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segunda-feira, novembro 18, 2024

"O que existe é falta mão-de-obra barata"

Primeiro: 

Segundo:

Terceiro:

Sublinho "They don’t want wages to rise."

Ou seja: Não existe falta de mão-de-obra. O que existe é falta mão-de-obra barata. Não percebo como a esquerda não percebe isto.

"To get an idea of expert opinion on this topic, consider the 1990 testimony of Dr. Michael S. Teitelbaum, later to become Vice-Chairman of the U.S. Commission on Immigration Reform and considered by many, the foremost expert on the migration of the highly skilled:

"...the very phrase itself, "labor shortage" provokes puzzlement or amazement among most informed analysts of U.S. labor markets. "

"[To attract] workers, the employer may have to increase his wage offer. ... So when you hear an employer saying he needs immigrants to fill a "labor shortage", remember what you are hearing: a cry for a labor subsidy to allow the employer to avoid the normal functioning of the labor market." (fonte)

-1990 Congressional Testimony of Dr. Michael S. Teitelbaum"

Recordo:

quarta-feira, outubro 09, 2024

Unreasonable hospitality - parte VI


Li os trechos que se seguem no livro "Unreasonable hospitality: the remarkable power of giving people more than they expect" de Will Guidara:

 ""It Might Not Work" Is a Terrible Reason Not to Try

I'm not going to lie: it's much easier to not share ownership—at least to start. (This is the "It's quicker to do it myself" problem.) But refusing to delegate because it might take too long to train someone will only get in the way of your own growth. [Moi ici: Quando numa organização o líder pensa "se for eu a fazer, será mais rápido e melhor", mesmo que seja verdade, o que nem sempre é, isso cria um gargalo, o líder torna-se um ponto de estrangulamento. Delegar permite que a empresa cresça, pois liberta o gestor para focar-se em decisões estratégicas e no desenvolvimento do negócio]

...

And while it does take more time to fix someone else's mistake than to do it yourself in the first place, these are short-term investments of time with long-term gains. [Moi ici: Delegar é um investimento de tempo que trará ganhos futuros - uma equipa mais competente e preparada, capaz de assumir responsabilidades e contribuir directamente para o sucesso da empresa]

...

Often, the perfect moment to give someone more responsibility is before they're ready. Take a chance, and that person will almost always work extra hard to prove you right." [Moi ici: A delegação não precisa de esperar que alguém esteja completamente preparado. A confiança depositada num colaborador muitas vezes resulta num esforço extra para justificar essa aposta. Para os dirigentes das PME, isso implica que devem dar espaço para o crescimento da equipa, confiando nos colaboradores antes de eles estarem "perfeitos", o que fortalece a lealdade e desenvolve novas competências]

Recordo com alguma dor esta cena:

"Então com empresas familiares é muitas vezes doloroso ... A única pessoa que pode dedicar tempo a isto está a conduzir um empilhador para arrumar paletes, ou está a substituir um operário especializado que está de baixa... e quem pensa no futuro da empresa? Quem encara de frente o monstro da erosão competitiva?" 

Quandos os pais não preparam os filhos para a sucessão e fazem deles uns eternos "Grover McStraggle" é uma tragédia à espera de acontecer:

Basta a lei da vida abrir a porta do armário com a morte ou incapacitação dos pais.

Como dirigente de pessoas, delegar, vencer o medo de delegar, foi das coisas que me fizeram sentir mais recompensado.

Parte VParte IVParte IIIParte II e Parte I.

domingo, agosto 25, 2024

Imigrantes: efeitos positivos e negativos

Esta foto foi publicada no Twitter com o seguinte texto a acompanhá-la:
"Multiplicai isto por praticamente todos os setores da economia portuguesa, qual é a vossa solução racistas e xenófobos do c*?"

Ou seja, quem considerar que isto é pernicioso para a economia tem logo garantido um rótulo.

Quando um sector económico mantém os custos laborais baixos ao empregar imigrantes, podem ocorrer vários efeitos positivos e vários efeitos negativos. Vamos a eles:

Efeitos positivos

Maior competitividade: A redução dos custos laborais pode tornar o sector mais competitivo, tanto a nível nacional como internacional, ao permitir que as empresas ofereçam preços mais baixos ou margens de lucro mais elevadas. Este é o tema do Uganda. No entanto, como os trabalhadores são estrangeiros e estão dispostos a dormir num apartamento com outros 19, não há manifestações.

Crescimento económico: O sector pode crescer mais rapidamente devido à redução de custos, levando ao aumento da produção, à expansão e, possivelmente, à criação de empregos adicionais.

Estabilidade de preços: Os consumidores poderão beneficiar de preços estáveis ​​ou mais baixos para os bens e serviços produzidos pelo sector, devido à redução dos custos de produção.

Flexibilidade na oferta de mão-de-obra: Os trabalhadores imigrantes podem fornecer a oferta de mão-de-obra necessária, especialmente nos sectores onde os trabalhadores locais não estão dispostos a trabalhar por um baixo salário, garantindo que o sector se mantém operacional e produtivo. BTW, aposto que isto, com o tempo, gera um crowding-out dos trabalhadores locais porque o custo de vida continua a subir, mas os empregadores não têm pressão para aumentar os salários.

Agora vamos aos negativos:

Efeitos negativos

Supressão salarial: A dependência da mão-de-obra imigrante de baixo custo pode suprimir os salários não só dos imigrantes, mas também dos trabalhadores locais, conduzindo potencialmente à desigualdade de rendimentos e à tensão social.

Dependência do trabalho imigrante: O sector pode tornar-se excessivamente dependente dos trabalhadores imigrantes, tornando-o vulnerável a alterações na política de imigração ou nas condições económicas que possam perturbar a oferta de trabalho.

Lacuna de competências: Se o sector depender demasiado de mão-de-obra de baixo custo, poderá haver menos incentivo para investir na automatização, na inovação ou na melhoria das competências da mão-de-obra, limitando potencialmente os ganhos de produtividade a longo prazo.

Tensões sociais e culturais: Um grande afluxo de trabalhadores imigrantes pode, por vezes, levar a tensões sociais e culturais nas comunidades locais, especialmente se a integração não for bem gerida.

Pessoalmente, como considero o desafio do aumento da produtividade fundamental para o futuro do país preocupam-me estas "bofetadas" que reduzem a pressão evolutiva para subir na escala de valor:
Sou do tempo em que a esquerda queria uma sociedade com salários altos e que quem não os pudesse pagar deviar fechar... Se Belmiro fosse vivo seria um grande defensor da mão de obra das paletes de imigrantes.

BTW, assim como os poluidores têm de pagar também os empregadores deveriam internalizar certos custos.



quarta-feira, agosto 21, 2024

Curiosidade do dia

Despedir trabalhadores antigos para contratar trabalhadores mais baratos oriundos das paletes de imigrantes?


 Gráfico retirado daqui.

sábado, julho 06, 2024

Sem transição, sem dor, ... não vamos longe

Há anos que defendo aqui no blogue: Deixem as empresas morrer!!!

Há anos que alerto aqui no blogue para a importância da transição, ainda que seja dolorosa no curto-médio prazo para renovar o tecido empresarial em direcção a empresas com produtividade mais elevada.

Há anos que escrevo porque é que os empresários pedem paletes de mão de obra estrangeira. A mão de obra estrangeira vem funcionar como uma botija de oxigénio para empresas que já não fazem sentido para o nível de vida do país. O país fica como um museu conservador, empresarialmente reaccionário.

Mão amiga mandou-me este artigo sobre os cortes de postos de trabalho na Alemanha, "Diese Industrieunternehmen bauen Stellen ab"
  • Corte de 12000 empregos no fornecedor da indústria automóvel ZF
  • A divisão automóvel da Bosch vai cortar cerca de 1200 empregos 
  • Cortes de empregos nas empresas Bosch, Miele, Continental, Forvia, Thyssenkrupp Steel, Michelin e Meyer Burger e em alguns casos encerramentos de unidades (por exemplo a Michelin encerra duas unidades na Alemanha e a Continental outras duas)
A mesma mão amiga tinha-me enviado à tempos este outro artigo "Even key German sectors are losing ground to China".

Ao mesmo tempo, recordo um postal que nos referia os investimentos que estão a fazer a transição na Alemanha

Entretanto, ontem o FT publicava outro sinal da mudança em curso, "German business breaks postwar taboo to supply defence industry":
"A growing number of German businesses are moving into military equipment and services as they break a widespread taboo to supply the arms industry in the wake of Russia's invasion of Ukraine.
Engine maker Deutz last week saw its shares jump more than 20 per cent after it said it was looking to build tank engines alongside its civilian operations. The engineering group is among those Mittelstand manufacturing and engineering companies reconsidering or ending their ban on defence contracts.
...
Continental, one of the world's leading automotive suppliers with 200,000 employees which has announced large job cuts, recently launched a scheme to transfer hundreds of its employees to German defence contractor Rheinmetall.
Peter Sebastian Krause, an executive at Rheinmetall, said at the time that the Continental employees would bring "highly valuable" skills to the company."
Entretanto, por cá estamos concentrados em salvar o passado, ou os sectores de baixo valor acrescentado, com carne para canhão. 

 




domingo, junho 23, 2024

Quando a produtividade estagna ou baixa... (parte lI)

Termino a Parte I com esta pergunta:

"O que acontece numa sociedade em que a produtividade baixa ou estagna mas o custo de vida sobe?"

Acrescento mais uma questão:

  • O que acontece numa sociedade em que a produtividade baixa ou estagna mas é preciso aumentar salários para seduzir trabalhadores?
E por que é preciso seduzir trabalhadores?
  • Por que há outros a pagar mais (no caso da emigração, ou no caso do "roubo" por outros sectores de actividade com maior produtividade, ou por imposição legal via SMN)
Na semana passada descobri o "Efeito de Baumol" também conhecido como "Doença de Baumol" ou "Doença dos Custos de Baumol", um fenómeno económico identificado pelo economista William Baumol. Este efeito descreve uma situação em que os salários aumentam em sectores que não experimentaram aumentos na produtividade, em resposta a aumentos salariais noutros sectores que tiveram ganhos de produtividade. Aqui está uma descrição mais detalhada:

1. Premissa básica:
- Numa economia, alguns sectores experimentam aumentos de produtividade mais rápidos que outros.

2. Mecanismo:
- Sectores com alta produtividade podem aumentar salários devido aos ganhos.
- Para reter trabalhadores, sectores com baixa produtividade também precisam aumentar salários, mesmo sem ganhos correspondentes de produtividade.

3. Consequências:
- Os custos nos sectores de baixa produtividade aumentam mais rapidamente que a inflação geral.
- Isso pode levar a aumentos de preços nesses sectores. Se esses sectores pertencem à economia não transaccionável, os preços sobem. Por isso, os barbeiros em Londres cobram muito mais do que em Gaia pelo mesmo serviço. No entanto, se esses sectores pertencem à economia transaccionável ... a subida de preços está fortemente limitada pea concorrência:
  • Nas economias da OCDE o que costumava acontecer era o fenómeno da deslocalização. Incapazes de competir pelos trabalhadores as empresas fechavam ou deslocalizavam-se. Por isso, as empresas têxteis alemãs e francesas vieram para Portugal. Por isso, ainda hoje, as empresas têxteis saem da Lituânia para Portugal.

Apesar das empresas nos sectores transaccionáveis não poderem aumentar os salários livremente, por causa da concorrência internacional, o custo de vida sobe, os governos querem impostar mais e, por isso, as empresas começam a ver os trabalhadores a emigrarem para outras paragens onde facilmente ganham muito mais do que nos seus países de origem.

Então entra o fenómeno das paletes de trabalhadores pouco qualificados para fazerem o trabalho ao preço mais baixo possível no país. Recordo um artigo do Público, talvez de 2018, sobre os problemas gerados pela imigração no concelho de Odemira sobre o SNS (BTW, acho interessante nunca ninguém falar destas externalidades e de quem as paga).

Numa economia em que a produtividade estagna ou baixa as empresas não geram capital para pagar os custos crescentes como as rendas. Quando os governos começam a apoiar as empresas para que aumentem a produtividade, muitas vezes o dinheiro é usado para compensar custos em vez de subir na escala do valor.

Estamos, como país, nesta situação.

quinta-feira, junho 06, 2024

Curiosidade do dia

Quem segue este blogue sabe que costumo usar a metáfora:

"Alguém diz ao filho com 5 anos?

- A actuação do vosso ano na Festa de Natal do jardim-escola foi uma valente porcaria!"

Por mais horrível que seja, com um sorriso franco ou amarelo, os pais afirmam o contrário.

Ainda há dias registei aqui alguém que apesar dos maus frutos defendia que a árvore era boa. Pobre Mateus

No JdN de hoje em "Marcelo Rebelo de Sousa e o salto estrutural da economia portuguesa" encontro alguém que diz ao filho com 5 anos:

"Em menos de 15 anos, o tecido empresarial português mudou e criou *estruturalmente uma nova economia, sobretudo com os passos dados na internacionalização, na diversificação interna e externa, na digitalização, transição energética e sustentabilidade, inovação, investigação", 

...

"As empresas contaram com o apoio de fundos europeus e dos poderes públicos, mas o facto é que souberam reagir, reconstituir-see repensar-se, e, com isso, deram um salto estrutural", reforçou Marcelo Rebelo de Sousa.

...

sobretudo, a abertura para a realidade que é a mudança constante e cuja resposta passa pela investigação e a inovação permitindo a competitividade""

Um salto estrutural:

  • país que vai-se tornando a Sildávia do Ocidente 
  • país que vai encostando o SMN ao salário médio
  • país que importa paletes de mão de obra barata e exporta gente qualificada
  • país que vê a sua produtividade baixar relativamente à média europeia
  • país que vai-se especializando naquele quadrante da baixa produtividade mas competitivo.




sexta-feira, maio 17, 2024

Não são elas que precisam de Portugal, Portugal é que precisa delas (parte IV)

Parte I, parte II e parte III.

No ano passado apresentei aqui a minha tese para explicar a evolução negativa da produtividade industrial norte-americana. Tese que voltei a referir recentemente em Bons empregos...

Entretanto, esta semana via Twitter fui encaminhado para America's Manufacturing Productivity Problem.

Olhando para os gráficos pode-se concluir que a causa com maior impacte na tendência negativa da produtividade na indústria norte-americana é/foi a deslocalização das indústrias de alta tecnologia. Esta tendência teve um efeito profundo porque os sectores de crescimento elevado da produtividade, como a electrónica, eram um impulsionador significativo da produtividade industrial global. O declínio deste sector por si só explica cerca de 40% do declínio da produtividade industrial durante a década de 2010. A transferência destas indústrias para o estrangeiro não só reduziu a participação da indústria de alta tecnologia nos EUA, como também levou a uma mudança mais ampla para sectores de menor tecnologia e menor produtividade dentro da base industrial norte-americana.

Em a Receita irlandesa e no recente Think again! ilustro como o salto da produtividade irlandesa foi feito à custa do contrário do que aconteceu na indústria norte-americana, em vez de "deslocalização das indústrias de alta tecnologia" tivemos uma "localização das indústrias de alta tecnologia". Daí o título desta série que muitos ainda não perceberam, precisamos de atrair e manter os mastins dos Baskerville.

BTW, desde 2008(?) que olho com curiosidade para a distribuição da produtividade intrasectorialmente. Por isso, no mesmo site referido acima, sobre a produtividade norte-americana, é interessante perceber que a tendência de aumento da dispersão da produtividade, ou seja, a diferença entre os fabricantes mais e menos produtivos, aumentou. Isto é particularmente evidente nos sectores de alto crescimento da produtividade, como a electrónica, onde algumas empresas permanecem altamente produtivas, enquanto a maioria fica para trás devido à difusão mais lenta da inovação e ao crescimento reduzido da I&D. Em países como Portugal acrescentaria também como motivo as paletes e as bofetadas.

quarta-feira, maio 15, 2024

Curiosidade do dia

"'The Profiteers: How Business Privatizes Profits and Socializes Costs', by Christopher Marquis

"Most economics students will be familiar with the concept of externalities: "the negative side effects of a company's operations and practices, that are not factored into their profit and loss statements", in the telling of Judge Business School professor Christopher Marquis. In this engaging read, he brings to life the real-world manifestations of this rather dry term, showing how the public and environment pay the hidden costs of business while irresponsible corporations reap the rewards.

Examples range from industrial carbon emissions that cause climate change, flooding and failed harvests; to discriminatory practices that hold back the marginalised; to vast imbalances in income and returns that entrench inequality. Marquis reserves special ire for greenwashing companies that pretend responsibility while wreaking havoc on the planet and doing little to clean it up.

At root, he argues, is a shareholder capitalism in which corporations "only engage in activities that increase profits" and limit responsibility for any damage that causes. Yet despite his systemic diagnosis, the book is not despairing. It details many encouraging examples of change, and does not limit itself to radical projects. Marquis argues large investment portfolios, for example, are well positioned to take externalities into account because some companies in them will inevitably be hit by risks created by others' gains."

Recordo logo as paletes

quinta-feira, maio 09, 2024

Bons empregos...

Em Junho passado o anónimo da província teve a lata de publicar uma explicação para o declínio da produtividade americana a par do aumento da produção industrial - A evolução da produtividade (parte II).

Já em Abril deste ano em Niguém faz contas remato o postal com:

"A indústria do século XX não tem produtividade suficiente para suportar os salários do século XXI"

Entretanto, ontem no JdN, li "A renascença da indústria transformadora americana vai criar poucos bons empregos":

"Há vários motivos pelos quais a indústria transformadora se voltou a tornar o foco da política económica. Para começar, o setor tem um papel desproporcional a liderar a inovação e a produtividade na economia, e a pandemia evidenciou os riscos das cadeias de abastecimento estrangeiras e distantes."

A sério que me faz tanta, mas tanta espécie estes exemplos de "leis económicas" que desafiam o tempo e permanecem imutáveis na mente das pessoas. A economia é um "bicho" evolutivo. Por isso, o que é verdade hoje amanhã é mentira. Recordo Era importante que olhassem para os números primeiro (parte I).

O autor do artigo no JdN está focado, e bem, em bons empregos e já concluiu que dificilmente a indústria transformadora os criará em grande número. Claro que sempre existirão alguns bons empregos na indústria, mas o grosso dessa criação estará sempre nos serviços. Bons empregos são suportados por elevadas produtividades.

Ainda ontem no seu programa matinal Camilo Lourenço dizia que o acordo de concertação social tinha de ser revisto para ligar produtividade a aumentos salariais. Lamento, Camilo Lourenço está a combater a última guerra. Sem aumentos salariais os empregos são abandonados, trocados por outros que paguem melhor, cá ou no estrangeiro. Daí o "por que se pedem paletes de mão de obra imigrante?"

Aumentar o salário mínimo sem o correspondente aumento de produtividade remove empresas do mercado, incapazes de pagar o aumento, permite que outras se mantenham com tácticas manhosas ainda que legais (procurar o tema das bofetadas em Falta a parte dolorosa da transição e os ex-comunistas italianos que votam no Chega lá do sítio).

Esta remoção de empresas é aquilo a que chamo de transição, mais ou menos dolorosa. O problema é que nos faltam os mastins que apareceram na Irlanda... recordo de há uma semana: Think again!

terça-feira, março 26, 2024

Por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata? (parte IV)

 Completamente alinhado com a parte III, nomeadamente:

"Podem querer o que quiserem, mas a opção que tomarem tem custos."

Desta vez é Ricardo Reis no caderno de Economia do semanário Expresso do passado Sábado:

"É verdade que os portugueses não querem alguns dos empregos que os imigrantes têm em Portugal. Mas, não os querem, em parte, porque eles têm más condições. Em muitas ocupações, incluindo na agricultura, há máquinas e robôs que podiam fazer o trabalho mais árduo, deixando os humanos para as tarefas mais agradáveis. Sem imigrantes, ficava mais caro, e seríamos menos competitivos no caso das exportações, mas produziríamos à mesma. Os imigrantes permitem produzir mais barato, mas teríamos estufas e abacates na mesma sem eles. [Moi ici: Sem imigrantes, em vez de prolongar produções pouco produtivas, as empresas para sobreviverem teriam de evoluir para produções de maior valor acrescentado. A velha lição do canadiano. Assim, seguem-se estratégias cancerosas assentes em competitividade empobrecedora]"

sábado, março 09, 2024

Por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata? (parte III)

Há dias li no WSJ este longo artigo, "Rich Countries Are Becoming Addicted to Cheap Labor".

Entretanto, ontem li "The Cheap Labor Addiction?". Interessante, quer o texto do artigo, quer a troca de comentários. Julgo que se trata do tema que tenho abordado aqui no blogue acerca dos "Flying Geese" e também do tema desta semana sobre o papel dos empresários e da produtividade do país.

Por exemplo, acerca deste trecho no jornal:

"In Canada, economists say the government has cast aside a carefully managed immigration system that gave priority to highly skilled workers, and ramped up significantly the intake of foreign students and other low-skilled temporary workers. By flooding the market with cheap labor, Ottawa may be propping up uncompetitive businesses and ultimately damaging productivity (1), according to a December report co-written by former Canadian central-bank governor David Dodge."

Leio:

"Notice the strange use of the word "uncompetitive." If those businesses are able to do well and maybe even thrive, how are they uncompetitive? (2) In fact, they are quite competitive.

And how would hiring more workers reduce productivity? (3) Are the employers stupid? Do they want to pay people who not only don't produce but also reduce production?

Of course not. It's clear what Dodge means. He means that hiring low-skilled workers could easily reduce average productivity.

Indeed, the very next paragraph of the news story makes my point:

Economic output per capita is lower than it was in 2018 following years of record immigration (4), notes Mikal Skuterud, an economist at Waterloo University in Ontario. Canada has been bringing in so many low-skilled workers that it lowers the country's productivity overall (5), he says.

Skuterud is pointing to average productivity even though he blows it at the end by equating that to the "country's productivity overall.""

 (1) e (2) - Já abordamos este tema aqui, misturar e fundir produtividade e competitividade dá asneira. Daí esta imagem que uso há anos:

É possível ser muito competitivo e empobrecer porque se é pouco produtivo e, por isso, apesar da subida do custo de vida os salários não são capazes de acompanhar porque a organização não liberta margem suficiente. 

Recordo:

(3) - Produtividade de empresas versus produtividade agregada de um país. Recordo Salário mínimo, produtividade, motivação/malandragem e desemprego (parte II)

(4) e (5) - Recordo Falta a parte dolorosa da transição

Podem querer o que quiserem, mas a opção que tomarem tem custos.

quarta-feira, dezembro 20, 2023

Imigração, zona de conforto e subida na escala de valor

A propósito da capa do jornal Público de Segunda-feira passada:

Camilo Lourenço no seu podcast diário de Segunda-feira louvou os imigrantes por fazerem o que os portugueses já não querem fazer. Sublinhou mesmo a sua importância para o turismo nacional.

O mesmo Camilo Lourenço no seu podcast de Terça-feira apresentou uns números sobre o turismo e o seu impacte na economia nacional. Elogiou esses números, mas chamou a atenção para a necessidade do turismo subir na escala de valor.

Recordo de Julho passado:

""Salários baixos, horas de trabalho sem fim"

Imigrantes no turismo triturados pelo motor que alimentam

Uns trabalham pelos salários mais baixos da economia nacional, outros passeiam e contribuem para que o turismo continue a ser o motor da economia. Os primeiros são imigrantes, partilham casa com dezenas de pessoas e tentam sobreviver com pouco. Os segundos são turistas, ficam alguns dias e gabam o sol, a comida e os preços baixos. Dos 300 mil trabalhadores do turismo não se sabe quantos são estrangeiros. Mas é certo que o número está a aumentar. À Renascença, Nuno Fazenda, secretário de Estado do Turismo, defende que é necessário aumentar salários no setor. Já em 2023, tivemos o melhor quadrimestre de sempre na área do turismo", conta. Mas a que custo?"

Por que é que um empresário sairá da sua zona de conforto para avançar numa aposta arriscada de subida na escala de valor? Tenho de mandar o vídeo deste postal, Again, por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata?, a Camilo Lourenço. A garantia da disponibilidade de mão de obra barata diminui a necessidade de subir na escala de valor. Os empresários são humanos, os humanos são satisficers, não maximizers. Recordar Estranho, não? e as raposas levadas para a Austrália É assim tão difícil perceber este fenómeno? (parte II).


quarta-feira, dezembro 06, 2023

Again, por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata?

Ao longo dos anos tenho escrito aqui no blogue sobre a relação imigração e salários dos trabalhadores menos escolarizados. Por exemplo:

Ouvir Eric Weinstein a partir do minuto 3.


Por que será que a imigração está descontrolada?

quinta-feira, maio 11, 2023

Momento, preço, valor, modelo de negócio e futuro

O que se segue é-me doloroso. Amanhã escreverei sobre emigração qualificada, marketing gerador de cinismo e sucesso de uns inocentes como sinal de fracasso da comunidade.

"With the economy at a turning point, companies should be thinking more critically about growth—concentrating on growing better rather than simply getting bigger. [Moi ici: Como bebi por volta de 2007 em "Manage for profit, not for market share" e depois demorei a refinar com Marn e Rosiello para seguir a máxima "Volume is Vanity, Profit is Sanity" desde 2006]

...

As inflation and costs have risen, it has become harder for most businesses to grow.

Yet that is exactly what makes this the right moment to think critically about growth

...

If you want to find growth in a world where costs are rising, the key is to understand what customers really value today and what they will value in the future.” [Moi ici: Que tempo, que espaço, que paz de espírito é guardada para esta reflexão profunda e de longo prazo? Então com empresas familiares é muitas vezes doloroso ... A única pessoa que pode dedicar tempo a isto está a conduzir um empilhador para arrumar paletes, ou está a substituir um operário especializado que está de baixa... e quem pensa no futuro da empresa? Quem encara de frente o monstro da erosão competitiva?]

...

Understanding how to identify and unlock better growth is the key to sustainable success in business.

...

If value is key, we need to ask what value really means.

...

you can’t even begin to form your growth strategy until you stand in the customer’s shoes and understand how people make trade-offs between price and something much more subtle which is perceived value.” [Moi ici: Claro que isto implica escolher, conhecer quem são os clientes-alvo. Claro que isto implica pôr o output nos bastidores e dar primazia aos outcomes ou inputs e isso é areia demais para muita camioneta]

Some companies tend to confuse value with price, although they are very different concepts. The problem is that price is easy to state, but value is harder to calculate. 

...

“Firms need to understand that pricing should be a strategy, not a tactic,”  [Moi ici: Citação poderosa. Muitas vezes, demasiadas vezes usamos o preço como táctica, como resposta ao próximo desafio imediato e não como estratégia. Ainda recentemente vi este trecho como exemplo do preço como estratégia]

...

You need to think about what information you are trying to convey with price, because price not only captures value for the consumer, it can also create value for the firm.” [Moi ici: "also create value for the firm" nem comento. Não posso comentar... demasiados casos de destruição de valor, de desperdício de recursos, de irresponsabilidade infantil]

...

Many things influence value—including brand, quality and not just what is offered to the customer, but how it is offered and when. [Moi ici: Também relacionado com o o tema da primazia dos outcomes sobre os inputs, porque o foco deixa de ser o produto acabado e passa a ser a situação do cliente-alvo, o seu contexto, os seus objectivos]

...

Growth for growth’s sake is a recipe for staff burnout and overall corporate exhaustion: sustainable growth should be about creating opportunities for everyone.

Knowing how to explain value to your customers and understanding how your customer data can tell you exactly what value people are prepared to pay for and what to forego is the essence of a balanced strategy for sustainable growth

...

The trade-offs that underlie growth strategy go to the heart of a company, shaping the kind of business it wants to be. “Better growth is about finding a growth model that treats volumes and margins in a way that keeps stakeholder interests in balance and reduces the pressure in the business,” 

...

“What we find with companies that adopt a pure volume mindset and market-share mindset is that they often fail to see the real implications for growth,” adds Dr. von der Gathen. “It is what we call getting ‘too hungry to eat.’ Sales are growing, but the company doesn’t have enough inherent revenue stability or profitability, and eventually their business model runs out of juice.” [Moi ici: Que sina!!!]

Creating better growth opportunities

Better growth, therefore, is about building business models with long-term, sustainable revenues and the headroom for innovation. It is about going beyond the math of market share and sales volumes, and finding a growth model designed to nurture the business as a real value-provider."

Entretidos e amparados pelas esmolas dos apoios comunitários, as dores de parto necessárias para a ascensão a um novo nível do jogo não passam de picos de urtigas mansas. 

Trechos retirados de "How businesses can unlock better growth


sexta-feira, abril 14, 2023

Diferentes forças em jogo

Na primeira página do WSJ do passado dia 12 de Abril pode ler-se:
"The idea came to Johnny Taylor Jr. early last year, after one of his employees made a case that her technology position could be done anywhere. She wanted to leave Virginia, where she held job at the Society for Human Resource Management, a professional association based in Alexandria. She asked to work remotely in North Carolina.
"Then a lightbulb went off," said Mr. Taylor, the association's chief executive.
Instead of having the employee work in another state, he outsourced her job to India, where his organization is saving around 40% in labor costs, he said.
Welcome to the next wave of remote work. During the pandemic millions of people in the U.S. worked from home and many decamped to cities such as Boise, Austin and Phoenix. Companies learned that employees could be productive from afar because of remote-working tech like Zoom and Dropbox.
Those moves were usually at the behest of workers who wanted a change of environment, sought more living space or somewhere cheaper. Companies agreed to these arrangements largely to retain employees in a competitive labor market.
Now companies are responding to lingering labor shortages and rising wages by sending jobs overseas, according to labor consultants.
...
The exodus of office jobs overseas is still a trickle. But it is accelerating and some economists see it as the beginning of a new era. About 10% to 20% of U.S. service support jobs such as software developers, human-resources professionals and payroll administrators could move overseas in the next decade, according to Nicholas Bloom, an economist at Stanford University."

Entretanto, ontem  durante a minha caminhada matinal li:

Entretanto, nos últimos dias publicámos aqui:
Diferentes forças em jogo e a provocar mudanças ao nível do mercado do trabalho, das empresas e dos trabalhadores. Como é que isto vai influenciar o futuro da sua empresa? 

sábado, abril 01, 2023

Por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata? (Parte II)

Recordo daqui:

"Escrevi aqui algures que um dia seríamos (os nossos descendentes) todos tratados como Figos." 

Continuando Por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata? 

"When tight labor markets last, the adaptations that employers make to reel new workers in and hold on to the ones they have work to the employees' advantage. Wages, benefits, working conditions, investments in training, and options for upward mobility increase and the doors to opportunity open a bit wider than usual. These are not charity acts and while they grow when public benefits like unemployment insurance enable workers to look a bit longer for a better opportunity, they emerge without those buffers just because demand for workers has outstripped the supply. Firms have no choice: they cannot attract labor if they don't offer competitive conditions. Once in place, those benefits are hardthough not impossible-to shake.

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Employers and intermediary organizations make use of similar strategies in cultivating workers on the margins for opportunities that are going begging in tight labor markets. But for small employers, the training functions, the monitoring required to keep people "in line," and the cultivation of opportunities for upward mobility can be too arduous. This is why these small businesses find intermediaries so important when sourcing unfamiliar workers. Larger employers appreciate the chance to outsource training in soft skills among the hard-to-employ.

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Arguably, the most interesting feature of intermediary work is the ability to pressure employers to boost job quality. Intermediaries can—and do—make more effort to find good workers for employers who are raising wages and providing benefits. They sideline hiring managers who are fishing to fill low-quality jobs. This is a form of collective bargaining, one that worker-focused intermediary organizations are excited to engage because they can deliver greater economic opportunity to their trainees.

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people with damaged biographies whether from long periods of unemployment or drug addiction--face steep odds against finding good jobs. But in tight labor markets, they are more likely to find work of some kind, because the demand is there and the supply is not, or at least not in as plentiful quantities as employers need. 

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The same forces that drive tight labor markets—principally economic growth—also spur an ever-escalating cost of living."

Trechos retirados de "Moving the Needle" de Katherine S. Newman.

sábado, março 25, 2023

Por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata?

Volta e meia oiço, ou leio, líderes associativos a pedirem paletes de mão de obra estrangeira barata para resolverem o seu problema.

Qual o impacte da política de imigração de Trump nos salários dos americanos mais pobres?

Qual o impacte de um mercado laboral apertado nos salários dos trabalhadores?

"Given that inadequate employment plays such a powerful role in theories of poverty, it is surprising how little research has been done on whether, or to what extent, tight labor markets reverse these trajectories. Only recently have scholars turned their attention to the impact of tight labor markets on inequality, offering insight into how very tight labor markets have the potential to substantially close the Black-white wage, income, and unemployment gaps. If persistent unemployment or low earnings are indeed the root of most poverty problems, then truly tight labor markets that last long enough to reach those at the bottom of the economic ladder should change the equation in two ways. First, low unemployment should catalyze competition among employers to attract workers, driving them to improve job quality—including raising wages for workers on the bottom rungs. Second, low unemployment should draw jobless workers off the sidelines, transforming applicants with little formal education or employment experience into viable job candidates.

These benefits should flow into the other domains tied to poverty. As hiring managers are forced to look further afield for workers, the stigma attached to having a criminal record, especially a nonviolent one, should be less of a barrier. In theory, when men can claim steady salaries, young women have more choices in the partnership “market.” Tight labor markets provide women with more options as well, including raising children on their own in more economically secure households. As unemployment declines, neighborhood peace should be easier to secure since economic security begets residential stability, which increases social capital and peaceful streets.

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we explore the gains that can accrue for people living in poverty when labor is scarce and jobs are going begging.

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Poor workers are instead marked—by race, criminal records, or past unemployment—in ways that are often stigmatized by employers. Our research shows that these qualitative distinctions mean that these workers are categorically excluded from work opportunities until the labor market becomes especially tight, around 4 percent unemployment, at which point opportunities open up."

Interessante, sempre pensei isto e sempre considerei os pedidos de paletes de mão de obra estrangeira barata uma forma de manter os salários baixos. Uma forma de reduzir o imperativo desubir na escala de valor, para que a produtividade acrescida permita pagar os salários crescentes.

Trechos retirados de "Moving the Needle" de Katherine S. Newman.

sábado, dezembro 08, 2018

Nem de propósito!

Nem de propósito!

Um texto, "«Estamos a desautomatizar a nossa indústria»", que pode fechar como um exemplo adequado para a série "Gabiche?":
"Nos últimos tempos, a produtora de vestuário, que emprega 700 pessoas, tem aprimorado a arte de vender menos mas com maior valor acrescentado, num sector onde o trabalho manual é cada vez mais valorizado.[Moi ici: Subir na escala de valor muitas vezes requer isto, encolher! Recordam o que escrevo aqui sobre a automatização e Mongo? Um exemplo, outro exemplo e ainda outro exemplo. Conseguem parar para pensar nas paletes de comentadores que acha que o futuro é a automatização sem equacionarem as implicações de Mongo?]
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Não vimos da Première Vision com encomendas, mas sim com contactos, que depois são trabalhados na empresa: a dimensão do cliente, o mercado do cliente… Há um trabalho de bastidores após a Première Vision em que estudamos o potencial do cliente e, a partir daí, a nossa máquina comercial vai visitá-lo e ver qual é a dinâmica entre a Calvelex e esse potencial cliente. [Moi ici: O cliente tem a última palavra, mas o fornecedor tem a primeira. Recordar isto, e mais isto e isto]
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Em 2016 produzia cerca de um milhão de peças ao ano. Este valor está estabilizado?
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Estamos a aumentar o valor da peça e a reduzir a quantidade – devemos ficar nas 800 mil peças este ano. Esse é o nosso objetivo, porque para podermos vender produtos de valor acrescentado, temos que reduzir as quantidades. Este ano, vamos fabricar menos peças e faturar mais 5%. [Moi ici: Encolher e especializar-se e Juntar peças porque "It's not less"]
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Também se fala muito da indústria 4.0. Como está a Calvelex a lidar com esta temática?
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Nós, pelo contrário, estamos a desautomatizar a nossa indústria. Estamos a fazer peças de pessoas para pessoas. Há clientes preparados para pagar um produto mais caro e que seja manual. Há clientes que pedem para colocarmos a etiqueta de marca à mão, há clientes que querem que os botões sejam pregados à mão… Quer dizer que as pessoas querem produtos manuais."

sexta-feira, maio 27, 2016

Outro exemplo do Evangelho do Valor

Ainda esta semana escrevemos "Um exemplo do Evangelho do Valor" para ontem voltar a encontrar outro exemplo.
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Antes de mais, recordar os gráficos de Marn e Rosiello, e os de Dolan e Simon:
O primeiro sobre o impacte do aumento do preço.
E este segundo sobre o efeito assimétrico da subida/descida dos preços nas quantidades a perder/ganhar para manter o mesmo lucro.
"A Ervideira, produtor vitivinícola do Alentejo, acaba de divulgar os seus resultados referentes aos primeiros quatro meses deste ano.
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Neste período, a empresa registou a venda de cerca de 150 mil garrafas nos primeiros quatro meses de 2016, o que representa uma descida de 20,8% quando comparado com igual período de 2015, porém obteve uma faturação de cerca de 620 mil euros, o que representa um aumento de cerca de 8% quando comparado o primeiro quadrimestre de 2015. Isto é justificado pela subida média do valor unitário de 32%, provocado pelo crescimento nas vendas dos vinhos topos de gama."
Dois exemplos em dois dias, sintoma de que a mensagem estará a passar ""Não nos interessa exportar mais volume, interessa-nos exportar mais valor"" e, já agora "Para fazer crescer a auto-estima".
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Façam as contas e imaginem o quanto a empresa poupa em horas de engarrafamento, garrafas, mão-de-obra, energia, paletes, espaço de armazenamento e transporte, para facturar mais 8%... a tríade passa-se com estas estórias.
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Qual o lado negativo? Mais vinho espanhol a granel será importado para servir os consumidores portugueses, indisponíveis para pagar mais por vinho. Paciência, eu faria o mesmo no lugar dos engarrafadores.
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Trecho retirado de "Ervideira consolida vendas em categoria premium"