e acolhedor. Esta mudança resultou na perda da essência de ser o "third place" (um local além da casa e do trabalho onde as pessoas se podiam reunir e relaxar) que Howard Schultz havia idealizado.
  • A automatização e a padronização dos processos reduziram o elemento humano e a personalização que diferenciavam a Starbucks dos outros estabelecimentos.
  • Ao tentar atender tanto os clientes que buscavam conveniência rápida quanto aqueles que queriam uma experiência mais profunda e envolvente, a Starbucks acabou comprometendo a qualidade da experiência para ambos os grupos. 

Reduziram a qualidade da experiência em loja:
  • As cadeiras confortáveis foram substituídas por cadeiras de madeira dura, incentivando os clientes a saírem rapidamente.
  • Tornou-se difícil para os clientes encontrarem tomadas para carregar os seus dispositivos, reduzindo o tempo que passavam nas lojas. 
  • Pedidos impressos substituíram a escrita manual nos copos, removendo o toque pessoal e as mensagens amigáveis que os baristas costumavam escrever.
Aumentou o foco na conveniência e no volume:
  • O programa de fidelidade passou a focar mais o valor monetário das compras do que a experiência proporcionada.
  • A introdução de drive-throughs e pedidos móveis aumentou as vendas, mas diminuiu a experiência no local, causando uma divisão da atenção dos baristas e criando um ambiente mais impessoal.
Mudança na atmosfera:
  • O aroma característico de café fresco foi substituído por pacotes selados prontos para uso, diminuindo a experiência sensorial.
  • Em certos locais, todas as cadeiras foram removidas para foco nos pedidos móveis, eliminando a possibilidade de socialização e relaxamento no local.
 Tensões internas e condições de trabalho:
  • A Starbucks deixou de aparecer nas listas de melhores lugares para trabalhar, com funcionários vocalizando cada vez mais insatisfações sobre as suas condições de trabalho e a ênfase excessiva em métricas de vendas em detrimento da qualidade da interacção com os clientes.
Como dar a volta à situação?
"Recapturing the authenticity of the brand means doing away with the assembly-line feel of today's Starbucks, letting employees once again be key actors in the experience. The liveliness that comes with baristas shouting orders and the human connections they make are precisely what gave these places a neighborhood coffee shop feel — even if that meant an occasional odd misspelling on your cup or an unwarranted extra pump of syrup. Such "mistakes" made the Starbucks experience authentically human. Re-enriching jobs that have become routinized and empowering employees to stage meaningful experiences might also go a long way in improving their sentiment toward the company."

quarta-feira, junho 26, 2024

Curiosidade do dia

Aqui em 2020 escrevi: 

"Sou um pessimista-optimista. Acredito que enquanto continuarmos assim vamos, como comunidade, enterrar-nos cada vez mais por mais dinheiro que venha da UE para alimentar as elites e o seu património. O meu optimismo vem de pensar no day-after... quando a nossa comunidade estiver preparada. Porque não se pode ter razão antes do tempo, ou alterando o que diz Joaquim Aguiar, os eleitores têm sempre razão, mesmo quando não a têm. Quando a nossa comunidade estiver preparada e retirarmos os pesos, vamos poder fazer o que fez a Toyota ou o que fez a Estónia e a Letónia. Sem espertices saloias, mas com trabalho e com verdade."

Hoje no FT, "Britain's big election will be the one after this":

"Running for US president in 1976, Ronald Reagan opposed the Keynesian consensus and detente with the Soviet Union. That platform was too strident for Republican sensibilities, never mind those of the wider public. In 1980, the same agenda was the plainest common sense. What changed? Not Reagan. It was the nation's appetite for a rupture. America needed to marinate in the status quo for four more years before voters said: "Enough."

Britain, I suggest, isn't there yet. The nation is tired of malaise, but not that tired. The result will be the election of a continuity government, further disappointment and only then an acceptance of uncomfortable change.

...

At that point, in the historic election of 2029, an exasperated nation draws a line. It entertains once-verboten ideas. Things become sayable that now aren't."

Calma, recordar o calvários dos martirizados venezuelanos, isto pode durar muito mais do que se pensa.

Estarei a ser cínico-pessimista?

Taleb diz: "No stability without volatility" 

"São necessários mais estimulos financeiros, sobretudo públicos?
O financiamento é necessário mas não pode ser o único instrumento. Os empresários têm que fazer a sua parte. Ser empresário é assumir o risco e a responsabilidade de investir o seu próprio capital ou capital alheio sobre o qual assume a responsabilidade. E este programa de financiamento que está a ser desenhado faz com que os empresários assumam a responsabilidade por este investimento, não é dinheiro grátis. É dinheiro que exige responsabilidade.[Moi ici: Eu traduzo... dinheiro fácil para fogo de artifício ao estilo da Overcube. Quem pode estar contra o investimento no digital? É o futuro, assegurarão os gurus. Só que se calhar ainda precisam de fazer pequenas experiências para descobrir o modelo de negócio. Aposto que suportados no dinheiro do estado vão actuar ao estilo da Webvan]

E para onde deve ser canalizado esse investimento?
Tem que ser feito em áreas que, sobretudo, permitam beneficiar deste mundo digital em que hoje vivemos. Num mundo digital não há países periféricos. Isso significa que, com mais qualificação, com o arrojo dos nossos empresários que pensam num mundo global, é possível conseguirmos, seja nas áreas dos serviços ou do produto, efetivamente, estar no mundo. Nós, em 50 anos não conseguimos construir uma única marca global e paises da dimensao do nosso tem várias. Está na altura de o conseguirmos. E é importante que consigamos que essa marca global, ou essas marcas globais, possam servir de âncora para todo um ecossistema de outras empresas que possam acompanhar essa marca na sua internacionalização." [Moi ici: Eu traduzo, não tem qualquer pista, mas tem de dizer algo e, por isso, fala de marcas. Oh! Não temos uma marca! Vamos construir uma. Só precisamos de investimento suportado pelo estado]

Trecho retirado do JdN de ontem, em ""Num mundo digital não há países periféricos"". 

Entretanto no WSJ de ontem apanhei, "Bosses Know Al Is Big But That's About All":

"The potential of artificial intelligence isn't just flummoxing technology entrepreneurs. Chances are that your boss is standing at the base of the learning curve, too - right next to you. Rarely has such a transformative, new technology spread and evolved so quickly, even before business leaders have grasped its basics.

No wonder that in a recent survey of 2,000 C-suite executives, 61% said AI would be a "game-changer." Yet nearly the same share said they lacked confidence in their leadership teams' AI skills or knowledge, according to staffing company Adecco and Oxford Economics, which conducted the survey.

The upshot: Many chief executives and other senior managers are talking a visionary game about AI's promise to their staff-while trying to learn exactly what it can do.

...

A spring survey of 10,000 workers and executives by organizational consulting and executive search firm Korn Ferry also cited Al as a reason 71% of CEOs and two thirds of other senior leaders said they had "impostor syndrome" in their positions.

"They're uncertain about the impact, they're grappling with how not to fall behind," says Mark Arian, CEO of Korn Ferry's consulting business. "It's hard not to feel like an impostor.""

A história mostra-nos que injecções de capital público frequentemente resultam em desperdício e fracassos retumbantes onde o dinheiro é queimado em projectos sem solidez. Como aquelas pessoas que compram um bruto carrão, mas depois não têm dinheiro para manter o carro. Aparentemente, esse padrão repetir-se-á quando se fala em fomentar a criação de marcas globais a partir de uma visão superficial e sem uma estratégia clara, apenas com o suporte financeiro estatal. 

Não estou a falar de crime, estou a falar de dinheiro fácil.

terça-feira, junho 25, 2024

Curiosidade do dia

Tom Holland diz que a chegada do cristianismo a uma cidade é marcada, nos estratos arqueológicos, pelo fim das valas comuns para recém-nascidos, o fim do infanticídio como prática corrente.

Eis um retrato do pós-cristianismo no Ocidente: "Canadian Paralympian says she was offered medically assisted death after asking for wheelchair ramp".

Demasiado rebuscado? 

Esperem pela demora, "No One Left by Paul Morland - why demography is still destiny":

"In 1950 in Italy there were "about 17 under-tens for every one person aged over 80," he writes. Now it is more like one for one. In Thailand in 1950 there were "more than 70 under-tens for every one person over 80 ... Within a generation the over-eighties will outnumber the under-tens." At current rates Japan and China will have lost more than 40 per cent of their populations by the end of the century.

When the NHS was founded in 1948 there were 200-300,000 people in the UK aged 80 and over, a cohort that typically needs six to seven times more healthcare than people in their prime. Now there are more than 1.5m. "This is not just social change," he argues, but a "complete social transformation."

BTW, interessante trecho para situar este país socialista:

"In richer countries the consequences of low birth rates have been obscured by immigration. In poorer ones they have been accentuated by emigration."

Quando a produtividade estagna ou baixa... (parte IV)

Parte I, parte II e parte III.

Por que é que isto acontece ""Políticas europeias têm ficado para trás no apoio à indústria", diz. Mário Jorge Machado, o português que vai liderar o setor têxtil europeu"? 

Porque ninguém tem coragem de dizer:

"Alguém diz ao filho com 5 anos?

- A actuação do vosso ano na Festa de Natal do jardim-escola foi uma valente porcaria!"

Por exemplo, neste outro texto "ATP apoia Manifesto da EURATEX" é interessante que a palavra "produtividade" não seja  mencionada nem uma vez. Já a palavra "competitividade" é referida 4 vezes. 

Já sabem qual o resultado de competitividade sem produtividade?

Pois...

Com falinhas mansas e impostos altos não vamos lá.



segunda-feira, junho 24, 2024

Curiosidade do dia

Na capa do WSJ de hoje:

"You could double your money in five minutes by buying a Birkin handbag at your local Hermès boutique and then flipping it. But getting your hands on the world's most sought-after purse is complicated.

A basic black leather Birkin 25 costs $11,400 before tax at the Hermès store.

Buyers can walk out and give it to a reseller like Privé Porter in exchange for $23,000 in cash.

Privé Porter will then sell the BirKin for up to $32,000. Analysts estimate the bag costs Hermès around $1,000 to make."

Quando a produtividade estagna ou baixa... (parte III)

Parte I e parte II.

Começo a parte II com a pergunta:

O que acontece numa sociedade em que a produtividade baixa ou estagna mas é preciso aumentar salários para seduzir trabalhadores?

Primeiro, recordo o impacte da instalação de uma fábrica de chips da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company numa região longe das grandes metrópoles, na ilha de Kikuyo nos arrabaldes da prefeitura de Kumamoto no Japão em "A dolorosa transição ao vivo e a cores".

No nosso país de baixos salários, preferia perder com os checos no futebol e ganhar neste campeonato, "US chipmaker onsemi will invest $2 billion in a chip production facility in the Czech Republic". Contudo, reconheço que a tribo do pão e circo é bem mais numerosa.

Há um ano:

Acrescentar STMicroelectronics, Infineon, Wolfspeed Inc e Silicon Box.

Imaginam a contribuição destes investimentos e dos spillovers que geram na produtividade agregada destas sociedades?

Outra vez, lembram-se da alegria do jornal porque uma fábrica de meias trocou a Lituânia por Portugal ... minha Nossa Senhora. Percebem porque é um sinal triste?

Agora, por que é que estas empresas viriam para Portugal?