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segunda-feira, novembro 17, 2025

domingo, outubro 26, 2025

Directo do PCF para a FN, ou da CDU para o Chega

Aqui:

Entretanto fui consultar as estatísticas do IEFP para o desemprego no sector da construção e ... o desemprego subiu de Agosto para Setembro.

Há anos que ouvimos que faltam trabalhadores. Por exemplo: 
Já escrevi sobre isto por causa das paletes:
Em economias capitalistas, a mão-de-obra deve ser entendida como um mercado em que se encontram a oferta — os trabalhadores — e a procura — as empresas. Dizer que “nunca falta mão-de-obra” significa reconhecer que há sempre pessoas capazes de trabalhar; o que sucede é que podem não estar dispostas a fazê-lo nas condições oferecidas, seja no salário, no horário, nos benefícios ou na dignidade do trabalho. 

O que, na realidade, “falta” é a capacidade das empresas oferecerem um preço ou condições que tornem o trabalho atractivo para essas pessoas.

Nos modelos clássicos do mercado de trabalho, o desemprego involuntário não existe: sempre que há procura, seria o ajustamento salarial a resolver a escassez. (Por isso escrevi, ingenuamente, que todos viriamos a ser Figos). Todavia, os salários não são infinitamente flexíveis por razões sociais, legais e políticas. Surge aqui o conceito de salário de reserva: cada trabalhador tem um nível mínimo abaixo do qual prefere não trabalhar. Quando o salário oferecido se situa abaixo desse patamar, a empresa interpreta o fenómeno como “falta de mão-de-obra”. 

A teoria marxista fala, neste contexto, em “exército industrial de reserva”, isto é, trabalhadores disponíveis que não aceitam — ou a quem não é oferecido — trabalho a qualquer preço. Por sua vez, a economia institucional e a comportamental acrescentam que não é apenas o preço que conta: pesam igualmente as condições de trabalho, a segurança, o estatuto social e as possibilidades de progressão. Por isso escrevi a série sobre a Matsukawa Rapyarn.

A evidência empírica confirma esta perspectiva. Nos sectores de baixos salários, como a agricultura, a hotelaria ou a restauração, é frequente ouvir-se que “falta mão-de-obra”. Porém, os estudos demonstram que a escassez é relativa: sempre que os salários e as condições melhoram, surgem candidatos. Também a migração laboral é reveladora: quando um país afirma “precisar de mão-de-obra”, o que frequentemente faz é importar trabalhadores estrangeiros dispostos a aceitar salários ou condições que os locais rejeitam. Isto reforça a ideia de que não se trata de uma falta absoluta, mas antes de uma questão relativa quanto ao preço oferecido. Um exemplo recente encontra-se nos Estados Unidos, no período pós-pandemia, em que muitos restaurantes e hotéis se queixavam da falta de trabalhadores. Pesquisas publicadas, por exemplo, na Harvard Business Review e no Brookings Institution mostraram que, ao aumentarem salários e oferecerem benefícios, essas empresas conseguiram contratar.

Em economias capitalistas, as “escassezes” de mão-de-obra são muitas vezes relativas e não absolutas. O que é percecionado como falta de trabalhadores resulta, em grande número de casos, da incapacidade ou da falta de vontade das empresas em oferecer salários e condições de trabalho que correspondam ao salário de reserva ou às expectativas dos trabalhadores.

E quando as empresas não conseguem oferecer salários e condições de trabalho que correspondam ao salário de reserva ou às expectativas dos trabalhadores isso é um sinal de que deviam morrer de morte natural, para que os recursos nelas enterrados fossem melhor aplicados para a sociedade em outros projectos. Os governos optam por mantê-las em coma, as zombies.


"a substantial part of shortage occupations are not particularly highly skilled, but rather consist of strenuous and low-paid work
...
within the group of industries where high levels of shortage were reported in 2023, there is a clear pattern that shortages are higher where wages are relatively lower
...
wages tend to increase as shortages rise
...
shortages are aggravated by bad quality jobs and that raising job quality is a way to compete for labour"
"We find that individual wages increase faster in tight labour markets, confirming that firms have to pay more if they want to attract or retain workers.
...
The effect of labour market tightness on wage growth is stronger at the bottom of the wage distribution, suggesting that low-wage workers gain relatively more from tight labour markets.
...
Occupations in science, technology, engineering and mathematics (STEM) show particularly pronounced wage effects from tightness, whereas in regulated occupations such as health care, effects are much weaker.
...
Labour market tightness translates into wage growth, indicating that shortages are not absolute but relative to the wage and working conditions firms are willing to offer."
"Labour shortages occur when demand for labour exceeds supply at prevailing wages and working conditions. They are not absolute scarcities of workers.
...
Standard economic theory predicts that in such situations wages should rise, reducing shortages as more people are willing to work at the higher wage.
...
Shortages often reflect poor job quality - low pay, limited career prospects, difficult working conditions - rather than a lack of available workers."

Em "When upskilling is good but not enough: Understanding labour shortages through a job-quality lens" (interessante aqui a ponte para o nosso SNS) pode ler-se:

"workers may be unwilling to enter or stay in due to poor job quality in terms of pay and non-pay aspects, including job insecurity, inflexible hours arrangements, strenuous working conditions, and physical and mental health risks.

...

The sectors with the strongest shortages show stagnating or even declining real wages, discouraging potential applicants.

...

These jobs are disproportionately filled by women and migrants, groups with less bargaining power and more often employed under precarious contracts."

Deste último artigo deixo para reflexão este parágrafo:

"Another driver, which is often overlooked, is the relatively low attractiveness of many of the jobs affected by high shortages (Causa et al. 2025). This pertains to poor job quality, in terms of pay and non-pay conditions, reducing individuals’ incentives to enter or stay in these jobs – especially contact-intensive jobs in areas such as health and personal care, hospitality, and transportation. Some of the occupations and sectors that exhibit shortages are characterised by stagnating real wages and poor job quality, high incidence of shift work and temporary contracts, and higher-than-average exposure to mental and physical risks. Such characteristics can deter workers from entering or remaining employed, especially in healthcare, transportation and storage, accommodation and food, and construction."

De "Labour shortages and labour market inequalities: evidence and policy implications" retiro só uma citação, para evitar continuar a repetir-me:

"What is often described as a lack of workers is, in reality, a lack of jobs that workers are willing to take at the wages and conditions offered."

Percebo cada vez melhor porque os operários e trabalhadores rurais saltaram directamente dos partidos de esquerda para o Chega ... quem os defende? 

E volto ao último texto que li na A4 antes do primeiro lockdown.

sábado, outubro 18, 2025

E quem pensa no futuro da empresa?

Há cerca de um ano escrevi este postal: Unreasonable hospitality - parte VI onde citei um outro postal de Maio de 2023 onde escrevi:

"Então com empresas familiares é muitas vezes doloroso ... A única pessoa que pode dedicar tempo a isto está a conduzir um empilhador para arrumar paletes, ou está a substituir um operário especializado que está de baixa... e quem pensa no futuro da empresa? Quem encara de frente o monstro da erosão competitiva?" 

Usei a palavra erosão porque nunca esqueço aquele album de Neil Young e Crazy Horse, "Rust Never Sleeps". 

Na passada quinta-feira o JdN trazia um artigo de Luís Todo Bom, “Gestão corrente vs. gestão estratégica”. Nele o autor reflecte sobre os maiores problemas das empresas familiares, destacando a ausência de processos de gestão estratégica. Enquanto a gestão corrente foca a eficiência operacional no curto prazo, a gestão estratégica visa antecipar mudanças no ambiente empresarial, diversificar e garantir a sustentabilidade futura. 

O autor defende que muitos insucessos resultam mais da falta de estudo e planeamento estratégico do que de conflitos sucessórios.

"O maior problema destas empresas, não está, em geral, na sucessão, nem nos conflitos, contrariamente à perceção generalizada. (…) [Está na] ausência de processos de gestão estratégica, uma concentração, em exclusivo, na gestão corrente das suas empresas."

Para Luís Todo Bom a gestão corrente tem a ver com a otimização da relação com clientes, marketing, produção, finanças e gestão de pessoas.

"Nos processos de gestão corrente, a empresa otimiza a relação com os clientes, na função de marketing, o processo produtivo, na função de operações, o controlo dos principais rácios financeiros, na função financeira, e a gestão dos talentos na função de pessoas."

Para o autor, gestão estratégica tem a ver com antecipar tendências e preparar o futuro.

“No processo de gestão estratégica (…) a empresa avalia os recursos de que dispõe, que pode transformar em competências capacitantes, difíceis de imitar e valorizadas pelos clientes, e, a partir dessa análise, toma decisões sobre o rumo a seguir.”

Aquele "a empresa avalia os recursos de que dispõe" fez-me recordar um postal de Outubro de 2015 "Do concreto para o abstracto e não o contrário" e um outro de Agosto de 2024 sobre a effectuation: "Começar de onde se está"

Escrevo aqui no blogue com frequência sobre a importância de mudar de vida para evitar a comoditização, o tal "Subir na escala de valor". A diversificação e migração para novos negócios exige modelos de gestão estratégica:

"A utilização correta dos modelos de gestão estratégica é particularmente crítica nos processos de diversificação ou de migração para novas áreas de negócio, com períodos de aprendizagem longos e complexos, e com perfis de risco mais elevados."

"Os grandes insucessos nos processos de sucessão das empresas familiares, em que poucas sobrevivem à terceira geração, têm por base, esta falta de visão e de gestão estratégica."

A falha comum é a falta de estudo e preparação estratégica

"Os erros, alguns de palmatória, incorridos nesta área, resultam, sempre, da falta de estudo."


terça-feira, setembro 30, 2025

Tratados como Figos (parte I)


No FT de ontem encontrei este artigo, "Why Japan is sprucing up its shabby offices."

Gosto de ler o que encontro sobre a economia japonesa por causa da demografia. Gosto de perceber como um país com um desafio demográfico, todos os anos o mercado de trabalho encolhe 600 mil trabalhadores, o ultrapassa.

Houve um tempo em que ingenuamente também eu pensava que seguiríamos por essa via. É uma via que valoriza os trabalhadores. Tudo o que é escasso é valioso. Ao longo dos anos percebi que os trabalhadores em Portugal nunca serão tratados como Figos (Comecei a usar a metáfora do Figo ainda antes do Ronaldo aparecer, são muitos anos). A importação de paletes de mão de obra barata resolve o problema. Esta solução tem duas consequências, ... aliás, três consequências.

Primeiro, os trabalhadores nunca serão tratados como Figos e o seu poder negocial baixará à medida que a importação progride. BTW, segundo o artigo, no Japão:
"Matsukawa Rapyarn is one of thousands of Japanese companies pouring money into office makeovers, as the battle to attract workers becomes fiercer than ever.
...
Employees' power to choose where they work is forcing companies to fight to attract them, propelling once-unthinkable shifts in management behaviour."

Segundo, como as empresas não têm de competir a sério por trabalhadores, sentem menos um stress para subir na escala de valor, sobretudo se trabalham para o mercado nacional.

Terceiro, sem subida na escala de valor as empresas não podem pagar bons salários a quem tem potencial, e isso contribui para mandar essas pessoas para a emigração.

O mesmo FT trazia também um outro artigo sobre Espanha, "Spain has become Europe's standout economy." 
O artigo retrata a Espanha como a economia de maior destaque da Europa, crescendo a uma média anual de 3% desde 2024, bem acima da média da zona euro (cerca de 1%). A recuperação do turismo, os fundos europeus e o investimento em energias renováveis têm ajudado, mas o principal motor tem sido a imigração: desde 2022, entraram cerca de 600 mil imigrantes por ano, maioritariamente em idade activa, o que impulsionou o emprego e o consumo.
No entanto, o artigo alerta que este crescimento precisa de ser acompanhado por ganhos de produtividade, caso contrário os níveis de vida podem estagnar. A maioria dos migrantes tem ocupado empregos de baixos salários em setores como hotelaria e construção.
"For all its success so far, the immigrant-led growth boom must be managed carefully. First, although Spain's real GDP, on a purchasing power parity basis, has risen by about 6.8 per cent since 2019, in per capita terms it has grown by just 3.1 per cent. Migrants have mainly filled gaps in lower valueadded sectors, including hospitality and construction. To ensure living standards also grow, Spain's languid productivity growth needs to improve too."
Espanha e Portugal nisto são como irmãos gémeos. Não há subida na escala de valor, não aumenta a produtividade.

Voltemos ao artigo "Why Japan is sprucing up its shabby offices." O artigo descreve como a empresa têxtil japonesa Matsukawa Rapyran (com mais de 100 anos de história) sobreviveu à crise de atractividade no mercado de trabalho através da renovação do espaço físico e da modernização das condições oferecidas aos trabalhadores.
A remodelação das instalações (mobiliário moderno, cantina elegante, zonas de descanso) não só melhorou a imagem da empresa, como teve um impacte directo no recrutamento e retenção de pessoal, ajudando a competir num contexto de forte escassez de mão-de-obra no Japão, agravada pela demografia e pela pandemia.
O caso é apresentado como exemplo de uma tendência mais ampla: as empresas japonesas estão a investir em espaços de trabalho mais atractivos (e também em benefícios como subsídios de habitação, redução de horas de trabalho, empréstimos a estudantes) para enfrentar a falta de trabalhadores e garantir sobrevivência e crescimento.

Sabem o que me despertou mais curiosidade neste artigo? O terceiro parágrafo:
"The encounter prompted the 66-year old to invest Y460mn ($3.1mn) in anew office for the company's 95 employees. It was a huge sum for the family-owned Matsukawa Rapyarn. But in the most labour-constrained prefecture of the world's most aged country, this was no run-of-the-mill renovation. The sleek wooden furniture, café canteen and relaxation areas represented a decisive move in a fight to secure the 100-year old textile manufacturer's survival."

Uma empresa japonesa ainda a operar no sector têxtil. Vale a pena investigar.

Continua.

quinta-feira, setembro 18, 2025

Curiosidade do dia

Esta semana no LinkedIn encontrei esta lista:


E fiquei-me logo pela primeira afirmação da lista:

"Um líder torna os problemas visíveis!"

E lembrei-me do ilusionista-mor, do mestre em esconder problemas: o ex-primeiro-ministro António Costa.

Como é que o sistema político português e europeu o premiou? Vocês sabem. Os portugueses até lhe deram uma maioria absoluta. Podem limpar as mãos à parede.

Os líderes a sério tornam os problemas visíveis.

Os alemães, por estes dias, estão constantemente a falar do problema da sustentabilidade das pensões e reformas. Interessante, o tema por cá não existe, os gurus acham que as paletes de imigrantes com salários baixos vão pagar as reformas e pensões da geração do Maio de 68, as que se seguem não interessam, são uma minoria eleitoral. Mas interessante mesmo porque li há anos:

"O Eurostat publicou ontem um relatório que faz soar o alarme. Por este andar, em 2050 nenhum outro país da União Europeia (UE) terá uma população tão envelhecida como Portugal. Um dos maiores desafios é segurá-la no mercado de trabalho."

Hoje no The Times, "Reform welfare state or face ruin, Germany warned."

O artigo descreve a crise iminente do sistema de pensões alemão. 

O governo enfrenta uma despesa pública insustentável, já acima dos 400 mil milhões de euros por ano, que ameaça crescer muito mais na próxima década. As previsões indicam que em 2030 haverá apenas um trabalhador ativo por cada pensionista, o que pressiona o sistema. 

Economistas e políticos discutem medidas dolorosas: mais impostos, idade de reforma mais elevada, cortes nas prestações. O debate é intenso e urgente, com propostas como um "imposto de solidariedade boomer" ou a imposição de obrigações de serviço social aos reformados mais saudáveis. 

"profound and urgent need for reform to ensure that the country could afford its pensions.

...

They include a 'boomer solidarity tax' under which the richest 20 per cent of baby boomer households would pay an additional levy... [Moi ici: Por cá apoplexias em 3, 2, 1...

An obligatory spell of caring for the elderly, minding small children or similar work immediately after retirement would, Fratzscher suggested, be a 'small step to bring a bit more balance back to the solidarity in our society!"

Desconfio que nós por cá, em vez de projectar o futuro, preferimos confiar que “a Europa há de mandar uns fundos” para tapar os buracos. Em Portugal seria suicídio político falar em aumentar a idade da reforma ou cortar pensões. O mais fácil é fingir que o problema não existe. Em resumo: Portugal não discute porque prefere manter o mito da “sustentabilidade assegurada até 2060” que se escreve em relatórios oficiais, e assim todos dormem descansados — até ao dia em que a realidade, como sempre, bater à porta.


quarta-feira, setembro 17, 2025

Portugal e Panasonic - as semelhanças


Ontem no FT um exemplo ao vivo e a cores do que escrevíamos sobre o Red Queen Effect na economia em "Panasonic nears a turning point in its reinvention race"

Por um lado, os rivais transformaram-se mas a Panasonic ficou para trás:
"Rivals Hitachi, Sony and NEC have been rewarded for executing painful transformations, each surging six times in value over a decade, while Toshiba was sold in 2023 for $15bn to Japan Industrial Partners. In contrast, the market value of Panasonic has languished for the past 10 years at about ¥3.75tn ($25bn)."

Falta visão e estratégia clara:

"We’ve talked with them but they don’t make any decisions. They’re siloed,” said a private equity executive in Japan. “We don’t have a clear picture of how that company will transform itself. It’s drifting."

Ontem à hora do almoço fui buscar uns livros entregues num ponto de recolha, enquanto regressava a pé ao escritório, folheei um deles e li um subcapítulo "Your best thinking five years ago is your baggage today." Encaixa bem com:

"Yet the legacy of successes in the 1980s and founder Konosuke Matsushita’s ingrained ‘water tap’ philosophy — to make products as abundant as water to capture a large share of the market — has made it hard for the company to evolve. Ogawa added: ‘Making that mindset shift is extremely difficult.’

...

Atul Goyal, analyst at Jefferies, said Panasonic's "real transformation begins when they decide what businesses they're good at" and prioritise allocating capital to areas of high-tech manufacturing competence.

One big decision shaping Panasonic's future will be the extent to which it offloads or halts the low-margin consumer electronics that made it a household name. Panasonic was attempting a "China cost, China speed and Japanese quality" revival, said Ogawa. [Moi ici: Como cá se faz com a importação de paletes de mão de obra barata e se adia a subida na escala de valor]

Neil Newman, head of strategy at Astris Advisory, has no doubt that Panasonic can push into new areas such as AI but he said the issue was "they always bring their baggage with them". [Moi ici: Vêem a ligação ao subcapítulo do livro. Weird!!! Não há coincidências, todos os acasos são significativos]

"Either they risk everything on a real restructuring and get rid of the consumer electronics," said Newman. "Or they just don't... and never set the world alight but risk gradual decline towards vulnerability and obscurity." [Moi ici: Conseguem a ver a ligação à "DVD leadership team", tão clara que até dói fisicamente]

sexta-feira, agosto 29, 2025

Por que se pedem paletes de mão de obra estrangeira barata? (parte IV)

 


"[To attract] workers, the employer may have to increase his wage offer. ... So when you hear an employer saying he needs immigrants to fill a "labor shortage", remember what you are hearing: a cry for a labor subsidy to allow the employer to avoid the normal functioning of the labor market." (fonte)
Este clipe ajuda a perceber a necessidade de paletes, num país onde a produtividade não cresce.
E porque é que os melhores emigram.

segunda-feira, julho 28, 2025

Curiosidade do dia

"ao importarmos maciçamente gente indiferenciada sem qualificação profissional, estamos a alimentar um modelo baseado em empresas com baixíssimo valor acrescentado, fraquíssima produtividade e salários muito baixos."

Em sintonia com o que temos escrito aqui no blogue ao longo dos anos. Por exemplo:

Trecho retirado de "A imigração e a economia" de Luís Mira Amaral e publicado no caderno de Economia do semanário Expresso do passado dia 25 de Julho.




quarta-feira, junho 04, 2025

Curiosidade do dia

Recordar este esquema que uso há anos:
O que acontece a uma sociedade onde sectores competitivos não têm produtividade elevada?

Aquele quadrante inferior direito, o empobrecimento.

Portanto, nada que destoe de "Mais de um quinto dos trabalhadores do turismo, agricultura, pesca e construção vivem em risco de pobreza em Portugal". 


Estavam à espera de quê?



sexta-feira, abril 25, 2025

Curiosidade do dia


Aqui no blogue comecei por ser um ingénuo ao imaginar que um dia os trabalhadores poderiam ser tratados como Figos.

Depois, comecei a apanhar chapadas, esta e esta outra, por exemplo.

Depois, os patrões descobriram que podiam manipular o poder e começaram as paletes (exemplos aqui, aqui e aqui).

A China ilustra o que acontece num país sem paletes e com uma demografia ainda mais idosa do que a nossa:
"Increasingly, though, factory managers say it is becoming difficult to attract a new generation of workers to physically intensive manufacturing jobs, which offer long hours and low pay.
"Good workers are hard to find and they are getting older," said a manager in Suzhou named Xu. "If the factories pay too low, they will not negotiate as a labour union but vote with their feet."
...
Social media platforms have become an important resource for labourers to share insights on which factories to avoid - and which offered better conditions."
E o resultado:
"Many labour-intensive industries have begun to shift production of low-cost goods to countries such as Vietnam, Malaysia and Bangladesh. In 2009, average manufacturing labour costs were almost 20 per cent lower in China than in Malaysia. Now, they are about 30 per cent higher, according to Frederic Neumann, chief Asia economist at HSBC."
Trechos retirados de "Long hours and low pay the harsh reality of factory jobs White House wants from China" publicado pelo FT a 24 de Abril último.

quinta-feira, março 27, 2025

O futuro da China

Peter Drucker escreveu: 

"Good executives focus on opportunities rather than problems.

Problems have to be taken care of, of course; they must not be swept under the rug. But problem-solving, however necessary, does not produce results. It prevents damage. Exploiting opportunities produces results."

O artigo,  "China suffers its own 'China shock',"  examina as transformações profundas na indústria de manufactura chinesa, especialmente nos sectores de baixo custo como o calçado e o vestuário, que durante décadas foram os motores do crescimento económico do país. O aumento dos salários, a concorrência de países do Sudeste Asiático, o envelhecimento da força laboral, e a crescente automatização estão a tornar mais difícil a sobrevivência deste modelo industrial. A China continua a liderar a produção mundial em muitas áreas, mas o seu peso tem vindo a diminuir. O governo aposta agora na automação e em sectores tecnológicos avançados.

"Wages in the manufacturing hubs of southern China, which were once the backbone of the country's explosive economic growth, have risen steadily, while the competition from rivals in south-east Asia has become fierce.

China still dominates shoe production, but its share of global exports has slipped by 10 percentage points over the past decade.

...

Factories across China at the low-end of manufacturing are facing the same dilemma - either they invest in automation that shrinks the number of jobs, or they slowly wither away.

The result, in the view of researchers and economists, is a painful shift [Moi ici: Aquilo a que chamo a transição dolorosa] away from low-cost, labour-intensive production, that could leave millions of older, lower-skilled workers in the lurch.

...

Manufacturing is far from dead in China, however. In a factory in Panyu on the outskirts of Guangzhou, humans work in synchronisation with machines to churn out new electric vehicles every 53 seconds.

...

China's working-age population peaked at more than 900mn in 2011, but is forecast to shrink by almost a quarter to about 700mn by the middle of this century, according to a Brookings Institution report.

Policymakers, therefore, see automation and robotics as an imperative if the country is to hold on to its long-term productive capacity. If China doesn't automate now, goes the thinking, even its higher-end production will be outcompeted by rival nations.

...

"The demand for automation and robotics will become more and more urgent as a result.""

Entretanto, mão amiga fez-me chegar este artigo, "These are China's economic priorities for 2025":

  • Trend 1: Even stronger focus on future technologies
  • Trend 2: Domestic consumption is being promoted more strongly [Recordo esta série de especulações. Em especial a primeira de Agosto de 2008]

Por cá, pedem-se paletes de escravos imigrantes para contrariar o aumento do custo da mão de obra.

Trechos iniciais retirados de "China suffers its own 'China shock'" [O título é uma brincadeira com o que todos nós usámos muitas vezes acerca do choque chinês] publicado no FT do passado dia 26 de Março.

domingo, março 16, 2025

Paletes e falta de trabalhadores

A revista The Economist do passado Sábado inclui este artigo interessante "Why "labour shortages" don't really exist".

Um artigo bem alinhado com o que tenho aqui escrito sobre as paletes de imigrantes. Por exemplo: "O que existe é falta mão-de-obra barata."

"The story is consistent over time. When jobs are plentiful, people say there is a labour shortage. It is hard for bosses to find staff. But when unemployment is high, people still say there is a shortage. [Moi ici: A ideia de escassez de mão de obra é recorrente, independentemente do contexto económico]

...

a labour shortage is a question of price and distribution, rather than scarcity. If a company complains about a shortage of vegetable-pickers, what it really means is that it cannot hire them at the wage it would like to pay. The term "labour shortage" thus implies a normative claim-that there "should" be more workers at the prevailing wage rather than describing an economic reality.

When you dig into the data, evidence of shortages often melts away. [Moi ici: A escassez de trabalhadores muitas vezes resulta mais de questões salariais do que de uma verdadeira falta de profissionais. O problema não é a inexistência de trabalhadores, mas sim o facto de as empresas quererem pagar menos do que o necessário para atrair candidatos]

Recognising the truth of labour shortages has important policy implications. At present officials are afflicted by shortage-itis. Australia maintains an "occupation shortage list" to monitor which industries need state assistance. Germany maintains a similar list and gives people in these professions preferential migration treatment. In America Joe Biden tried to tackle a perceived labour shortage in certain industries via apprenticeships. Sir Keir Starmer, Britain's prime minister, wants to boost spending on training British-born workers to alleviate his country's labour shortage.

Businesspeople bleat so much about labour shortages in part because hefty subsidies are up for grabs." [Moi ici: Empresas e políticos frequentemente enfatizam a falta de mão de obra para justificar medidas como subsídios ou programas de formação financiados pelo Estado]

A escassez de trabalhadores pode ser mais uma questão de preço e distribuição do que de falta real de mão de obra. 

Como ouvi aqui:

quinta-feira, fevereiro 06, 2025

Quando se esquece a razão de ser...


Um excelente artigo, "Have America's industrial giants forgotten what they are for?"

O artigo termina assim:
"Well-established companies should ask themselves a simple question, says McGrath: "Who in the company is in the business of looking after its future?
"In most of the companies I work with, it's in between the head of innovation, with no power, and the C-suite, where it isn't taken really seriously. And I think that's a problem.""

Alguns trechos do artigo:

"Ortberg also went to the heart of what many believe is the reason Boeing, once an icon of US manufacturing pride and engineering prowess, had lost its way. "We... need to focus our resources on performing and innovating in the areas that are core to who we are," he wrote.

...

Boeing "abandoned its larger reason for being — the values and sense of purpose that had fuelled the firm's success throughout the 20th century".

...

Maximising one measure of success - and ignoring information not related to that metric - distracts companies from innovation and better long-term staff relations, he adds. [Moi ici: Interessante, isto tem tudo a ver com a experiência do gorila]

...

Size is one potential threat to a coherent industrial culture.

...

"Companies develop, they pick up a lot of 'stuff' — rules that don't make any sense, a lot of bureaucracy," she adds. "Unless you have companies that bring these things into balance, the entropy of just being a large company takes over."

[Moi ici: O artigo volta ao velho exemplo da Kodak e culpa Wall street pela pressão exercida que impediu a empresa de dar o salto para o mundo digital porque estava focada em manter o negócio do filme com elevadas margens. No entanto, as empresas que não estão em bolsa também sofrem esta pressão para apostar no negócio que está a dar em detrimento do que poderá vir a dar num futuro incerto, têm de pagar salários, têm de pagar impostos, têm de ...] "a Kodak moment" is now more likely to be used to describe a failure to spot an approaching technological change than a memorable scene worth photographing.

But Kodak had been exploring digital imaging since the 1970s. It was Wall Street that pressured the company to continue milking its high-margin analog film business, even as it became clear that consumers would inevitably switch to digital."

Pensam que o problema só existe com as empresas grandes? Recordo de Maio de 2023:

"Então com empresas familiares é muitas vezes doloroso ... A única pessoa que pode dedicar tempo a isto está a conduzir um empilhador para arrumar paletes, ou está a substituir um operário especializado que está de baixa... e quem pensa no futuro da empresa? Quem encara de frente o monstro da erosão competitiva?"  

Voltando ao artigo, enquanto o lia várias vezes fui recordado do que aqui tenho escrito ao longo das décadas sobre a doença anglo-saxónica. Por exemplo neste postal de Março de 2020 faço uma resenha sobre o tema.

sábado, fevereiro 01, 2025

Zombies à espera de um qualquer Milei num futuro ainda distante mas certo

Primeiro, recordo aqui do blogue (Setembro de 2024) acerca da diferença entre a produtividade americana e europeia:

Segundo, recordo aqui do blogue (Agosto de 2024) o que os predadores do estado gostam mesmo:
Há dias no Twitter Nassim Taleb ilustrou bem o que se passa na Europa:

Ainda no Twitter, este túnel é uma metáfora do que se passa na Europa (aka planeta LV-426). A sério, que melhor ilustração para a frase memorável de Hudson:

"That's it, man. Game over, man! Game over!" 

Terceiro, a Comissão Europeia é como muitas empresas, perante um problema saltam dos sintomas para um plano, um plano grandioso apresentado com fanfarra. O mito do grande planeador, do grande geometra. Roger Martin disse tudo neste tweet:

Sim, é verdade a melhoria segue o ciclo PDCA, mas antes dele há outro ciclo, o ciclo SDCA. É preciso perceber a situação antes de saltar para uma solução miraculosa ... e errada.

Quarto, falarem-me em competitividade quando o problema é produtividade, faz-me suspeitar que os incumbentes do DVD leadership team da Netflix estão à mesa a garantir que recebem uma fatia generosa do bolo. Focar na competitividade é focar no empobrecimento se não trabalharmos a produtividade. Há anos que uso este esquema:


BTW, Mullan descreve bem esta economia zombie que vai ter de apodrecer mais e mais até chegarmos a um momento Milei. 


Empobrecimento é isto, "Há 900 mil trabalhadores em pobreza absoluta em Portugal".  Acho graça, até começar a chorar, quando leio:
"As associações defendem mais apoios do Governo, principalmente para as famílias carenciadas."
Ou seja, apoios indirectos às empresas para continuarem a manter o status-quo. Impressionante, tudo podre. Lembrem-se das paletes de imigrantes.


Acham que isto acontece por acaso?

Ah, sim! Mais apoios indiretos às empresas para manterem este magnífico status quo. E ainda nos perguntamos porque é que até os imigrantes paquistaneses decidem que Portugal não é assim tão encantador? Deve ser do clima...

Extraordinário:


domingo, janeiro 26, 2025

Curiosidade do dia


Já escrevi aqui várias vezes no blogue acerca de:
  • "a minha incompreensão sobre o por que a esquerda não percebeu isto e abandonou os trabalhadores"
  • "Não percebo como a esquerda se aliou ao patronato" (fonte)
Ontem no JN em "Associações de pesca recusam receber PCP e BE" percebi que o PCP já começou a mudar:
"O PCP votou contra. António Filipe diz que se pretende "alimentar um setor de atividade à custa de mão de obra barata"."

Lembram-se do ponto em que Cavaco percebeu o problema? Claro que era mais fácil para os empresários continuar a navegar à bolina da desvalorização progressiva do escudo do que aumentar a produtividade com subida na escala de valor. A mão-de-obra barata é outra artimanha que evita o esforço incerto da subida na escala de valor.

Ainda há dias o director-geral da CIP dizia:

"Outra dificuldade, diz, é a escassez de mão-de-obra que afeta a generalidade dos setores, assim como o "agravamento dos custos laborais unitários resultante de aumentos salariais significativamente acima dos ganhos de produtividade, no contexto da referida escassez de mão-de-obra"."

Destapei-lhe a careca neste postal "Quando destapam a careca"

Agora reparem neste pais bipolar em que vivemos: "Escassez de mão-de-obra" diz o patronato.

Hoje no JN em "Desemprego a crescer mais junto às áreas metropolitanas" onde se conclui:

  • Cerca de 333.665 pessoas estavam desempregadas no final de 2024, representando um aumento de 5,7% em relação ao final de 2023.
  • A maior parte das perdas de emprego ocorreu nas áreas metropolitanas, com destaque para Lisboa, Vale do Tejo, e outras regiões urbanas.
  • Os sectores mais afectados: Os sectores de serviços e indústria foram os mais impactados, especialmente actividades imobiliárias, administrativas e o sector secundário (indústria transformadora).
O artigo cita um economista, João Cerejeira, que "rebate" (não rebate nada, eu é que estou a ser irónico) o director geral da CIP com:
"João Cerejeira admite que podem vir a ser necessárias medidas de mitigação, como um "lay-off temporário extraordinário para alguns dos setores mais afetados pela conjuntura internacional"."

Portanto, enquanto se criam lay-offs extraordinários, continua-se com o pedido de mais paletes de imigrantes porque é preciso manter os salários baixos. 

No mesmo artigo, a AEP vem puxar a brasa à sua sardinha e:

"Para a AEP, é preciso apostar na "especialização e formação", na "eliminação da burocracia e de barreiras aos ganhos de escala das empresas" e criar "incentivos à internacionalização e diversificação de mercados""

Como se qualquer uma dessas medidas ajudasse as empresas a subir na escala de valor ...

Como olhar para tudo isto sem ser cínico?

Não acham fascinante! Enquanto as manchetes ecoam o aumento do desemprego, com 333.665 pessoas sem trabalho e sectores inteiros a enfrentar cortes drásticos, o patronato continua a gritar aos quatro ventos que "não há mão-de-obra disponível" e que "precisamos de mais imigrantes". É verdadeiramente curioso: como é que um país que regista quase 6,7% de taxa de desemprego (e áreas urbanas particularmente afectadas) pode ser simultaneamente um deserto de trabalhadores?

Talvez o problema não seja a falta de mão de obra, mas sim a abundância de salários baixos e condições precárias que pouco atraem quem já cá está. Afinal, quem quer trabalhar 40 horas por semana para mal pagar as contas, enquanto se vê apelidado de "desmotivado"? E claro, trazer imigrantes parece a solução mágica para dar mais uns segundos de vida ao afogado, contando que entretanto a maré mude.

Por isso, vamos celebrar esta realidade surreal: um mercado de trabalho onde o desemprego cresce, mas o problema é a falta de trabalhadores. Talvez o próximo passo seja culpar os desempregados por não quererem aceitar empregos que não cobrem o custo de vida. Isso sim seria uma narrativa coerente!

sexta-feira, janeiro 17, 2025

Quando destapam a careca

Em "Crise no automóvel castiga exportações dos têxteis, metalomecânica e componentes" apanhei  Rafael Alves Rocha, director-geral da Confederação Empresarial de Portugal (CIP) a dizer:

"Outra dificuldade, diz, é a escassez de mão-de-obra que afeta a generalidade dos setores, assim como o "agravamento dos custos laborais unitários resultante de aumentos salariais significativamente acima dos ganhos de produtividade, no contexto da referida escassez de mão-de-obra"."

Espera aí, a fase não encerra uma contradição? 



Sim, e está relacionada com as paletes de imigrantes e a minha incompreensão sobre o por que a esquerda não percebeu isto e abandonou os trabalhadores.

Por um lado, é mencionado que há escassez de mão de obra, o que indica que as empresas enfrentam dificuldades para preencher vagas disponíveis. Em contextos assim, é comum que os salários aumentem, pois as empresas competem para atrair os poucos trabalhadores disponíveis.

Por outro lado, o argumento sugere que os aumentos salariais são desproporcionais em relação aos ganhos de produtividade, o que agrava os custos laborais unitários. Esta queixa, no entanto, pode ser considerada contraditória, pois, num cenário de escassez de mão de obra, é expectável que:

  • As empresas aumentem os salários para atrair e reter trabalhadores.
  • Os ganhos de produtividade possam não acompanhar imediatamente os aumentos salariais, especialmente se a força de trabalho disponível for mais escassa ou menos qualificada.

E esta é a beleza da teoria dos "Flying Geese". Com a teoria a funcionar, as empresas incapazes de pagar melhores salários ou fecham ou deslocalizam-se, e a produtividade do país aumenta. Quando a teoria não funciona, quem se deslocaliza são os melhores trabalhadores, ou os mais formados, ou os com mais iniciativa, mais atitude, e as empresas zombies não morrem, e a produtividade do país encalha e o país como um todo empobrece.

A contradição surge porque se a escassez é real, as empresas não têm muitas alternativas senão aceitar os custos mais elevados de mão de obra, e culpar os aumentos salariais ignora que esse fenómeno é um efeito natural da dinâmica do mercado de trabalho.

Em resumo

A "contradição" é mais uma tensão inerente ao mercado de trabalho: é difícil conciliar salários competitivos para atrair mão de obra em tempos de escassez com a exigência de ganhos de produtividade imediatos. 

segunda-feira, novembro 18, 2024

"O que existe é falta mão-de-obra barata"

Primeiro: 

Segundo:

Terceiro:

Sublinho "They don’t want wages to rise."

Ou seja: Não existe falta de mão-de-obra. O que existe é falta mão-de-obra barata. Não percebo como a esquerda não percebe isto.

"To get an idea of expert opinion on this topic, consider the 1990 testimony of Dr. Michael S. Teitelbaum, later to become Vice-Chairman of the U.S. Commission on Immigration Reform and considered by many, the foremost expert on the migration of the highly skilled:

"...the very phrase itself, "labor shortage" provokes puzzlement or amazement among most informed analysts of U.S. labor markets. "

"[To attract] workers, the employer may have to increase his wage offer. ... So when you hear an employer saying he needs immigrants to fill a "labor shortage", remember what you are hearing: a cry for a labor subsidy to allow the employer to avoid the normal functioning of the labor market." (fonte)

-1990 Congressional Testimony of Dr. Michael S. Teitelbaum"

Recordo:

quarta-feira, outubro 09, 2024

Unreasonable hospitality - parte VI


Li os trechos que se seguem no livro "Unreasonable hospitality: the remarkable power of giving people more than they expect" de Will Guidara:

 ""It Might Not Work" Is a Terrible Reason Not to Try

I'm not going to lie: it's much easier to not share ownership—at least to start. (This is the "It's quicker to do it myself" problem.) But refusing to delegate because it might take too long to train someone will only get in the way of your own growth. [Moi ici: Quando numa organização o líder pensa "se for eu a fazer, será mais rápido e melhor", mesmo que seja verdade, o que nem sempre é, isso cria um gargalo, o líder torna-se um ponto de estrangulamento. Delegar permite que a empresa cresça, pois liberta o gestor para focar-se em decisões estratégicas e no desenvolvimento do negócio]

...

And while it does take more time to fix someone else's mistake than to do it yourself in the first place, these are short-term investments of time with long-term gains. [Moi ici: Delegar é um investimento de tempo que trará ganhos futuros - uma equipa mais competente e preparada, capaz de assumir responsabilidades e contribuir directamente para o sucesso da empresa]

...

Often, the perfect moment to give someone more responsibility is before they're ready. Take a chance, and that person will almost always work extra hard to prove you right." [Moi ici: A delegação não precisa de esperar que alguém esteja completamente preparado. A confiança depositada num colaborador muitas vezes resulta num esforço extra para justificar essa aposta. Para os dirigentes das PME, isso implica que devem dar espaço para o crescimento da equipa, confiando nos colaboradores antes de eles estarem "perfeitos", o que fortalece a lealdade e desenvolve novas competências]

Recordo com alguma dor esta cena:

"Então com empresas familiares é muitas vezes doloroso ... A única pessoa que pode dedicar tempo a isto está a conduzir um empilhador para arrumar paletes, ou está a substituir um operário especializado que está de baixa... e quem pensa no futuro da empresa? Quem encara de frente o monstro da erosão competitiva?" 

Quandos os pais não preparam os filhos para a sucessão e fazem deles uns eternos "Grover McStraggle" é uma tragédia à espera de acontecer:

Basta a lei da vida abrir a porta do armário com a morte ou incapacitação dos pais.

Como dirigente de pessoas, delegar, vencer o medo de delegar, foi das coisas que me fizeram sentir mais recompensado.

Parte VParte IVParte IIIParte II e Parte I.

domingo, agosto 25, 2024

Imigrantes: efeitos positivos e negativos

Esta foto foi publicada no Twitter com o seguinte texto a acompanhá-la:
"Multiplicai isto por praticamente todos os setores da economia portuguesa, qual é a vossa solução racistas e xenófobos do c*?"

Ou seja, quem considerar que isto é pernicioso para a economia tem logo garantido um rótulo.

Quando um sector económico mantém os custos laborais baixos ao empregar imigrantes, podem ocorrer vários efeitos positivos e vários efeitos negativos. Vamos a eles:

Efeitos positivos

Maior competitividade: A redução dos custos laborais pode tornar o sector mais competitivo, tanto a nível nacional como internacional, ao permitir que as empresas ofereçam preços mais baixos ou margens de lucro mais elevadas. Este é o tema do Uganda. No entanto, como os trabalhadores são estrangeiros e estão dispostos a dormir num apartamento com outros 19, não há manifestações.

Crescimento económico: O sector pode crescer mais rapidamente devido à redução de custos, levando ao aumento da produção, à expansão e, possivelmente, à criação de empregos adicionais.

Estabilidade de preços: Os consumidores poderão beneficiar de preços estáveis ​​ou mais baixos para os bens e serviços produzidos pelo sector, devido à redução dos custos de produção.

Flexibilidade na oferta de mão-de-obra: Os trabalhadores imigrantes podem fornecer a oferta de mão-de-obra necessária, especialmente nos sectores onde os trabalhadores locais não estão dispostos a trabalhar por um baixo salário, garantindo que o sector se mantém operacional e produtivo. BTW, aposto que isto, com o tempo, gera um crowding-out dos trabalhadores locais porque o custo de vida continua a subir, mas os empregadores não têm pressão para aumentar os salários.

Agora vamos aos negativos:

Efeitos negativos

Supressão salarial: A dependência da mão-de-obra imigrante de baixo custo pode suprimir os salários não só dos imigrantes, mas também dos trabalhadores locais, conduzindo potencialmente à desigualdade de rendimentos e à tensão social.

Dependência do trabalho imigrante: O sector pode tornar-se excessivamente dependente dos trabalhadores imigrantes, tornando-o vulnerável a alterações na política de imigração ou nas condições económicas que possam perturbar a oferta de trabalho.

Lacuna de competências: Se o sector depender demasiado de mão-de-obra de baixo custo, poderá haver menos incentivo para investir na automatização, na inovação ou na melhoria das competências da mão-de-obra, limitando potencialmente os ganhos de produtividade a longo prazo.

Tensões sociais e culturais: Um grande afluxo de trabalhadores imigrantes pode, por vezes, levar a tensões sociais e culturais nas comunidades locais, especialmente se a integração não for bem gerida.

Pessoalmente, como considero o desafio do aumento da produtividade fundamental para o futuro do país preocupam-me estas "bofetadas" que reduzem a pressão evolutiva para subir na escala de valor:
Sou do tempo em que a esquerda queria uma sociedade com salários altos e que quem não os pudesse pagar deviar fechar... Se Belmiro fosse vivo seria um grande defensor da mão de obra das paletes de imigrantes.

BTW, assim como os poluidores têm de pagar também os empregadores deveriam internalizar certos custos.



quarta-feira, agosto 21, 2024

Curiosidade do dia

Despedir trabalhadores antigos para contratar trabalhadores mais baratos oriundos das paletes de imigrantes?


 Gráfico retirado daqui.