sexta-feira, maio 16, 2014

Plataformas de interacção (parte II)

Parte I.
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Em "The Power of Co-Creation" encontrei o caso da Brother Industries Ltd., um bom exemplo do poder da interacção, do poder de alavancagem de quem trabalha e dinamiza ecossistemas da procura.
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A Brother Industries Ltd., empresa com cerca de 100 anos no negócio de fabrico de máquinas de costura, exemplifica muito bem o valor da interacção entre retalhistas e clientes finais. [É levar a batota a um outro nível.]
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Em 2008, a Brother era o líder das máquinas de costura domésticas no mercado japonês, com uma quota de mercado a rondar os 33% em termos de unidades vendidas e, era o maior concorrente da Singer no mercado mundial com uma quota de mercado em torno dos 20%. Contudo, o mercado americano era uma história completamente diferente. Tendo chegado muito tarde ao mercado das máquinas de costura domésticas, não tinha acesso aos canais estabelecidos da distribuição para poder vender as suas máquinas topo de gama. Assim, a Brother teve de se focar nas máquinas mais baratas vendidas através da distribuição massificada da Walmart.
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Esta estratégia permitiu à empresa ser bem sucedida na sua entrada no mercado americano, mas a Brother descobriu que o mercado estava saturado e oferecia pouco potencial de crescimento. Com a sua testa de ponte estabelecida na zona do produto mais barato, a Brother começou a pensar em como poderia desenvolver um negócio mais lucrativo, subindo na escala de valor e conseguindo penetrar no canal da distribuição especializada.
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A Brother começou por desenvolver máquinas de bordar adequadas a este canal. Estas máquinas, com preços entre os mil e os dois mil dólares, com modelos altamente computadorizados, eram leves e portáteis, com controlo da velocidade e uma grande variedade de pontos incluídos. As vendas iniciais destas máquinas foram superiores às expectativas. Contudo, baixaram assim que a concorrência começou a oferecer os seus modelos topo de gama. A concorrência através da internet contribuiu para uma erosão ainda mais forte das margens.
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A Brother precisava numa nova abordagem para aumentar as suas vendas. Em 2006, designers e engenheiros japoneses viajaram até aos Estados Unidos para visitar "super-utilizadores" das máquinas da empresa. Esta pesquisa de imersão junto destes entusiastas revelou que as máquinas existentes eram pequenas - em particular, que o braço era muito pequeno  para projectos grandes tais como tapeçarias acolchoadas. A maioria dos entusiastas, os "super-utilizadores", eram senhoras de idade que tinham dificuldade em ver o detalhe das tensões dos fios e os buracos das agulhas; algumas usavam lupas. Ainda mais revelador, entravam online com frequência para partilhar a sua paixão com colegas entusiastas, mostrando projectos específicos e aprendendo uns com as experiências de costura de outros. Mais ainda, enquanto a Brother disponibilizava padrões "estilo-amador" ou padrões "estilo-familiar" tais como personagens Disney ou do canal Nickelodeon, os super-utilizadores trocavam entre si padrões de estilos muito profissionais e personalizavam os seus designs. [Uma empresa nunca perde em conhecer melhor a experiência dos seus clientes, em perceber quem são os seus clientes-alvo e o que procuram e valorizam ]
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Em 2007, a Brother começou a desenvolver uma nova máquina topo de gama, para estes fazedores entusiastas. Esta máquina possuía o braço mais longo do mercado, uma câmara incorporada que capturava o ponto da costura, o maior painel de controlo a cores e sensível ao toque, ligação digital através de uma porta USB, e uma livraria de padrões de bordados acessíveis  via internet e directamente descarregáveis para a máquina.
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Depois, como cereja no topo do bolo, a Brother lançou uma rede social na internet como plataforma de interacção com os entusiastas.
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Continua.


Válido para pessoas e para empresas

"No is the foundation that we can build our yes on."

Trecho retirado de "No is essential"

quinta-feira, maio 15, 2014

Plataformas de interacção

Nada que não tenha sido abordado e previsto aqui há muito tempo "Compras online vão continuar a crescer apesar da importância das lojas"
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E qual o papel das lojas tradicionais?
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Como podem sobreviver?
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Um trecho retirado de "The Power of Co-Creation" começa a levantar o véu:
"retail stores can be more than places that sell products; they can become engagement platforms"
Recordar o exemplo da Retrosaria:

Continua.

África será a novo destino do low-cost?

Os gafanhotos do low-cost andam sempre à procura da próxima zona para onde deslocalizar, assim que a actual começa a dar sinais de saturação. Recordar:


Além do efeito do "banhista gordo" há que ter em conta as rivalidades políticas ancestrais, em "Vietname. Milhares de manifestantes incendeiam 15 fábricas chinesas":
"Uma manifestação em que participaram cerca de 20 mil pessoas em várias cidades na província de Binh Doung provocou o incêndio de 15 unidades industriais estrangeiras instaladas no Sul do Vietname. Na sequência desses incidentes mais de 400 pessoas foram detidas.
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A maioria das propriedades localizadas no Parque Industrial Vietname-Singapura I & II (VSIP) foram atacadas por manifestantes que estão indignados contra a instalação pela China de uma plataforma de petróleo no mar do Sul da China em território reclamado pela China e pelo Vietname."
Ver também "Vietnamese mobs ransack foreign factories in anti-China violence":
"“Countless Taiwanese factories were set on fire, smashed and ransacked,” said Hsieh Shuting, vice secretary-general of the Taiwanese Chamber of Commerce, in Vietnam on Thursday. “A large number of Taiwanese businessmen are evacuating Vietnam for Taiwan.”
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There were reports on Thursday that several hundred Chinese workers had fled Vietnam via a border crossing into Cambodia to avoid the violence.
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The attacks have echoes of violent protests against Japanese companies in China in 2012 related to a separate dispute over the Senkaku Islands – which Beijing claims and calls the Diaoyu – in the East China Sea."
Tudo a contribuir para dar mais força a esta corrente "Lição para os portugueses: nunca confiar no low-cost". África será a novo destino do low-cost?

Se não se pode mudar o mundo, há que perceber para onde ele vai, para tirar partido

Criei este esquema há uns 2/3 anos:
Para situar as PMEs ligadas ao sector do calçado nas correntes, ventos e marés que influenciam a paisagem competitiva onde se movimentam.
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Reparem na parte sublinhada.
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Agora, leiam "Crise europeia de financiamento ajudou setor do calçado":
"A indústria portuguesa de calçado deve "algum do seu sucesso relativo" à escassez de financiamento que atingiu a Europa durante os últimos anos
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"Houve uma escassez de financiamento na Europa e as grandes empresas que compravam toneladas de contentores na China tiveram de desmantelar as suas cadeias logísticas e passaram a ter necessidade de comprar o melhor possível, ao pé da porta, fazendo encomendas 'just in time' em países com capacidade de resposta", notou o diretor-geral da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS), no final de um almoço-debate organizado pela Câmara de Comércio Luso-Francesa."
BTW, sinto que aquela figura lá em cima tem de ser alterada... novos picos e vales apareceram, alguns picos e alguns vales desapareceram ou mudaram de altura.

Ferramentas? Serão aplicáveis ao seu caso?

Ontem numa empresa chamaram-me a atenção para este blogue e este tema "The Concept Epicenters of Lean, TQM, Six Sigma & co".
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Primeiro, onde se enquadra a produção da sua empresa?
Segundo, até que ponto aquelas ferramentas tão badaladas e famosas que as empresas grandes usam, algumas até exigem aos seus fornecedores, se aplicam à sua empresa?
É por estas e por outras que fico de pé atrás quando empresários das zonas 1 e 2 me vêm dizer que vão avançar com projectos Lean.
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Recordar:

quarta-feira, maio 14, 2014

Primeiros passos de Mongo na pesca

Já por várias vezes escrevi aqui acerca de mais um sonho de Mongo, o by-pass dos pescadores à distribuição grande. Por exemplo:

"De facto, o jogo do mercado actual é muito mais acerca de quem é que é capaz de ser mais criativo a desenhar uma solução que rompe com um enquadramento sistémico existente, (Moi ici: Se a lei o permitisse, imaginem o preço a que chegava aos consumidores o pescado e, o ganho que os pescadores teriam, se, com a internet, se fizesse o by-pass ao sistema instalado. Imaginem para os os produtos agrícolas...) do que quem é que se consegue posicionar numa cadeia de valor. A cadeia de valor era uma metáfora muito mais forte e poderosa numa economia baseada na produção e em materiais do que numa economia baseada em serviços e conhecimento."
Por isso, os meus olhos brilharam logo ao ler "Pescadores vão comercializar "cabaz do mar" no concelho de Odemira":
"Uma pequena comunidade piscatória do concelho de Odemira, situada junto à aldeia do Brejão, está a desenvolver um projecto de venda directa de peixe aos consumidores.
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A iniciativa pretende eliminar os intermediários e valorizar as espécies menos apreciadas, através da comercialização de um “cabaz do mar”, que inicialmente será composto por cerca de três quilos de pescado fresco e vendido a vinte euros. Este preço inclui a entrega em casa, indicou esta sexta-feira à agência Lusa uma das responsáveis pelo projecto." (Moi ici: IMHO, peca por quererem vender o refugo, deviam experimentar vender as espécies mais valorizadas. OK! É um primeiro passo)

Qual é a alternativa?

Este artigo "The Balanced Scorecard (BSC) for Danish Farms – Vague Framework or Functional Instrument?" merece várias leituras. Vamos à primeira:
Ao ler mais de metade do artigo estava muito crítico em relação ao mesmo. Verdadeiramente, não se falava de uma estratégia explícita, falava-se sob a orientação de uma estratégia nunca referida, a do preço mais baixo.
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Por isso, é toda virada para dentro, esquece os clientes. Até que li:
"Seen from a BSC standpoint the “customer perspective” is only implicitly taken into consideration in the existing strategic planning concept. The much discussed development of agriculture from production driven markets to market driven production has obviously not yet had a fundamental impact on the farms’ management structure.
The focus is mainly on the “internal processes perspective”. Furthermore, the “learning and growth perspective” is undervalued. These results are not unexpected because agriculture traditionally has a very strong orientation of all its structure towards production, while the market or general outside orientation is much weaker.
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Not at least for this reason the results show that the implementation of the (original) BSC concept into Danish agriculture has to be accompanied by a general shift in the business orientation."
Depois, percebe-se melhor a coisa quando se lê:
"However, once a farmer in Denmark has decided to be a crop, dairy or pig producer he cannot change his specialisation or his business strategy easily. Even his choice of production technologies is largely restricted by legal regulations. Neither can he choose freely to sell his products to whom and at a price he wants. The majority of agricultural producers are selling their products to big processing and packing companies and are also buying most of their input factors from big suppliers. The primary agricultural sector is also characterised by low market power of individual farms. Altogether the typical Danish farm is a highly integrated small business with low strategic flexibility."
Máquinas de produção eficiente, difíceis de bater no preço. Recordar que o artigo refere que o produtor de leite tem uma instalação média com ... 145 vacas! (Em Portugal em 2010 a média era de 18 vacas)
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Qual é a alternativa? Actuar nos terrenos onde eles não podem ou não querem actuar. Recordar "Se a tribo dos Qimondos imaginasse..."

Entrar no mercado ... a que preço? (parte II)

"Ask most businesspeople what they could do to dramatically increase their profi ts, and their answers are usually:
  • Increase my advertising
  • Add more salespeople
  • Add incentives to buy more
All three strategies would probably sell more products, but they are risky. The fi rst two will increase your costs—for which you hope to then get a payoff in increased sales and (hopefully) profi ts. The third strategy will lower your profit margin, so you ’re earning less per unit sold.
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Yet these three answers miss the most obvious way to dramatically increase profi ts: a price raise.
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So let ’s look at the same situation—if your units sold were to drop 10 percent when you raise prices 10 percent.
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What could it mean for you? Typically, with the cost structure at most companies, a 1 percent increase in price yields a 12 percent gain in profi ts (Dolan and Simon, 1996).
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There ’s simply no marketing decision you can make with as strong an impact on your profi ts as pricing."
Trechos retirados de "Setting profitable prices: a step-by-step guide to pricing strategy—without hiring a consultant" de Marlene Jensen.

Barreiras em todo o lado

Há dias descobri que em Lisboa  um músico de rua só pode actuar se tiver licença...
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Infelizmente a doença está por todo o lado e a crescer cada vez mais:
"In the 1950s only one American worker in 20 needed a permit from the government; today that figure is around one in three. Some jobs, such as doctors, clearly need strict controls. But some states require licences for florists and interior designers. Such permits tend to cost hundreds of dollars and months of extra training, yet offer little benefit to consumers,"
Trecho retirado de "Tourists  beware"

terça-feira, maio 13, 2014

Curiosidade do dia

"Desde quando é que os países se tornaram economias apoiadas em empresas que dependem do apoio dos contribuintes? O vice-primeiro-ministro protagonizou a assinatura de 12 contratos de investimento que envolvem apoios públicos. Começa a ser tão normal, aqui como nos outros países, assistir a estas iniciativas que já ninguém se pergunta, mas afinal em que tipo de economia vivemos nós?"
Trecho retirado de "Os impostos (também) criam emprego"

Vinhos, um exemplo australiano

Um artigo interessante, "The Applicability of the Balanced Scorecard in Small Wineries", pelo que nos conta acerca da evolução da situação dos viticultores australianos.
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Aqui, ouvimos, frequentemente, notícias sobre manifestações de viticultores protestando contra o abaixamento do preço das uvas, contra a diminuição da procura, contra o mundo que está contra eles e o bocado de queijo a que têm direito por graça divina. Os culpados? É o euro, é a troika, é o governo, é o aquecimento global, são os homens-maus, ...
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Vejamos a situação na Austrália nos primeiros anos da década passada:
"Put simply, there are too many people competing for a tiny slice of the market place. The access to the marketplace for a small winery is constrained by: increased competition from other small labels; a lack of differentiation between competitors with regions; static consumption rates domestically; despite exports increasing 20%, the limited interest of overseas distributors and merchants in low volume producers; increasing competition from US, South American, and Eastern European producers; and the loss to the forces of Woolworths and Coles-Myer of independent wine merchants who traditionally took product from smaller producers.
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The dire predicament facing the burgeoning small wine producers is emphasised by the CEO of the Victorian Wine Industry Association who has observed that many vineyards surrounding Melbourne are not viable, and in fact there are “Too many grapes…(and)…“It’s hard bloody work and not the pot of gold everyone thought its was…”. The repercussions are highlighted by the alarming estimate that “Up to 40 per cent of Australia’s wineries are tipped to fail in the next few years as conditions change”."
Em vez de manifestações, sintoma de que o locus de controlo está no exterior (?), o que há muito defendemos aqui é a via do pensamento estratégico:
"Economic success & survival in the tough economic, market and regulatory environment facing small wineries is largely contingent on having effective strategic and operational control. A key driver of effective strategic and operational control is the ability to recognise, measure and react to critical success factors (CSFs).

Small wineries, like any businesses competing in dynamic and complex environments, must have a clear understanding of their objectives and the methods for efficiently and effectively attaining them." 
 E para quem acha que os empresários portugueses, agrícolas ou não, são piores do que os estrangeiros:
"The customer perspective appears to be relatively un-addressed. Whilst all interviewees speak of the importance of customers, performance measurement is largely a haphazard and random mix of occasional forays into the show circuit, cellar door customer contact, phone or email feedback from customers, and comments by distributors. For six wineries, the comments from tasters at cellar door are the only regular indicator of product and service level. Current sales-mix analysis, together with comments from trade magazines, distributors and fellow winemakers forms a very informal approach to the market demand for their regional product. The utility of much general trade information is often discounted by comments such as “…overall market trend for pinot is one thing, but ours are Macedon ranges pinots, they will stand separate from the others…”. While three wineries have comprehensive initiatives to assess and action CSFs in the customer perspective, the others had a disturbing dislocation which was often justified by views like “…if you make good wine, you will sell it…”.…"

Novas da Finlândia, essa terra de maus

A Finlândia é, tal como a Alemanha e a Holanda, mal vista porque não está disposta a mandar-nos mais dinheirinho para as corporações vitoriosas cá do burgo.
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Raramente vejo alguém calçar os sapatos dos finlandeses... sim, o país desse gigante Nokia que implodiu bruscamente.
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Por isso, recomendo a leitura de "Once Europe's lead preacher of budget prudence, Finland loses righteousness".
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BTW, o destino da Finlândia nos próximos meses vai ser uma espécie de 2009 português:
""We would need a brave government to implement the needed reforms," Danske Bank economist Pasi Kuoppamaki said.
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But the chance of that happening decreased further on Friday, when social democrats replaced their leader, Finance Minister Jutta Urpilainen, with union boss Antti Rinne, who has advocated state take a bigger role in the economy."

Entrar no mercado... a que preço? (parte I)

"If you want your product to be perceived as one of the best quality choices among your competitors, you can ’t have the lowest price. Period! By the same token, if you have the lowest price (or one of the lowest prices), consumers will refuse to believe your product is high quality. Yes, if you have a well-known, quality brand name and then have a low price, consumers will not infer low quality. (Although if the price is low enough, they may suspect it ’s a knockoff .) But especially for new brands or moderately known brand names, the price you put on your product is a key indicator to consumers of its quality.
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The consumer doesn ’t know your brand. (Even if you ’ve been around for a while, many to most won ’t know what your brand stands for.) They don ’t know what quality standards you have or haven ’t implemented.
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But they know that you know. You know better than anyone the quality of your product. So if you put a low price on it, the consumer will believe you know that a low price is all it ’s worth. If you put a higher price on it, the consumer will believe you know that a high price is what it ’s worth.[Moi ici: Voltar atrás e ler outra vez... então, quer ter produtos diferenciados e o preço mais baixo?]
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But . . . keep in mind that the consumer is not an idiot. If you price high but the consumer can tell (either before or after purchase) that your materials are substandard, you will pay a steep price for your deception. That price could be low sales, high returns (if the quality is evident only after purchase), and/or a high trashing of your product on Internet review sites."
Trechos retirados de "Setting profi able prices: a step-by-step guide to pricing strategy—without hiring a consultant" de Marlene Jensen.

Driving markets

" Market driven refers to a business orientation that is based on understanding and reacting to the preferences and behaviors of players within a given market structure. Driving markets, on the other hand, implies influencing the structure of the market and/or the behavior(s) of market players in a direction that enhances the competitive position of the business."
Acrescentaria à frase final "in a direction that enhances the competitive position of the business, através de relações ganhar-ganhar entre vários actores intervenientes no ecossistema da procura."
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"Driving markets" é a opção dos "arquitectos de paisagens competitivas".
"Specifically, we propose that driving markets entail changing the structure or composition of a market and/or the behavior(s) of players in the market."
Ou sendo mais concreto:
"Accepting the market structure as a "given" means the focal business does not eliminate and/or modify the roles of existing industry players. Driving the market structure, in contrast, refers to a business proactively changing the composition of the players by, for example, buying them out or by getting new players to enter the industry (e.g., new distributors). A business may also change the market structure by fundamentally changing the roles performed by one or more players (e.g., getting a distributor to assem-ble/manufacture computers in addition to selling them)."
 Trechos retirados de "Market-Driven Versus Driving Markets"
"marketing is “the art and science of creating change (disequilibrium) in markets in such a way that the change benefits the firm (or an alliance of firms) [Moi ici: Prefiro "alliance of actors"], and consequently comparatively ‘disadvantages’ rivals”. In addition, Resource-Advantage Theory suggests that it is not enough for firms to passively respond to changing environments by looking for the best fit between the existing resources and market niches.
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to achieve a superior business performance, firms need to actively influence the market rather than being only reactive to it (i.e., be capable of driving markets).
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Market-driving organizations may achieve greater performance than market-driven organizations by reshaping the structure of the market according to their own competencies and by exploiting the competitors’ weaknesses. [Moi ici: Prefiro "according to their own and allied-actor-partners competencies". Não é por causa dos concorrentes, é por causa das competências, dos recursos, das relações mobilizadas"]
Trechos retirados de "Market-Driving Organizations: A Framework"
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A estes textos, com mais de 10 anos, falta-lhes este pormenor:
"The basis of executive power is shifting from being in charge to being connected. New leaders understand that power with people is much more effective than power over people. It is about integrating the best of networked thinking and leveraging the new platforms for value creation."
Talvez a terminologia "driving market" não seja a melhor...

segunda-feira, maio 12, 2014

Curiosidade do dia

"O índice de confiança dos empresários do turismo no setor para este verão, com 74 pontos, é o mais elevado de sempre, de acordo com o 45º Barómetro Academia do Turismo, a que o Dinheiro Vivo teve acesso em primeira mão. Há um ano, o mesmo índice valia 61,1 pontos e 2013 acabou por ser um dos melhores anos de sempre."
Trecho retirado de "Este vai ser o melhor verão de sempre para o turismo português"

O poder do foco!!!

E termino os meus sublinhados de "Unstoppable" de Chris Zook com três tópicos que no fundo se resumem ao foco, ao poder do foco:
"If you do not understand your core (or cores), the root cause of your strategic differentiation, how you really earn economic profit (and why), and the boundaries of your core, then trying to do any-thing else is a waste of time. At off-site meetings with executives, I'm constantly surprised by how many relatively sophisticated companies seem to have lost a sense of their core - [Moi ici: O mesmo se passa nas PMEs, é difícil subir na escala de abstracção e apanhar o que está em causa] and how many have never even talked about it. If you're not sure who you are, it's hard to decide what you want to become and what it is worth.
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When lost, return to the core custoner
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Don't Underestimate the Power of Focus
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In its own way, each of my three books has as its dominant theme the power of focus. Focus to grow sounds almost counterintuitive. But just as plants often must be cut back to concentrate their energy on fewer, stronger branches, so too, businesses must be pruned to counter their tendency to branch out more than they should. I'm constantly amazed by how often the correct first step to growth and expansion is to narrow the focus."
Subitamente lembrei-me de Louçã e de uma associação de empresários cristãos, ambos queriam impedir que as empresas com lucros pudessem despedir funcionários... 

O Diógenes dentro de mim

"Centro de Engenharia Biológica da UMinho quer aumentar o impacto da investigação na economia da Região Norte" parece ser um desígnio meritório. É, seguramente, um desígnio meritório.
"O Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho vai debater o impacto da especialização inteligente da Região Norte e a transferência de valor para a economia.
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[Moi ici: Estas coisas despertam o Diógenes dentro de mim, sempre à espera de poder apresentar a perspectiva mais cínica da vida] Esta iniciativa surge numa altura em que, no âmbito da iniciativa Norte 2020 (correspondente ao novo ciclo de apoios comunitários 2014-2020), se promove, junto dos atores regionais, [Moi ici: Como não recordar o "confesso que às vezes não sei se as empresas recorrem por iniciativa própria, com o recurso a fundos comunitários, ou se são as entidades de tecnologia e investigação que aliciam as PMEs a entrarem em projectos, com o argumento de que não pagarão nada, de que tudo será pago por projectos financiados"] um "crescimento inteligente, inclusivo e sustentável". O evento reunirá vários profissionais das áreas de biotecnologia e bioengenharia [Moi ici: A oferta reúne-se. Mais interessante seria desafiar a potencial procura a falar das suas aspirações, dos seus quereres e necessidades. Mais interessante seria pôr procura de projectos anteriores, empresários, a relatar os resultados positivos dos seus projectos conjuntos, seria o exemplo dos pares] para discutir o impacto da investigação na economia e clarificar a importância das tecnologias de futuro para a sociedade.
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O CEB conta atualmente com mais de 350 investigadores, de cerca de 30 diferentes nacionalidades, [Moi ici: Tanto investigador... precisam de ser pagos. Não será esse o propósito destes projectos? Arranjar financiamento que justifique o pagamento da estrutura?] e tem uma forte presença na indústria portuguesa e internacional, mantendo parcerias com instituições como MIT- Portugal, a Universidade de Harvard e a Universidade de Cambridge. Nos últimos 5 anos, o CEB publicou mais de mil artigos em revistas internacionais certificadas." [Moi ici: E quantos milhares de euros os parceiros de projectos já ganharam em vendas ou pouparam em custos? Os empresários não querem saber dos papers. Bastaria pedir os números dada a "forte presença na indústria portuguesa e internacional"]
 Isto faz-me lembrar os monumentos à treta. O dinheiro gasta-se e, no entanto, os resultados que se obtêm são folclore.
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Pena que a tal "transferência de valor para a economia não seja contabilizada em euros de retorno.

Cuidado com os pré-cozinhados

Uma reflexão interessante sobre "The High Price of Customer Satisfaction".
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A coisa é muito mais complexa do que parece à primeira vista. Um conselho, tenha este artigo à frente quando os auditores da qualidade começarem a levitar com parvoíces de aviário:
"Customer satisfaction has become the most widely used metric in companies’ efforts to measure and manage customer loyalty. The assumption is simple and intuitive: Highly satisfied customers are good for business.
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However, the reality has not proven nearly so simple. In fact, we have found that if you look across industries at the correlation between companies’ customer-satisfaction levels for a given year and the corresponding stock performance of these companies for that same year, on average, satisfaction explains only 1% of the variation in a company’s market return.
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And academic research consistently finds that there is a positive, statistically significant relationship between satisfaction and a host of business outcomes such as customer retention, share of wallet, referrals and stock market performance. We ourselves have written numerous articles demonstrating this very fact.
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The problem, however, is that the relationship between customer satisfaction and customer spending behavior is very weak.
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High customer-satisfaction ratings are typically treated by managers as being universally good for business. Our findings indicate, however, that the benefits are not nearly so clear-cut.
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It turns out that the return on these investments is often trivial or even negative. Although we find that improved satisfaction can increase sales revenue, the additional costs frequently outweigh the benefits.
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While customer satisfaction and profitability are not mutually exclusive, they don’t have to be aligned, either. Managers typically have many competing alternatives for improving satisfaction. They could provide a better customer experience or offer more innovative products, for example. Not all alternatives will be profitable. Furthermore, not all customers can be profitably satisfied. Some are not willing to pay the necessary price for the level of service being offered. Others demand a level of service that more than offsets any revenue they provide. The bottom line is that there is no substitute for understanding the profit impact of your efforts to improve customer satisfaction.
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Given that higher satisfaction levels are believed to result in higher customer spending, we might expect a strong positive relationship between satisfaction and market share. The reality for many business sectors, however, is quite the opposite. In fact, research finds that high satisfaction is a strong negative predictor of future market share. [Moi ici: Bom para as PMEs em Mongo, se as tribos são cada vez mais vincadas e apaixonadas... so long Golias]
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The primary reason for this seemingly counterintuitive finding is that the broader a company’s market appeal relative to the offerings of competitors, the lower the level of satisfaction tends to be. Why? Gaining market share typically comes from attracting customers whose needs are not completely aligned with the company’s core target market. As a result, smaller niche companies are better able to serve their customers. Companies with a large market share, on the other hand, must by their very nature serve a more diverse set of customers.
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Should managers not care about customer satisfaction in the pursuit of market share growth? No — they should care. If market share is the goal, then managers need find the right balance between customer satisfaction levels and broad customer acceptance.
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The overriding reason that companies measure satisfaction is the belief that higher scores result in a greater share of a customer’s wallet. The unfortunate reality, however, is that our research indicates that knowing a customer’s satisfaction level tells you almost nothing about how she will divide her spending among the different brands used. As a result, changes in customer satisfaction levels are unlikely to have a meaningful impact on the share of category spending customers allocate with your brand.
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So while satisfaction is important, it does not mitigate the need for sound business strategy and fiscal oversight.
What is clear from our research is that there is not one right way to improve satisfaction. Different approaches are required depending upon the profiles of the company’s customers and the nature of the competitive environment. Moreover, it may even be necessary to accept lower average satisfaction levels in the pursuit of greater market share by appealing to a larger, less homogeneous customer base. This contradicts the message of many programs discussed in the popular business press regarding the relationship of satisfaction (and NPS) to business performance."

"Strategy Is Not about the Competition"

A propósito de "Produtores de fruta e Governo unem-se para impulsionar investigação científica", uma iniciativa que pode dar bons resultados ao apostar em:
"“Toda a investigação devia ser feita em consonância com as empresas. É bom ter as universidades a estudar a diferenciação dos produtos portugueses para termos base científica que prove essa diferenciação e podermos mostrá-la aos clientes”
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Na prática, ajudar as empresas a melhorar a produção, a conservação e a comercialização dos seus produtos, através de uma relação estreita com o mundo científico nacional."
O que em minha opinião riscou o disco foi este ponto:
"“Trata-se de valorizar a fruta nacional. E explicar por exemplo, por que razão as laranjas do Algarve são melhores do que as de Espanha”, acrescenta a ministra." 
Um pouco na linha desta ilusão:
"Têm aroma, sabor e cor, mas falta a verdade científica para ajudar a vender a fruta portuguesa a clientes estrangeiros e nacionais." 
Em relação à questão do confronto com Espanha... talvez a ministra possa ler "Strategy Is Not about the Competition":
"when leaders think of business as a war with their competitors—and many continue to do just that—they inevitably seek to beat their rivals in ways that don’t meaningfully enhance customer-perceived benefits—such as with product-feature frenzy or predatory pricing. Such moves rarely grow the total market and almost always produce lower margins and losing products."
Por exemplo, em "Vinhos, têxtil e conservas tiveram de fazer as malas e conseguiram crescer durante a crise"  pode ler-se:
"Em termos médios, o preço por litro exportado (2,21 euros) já é mais do dobro do da Espanha e está acima de países como a Itália ou a Austrália."
O mesmo se passa no azeite, os preços do azeite português são superiores aos preços espanhóis.
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Espanha encarou a agricultura de forma profissional há muitos anos e tem a coisa massificada e preparada para a produção em massa. Portugal tem propriedades mais pequenas,. não pode competir de igual para igual no campeonato em que a Espanha é boa, deve apostar em mercados mais exigentes e dispostos a pagar mais.
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Por outro lado, a verdade científica é uma ilusão... a Sony perdeu a guerra do Betamax contra o VHS. Há que apostar nas melhores histórias, nas melhores narrativas